Em artigo publicado no portal Jota, o Diretor jurídico da CNSaúde (Confederação Nacional de Saúde), Marcos Ottoni analisa as consequências do piso de enfermagem no setor privado, em questões como desligamento de profissionais, fechamento de hospitais, alta de custos, queda na qualidade do serviços, entre outros pontos.
A decisão liminar do ministro Roberto Barroso que reestabeleceu a aplicação do piso da enfermagem estava em julgamento ao longo desta semana no plenário virtual do STF (Supremo Tribunal Federal) até o pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. O julgamento se dá no âmbito da ADI 7222, movida pela CNSaúde (Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços), que questiona a constitucionalidade da Lei 14.434/2022.
Durante a crise sanitária provocada pela pandemia da Covid-19, a categoria dos enfermeiros aproveitou o merecido reconhecimento à seu trabalho para convencer os parlamentares da necessidade de um piso salarial para a profissão. Tal dispositivo foi implementado pela Lei 14.434/2022, mas, devido ao impacto projetado para sua implementação e ausência da indicação de fontes de custeio, teve sua aplicação suspensa pelo STF em setembro de 2022.
O impacto da implementação previsto por consultorias contratadas pela iniciativa privada varia de R$ 12,5 bilhões a R$ 15,8 bilhões anuais. Principal ponto de preocupação do relator, ministro Roberto Barroso, foi o financiamento da implementação por estados e municípios. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou no último dia 12 de maio decreto do Congresso liberando crédito de R$ 7,3 bilhões para que estados e municípios possam arcar com os custos do novo piso da enfermagem. Foi este fato novo que motivou a liberação da implementação do piso em todo Brasil. Barroso menciona as possíveis e esperadas consequências para o setor privado, incluindo a probabilidade de demissões em massa dos profissionais de enfermagem. É sobre tais consequências que queremos nos aprofundar aqui.
Artigo publicado no portal Jota destaca estudo que aponta os impactos do piso nacional de enfermagem na folha de pagamento e no mercado de trabalho. O texto é assinado pelo professor do Insper e CEO da AED Consulting, Thomas Victor Conti; pelo professor da FGV SP, mestre e doutor em Direito pela UFRGS. LLM em Direito Econômico Internacional, Warwick e pós-doutor em Análise Econômica do Direito pela Universidade da Califórnia/Berkeley, Luciano Benetti Timm; bacharel em economia e graduando em direito, Willian Pereira e pelo cientista de dados Leandro Bellato
As dificuldades envolvidas na implementação e financiamento do piso da enfermagem (Lei 14.434/2022) seguem tão grandes quanto em setembro de 2022, quando a lei teve sua vigência suspensa por determinação do ministro Luís Roberto Barroso. Segundo o ministro, a aprovação pelo Legislativo sem avaliação de impacto quanto aos gastos públicos inerentes ao novo piso proposto e sem avaliação quanto aos efeitos sobre o emprego no setor exigem a suspensão até que os devidos estudos sejam realizados.
Desde então, tanto o governo federal quanto os setores afetados têm buscado mensurar o impacto no aumento do nível de gasto, na empregabilidade dos profissionais do ramo e na qualidade dos serviços de saúde oferecidos pelos entes federados. Neste artigo, expomos algumas das conclusões que chegamos em nossa avaliação de impacto do piso da enfermagem.
De modo geral, a lei proposta pode aumentar os salários para parte dos profissionais que hoje ganham abaixo do piso e conseguirem manter seus vínculos de emprego, porém teria impactos negativos substanciais para outra parte muito significativa das categorias profissionais que busca beneficiar. Em algumas regiões do país, não se descarta um cenário de forte aumento do desemprego de enfermeiros e técnicos de enfermagem, com corresponde ajuste do lado da oferta de serviços de saúde, reduzindo-os.
Na verdade, é difícil imaginar que a lei não promoveria o desvio destes profissionais negativamente afetados para a informalidade ou para outras classificações de emprego à margem da lei, embora calcular uma estimativa para esse tipo de efeito de segunda ordem seja muito mais difícil. Fato é que as consequências negativas estimadas são agravadas pelos legisladores não terem sequer previsto na peça legislativa uma transição gradual que facilitasse a reorganização dos trabalhadores e das organizações com e sem fins lucrativos.
