A realidade dos hospitais privados

francisco-balestrin-42
Francisco Balestrin

*Francisco Balestrin

Desde a fundação do primeiro hospital no Brasil, a Santa Casa de Misericórdia de Todos os Santos, inaugurada em 1543, manter uma unidade hospitalar nunca foi uma tarefa fácil, sempre exigiu dos gestores lidar com enormes desafios para preservar a sua sustentabilidade. A história conta que o primeiro hospital teve dificuldades para compor uma equipe médica, pois os profissionais não queriam sair da Europa para vir morar na colônia portuguesa recém-descoberta. Passados 515 anos, encontramos um cenário ainda mais desafiador para que a rede privada consiga manter um equilíbrio entre a sua própria saúde financeira e o dever de oferecer à população serviços de qualidade.

O que nos faz refletir se há algo a se celebrar no mês em que se comemora o Dia Nacional do Hospital. Oferecer os tratamentos e cirurgias mais avançados resulta em um custo que vem crescendo acima das receitas dos hospitais. São fatores como a elevação de custos, a pesada carga tributária, a intensa judicialização da saúde e o difícil relacionamento com os planos de saúde que traçam um cenário que está longe de ser animador para o setor hospitalar privado.

Seguindo a tendência dos últimos anos, as despesas hospitalares continuam aumentando acima da inflação geral. Uma das razões que explica os custos elevados é a alta carga tributária que incide sobre a saúde. Impostos municipais, estaduais e federais chegam a responder por um terço do valor pago por um serviço médico, o que impede que se tenham preços mais acessíveis. Como pode que o impacto dos impostos nos insumos de saúde no Brasil seja maior do que nas principais potências, como Estados Unidos e países europeus?

Não bastasse o desafio de conseguir investir em novas tecnologias com os altos impostos que incidem no setor, a alta do dólar impõe mais uma adversidade a ser enfrentada em um ano em que a economia do país apresenta números preocupantes. Boa parte dos materiais usados no dia a dia do hospital é dependente da importação de medicamentos e produtos, especialmente de países como Alemanha, Estados Unidos e China. Particularmente, o setor de gases medicinais ainda sofre com as elevações nas tarifas de energia elétrica, fazendo que os custos com gases medicinais mais que dobrassem em 2014.

É preciso que o país reconheça a importância da rede privada no sistema de saúde brasileiro. Somente os hospitais da ANAHP geraram, em 2014, mas de 114 mil empregos, realizaram mais de cinco milhões atendimentos no pronto-socorro e realizaram cerca de 700 mil cirurgias. Números que poderiam ser ainda maiores se houvesse um apoio dos governos municipal, estadual e federal. Mas pouco ou quase nenhum movimento se vê nesse sentido. Muito pelo contrário, os hospitais privados ainda sofrem com as dificuldades da rede pública. São cada vez mais frequentes ordens judiciais que obrigam hospitais privados a aceitar pacientes que não encontraram vaga na rede pública. O problema não é dispor o leito, mas a batalha enfrentada para conseguir que o Município, o Estado ou o Governo Federal quitem as despesas dos serviços prestados. Para um hospital pesa muito no balanço financeiro não receber por pacientes que, em uma UTI, tem custo médio de R$ 3 mil por dia.

Os hospitais ainda lidam com uma asfixia econômica provocada pelas operadoras de saúde. É uma relação desigual, na qual os gestores hospitalares veem a saúde financeira da instituição ficar cada vez mais debilitada sempre que um plano decide não pagar integralmente os custos do seu beneficiário. Há casos – e não são poucos – em que os hospitais não recebem nada do que deveria pelo atendimento realizado ao paciente com plano de saúde. Situação que não mudará enquanto permanecer o modelo atual de remuneração.

Poucos setores da economia brasileira enfrentam um cenário tão desafiador quanto o atual da rede hospitalar privada. O crescimento da expectativa de vida do brasileiro indica que continuaremos a ter um aumento da demanda por serviços de saúde. Mas, como investir na infraestrutura necessária se os recursos estão minguando? É uma questão que precisa estar na pauta do Ministério da Saúde e das secretárias estaduais e municipais. Sem esse diálogo, dificilmente teremos o que comemorar no ano que vem.

