Olimpíada: Tóquio destaca a tradição em cerimônia de abertura sóbria, com protocolos e sem público
Jogos Olímpicos se iniciaram oficialmente nesta sexta-feira na capital japonesa em meio a protestos da população e adaptações para a pandemia

 

Do Globo

Em meio a uma crise sanitária sem precedentes causada pela pandemia do novo coronavírus, a cerimônia de abertura da Olimpíada de Tóquio, realizada na manhã desta sexta-feira no Brasil, absorveu a seriedade do momento. Num tom sóbrio, com distanciamento entre os participantes e uso de máscaras, o evento, pela primeira vez na história, não foi aberto ao público. Mas nem por isso deixou de homenagear a rica cultura japonesa.

Houve diversas lembranças e homenagens a vítimas de Covid-19, incluindo um minuto de silêncio logo no início. Sem plateia, a organização fez um espetáculo voltado principalmente para quem assistiu ao evento de casa, pela TV ou pelas redes sociais.

Como de costume, a delegação da Grécia abriu o desfile, que contou com cerca de 5,7 mil atletas, entre os 11 mil inscritos nos Jogos Olímpicos de Tóquio. O número foi reduzido por precauções com a Covid-19. Algumas delegações, no entanto, pelo acordo com seus patrocinadores, não reduziram significativamente o número de atletas na cerimônia.

Os organizadores fizeram outras mudanças pontuais na tentativa de reduzir o estafe envolvido na cerimônia. Se antes cada delegação era recepcionada por um voluntário, desta vez os voluntários ficaram encarregados por três países, por exemplo. Houve exemplos negativos, no entanto, como a delegaçao do Tajiquistão, cujos membros não usavam máscaras, indispensável para evitar o contágio e a transmissão do coronavírus.

Acostumada a desfilar no começo da cerimônia, que com exceção da Grécia segue a ordem alfabética, o Brasil desta vez ficou para trás na lista, feita no alfabeto japonês. Com um total de 302 atletas, a delegação brasileira teve o levantador Bruninho e a judoca Ketleyn Quadros como porta-bandeiras. Eles desfilaram com roupas inspiradas na informalidade e na ginga brasileiras: camisa florida, bermuda e chinelo, com direito a sambadinha na reta final. Com número reduzido de pessoas no desfile, as delegações apostaram nos trajes como forma de demonstrar as tradições de cada país.

As placas carregadas com os nomes dos países foram feitas com garrafas PET. A Olimpíada de Tóquio tem o compromisso de ser um evento “carbono zero”, usando energia renovável. Essas placas também tiveram inspiração no mangá, o estilo de desenho que é marca da cultura japonesa. Os nomes dos países do desfile foram escritos dentro de balões de fala que lembram as histórias em quadrinhos.

No país que ajudou a consolidar o mercado de video games no mundo, a abertura da Olimpíada não poderia ser diferente. A trilha sonora foi recheada de referências a algumas das franquias de games do Japão. Séries como Final Fantasy, Sonic, Chrono Trigger, Dragon Quest, Monster Hunter e PES se alternaram e deram o tom épico ao desfile. Fãs da cultura japonesa, no entanto, reclamaram nas redes sociais da falta de games, mangás e animes como Pokémon.

Juramento novo

O imperador do Japão, Naruhito, marcou presença na cerimônia ao lado do presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach. Em pronunciamento muito breve, dentro do protocolo, Naruhito declarou aberta a 32ª edição dos Jogos Olímpicos. Bach, por sua vez, afirmou ser hoje um “momento de esperança, muito diferente do que nós imaginávamos” e agradeceu a medicos e enfermeiros que trabalharam na linha de frente no combate à pandemia.

 

Chefe da Tóquio 2020 não descarta cancelamento de última hora
Abertura oficial dos Jogos está programada para sexta-feira

 

Da Agência Brasil

O chefe do comitê organizador da Olimpíada Tóquio 2020 não descartou nesta terça-feira (20) um cancelamento de última hora do evento, que começa na sexta-feira (23).

Indagado em entrevista coletiva se os Jogos ainda podem ser cancelados em meio à alta nos casos de ocvid-19, Toshiro Muto disse que se manterá atento ao número de infecções pelo novo coronavírus e manterá discussões com os organizadores se necessário.

