Acidente Vascular Cerebral: atendimento imediato pode diminuir as chances de sequelas
A neurologista Mariana Cunha explicou como identificar os sintomas do AVC e a importância da agilidade no atendimento

 

Da Redação

O Acidente Vascular Cerebral é uma das principais causas de morte ou sequelas permanentes no Brasil. De acordo com o portal de Transparência do Registro Civil mantido pela ARPEN Brasil (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais), o AVC matou 110.545 pessoas no país em 2023.  Conhecido como uma lesão que acontece quando há um problema na circulação sanguínea do cérebro deixando seu fluxo de sangue diminuído ou interrompido, o AVC também é chamado de isquemia cerebral ou derrame. Ele pode acontecer por obstrução dos vasos sanguíneos cerebrais, sendo chamado de isquêmico, ou por rompimento deles, ou seja, hemorrágico. 
 
A neurologista Mariana Cunha, do Hospital Unimed Volta Redonda, explicou que o AVC pode ser comparado a uma estrada bloqueada, onde o fluxo de sangue para uma parte do cérebro é interrompido, causando danos aos tecidos por falta de oxigenação. “Existem dois principais tipos de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. O isquêmico é como uma obstrução na estrada, quando um vaso sanguíneo fica bloqueado por um coágulo ou placa. Já o AVC hemorrágico é quando há um vazamento de sangue de um vaso, como uma ruptura em uma tubulação”, esclarece a médica.
 
A especialista destaca que, os sinais e sintomas podem incluir dor de cabeça intensa, fraqueza em um lado do corpo, alteração da fala ou compreensão, formigamento na face, perda de visão em um olho, tontura súbita e desequilíbrio: “Se alguém apresentar sintomas, é fundamental agir rapidamente, pois, tempo é cérebro! Ligue imediatamente para o serviço de emergência ou se conseguir leve por meios próprios para o hospital, pois o tempo é crucial. Quanto mais rápido a pessoa receber tratamento, melhores serão as chances de recuperação. A cada minuto perdido podemos ter a morte de milhões de neurônios”, orienta a neurologista.
 
Para a médica, adotar um estilo de vida saudável pode diminuir o risco de ter um AVC, isso inclui controlar a pressão arterial, manter os níveis de colesterol sob controle, evitar o tabagismo, fazer exercícios regularmente, manter uma dieta equilibrada e controlar condições médicas, como diabetes. “Pode-se comparar a prevenção do AVC a cuidar do carro para evitar problemas na estrada. Quanto melhor você cuida do seu “sistema circulatório”, menores são as chances de um “acidente” cerebral”, enfatiza a neurologista do Hospital Unimed Volta Redonda. 
 
O Hospital Unimed Volta Redonda é o único na região que possui um centro especializado no diagnóstico e recuperação de pacientes que sofreram um AVC. Com atendimento 24h, assim que o paciente entra no pronto atendimento ele recebe o diagnóstico sugestivo de AVC ainda na triagem e, é conduzido para os procedimentos necessários, acompanhado de um neurologista e equipe multidisciplinar. Quanto mais cedo o paciente chegar na unidade, maiores são as chances de recuperação, pois, quando o processo é realizado em até 4h30, pode reduzir significativamente as chances de danos.

Pesquisa revela que covid-19 pode permanecer por longo tempo
Sintomas podem persistir por pelo menos três meses após a fase aguda

Da Agência Brasil

Uma pesquisa realizada com brasileiros revela que quase 60% das pessoas que contraíram covid-19 desenvolveram a doença por longo tempo, com sintomas que permaneceram pelo menos por três meses após a fase aguda. Realizado pela Rede de Pesquisa Solidária em Políticas Públicas e Sociedade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o estudo usou um questionário online destinado a pessoas que tinham contraído a doença. Para a análise, foram considerados 1.230 participantes que apresentaram  diagnóstico de covid-19 confirmado por teste PCR.

Deste total, 720 pessoas mantiveram sintomas por três meses, ou mais, e 496 disseram que não estavam totalmente recuperados no momento da pesquisa. Os efeitos prolongados da doença foram mais frequentes entre os não vacinados.  Além disso, mais de 80% das pessoas com covid-19 longa demandaram serviços de saúde por causa da persistência dos sintomas.

Fadiga, ansiedade, perda de memória e queda de cabelo foram alguns dos principais sintomas apontados. Foram citados mais de 50 sintomas persistentes, agrupados em dez categorias: cardiovasculares/coagulação, dermatológicos, endócrino-metabólicos, gastrointestinais, músculoesqueléticos, renais, respiratórios, neurológicos e de saúde mental, além de sintomas gerais, como dor e tontura.

