BC comunica vazamento de dados de 160,1 mil chaves Pix
Foram vazados dados cadastrais da Acesso Pagamentos

 

Da Agência Brasil

Cerca de 160,1 mil clientes da Acesso Soluções de Pagamento tiveram dados das chaves Pix vazadas, informou hoje (21) o Banco Central (BC). Esse foi o segundo vazamento de dados desde o lançamento do sistema instantâneo de pagamentos, em novembro de 2020.

Segundo o BC, o vazamento ocorreu em dados cadastrais, que não afetam a movimentação de dinheiro. Dados protegidos pelo sigilo bancário, como saldos, senhas e extratos, não foram expostos.

O incidente ocorreu entre 3 e 5 de dezembro e expos dados como nome de usuário, Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), instituição de relacionamento, número de agência e número da conta. Todas as pessoas que tiveram informações expostas serão avisadas por meio do aplicativo da Acesso ou do internet banking da instituição.

O Banco Central ressaltou que esses serão os únicos meios de aviso para a exposição das chaves Pix e pediu para os clientes desconsiderarem comunicações como chamadas telefônicas, SMS e avisos por aplicativos de mensagens e por e-mail.

A exposição de dados não significa necessariamente que todas as informações tenham vazado, mas que ficaram visíveis para terceiros durante algum tempo e podem ter sido capturadas. O BC informou que o caso será investigado e que sanções poderão ser aplicadas, como multa, suspensão ou até a exclusão da Acesso do sistema do Pix.

Resposta

Em nota, a Acesso Pagamentos esclareceu ter tomado medidas para garantir a segurança dos dados. “Reforçamos que tomamos, de forma tempestiva, todas as providências necessárias para garantir a segurança das informações mantidas pela companhia e o nosso compromisso em manter o mercado e nossos parceiros informados”, informou o comunicado.

A instituição de pagamentos orientou os clientes que forem comunicados do vazamento a ficarem atentos para possíveis golpes, como envios de links para falsos sites que capturem senhas bancárias. A Acesso ressaltou que os únicos canais oficiais de comunicação são o aplicativo e o site da empresa.

A Acesso é uma instituição de pagamento que oferece serviços como banco digital, plataformas para aplicações financeiras e cartões recarregáveis. Em agosto, ocorreu o vazamento de dados 414,5 mil chaves Pix por número telefônico do Banco do Estado de Sergipe (Banese). Assim como desta vez, na ocasião foram vazados dados cadastrais, sem a exposição de senhas e de saldos bancários.

Inicialmente, o BC tinha divulgado que o vazamento no Banese tinha atingido 395 mil chaves, mas o número foi revisado mais tarde. Por determinação da Lei Geral de Proteção de Dados, a autoridade monetária mantém uma página em que os cidadãos podem acompanhar incidentes relacionados com a chave Pix ou demais dados pessoais em poder do BC.

Monitor do PIB indica alta de 1,8% em novembro de 2021, diz FGV
Avanço da economia mostra reversão de queda e estagnação

 

Agência Brasil

O Monitor do Produto Interno Bruto (PIB) calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) indicou crescimento de 1,8% na atividade econômica em novembro de 2021, em comparação ao mês anterior; e recuo de 0,3% no trimestre móvel compreendido entre setembro e novembro, em relação ao encerrado em agosto. 

Já na comparação interanual, o avanço da economia é de 2,2% no mês de novembro e 1,3% no trimestre móvel terminado em novembro.

Em valores correntes, o PIB – que é calculado pela soma da captação bruta de todos os recursos e impostos no país – foi estimado, no acumulado do ano até novembro de 2021, em R$ 7,91 trilhões. Os números foram divulgados hoje (19).

Para o coordenador do Monitor do PIB da FGV, Cláudio Considera, a economia brasileira em novembro reverteu a trajetória de queda e estagnação que ocorria desde abril. Segundo o economista, todos os componentes de demanda se mostraram positivos, com destaque para a Formação Bruta de Capital Fixo, que registrou crescimento forte em três setores, com destaque para a Construção Civil.

“O consumo das famílias, componente com maior participação na demanda, também cresceu, destacando-se os serviços, graças à ampliação da vacinação. Pelo lado da oferta, todos os componentes de serviços foram positivos em comparação ao mês anterior”, apontou.

O coordenador destacou ainda o resultado positivo da atividade industrial puxado pela forte reação da indústria de transformação, enquanto a agropecuária apresentou forte queda. “A taxa acumulada em 12 meses que havia sido negativa desde abril de 2020 até a de abril deste ano, continua crescendo a taxas crescentes e em novembro foi positiva em 4,4%, indicando para este ano uma taxa de crescimento do PIB em torno desta”, apontou.

