O futuro do processo de aprendizagem corporativa
Luis Novo

Luis Novo é CEO e cofundador da Skore

Nos últimos meses, o vírus que nos convidou de forma abrupta ao isolamento e à reflexão também desafiou o modo como vivemos, trabalhamos e, em especial, como aprendemos. A pandemia, causada em decorrência da Covid-19, não é algo inédito. A história nos mostra que somos o resultado de eventos que levaram a humanidade muitas vezes ao caos, mas que esse efeito também contribuiu para nossa evolução ao longo dos anos.

O período pandêmico mostrou, ainda, a necessidade de nos adaptarmos às mudanças rápidas e, com isso, trouxe para as organizações a importância em implementar um processo de aprendizagem digital, em um momento que se faz necessário para o fortalecimento dos negócios, a formação e a capacitação de sua liderança.

 

Prova disso, a última edição da pesquisa da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), feita em 2019, apontou que 42% das verbas das empresas destinam-se à formação de líderes. Ainda segundo a ABTD, 62% das empresas utilizam Ensino a Distância (EAD) e o e-learning, que já é responsável por quase 25% de todos os treinamentos realizados por empresas no Brasil.

Os dados demonstram a relevância em investir em Treinamento e Desenvolvimento (T&D) das equipes, uma vez que, por meio do processo de aprendizagem, as equipes são estimuladas a desenvolver a auto liderança, bem como, habilidades emocionais, as quais em tempos de pandemia, tornam-se ainda mais relevantes dentro das companhias, além de estarem municiadas com as habilidades profissionais técnicas necessárias para enfrentar momentos de crise como o que estamos vivenciando.

O mercado também se mostra favorável ao segmento de T&D, é o que aponta estudo mais recente realizado pelo LinkedIn, no qual indica que 57% dos profissionais de T&D terão aumento de orçamento, ou seja, as empresas estão planejando investir mais em treinamento.

Outro estudo ainda, da consultoria Bersin & Associates, mostra que 77% das empresas brasileiras já utilizam o e-learning como metodologia de ensino. A tendência dos treinamentos on-line se intensificou em 2020, alcançando a marca de 94% dos treinamentos executados, um aumento significativo quando comparado com os anos anteriores, 15% em 2018 e 23% em 2019.

Esses indicadores demonstram uma forte tendência na adoção de tecnologias no processo de aprendizagem, em especial, no formato dos treinamentos administrados de forma on-line, que deixam de ser uma estratégia alternativa, para se tornarem os reais protagonistas da capacitação das empresas. Isso faz com que a gente precise trazer um novo olhar para o assunto.

O treinamento virtual não se resume a publicar conteúdos em uma plataforma. O sucesso no processo de aprendizagem está na combinação de três fatores, igualmente importantes:

Conteúdo de qualidade: nenhuma iniciativa de educação digital consegue ter sucesso se não for capaz de oferecer conteúdo de qualidade. As estratégias para isso podem variar de uma empresa para outra, mas geralmente são estruturadas por meio de uma combinação de dados internos, conteúdos curados da internet e licenciados. Independente da fonte, é extremamente importante que eles tenham a qualidade necessária para competir pelo tempo e pela atenção das pessoas. Neste quesito, menos é mais. É preferível uma quantidade menor de informação, mas de qualidade.

Relevância na apresentação do conteúdo: as pessoas não têm tempo para navegar em centenas de dados irrelevantes para elas. Todos os profissionais hoje em dia sentem dificuldade em dedicar tempo para sua capacitação. Portanto, é importante que o programa de educação on-line da empresa tenha a capacidade de filtrar os conteúdos corretos para cada indivíduo, de acordo com o que vai proporcionar um maior impacto em seu dia-a-dia.

Experiência de aprendizado adequada para cada situação: não aprendemos tudo da mesma maneira. Alguns assuntos requerem um estudo mais aprofundado, e direcionado. Outros temas são melhor aprendidos de forma exploratória e livre. Plataformas modernas de aprendizado precisam ser capazes de oferecer uma gama diversa de experiências educacionais para que cada tópico possa ser oferecido da maneira correta.

Diante do cenário atual, observamos que o movimento do mercado de educação on-line se intensificou no período de pandemia, gerando um alerta nas empresas sobre a necessária transformação digital do T&D. Esse modelo deve se manter como uma forte tendência no período pós-Covid-19.

As empresas que quiserem tirar os melhores resultados desta mudança precisarão estruturar seus programas de capacitação para aproveitar todos os benefícios do digital. Não basta só digitalizar o que a gente faz no mundo presencial, temos que pensar o on-line como uma forma completamente diferente de capacitar.