A aprovação inconsequente da lei forçou o Poder Executivo a reorganizar todas as suas previsões para o setor de saúde, o Judiciário a exercer um papel mais ativo no controle de atos legislativos, as organizações com e sem fins lucrativos do setor a enfrentar uma incerteza jurídica e contábil imensa em suas projeções e incentivou os trabalhadores afetados a se mobilizarem. Todo esse estresse e urgente organização social poderia ter sido evitado se os legisladores tivessem se preocupado em realizar uma prudente e razoável análise de impacto legislativo antes da aprovação da lei.
Pedro Leonel é Customer Success Manager da Pontaltech.
Muitas campanhas de saúde são instituídas anualmente a fim de conscientizar a população sobre a importância da realização de exames periódicos para, assim, aumentar as chances de tratamento graças ao diagnóstico precoce. Neste mês do fevereiro roxo – dedicado ao Alzheimer, Fibromialgia e Lúpus – contar com o apoio tecnológico na organização dessas ações é uma estratégia vital para aumentar sua assertividade. Principalmente, levando em consideração o forte risco que essas doenças podem causar no bem-estar físico e emocional daqueles acometidos.
Apesar de serem enfermidades bem diferentes entre si, todas apresentam como característica em comum o fato de serem patologias crônicas – demandando cuidados contínuos uma vez que não possuem cura. Dentre elas, dados divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que cerca de 100 mil novos casos de alguma forma de demência são diagnosticados por ano, o que eleva a importância de sua descoberta cedo para aumentar a eficácia do tratamento dos sintomas e garantir uma melhor qualidade de vida para o paciente.
Neste cenário, a tecnologia é uma aliada indispensável para garantir a assertividade dessas campanhas, auxiliando desde o entendimento aprofundado sobre o público-alvo, até a manutenção dessa ação a longo prazo. Sua maior premissa deve ser a proatividade, entrando em contato periodicamente com as pessoas para relembrá-las sobre a realização de determinados exames, consultas que devem retornar, assim como alertar sobre os sintomas destas doenças e onde podem procurar a devida ajuda.
Uma grande dica para iniciar o planejamento destas campanhas é firmar parcerias com clínicas, postos e hospitais públicos e privados que costumam tratar estes pacientes. Além de terem um maior controle e conhecimento sobre o tema, sua ampla base de dados dará informações relevantes sobre estes perfis, os processos usuais de tratamento e remédios mais utilizados. Assim, ao entrarem em contato, terão uma maior certeza em conduzir a conversa conforme cada situação e o procedimento recomendado pelos órgãos oficiais.
Porém, ao contrário de outras campanhas ao longo do ano, o fevereiro roxo requer uma maior delicadeza na mensagem transmitida. O apelo deve ser mais sensível e o mais humanizado possível, uma vez que abordará doenças que não apresentam cura. Por isso, é recomendado contar com o apoio de agentes de voz humanoides, que abordem esses pacientes em um tom mais amigável e leve, os orientando da melhor maneira possível conforme cada caso.
Essa inteligência artificial é a segunda base na organização das campanhas de saúde, uma vez que apenas conseguirá atingir seu propósito mediante uma sólida base de dados dos pacientes. Com essas informações, o agente de voz pode ser desenvolvido de forma personalizada e não invasivo conforme cada doença, levando em conta que cada uma apresenta suas próprias demandas e cuidados a serem seguidos. No caso do Alzheimer, como exemplo, essa ferramenta precisa ser programada para oferecer a opção de conversar com o responsável pela aquela pessoa.
A longo prazo, a mesma essência da proatividade precisa ser mantida, principalmente nestas doenças do fevereiro roxo – considerando que estes e muitos outros pacientes podem permanecer com problemas de saúde por muitos anos, e precisarão realizar exames rotineiramente como forma de controle de piora de seu estado. Os agentes de voz devem criar recorrência na comunicação, preferencialmente em uma constância mensal para relembrá-los sobre qualquer exame que precisem fazer.
Todas as campanhas de saúde precisam ser desenvolvidas com a maior participação colaborativa possível, contando com os profissionais da área de saúde responsáveis por lidar com esses pacientes e aqueles dedicados a programar a IA para entrar em contato com as pessoas, carregando as características acima. Com o apoio tecnológico, essas ações conseguirão atingir seu público com forte eficácia e, assim, contribuir para o aumento de diagnósticos precoces que auxiliem no tratamento e na qualidade de vida dessas pessoas.
