Prédio histórico
O Super Centro Carioca de Vacinação foi estruturado em um edifício histórico no bairro de Botafogo, inaugurado em 1905. O autor do projeto arquitetônico foi Luiz Moraes Júnior, também responsável pelo Castelo Mourisco da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “A cidade tem um sentimento de afeto por este prédio. E poder resgatar a sua função original é incrível”, disse Soranz.
Idealizado pelo sanitarista Oswaldo Cruz, o edifício desempenhou um papel importante em campanhas de vacinação contra a varíola e a febre amarela. Também abrigava um desinfectório, voltado para o isolamento de pacientes com peste bubônica e com outras doenças contagiosas, os quais deviam cumprir normas rígidas de higienização pessoal e de objetos pessoais. Os métodos de Oswaldo Cruz, considerados drásticos por outros médicos da época, trouxeram resultados positivos para o combate à peste bubônica, à varíola e à febre amarela na capital fluminense.
Nos últimos anos, funcionava no edifício um setor administrativo do Hospital Municipal Rocha Maia. Ele foi submetido a uma reforma para abrigar o Super Centro Carioca de Vacinação. A inauguração do espaço contou com a presença do prefeito Eduardo Paes e do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, justificou sua ausência em função de compromissos da pasta e enviou uma carta de saudação. Padilha informou que ela viajaria ainda neste sábado para acompanhar a posse do médico brasileiro Jarbas Barbosa como diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A cerimônia ocorrerá na terça-feira (31), na sede da entidade, em Washington, nos Estados Unidos.
Nísia deverá cumprir agenda no Rio de Janeiro na primeira semana de fevereiro, junto com o presidente Lula. Na capital fluminense, eles vão inaugurar o Programa Nacional de Redução de Filas do Sistema Único de Saúde (SUS).
Cobertura vacinal
Em seu discurso, Padilha criticou a condução do combate à pandemia de covid-19 pelo governo anterior, do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, o desestímulo à vacinação fez com que o Brasil deixasse de ser uma referência internacional. “Sempre cumprimos todas as metas vacinais. Nunca imaginei na minha vida que íamos viver o que a gente viveu no meio da pandemia de covid-19. Uma campanha pública e institucional negacionista contra as vacinas”, lamentou.
O ministro disse que será iniciado a partir de fevereiro não uma campanha, mas um movimento de vacinação. “O Zé Gotinha voltou e o Brasil vai voltar a ser referência”. Segundo Soranz, um dos principais esforços deve ser voltado para o cumprimento do calendário infantil. Ele citou preocupações com a queda na cobertura vacinal de poliomelite .
“Uma reintrodução pode causar muitos danos. É uma doença que causa sequelas irreversíveis. Então insistimos que os pais vacinem contra a poliomelite. E também contra outras doenças como rubéola e caxumba. São doenças que a gente já não via há muito tempo e voltaram a circular no mundo devidos aos movimentos antivacinas”, disse.
Covid-19
A vacinação contra a covid-19 para crianças entre 6 meses e 4 anos deve começar em fevereiro, com a chegada de uma nova remessa de imunizantes da Pfizer que será distribuída aos municípios pelo Ministério da Saúde. Até então, nessa faixa etária, foram vacinadas no Rio de Janeiro apenas crianças com comorbidades. “É uma vacina ainda sem atualização, mas muito eficaz para evitar os casos graves e óbitos”, disse Soranz.
Para os adultos, está prevista para o próximo mês a aplicação de uma dose de reforço com a nova geração de vacinas, que protege contra diferentes variantes do vírus da covid-19. “Hoje temos no Rio de Janeiro apenas 15 pacientes internados. Isso ocorre porque temos uma alta cobertura vacinal: 99% da população receberam pelo menos duas doses. Para manter o panorama epidemiológico favorável, é necessário que todos tomem as doses de reforço”, reiterou Soranz.