Olimpíada sem público é opção “menos arriscada”, dizem especialistas
Decisão sobre presença de torcedores nos eventos sairá na segunda (21)

 

Agência Brasil

Especialistas médicos do Japão disseram nesta sexta-feira (18) que proibir espectadores na Olimpíada é a opção menos arriscada para se realizar os Jogos, apesar de parecerem resignados com a possibilidade da presença de torcedores nos locais de competição em plena pandemia de covid-19.

Há meses o governo e os organizadores da Tóquio 2020 postergam uma decisão sobre a permissão para espectadores locais – os torcedores estrangeiros já estão proibidos -, sublinhando seu desejo de salvar o evento em meio a uma oposição pública profunda.

O Japão tem evitado o tipo de surtos de coronavírus explosivos que abalaram muitos outros países, mas a distribuição de vacinas está lenta e o sistema médico está no limite em partes do país.

A insistência do governo em sediar os Jogos é criticada por hospitais e por sindicatos de médicos.

“Existe um risco de a movimentação das pessoas e as oportunidades de interagir durante a Olimpíada disseminarem infecções e pressionarem o sistema médico”, disseram os especialistas, liderados pelo principal conselheiro de saúde, Shigeru Omi, em um relatório divulgado nesta sexta-feira (18).

Eles disseram que realizar os Jogos sem espectadores é a opção “menos arriscada” e a desejável.

Mas os especialistas de Omi já aventam a possibilidade de os locais de competição receberem até 10 mil torcedores em áreas nas quais medidas de “quase-emergência”, como horários reduzidos de funcionamento de restaurantes, foram suspensas – o que aumentou a percepção de que a Olimpíada pode muito bem acontecer com público.

A decisão final é esperada após uma reunião entre organizadores, como a Tóquio 2020 e o Comitê Olímpico Internacional (COI), e representantes dos governos nacional e de Tóquio marcada para segunda-feira (21).

A presidente da Tóquio 2020, Seiko Hashimoto, disse que, embora admita que a Olimpíada seria mais segura sem espectadores, os organizadores continuam procurando maneiras de receber torcedores com segurança nos locais de competição, assim como em outros eventos.

“Dado que outros eventos esportivos estão sendo realizados com espectadores, acho que também é trabalho da Tóquio 2020 continuar procurando maneiras de entender e diminuir os riscos de infecções na Olimpíada até termos esgotado todas as possibilidades”, disse ela em uma coletiva de imprensa após a divulgação do relatório de Omi.

Os Jogos foram adiados no ano passado por causa da pandemia. Um cancelamento definitivo custaria caro aos organizadores, ao governo de Tóquio, a patrocinadores e seguradoras.

Mais de 70% dos japoneses querem Jogos de Tóquio cancelados ou adiados
Capital do país entra hoje em fase de restrições para conter covid-19

 

Da Agência Brasil

Mais de 70% do povo japonês quer que a Olimpíada de Tóquio seja cancelada ou adiada enquanto a pandemia do novo coronavírus (covid-19) se alastra, mostrou uma pesquisa da agência de notícias Kyodo News nesta segunda-feira (12), pouco mais de 100 dias antes do início planejado dos Jogos.

A sondagem revelou que 39,2% querem os Jogos cancelados, enquanto 32,8% são a favor de outro adiamento. Só 24,5% dos entrevistados querem que o maior evento esportivo do mundo aconteça de acordo com o cronograma.

Também nesta segunda-feira, Tóquio iniciou um período de um mês de medidas quase emergenciais para conter uma quarta onda de infecções de covid-19 desencadeada por variantes mutantes virulentas.

Mais de 92,6% dos entrevistados receia um ressurgimento das infecções, apontou a pesquisa da Kyodo, realizada entre 10 e 12 de abril.

Embora a vacinação de pessoas de 65 anos e acima tenha começado em cerca de 120 postos de todo o país nesta segunda-feira (12), as doses importadas continuam escassas e o ritmo das inoculações dificilmente deterá a onda mais recente de infecções.

A sondagem descobriu que cerca de 60% das pessoas estão insatisfeitas com o progresso do Japão nas vacinações.

O índice de aprovação do gabinete do primeiro-ministro, Yoshihide Suga, aumentou 1,9 ponto percentual em relação a um mês atrás e chegou a 44%, e seu índice de desaprovação está em 36,1%, segundo a pesquisa.