Ministro do Tribunal de Contas da União avalia que é preciso investir em governança no Judiciário
Orçamento Judiciário foi tema de webinar promovido pela Associação Nacional de Desembargadores

 

 

Daniel Rinaldi / Agência de Notícias EuroCom

Em webinar promovido pela Associação Nacional de Desembargadores (ANDES) na tarde desta sexta-feira sobre “Orçamento do Judiciário: Exigências Constitucionais, Sociais e Limitações Fiscais”,  o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, defendeu que é preciso melhorar a governança do Judiciário para que se possa gerir melhor os recursos disponíveis. Participaram também do debate o ex-presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), desembargador Henrique Calandra; o ex-presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, desembargador Nelson Missias de Morais; o presidente da ANDES, desembargador Marcelo Buhatem e o diretor cultural da ANDES, desembargador Rogério de Oliveira.

O ministro observou que limites orçamentários são uma realidade na história do país. “O Brasil, ninguém tem dúvidas, vive uma crise fiscal pesada, que já se prolonga há seis anos. E se fomos pesquisar nas últimas três décadas, é difícil buscar uma série de 5 anos que não tenha se vivido uma crise qualquer”, destacou Bruno Dantas. Por isso, para ele, mais do que debater mais recursos, é preciso falar sobre otimizar o que se tem. E isso passa por uma gestão profissional.

Entretanto, ponderou o ministro do TCU, na maior parte das vezes, um juiz não tem a formação necessária para lidar com as questões pertinentes da gestão de um órgão público, como planejamento orçamentário e gestão de pessoas. De acordo com ele, é preciso seguir o exemplo dos Tribunais de Minas, Rio de Janeiro e São Paulo, que têm investido na modernização e profissionalização da gestão, contratando profissionais especializados e informatizando o sistema.

O ministro citou também como exemplo o próprio TCU, que utiliza inteligência artificial para identificar nos diários oficiais, a partir de parâmetros, os editais que possuem problemas. “A informação vai direto para a caixa de e-mail de um auditor, que vai ler apenas aqueles apontados pelo robô”, explicou Bruno, destacando que isso representa ganho em eficiência e redução de custos.

O ex-presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais concordou com as palavras do ministro e relembrou que, na época em que esteve à frente do TJMG, fez questão de contratar técnicos para posições estratégicas, justamente por não ter uma formação em gestão. “A governança é fundamental e não se faz apenas com membros do judiciário. É preciso ter técnicos qualificados em finanças e planejamento”, defendeu o desembargador Nelson Missias.

Ele ainda alertou que a boa gestão permite ainda que o órgão sofra com menos turbulências em épocas de crise como a atual pandemia. Nelson contou que se não tivesse modernizado o Tribunal e implementado o processo eletrônico, não teria como atender a população em plena pandemia.

O ex-presidente do TJMG também ponderou que é preciso inverter a lógica da litigiosidade para consensualidade, como forma de reduzir os gatos dos Judiciário. Questão reforçada pelo presidente da ANDES. “O ministro do STF, Luiz Fux, comentou comigo que o grau de nossa litigiosidade é de 93%. Não há sistema que consiga absorver essa demanda”, destacou o desembargador Marcelo Buhatem, que defende as conciliações pré-concessuais com solução para esse cenário.

Webinar vai debater o Orçamento Judiciário
Evento promovido pela ANDES será transmitido no YouTube

 

 

Da Redação

A Associação Nacional de Desembargadores (ANDES) promove na sexta-feira, às 17h, webinar Orçamento do Judiciário: Exigências Constitucionais, Sociais e Limitações Fiscais. Vão participar o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas; o ex-presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), desembargador Henrique Calandra; o ex-presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, desembargador Nelson Missias de Morais; o presidente da ANDES, desembargador Marcelo Buhatem e o diretor cultural da ANDES, desembargador Rógerio de Oliveira.  O evento será transmitido no Youtube, através do link https://youtu.be/ReX4OscKMug.

Perspectivas do “novo normal” no Judiciário provoca incógnitas
Webinar promovido pela ANDES debateu se a Justiça manterá o trabalho remoto pós-pandemia

Marcelo Buhatem, Rogério de Oliveira, Felipe Deiab e Sérgio Cavalieri discutiram sobre o futuro do Judiciário

 

A crise provocada pelo novo coronavírus provocou reflexos em todos os setores da sociedade. No Judiciário, por exemplo, conhecido por sua estrutura tradicional e secular, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), regulamentou a realização de sessões virtuais ou audiências por videoconferência durante o período da pandemia por Covid-19. Mas será que esse cenário permanecerá mesmo após o fim da pandemia, como será o “novo normal” do Judiciário.  Essas questões foram discutidas em webinar realizado na tarde desta sexta-feira (07), promovido pela Associação Nacional de Desembargadores (ANDES). No debate, que teve a participação do presidente da ANDES, Marcelo Buhatem, do desembargador aposentado e ex-presidente do TJRJ Sérgio Cavalieri, do procurador do TCE/RJ Felipe Deiab, além do desembargador e diretor cultural da ANDES, Rogério de Oliveira, pode-se observar que há quem considera que os julgamentos virtuais chegaram para ficar, mas também os defensores da retomada da rotina antes da Covid-19.