Auditoria do eSocial minimiza riscos fiscais das empresas
Pamela Moreira *

Pamela Moreira é advogada da BMS

Não é de hoje que o Governo federal vem atuando de forma incisiva para diminuir os gastos e aprimorar a arrecadação através das Malhas Fiscais, ampliando assim o alcance da Inspeção do Trabalho e tornando a fiscalização por auditores mais eficaz. Nessa conjuntura, os polêmicos vale salientar que os programas de malhas nada mais são do que qualificadores robotizados utilizados para verificar as consistências e coerências das informações, identificando situações que fogem ao padrão.

 

Em verdade, esse processo não percebe o erro ou ilícito, mas rapidamente gera a suspeição do que está destoando do comportamento standard e, portanto, deverá ser objeto de uma análise pormenorizada.

No que concerne especificamente às áreas fiscal, trabalhista e previdenciária, deve-se destacar a relevância do eSocial. O mecanismo foi implementado pelo Decreto 8.373/14 está em vigor desde agosto de 2018, no intuito de garantir o controle do cumprimento das obrigações fiscais decorrentes das relações de trabalho. Além disso, consolida um único canal de informações a ser partilhado pelo Ministério do Trabalho, Receita Federal do Brasil, Previdência Social e Caixa Econômica Federal.

Trata-se de um grande banco de dados, com mais de 2.500 campos a serem preenchidos pelas empresas, em cerca de 50 microdeclarações. Todos os entes participantes têm acesso a informações de toda e qualquer relação onerosa de trabalho.

Ou seja, em teoria, a ferramenta seria altamente benéfica aos empregadores, na medida em que reúne a apresentação das informações. Mas, na prática, o eSocial traz mais riscos de autuações, pois a plataforma moderna agiliza o processo de fiscalização das malhas por meio do cruzamento e da verificação de dados pelos órgãos competentes. Sem contar que a adaptação das empresas ao programa ainda é altamente dispendiosa e complexa.

Por este motivo, é correto dizer que as obrigações de natureza trabalhista e previdenciária merecem especial atenção. Afinal, atualmente, essa fiscalização ocorre de forma mais célere que uma fiscalização contábil, refletindo imediatamente sobre a conta da empresa.

À vista disso, uma auditoria especializada é indispensável para prevenção de riscos fiscais, pois caso as empresas não sigam à risca o que determina a lei, certamente sofrerão autuações eletrônicas. A auditoria contribui para estabelecer mudanças de rotinas junto aso clientes e procedimentos para adequar condutas, corrigir erros e evitar multas, além da consequente redução de reclamatórias trabalhistas.

Vacina sem privilégios
Alfredo Guarischi

 

Alfredo Guarischi é médico

Estamos vivendo ajoelhados ou morrendo pronados (pacientes de barriga para baixo), numa nova crise sanitária com componentes bastante semelhantes aos que enfrentamos na Gripe Espanhola (1918-1920). Alguns ignoram que essa pandemia se transforma numa bomba incendiária ao misturarem política de saúde com política na saúde.

Todos erram. Dirigentes, jornalistas, políticos, juristas, governantes, revistas e organizações científicas. A imensa maioria sem dolo.

Eu também erro. Mas o vírus não. Ele conhece as conclusões de Charles Darwin e se adapta, sofre mutações e sobrevive. O vírus precisa de nós para se perpetuar; por isso, precisamos nos livrar dele.

Os vírus não têm alma, assim como as guerras. Durante a Segunda Guerra Mundial, os túneis do metrô de Londres, inaugurado em 1863, salvaram milhares de vidas ao servir de abrigo antiaéreo contra as bombas nazistas, mas o pânico custou a vida de quase duas centenas de pessoas, pisoteadas na tentativa de entrar na estação de Bethnal Green.

Depois disso, o governo britânico entendeu sua obrigação de coordenar a nova utilização desses centenários túneis, pois não havia tempo para construir abrigos com acomodações mais adequadas. Aprenderam que, em situações de urgência, o melhor é o possível.

No Rio de Janeiro, os dois hospitais de campanha da Rede D’Or e seus parceiros, sem qualquer subsídio público ou isenção fiscal, tiveram resultados clínicos expressivos no atendimento de milhares de pacientes com Covid-19. Fizeram o que alguns achavam improvável. Agora que temos diversas vacinas, que competem num mercado mundial de 8 bilhões de consumidores, podemos ser pisoteados por indecisões.

Na Revolta da Vacina contra a varíola em 1904, Oswaldo Cruz enfrentou a indignação dos cidadãos que alegavam o direito de não aceitar aquele líquido desconhecido, gerando um descontentamento enorme e o desejo de derrubar o presidente Rodrigues Alves. O movimento foi dominado, mas a Lei da Vacina se tornou facultativa. O presidente, reeleito em 1918, morreu em janeiro de 1919, no auge da Gripe Espanhola, sem ter tomado posse. Agora, com a Covid-19, todos querem ser vacinados, mas há falta desse líquido.