Eduardo Valverde é Diretor de Operações para Novas Tecnologias da Digisystem.
A tomada de decisão estratégica baseada em dados tornou-se imprescindível para as companhias em todo o mundo diante da transformação digital. Nunca foi tão importante analisar informações, processos e pessoas, mas esse mercado ainda tem um grande potencial a ser explorado: hoje apenas 5% das empresas usam inteligência de dados, revelou uma pesquisa realizada este ano pela Totvs em parceria com a H2R Pesquisas.
Atualmente, organizações de todos os níveis coletam ou geram informações que podem ser exploradas de forma a gerar diferencial competitivo para o negócio. Contudo, apenas a captação dos dados não é suficiente, também é preciso desenvolver uma estratégia para gerenciamento e análise, a fim de tomar decisões que gerem insights, demonstrem o comportamento de compra dos consumidores, e até mesmo, identifiquem oportunidades de entregar maior eficiência operacional.
Para o mercado de serviços gerenciados e consultoria de TI não é diferente. Diariamente, as companhias utilizam informações baseadas em uma estratégia de dados ofensiva-defensiva, que olha para as diferentes fontes de dados disponíveis, como CRM (Customer Relationship Management), redes sociais e eventos com foco em medir a efetividade das ações e corrigir rotas.
Do outro lado, estão os sistemas de apoio às operações, como ITSM (IT Service Management), ferramentas ágeis, gerenciamento de pipelines de desenvolvimento, e repositórios de código e monitoramento, os quais apoiam a tomada de decisão acerca de dimensionamento de equipe, produtividade, evolução de projetos, planos de ações e novas ofertas de serviços.
Além da TI, todas as demais áreas corporativas também se beneficiam da gestão de informações. O RH, por exemplo, utiliza dados para desenvolver ações de atração, desenvolvimento e retenção de talentos, enquanto o financeiro conta com dados de resultados financeiros de cada contrato, cliente ou linha de serviços para apoiar as decisões da alta direção.
Toda essa imensidão de informações geradas por diferentes sistemas a partir da interação de colaboradores e clientes, no entanto, não tem efetividade se não estiver apoiada por uma estratégia a nível corporativo. É essa inteligência de dados que vai definir tecnologias, processos, pessoas e políticas para nortear o gerenciamento dos ativos, e também como coletar, armazenar, compartilhar e usar esses dados respeitando questões relacionadas com privacidade, segurança e conformidade vigentes e futuras.
Ou seja, a estratégia de dados adequada contribui orientando as empresas sobre como coletar, armazenar e processar dados, sejam eles de mercado ou de sistemas internos corporativos e, assim, garantir o diagnóstico do que aconteceu e porquê, além de realizar uma análise preditiva para tentar antecipar o que ainda pode acontecer. Para as organizações mais evoluídas nesse processo, ainda é possível realizar análises prescritivas aplicadas para atingir resultados predeterminados.
Inovar para competir
Seja qual for o tamanho ou segmento da organização, ter uma estratégia de dados agora é determinante para quem deseja se manter ativamente relevante, atual e inovando. Prova disso é que a consultoria IDC aponta que, até 2025, a adoção de analytics e inteligência de negócios pelas corporações vai superar 50%.
Quando uma organização dá os primeiros passos em relação a estratégia de dados, ela inicia uma jornada de deixar de olhar somente para o retrovisor com informações pregressas, e passa a utilizar os dados, associados com machine learning e inteligência artificial, para prever cenários e obter insights.
Além disso, a estratégia de dados também contribui de forma singular para a tomada de decisão sobre a criação e manutenção de linhas de serviços, potencial de contas, projeção de crescimento e oportunidades de novos negócios. Enquanto que tomar todas essas decisões sem uma base de dados histórica consistente, aumenta as chances de ocorrerem medidas equivocadas e problemas de imagem ou financeiros.
Portanto, não se pode descartar a necessidade latente de que cada organização, mesmo que de forma inicial, estabeleça uma estratégia de dados sob pena de perder competitividade e, o que é pior, perder mercado. Em uma referência ao autor norte-americano Simon Sinek: não estamos falando de campeonato, agora o jogo é infinito e a inteligência de dados é o que vai determinar como iremos nos preparar para cada partida.