Cavalieri, por exemplo, acredita que o “novo normal” do Judiciário passa pela manutenção de audiências virtuais e do trabalho remoto. Para ele, a solução implementada para manter os tribunais em funcionamento não será apenas algo pontual de uma necessidade momentânea, mas sim um novo modelo de trabalho que vai permanecer. “Não defendo o afastamento total do juiz da comarca, mas não será necessário que ele esteja presente todos os dias. A tecnologia da informação nos trouxe facilidades que a Justiça precisa aproveitar”, defendeu.

O desembargador aposentado elogiou o desempenho do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro no atual momento e destacou que isso é resultado de um trabalho que já vinha sendo feito ao longo de várias gestões, que perceberam como era importante informatizar o judiciário. “Investiu-se em tecnologia e, por isso, a Justiça estava preparada, apesar de nunca ter se imaginado que enfrentaríamos uma pandemia como essa”, relata Cavalieri, que foi presidente do TJRJ de 2005 a 2006 e lembra que havia muita resistência contra o projeto de informatizar os tribunais. “Sempre dissemos que era um caminho sem volta”, relembra.

Buhatem reforçou os elogios à eficiência do Judiciário nos últimos meses e destacou que somente o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) despachou mais de 255 mil processos desde março. Entretanto, ele vê com ressalvas a perspectiva de se manter julgamentos virtuais ou trabalho remoto de juízes mesmo após o fim da pandemia. Nessa discussão, o presidente da ANDES avalia que é preciso considerar que vivemos em um país de tamanho continental, onde em muitos municípios a presença física do juiz é a própria representação do Poder Judiciário, fator este que não tem o mesmo valor nos grandes centros.

“Os julgamentos por vídeo conferência e o trabalho remoto dos magistrados foram as opções viáveis para assegurar o direito à Justiça. Mas é preciso pensar com cuidado como balancear isso quando essa crise passar”, pondera.

Deiab concordou com a avaliação do presidente da ANDES. Segundo ele, é preciso reconhecer que a informatização da Justiça foi fundamental para que os processos não parassem. “Entretanto, faz falta o contato presencial, pois a letra fria muitas vezes esconde a vida como ela é”, observou o procurador do TCE, citando como exemplo casos de divórcio, em que conversar com o casal e saber a história de vida, proporciona uma nova visão sobre o caso.

Para o diretor cultural da ANDES, o futuro do Judiciário passa por incorporar cada vez mais as tecnologias de informação e, assim, diminuir a necessidade da presença física nos tribunais. Ele prevê que as futuras gerações vão se surpreender quando for comentado que, no passado, era preciso ir aos tribunais para acompanhar um julgamento. No entanto, não significa que não há questões a serem aperfeiçoadas. “Se por um lado o trabalho remoto reduz os custos para a sociedade, por outro ele exige que o juiz utilize a estrutura que tem em casa, como luz e internet. Talvez seja necessário pensar uma forma de compensar isso”, observa.

Homenagem a Sylvio Capanema

O webinar também foi marcado por uma homenagem ao desembargador Sylvio Capanema, que faleceu em junho vítima da Covid-19. O ex-presidente do TJRJ Sérgio Cavalieri relembrou um texto que havia feito na ocasião da aposentadoria de Capanema, em 2008. Além do trabalho como magistrado, ele também se destacou como advogado, professor e foi vice-presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ).

Webinar vai debater a Justiça eletrônica em tempo de pandemia
O evento da ANDES terá transmissão pelo Youtube

 

 

Da redação

A Associação Nacional de Desembargadores (ANDES) promove na sexta-feira, às 17h, webinar sobre a Justiça Eletrônica em Tempo de Pandemia com o presidente Marcelo Buhatem, o ex-presidente do TJRJ Sérgio Cavalieri, o procurador do TCE/RJ Felipe Deiab, além da mediação do desembargador Rogério de Oliveira. O evento será transmitido pelo Youtube.

A perspectiva de consolidar o trabalho remoto no Judiciário após a pandemia não é vista de forma positiva pelo desembargador Marcelo Buhatem. Recém-eleito presidente da Associação Nacional dos Desembargadores (Andes), Marcelo avalia que o “olho no olho” é fundamental para garantir que as partes conheçam quem vai decidir o rumo do processo, bem como a liturgia do julgamento.

O presidente da Andes explica que a Justiça apresenta uma ritualística própria, que é fundamental para preservar direitos e garantias processuais. Ele cita como exemplo o contato direto da defesa com o réu, que fica impossibilitado em julgamentos virtuais e observa que a própria dinâmica da audiência é afetada.