Sarampo é confirmado em navio e 9 mil pessoas são vacinadas em Santos

Cerca de nove mil passageiros e tripulantes do navio MSC Seaview recebem imunização hoje (20) contra o sarampo, no Porto de Santos (SP), após tripulantes terem contraído a doença. Exames realizados pelo Instituto Adolfo Lutz confirmaram que seis funcionários do transatlântico foram infectados.

A prefeitura de Santos e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) enviam hoje 110 profissionais para aplicar as vacinas, não apenas nos passageiros que desembarcam, que somam 4,5 mil pessoas, mas também entre aqueles que ingressam na embarcação: 4,5 mil pessoas.

O navio atracou em Santos no último sábado (15) com 13 suspeitas de rubéola entre os tripulantes. Após vistoria da Anvisa, o transatlântico seguiu para Santa Catarina com esses funcionários em local isolado dentro da embarcação.

O resultado dos exames feitos pelo Instituto Adolfo Lutz, entretanto, descartou a infecção por rubéola. Na chegada à cidade catarinense, 1,3 mil tripulantes foram imunizados.

Segundo a MSC, os hóspedes foram alertados sobre os sintomas da doença e um centro médico no navio ficou à disposição gratuitamente. Os tripulantes ficaram isolados em suas cabines e receberam todo o atendimento médico necessário, informou a companhia.

De acordo com o Ministério da Saúde, o sarampo é uma doença grave, transmitida por vírus, e extremamente contagiosa. A transmissão ocorre pela fala, tosse e espirro.

As complicações infecciosas provocadas pela doença são especialmente perigosas em crianças desnutridas e menores de um ano de idade. Em 2016, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo.

A vacina, disponibilizada na rede pública de saúde, deve ser aplicada em uma dose aos 12 meses de idade e outra aos 15 meses. Pessoas de cinco a 29 anos recebem duas doses da vacina. Quem tem mais de 30 anos receberá uma dose.

Em 2018, sarampo teve vacinação abaixo da meta em 49% dos municípios

Dados preliminares do ano passado divulgados hoje (14) pelo Ministério da Saúde indicam que, dos 5.570 municípios brasileiros, 2.751 (49%) não atingiram a meta de cobertura vacinal contra o sarampo, que deve ser igual ou maior que 95%. Os dados são ainda mais preocupantes nos estados que registram surto da doença – no Pará, 83,3% dos municípios não atingiram a meta; em Roraima, o índice é 73,3% e, no Amazonas, 50%.

Segundo nota divulgada pela pasta, a baixa cobertura vacinal e a necessidade de ampliar a imunização contra doenças que já haviam sido eliminadas ou erradicadas, mas que voltaram a circular no país, levaram o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a propor um novo pacto sobre vacinação. A proposta foi feita nesta quinta-feira em reunião da Comissão Intergestores Tripartite, que conta com representantes das secretarias estaduais e municipais de Saúde, além do governo federal.

“Nós vamos ter que refazer o pacto sobre vacina neste país. O índice de vacinação está perigosamente baixo. Alguns estados dizem que está muito bom, mas enquanto todos os estados não estiverem com níveis elevados de vacinação, os caminhos estarão abertos para a disseminação do vírus”, alertou Mandetta durante o encontro.

Números

Os dados mais atualizados do Ministério da Saúde sobre sarampo são do dia 28 de janeiro e contam com informações repassadas pelas secretarias estaduais de Saúde. Atualmente, três estados apresentam transmissão do vírus: Amazonas, com 9.803 casos confirmados; Roraima, com 355; e Pará, com 62.

De fevereiro de 2018 a 21 de janeiro deste ano, foram confirmados 10.302 casos da doença no Brasil. Permanecem em investigação 50 casos nos estados de Roraima, do Amazonas e do Pará, sendo 33 notificados pelos estados em janeiro e início de fevereiro deste ano.

“Os estados e municípios estão investigando os casos e aguardam resultado dos exames laboratoriais para melhor entendimento do cenário de 2019”, informou o ministério.

Coberturas vacinais seguem abaixo do recomendado em todo o país

As principais vacinas do calendário infantil no Brasil seguem abaixo dos percentuais de 90% a 95% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Dados preliminares divulgados hoje (11) pelo Ministério da Saúde mostram que, até agosto, a cobertura vacinal das doses indicadas para crianças com até 23 meses de vida variava de 53% a 75%.