*Presidente da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp)

OMS diz que epidemia de tuberculose é mais grave do que se esperava

tuberculose-1024x768
Segundo OMS, 1,8 milhão de pessoas morreram vítimas desta doença em 2015 – 300.000 a mais do que no ano anterior.

A epidemia de tuberculose é mais grave do que se pensava até agora, com 10,4 milhões de contaminados em 2015, enquanto as pesquisas para encontrar uma vacina ou outros tratamentos “carece de fundos suficientes”, segundo o relatório anual da OMS, publicado nesta quinta-feira (13).

A cifra supera amplamente a do relatório anterior, que foi de 9,6 milhões de infectados em todo o mundo.

“A luta para alcançar nossos objetivos mundiais no combate à tuberculose é cada vez mais difícil”, afirmou a diretora da organização, Margaret Chan.

“Teremos que aumentar substancialmente nossos esforços sob o risco de ver países continuamente castigados por esta epidemia mortal e não alcançar nossos objetivos”, ressaltou.

A meta é reduzir o número absoluto de mortes por tuberculose em 35% e de contágios em 20% até 2020 com relação aos números de 2015.

O objetivo para 2030 é diminuir em 90% a quantidade de mortos por tuberculose e em 80% os infectados.

Segundo o informe da OMS, 1,8 milhão de pessoas morreram vítimas desta doença em 2015 – 300.000 a mais do que no ano anterior.

A tuberculose é provocada por uma bactéria, o bacilo de Koch, que na maioria dos casos se aloja nos pulmões, destruindo o órgão gradativamente.

Dois em cada cinco infectados não foram diagnosticados, e por isso podem espalhar a doença, transmitida por via aérea.

Além disso, meio milhão de pessoas têm formas de tuberculose resistentes aos antibióticos, segundo o informe.

Para a ONG Médicos sem Fronteiras, este relatório “é um chamado de atenção para mudar o status quo na forma de diagnosticar e tratar a tuberculose e suas formas resistentes”.

Índia subestimada

As cifras sobre as dimensões da epidemia foram revistas para cima essencialmente porque os pesquisadores se deram conta de que as estimativas da Índia, entre 2000 e 2015, eram muito baixas.

Seis países representam 60% dos novos casos: Índia, Indonésia, China, Nigéria, Paquistão e África do Sul.

Habitualmente vinculada à pobreza e a condições insalubres, a tuberculose continua sendo uma das principais doenças mortais do mundo, embora em um período de 15 anos, o número de mortes tenha caído 22%.

No entanto, para alcançar os objetivos estabelecidos pela comunidade internacional, as infecções teriam que diminuir entre 4% e 5% por ano, três vezes mais rápido do que diminuem atualmente.

Falta de recursos

A escassez de recursos também é um problema crônico no combate à doença.

Entre 2005 e 2014, os fundos disponíveis alcançaram apenas 700 milhões de dólares por ano. São necessários US$ 2 bilhões para a pesquisa e o desenvolvimento de tratamentos antituberculosos, segundo o informe.

É necessário “incrementar o investimento agora ou simplesmente não conseguiremos erradicar uma das doenças mais antigas e mais mortais do mundo”, disse Ariel Pablos-Mendez, um dos encarregados da agência americana para o desenvolvimento internacional, a USAID.

*Leia a matéria original, publicada no G1, aqui.

Como alinhar a produtividade com a flexibilidade da rotina de trabalho?

O programa Conexão Futura, do Canal Futura, abordou no dia 23 de agosto de 2016, o tema “Flexibilidade no Trabalho”. 

Equilibrar a vida profissional com a pessoal é o sonho da maioria dos trabalhadores do Brasil. Ter tempo de fazer atividade física, ficar com os filhos, cuidar da saúde, estudar uma língua estrangeira e, ao mesmo, tempo trabalhar, é missão cada vez mais difícil. Segundo uma pesquisa realizada em março pela CNI, a Confederação Nacional da Indústria, sete em cada dez brasileiros gostariam de ter flexibilidade de horário no trabalho. Mas, afinal, como alinhar a produtividade com a flexibilidade da rotina de trabalho?

Entrevistados:

Magda Hruza – Diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro (ABRH-RJ)

Ylana Miller – Professora de gestão de pessoas do IBMEC Rio de Janeiro

Carolina Pacheco – Produtora de conteúdo.

Apresentação: Larissa Werneck