Ainda de acordo com o economista, é relevante o avanço no investimento na comparação interanual. “O investimento teve forte crescimento no interanual em novembro, e continua com taxas altas no acumulado de 12 meses”, completou.

Famílias

De acordo com o indicador, o consumo das famílias no trimestre móvel cresce a taxas decrescentes desde junho, se comparado ao mesmo período do ano anterior, quando a alta tinha sido de 10,5%.

No trimestre encerrado em novembro essa taxa ficou em 0,9%. O componente de serviços, pelo segundo mês seguido, foi o único a apresentar avanço. “Na série com ajuste sazonal, o consumo das famílias apresentou retração de 0,8% em comparação ao trimestre anterior, salientando perda de força”, apontou o Monitor do PIB.

Investimentos

Na comparação do trimestre móvel com igual período do ano passado, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que representa investimentos, também permanece com taxas decrescentes desde junho, quando subiu 33,1%.

No trimestre terminado em novembro, a variação chegou até 3,9%. Novembro foi o primeiro mês, desde outubro de 2020, que o componente de máquinas e equipamentos apresentou recuo. “Na série ajustada sazonalmente, a formação bruta de capital fixo apresentou retração (6,4%) no trimestre móvel terminado em novembro, em comparação ao terminado em agosto”, indicou o levantamento.

Exportação

Na exportação, a queda foi de 0,1% no trimestre móvel terminado em novembro, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Essa é a primeira taxa negativa desde fevereiro de 2021. Já na análise da série dessazonalizada, a exportação caiu 6,4% no trimestre móvel encerrado em novembro em comparação ao terminado em agosto.

Importação

A importação subiu 11,8% no trimestre móvel de setembro a novembro, se comparado ao mesmo período do ano anterior. “É importante destacar o elevado crescimento dos produtos da extrativa mineral (49,6%). Na análise da série dessazonalizada, a importação apresentou crescimento de 2,8% no trimestre móvel terminado em novembro em comparação ao terminado em agosto”, apontou.

Brasil encerrou 2021 com recorde de endividados
As famílias recorreram mais ao crédito para sustentar o consumo

 

Da Agência Brasil

O nível de endividamento médio das famílias brasileiras em 2021 foi o maior em 11 anos, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada hoje (18) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

De acordo com o levantamento, o último ano apresentou recorde do total de endividados, registrando uma média de 70,9% das famílias brasileiras, enquanto dezembro alcançou o patamar máximo histórico com 76,3% do total de famílias. Segundo a CNC, as famílias recorreram mais ao crédito para sustentar o consumo.

Na avaliação por faixa de renda, o endividamento médio das famílias com até 10 salários mínimos mensais aumentou 4,3 pontos percentuais (p.p), chegando 72,1% do total. Na faixa de renda superior, acima de 10 salários mínimos, o indicador aumentou ainda mais, 5,8 p.p., e fechou em 66%.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que, entre as famílias com rendimentos acima de 10 salários mínimos, a demanda represada, em especial pelo consumo de serviços, fez o endividamento aumentar ainda mais expressivamente, em especial no cartão de crédito.

“O processo de imunização da população possibilitou a flexibilização da pandemia, refletindo no aumento da circulação de pessoas nas áreas comerciais ao longo do ano, o que respondeu à retomada do consumo, principalmente de serviços”, disse Tadros, em nota.

Na comparação com 2020, das cinco regiões do país, apenas o Centro-Oeste apresentou queda do índice, 0,3 ponto percentual. O Norte registrou estabilidade, e o Sudeste se destacou com aumento de 5,9 ponto percentual (p.p.), seguido pelo Sul (+5,5 p.p.) e o Nordeste (+4,5 p.p.). Porém, considerando o total de endividados, o Sul contou com o maior percentual, aproximando-se de 82%.

Inadimplência

Na direção oposta dos indicadores de endividamento, no último ano, os números de inadimplência apresentaram queda. De acordo com a pesquisa, o percentual médio de famílias com contas e/ou dívidas em atraso diminuiu 0,3 p.p. na comparação com 2020, chegando a 25,2%.

Após iniciar 2021 em patamar superior ao observado no fim do ano anterior, o percentual mensal de inadimplência teve redução até maio, mas passou a apresentar tendência de alta desde então, alcançando 26,2% em dezembro e ficando acima da média anual.

“O percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas e/ou dívidas em atraso e que, portanto, devem permanecer inadimplentes também contou com uma redução na comparação com 2020, 0,6 p.p., totalizando 10,5% dos lares no país. Os números indicam que essa parcela de consumidores apresentou movimentos diferentes ao longo do ano. Enquanto, no primeiro semestre, o indicador de inadimplência recorrente oscilou entre baixa e alta, a partir de julho passou a registrar tendência de queda, encerrando o ano em 10% do total de famílias, abaixo da média anual”, afirmou a CNC.