O Brasil deve seguir o que a imensa maioria dos países está fazendo, priorizando a vacinação dos mais vulneráveis, por idade ou doenças, e dos profissionais de saúde, pois cabe a estes cuidar dos enfermos. Mas toda nossa população tem o justo direito de ser vacinada, sem prejuízo por pertencer a qualquer classe social. Recorro a Victor Hugo, romancista francês, que nos ensinou que ser bom é fácil, mas o difícil é ser justo.

Como então ser menos injusto?

O transplante de órgãos de cadáver no Brasil é um bom exemplo. A cooperação no trabalho permitiu que o SUS e a iniciativa privada tenham uma relação não predatória, pois o critério de gravidade é o principal fator para o recebimento de um novo órgão, sempre graças à generosidade de famílias enlutadas. A vacinação eficaz contra a Covid-19 deve ser uma decisão simbiótica.

Estratégias de Marketing Digital para Empreendedores
Por Fernanda Milani

 

Fernanda Milani é mentora da Boomit

Que o marketing digital é importante para os negócios, todo mundo já sabe. Mas será que as empresas sabem realmente como utilizar esse recurso para trazer resultados reais?

Ao longo desse último ano tenho conversado com vários empreendedores e pude perceber que a grande maioria entende que estar no digital é essencial para os negócios. Hoje quem é empreendedor e não utiliza o marketing digital está perdendo tempo e vendas. Mas também vejo que uma boa parte acredita que ter presença no digital é somente ter um perfil no Instagram ou uma loja virtual.

 

Muitos seguem esse caminho e acabam se frustrando pois não conseguem resultados. O trabalho é exaustivo e muitas vezes não trás nenhum retorno. Então o que precisamos fazer para realmente ter resultados com o marketing digital? Por onde devo começar para entender qual é a melhor estratégia para utilizar o marketing e conseguir vender mais?

Segundo Peter Drucker, o Marketing cria e proporciona valor para satisfazer a necessidade do público. Através desse conceito, podemos perceber que não existe uma fórmula mágica ou uma receita de bolo para seguir, mas sim várias formas de fazer esse papel, ou seja, várias estratégias diferentes que podem variar em formato, conteúdo, linguagem.

Em um mundo ideal, devemos combinar várias estratégias para proporcionar o melhor valor a esse público de maneira a posicionar a marca no mercado e conduzir esse potencial consumidor através caminho que vai resultar em vendas.

Uma das principais estratégias utilizadas hoje em dia é o inbound marketing. Aqui o objetivo é fazer com que o público chegue até seu produto ou serviço percorrendo um caminho que passa pela atração, relacionamento e conversão (venda), conhecido também como funil de vendas.

No inbound marketing os principais pilares são:

  • Atração: a principal estratégia de atração é a entrega de conteúdo que solucione as dúvidas, dores ou desejos do público. Isso pode ser feito através de site, redes sociais, blogs e landing pages. Aqui é importante lembrar que não adianta somente produzir o conteúdo, ele deve atingir as pessoas, o que pode ser feito através de anúncios no Google, Facebook/Instagram, Linkedin ou através de um bom posicionamento orgânico (gratuito) no Google.
  • Relacionamento: depois que você chamou atenção do público, é necessário continuar o contato para estreitar o relacionamento e direcioná-lo para conversão, ou a venda propriamente dita. O relacionamento também está baseado na entrega de conteúdo de valor. Nessa fase o conteúdo pode ser um pouco mais aprofundado acompanhando a jornada de consciência do publico em relação as dúvidas e problemas que você pode resolver. Para entregar esse conteúdo utilizamos listas de email, mensagens instantâneas (whatsapp, Telegram, Messenger) e redes sociais através das lives, por exemplo. É durante a etapa de relacionamento que conseguimos qualificar os leads, identificando quem tem maior chance de comprar.
  • Conversão: nessa etapa você pode utilizar a oferta direta do seu produto através das listas de e-mail, whatsapp, Telegram e também sua equipe de vendas. O lead qualificado, ou aquecido, tem maior chance de comprar. Além da oferta direta, aqui também podemos oferecer as provas sociais (depoimentos) , testes ou aulas gratuitas que aumentam a chance da venda.
  • Fidelização: o inbound marketing não termina na venda. É muito importante manter o relacionamento com seu público depois que ele se tornou seu cliente. Seu objetivo deve ser torná-lo fã da sua marca, fazer com que ele não só volte a comprar mas também atue como um promotor, indicando seu produto ou serviço. Na fidelização as estratégias mais utilizadas são entrega de conteúdo exclusivo, condições diferenciadas e programas de fidelidade.

A escolha das melhores estratégias deve ser feita baseada no conhecimento profundo do público que se deseja atingir, nos objetivos e posicionamento da marca e na análise da concorrência. O conjunto dessas informações aliado a um bom planejamento de ações é o segredo para ter o tão sonhado resultado.