Com texto e direção de Thiago Marinho, espetáculo “O Formigueiro” estreia no Teatro Glaucio Gill
Comédia dramática inédita traz no elenco Diego de Abreu, Lucas Drummond, Roberta Brisson e Rodrigo Fagundes

 

 

Da Redação

Quando a doença de Alzheimer afeta uma pessoa, a dinâmica familiar também é abalada pela carga emocional e psicológica de cuidar de alguém doente, além das mudanças financeiras e sociais que acompanham a situação. Tendo como ponto de partida uma experiência pessoal, quando a condição da avó mudou as relações da sua família, o dramaturgo e diretor Thiago Marinho escreveu a comédia dramática “O Formigueiro”, que estreia em 4 de outubro, no Teatro Glaucio Gill, com sessões de sábado a segunda. Dirigida pelo próprio Marinho, com supervisão de direção de João Fonseca, a montagem tem produção geral de Lucas Drummond.

A trama de “O Formigueiro” transcorre num único dia, durante o reencontro de três irmãos para os preparativos do almoço de aniversário da mãe, Gilda, que está nos estágios finais da doença de Alzheimer. Em cena, Lucas Drummond, Roberta Brisson e Rodrigo Fagundes interpretam os irmãos Victor, Joana e Luiz. Em determinado momento do dia, eles recebem a visita inesperada do cunhado Cláudio Márcio, marido da irmã, vivido pelo ator Diego Abreu. Envolvido em um escândalo de corrupção e procurado pela polícia, ele insere mais uma camada de tensão ao que poderia ser somente um aniversário protocolar. O reencontro familiar traz à tona traumas, disputas e um segredo, escondido sob as mentiras guardadas há décadas pela família.

O título da peça surge de um paralelo feito pelo autor entre a doença e a natureza. No formigueiro, há uma certa ordem de status e posições. Mas quando a rainha, genitora de seus súditos, deixa de cumprir sua função de liderança, o caos se instaura e as formigas perdem seu rumo até que uma nova liderança surja. E em uma família não é diferente.

A vontade de abordar o tema vem desde 2017, quando a avó do autor faleceu depois de viver dez anos com Alzheimer. “Eu fiquei pensando em como eu ia abordar o tema. A peça não é sobre a minha avó ou sobre alguém doente, mas sobre como os cuidadores mudam e os papéis dentro da família também vão mudando”, conta Marinho, que não deixou o humor de fora. “A peça se passa em uma cena única em que as situações vão degringolando. Não é pesado o tempo todo, existe muito humor na dor e no desespero. É mais engraçado do que triste”, diz Marinho.

“O Formigueiro” renova a parceria de longa data do ator e produtor Lucas Drummond com Thiago Marinho. Eles idealizaram e produziram “Tudo o que há flora”; e escreveram, produziram e protagonizaram a peça infantojuvenil “O Pescador e a Estrela”. “O texto de ‘O Formigueiro’ me encantou desde a primeira leitura. É o tipo de peça que faz brilhar os olhos de qualquer ator. Personagens bem escritos, profundos e humanos; uma dramaturgia surpreendente que transita entre o humor e o drama; e na temática, a união das relações familiares, uma questão universal, com o Alzheimer, a doença da contemporaneidade e que merece o olhar atento e delicado que a peça propõe”, conta Drummond.