Entre as vacinas com menor cobertura até o momento estão a primeira dose da tetra viral, que protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela, com 53,5%; a dose contra a hepatite A, com 57,1%; e a pentavalente, que protege contra coqueluche, difteria, tétano, meningite e hepatite B, com 59,6%.

Já as vacinas com melhor cobertura são a BCG, que protege contra a tuberculose, com 75,9%; a primeira dose da tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, com 68,7%; e a pneumo 10V, que previne cerca de 70% das doenças graves (pneumonia, meningite e otite) causadas por dez sorotipos de pneumococos, com 67,3%.

Cenário

Levantamento de rotina do ministério feito com estados e municípios, em visitas domiciliares na busca de não vacinados, indica como principais causas para a redução das coberturas vacinais o próprio sucesso do Programa Nacional de Imunizações, visto que não há mais circulação de algumas doenças no país, como a poliomielite.

Outra causa verificada pelas equipes de saúde é a desinformação provocada por boatos de que as vacinas não funcionam ou que trazem graves efeitos colaterais. A população, segundo a pasta, também indica que o horário de funcionamento das unidades de saúde atualmente é incompatível com a jornada de trabalho de pais e responsáveis.

“O perigo é que o aumento do fluxo migratório da população [sobretudo de países onde essas doenças ainda existem] e a interrupção da vacinação podem provocar a volta ou elevado número de casos de doenças como sarampo, pólio e rubéola, como tem sido identificado em países que estavam livres dessas doenças”, alertou o ministério.

Campanha

Diante das baixas coberturas vacinais, o governo federal lançou hoje campanha publicitária que alerta para a importância de se manter a vacinação em dia. O objetivo é mostrar que os baixos índices podem ser perigosos, uma vez que abrem caminho para a reintrodução de doenças já eliminadas no país e que podem matar.

Sob o conceito Porque contra Arrependimento não Existe Vacina, as peças publicitárias são classificadas pela própria pasta como impactantes e mostram casos reais de pessoas que sofrem até hoje pela não vacinação. Pela primeira vez, a mascote das campanhas de vacinação do ministério, Zé Gotinha, aparece em tom sério e preocupado.

A campanha conta com dois filmes, de 60 segundos e de 30 segundos, spots de rádio, anúncios de jornal e revista, mobiliários urbanos, painéis e ações na internet e nas redes sociais. Além disso, serão produzidos materiais com o calendário de vacinação para serem distribuídos para todas as unidades de saúde do Brasil. O conteúdo pode ser acessado procurando pela hashtag #FalaGotinha  e no sitesaude.gov.br/vacinacao.

Vacinação contra febre amarela é ampliada em 190 cidades paulistas

A Secretaria Estadual da Saúde amplia a partir de hoje (18) a vacinação contra febre amarela, que passa a incluir 190 cidades no Grande ABC, Vale do Paraíba e Baixada Santista, antes fora do mapa de recomendação de imunização. Esses municípios receberão a vacina fracionada. Com a ampliação, todas as cidades paulistas oferecerão a vacina.

Embora a média mensal de casos tenha caído 75% no último mês, a ocorrência de mortes e adoecimento de macacos mostra que o vírus ainda circula no estado de São Paulo. Com a chegada das férias escolares, o alerta para quem ainda não se vacinou e pretende viajar foi reforçado. A vacina deve ser tomada com dez dias de antecedência para a total proteção.

Segundo a secretaria, entre 14 de maio e 15 de junho, foram registrados 36 casos e 19 óbitos por febre amarela. Desde janeiro de 2017, foram confirmados 561 casos autóctones de febre amarela silvestre, sendo que 214 resultaram em óbito. A maior parte dos casos foi contraída em Mairiporã (31,5%) e em Atibaia (10,2%), cidades que tiveram campanha de vacinação intensificada em 2017.

Desde julho do ano passado, foram confirmados 760 macacos infectados pela doença. As regiões com maior concentração foram a Grande São Paulo (47%) e Campinas (33%). Em 2018, 7,5 milhões de pessoas foram vacinadas no estado, número que supera as doses aplicadas em 2017, quando 7,4 milhões de pessoas receberam a imunização. Entre 2006 e 2016, 7 milhões de pessoas foram vacinadas.

De acordo com a secretaria, desde o ano passado, 23 milhões de doses foram enviadas para os postos de saúde paulistas, sendo 55% desse total somente nos cinco primeiros meses deste ano.