Para a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, os números indicam que, ainda que em condições financeiras mais acirradas, os consumidores conseguiram quitar os compromissos financeiros e evitaram incremento da inadimplência até o fim do terceiro trimestre. Nos últimos três meses do ano, no entanto, o indicador de contas em atraso aumentou, já indicando tendência de alta para o início de 2022.

“Os consumidores seguirão enfrentando os mesmos desafios financeiros da segunda metade de 2021, principalmente inflação, juros elevados e mercado de trabalho formal ainda frágil. Soma-se a isso o vencimento de despesas típicas do primeiro trimestre, que deverá apertar ainda mais os orçamentos domésticos neste período”, disse Izis.

Rio Innovation Week: Especialistas defendem transição da matriz energética
Palestrantes discutiram soluções que podem ajudar o Brasil a superar crise energética e a cumprir meta de neutralidade carbono até 2050

 

Do Globo

O avanço das mudanças climáticas e a queda no nível dos reservatórios, que levou o país a enfrentar a pior crise hídrica dos últimos 91 anos, tem reforçado a urgência de transição da matriz energética de combustíveis fósseis para as fontes renováveis de energia, segundo especialistas que participaram das discussões do painel “As transformações no setor de energia”, no Palco do Conhecimento, na Rio Innovation Week, neste domingo.

Na avaliação de Elbia Gannoum, CEO da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), a crise hídrica foi um reflexo das mudanças climáticas e deve trazer a “variável climática” para o centro do planejamento de empresas e governos quando se trata de diversificação da matriz energética brasileira. “A crise hídrica é um reflexo das mudanças climáticas e prova que nós precisamos fazer essa transição e diversificação energética porque estamos tendo consequências diretas na sociedade e nos negócios. Devemos colocar essa variável na nossa conta para fazer um desenho de matriz que realmente mitigue esses riscos (de fornecimento de energia) que a gente tem sofrido nos últimos anos”, disse Elbia.

Rodrigo Lopes Sauaia, presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), enfatiza que o Brasil ainda é muito dependente das hidrelétricas para a geração de energia, embora tenha ampliado nos últimos dez anos a participação de fontes como a energia solar, eólica e biomassa. Segundo ele, há uma série de iniciativas que podem ajudar na diversificação da matriz nos próximos anos que podem ser feitas diretamente pelo consumidor final: “Você tem a geração de energia via biogás, pequenas eólicas e pequenos aproveitamentos hídricos onde há essa água disponível que ajudam a trazer mais resiliência e diversificação da matriz sem depender do poder público. O Brasil acabou de manter a marca de 1 milhão de consumidores atendidos por geração própria de energia solar, mas o país tem 89 milhões de consumidores de energia elétrica e essa marca representa só 1%.”

Fernanda Delgado, diretora executiva corporativa do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), vê espaço para o setor de óleo e gás auxiliar no processo de transição energética, especialmente a partir de parcerias com empresas que atuam no setor eólico offshore – segmento que tem estado na mira dos investimentos de petroleiras mundo afora e que deve crescer no Brasil.

“A indústria eólica pode dar o braço à indústria petrolífera e com essa alavanca, a gente cria e impulsiona as eólicas offshore. Existe uma sinergia enorme em como utilizar as embarcações, os portos e estruturas. Inclusive, pode ser aproveitado todo o final da linha da produção da indústria do petróleo, que chamamos de descomissionamento, para a indústria eólica. Há uma sinergia muito grande. Tem negócios, tem dinheiro na mesa e tem energia sendo criada”, disse Fernanda.

Neutralidade de carbono em 2050
Os palestrantes também lembraram do compromisso firmado durante a COP26 de que o países precisam atingir a neutralidade de carbono em 2050.
Elbia Gannoum, da ABEEólica, lembrou que os investimentos de energia eólica offshore precisarão quadruplicar até 2030 para que seja possível alcançar a nossa meta firmada. O Brasil, nesse meio, parte de uma condição favorável pelos recursos disponíveis e características geográficas do país, avalia: “Temos uma energia muito competitiva para produzir o hidrogênio verde, um grande mercado para nós. Estamos justamente nesse momento estudando esse mercado. Vamos utilizar novas tecnologias de descarbonização para chegar na nossa meta de 2050.”

Fernanda Delgado, da IBP, frisa que a indústria de petróleo e gás não se furta da sua responsabilidade no processo de transição energética e que tem buscado soluções diversas de energia mais limpa: “Podemos falar de novos biocombustíveis, biorrefinarias que estão sendo pensadas agora, e o hidrogênio. Você tem uma série de energéticos que estão sendo pensados, que vão entrar na pauta nos próximos anos e que podem fazer essa composição mais diversificada. O tomador de decisão e os órgãos públicos têm que chegar em consensos, mas a gente vai chegar lá.”