Os resultados do estudo foram publicados em janeiro. Entre os pesquisadores que assinam a nota técnica, estão Claudio Maierovitch, Vaneide Pedi, Erica Tatiane da Silva e Mariana Verotti, da Fiocruz Brasília, além de Rafael Moreira e Marcos Pedrosa, da Fiocruz Pernambuco. A publicação analisa os sintomas da covid-19 longa no Brasil e o acesso ao diagnóstico e ao tratamento.

“A falta de dados inviabiliza o desenho de estratégias para alertar a população sobre os riscos de desenvolver esta forma de covid-19 e de serviços de assistência para atender às pessoas que sofrem de sequelas prolongadas”, diz a equipe técnica responsável pela pesquisa.

O objetivo do estudo foi justamente contribuir para o preenchimento das lacunas desses dados. Protocolos de monitoramento de pacientes com sequelas persistentes, investimentos em atividades de reabilitação com abordagem multidisciplinar e atenção especial à covid-19 longa nas populações mais socialmente vulnerabilizadas estão entre as recomendações do documento.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 10% a 20% dos pacientes considerados livres do Sars-CoV-2 e da doença aguda podem apresentar covid-19 longa, isto é, entre 2,8 milhões e 5,6 milhões de brasileiros poderão precisar de cuidados de saúde por sofrer desta forma da doença. Tal condição refere-se a uma variedade de sintomas que permanecem ou até aparecem pela primeira vez até três meses após a infecção por Sars-Cov-2, sintomas que não podem ser explicados por outros motivos e que trazem prejuízos à saúde e à qualidade de vida.

Embora o mecanismo exato que leva à covid-19 longa ainda seja desconhecido, acredita-se que a doença esteja associada ao processo inflamatório causado pelo vírus, que começa no pulmão e se espalha para outros órgãos e tecidos. Apesar de mais frequentemente observada em idosos, mulheres e pacientes graves na fase aguda, a covid longa pode se manifestar em qualquer pessoa.

O tratamento varia conforme os sintomas apresentados, e o desfecho depende de fatores como a gravidade desses sintomas, a existência de outras doenças crônicas e o acesso ao cuidado e à reabilitação. “Estudo recente sugere que as vacinas e, principalmente, as doses de reforço, podem amenizar o quadro ou diminuir as chances de desenvolver a covid-19 longa”, destaca a nota técnica, reforçando que a população deve ser informada sobre a importância de evitar infecções sucessivas e sobre os riscos de desenvolver sequelas.

Especialistas alertam sobre sintomas menos comuns da covid-19
Perda de olfato e paladar pode ocorrer em mais de 20% dos casos

Com a evolução da pandemia do novo coronavírus (covid-19), autoridades de saúde chamam a atenção para os sintomas da doença, especialmente os mais comuns. Mas outras manifestações também podem ser um indicativo da doença e devem ser motivo de alerta.

Em sua página especial com informações sobre o novo coronavírus, o Ministério da Saúde lista os sintomas da doença gerada pelo vírus: tosse, febre, coriza, dor de garganta e dificuldades respiratórias.

Mas pesquisas revelaram outros sinais. Entre eles a perda de olfato e de paladar. Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF), Farid Buitrago, essas manifestações ocorrem em 20% a 30% dos casos que apresentam sintomas.

“Este sintomas não são muito comuns, mas quando acontece a pessoa deve ficar atenta porque pode ser uma das manifestações do coronavírus. Associado a isso, se tiver febre, tosse e dor de garganta já fecha o diagnóstico”, alerta o médico.

Ele conta que a atenção a esses sintomas é um indicativo importante para o novo coronavírus porque são raras as condições que provocam essas alterações. “Eventualmente alguma doença pode causar isso, como tumores. Gripes comuns podem causar estes sintomas, mas é menos comum”, comenta o presidente do CRM-DF.

Caso a pessoa verifique estes sintomas, a orientação é a mesma para os demais: procurar uma unidade de saúde na atenção básica, os chamados postos de saúde. Nestes locais os profissionais encaminham a testagem e, em situações mais graves, para um atendimento em unidades de pronto atendimento ou hospitais.

Outros sintomas

O médico Farid Buitrago destaca que há outros sintomas, ainda menos comuns. Entre eles conjuntivite, náuseas e alterações gastro-intestinais, como dor de estômago e diarreia. Para conjuntivite, estudos mostraram a ocorrência em cerca de 10% dos casos.

“Tem outro que também se fala muito pouco que são alterações da pele. A Sociedade Espanhola de Dermatologia elaborou atlas para mostrar lesões na pele para pacientes de coronavírus. Desde manchas vermelhas até que parecem como queimaduras de fogo ou de gelo. Essas marcas estão presentes nos pés e mãos, em pessoas jovens”, relata o presidente do CRM-DF.