Celeiro do mundo, agro brasileiro precisa trazer a debate mais pautas sobre o clima
*Por Henrique Galvani

Henrique Galvani é CEO e sócio-fundador da Arara Seed

De acordo com um relatório da BTG Pactual, o Brasil é o celeiro do planeta, produzindo alimentos suficientes para atender as demandas calóricas de 900 milhões de pessoas – o equivalente a 11% da população mundial – além de ser o maior exportador do mundo de soja, milho, café, açúcar, suco de laranja, carne bovina e carne de frango. Neste cenário, em que o agro brasileiro desempenha um papel crucial na segurança alimentar global, eventos que promovem o desenvolvimento do setor, tornam-se cada vez mais importantes e necessários.

Recentemente estive presente no Web Summit Rio 2024, um dos maiores evento de tecnologia, para além da possibilidade de conhecer startups incríveis e fazer conexões com pessoas extremamente qualificadas, tive a oportunidade de observar e avaliar um ponto de atenção para o agronegócio brasileiro: a carência de presença e comunicação robusta do setor no cenário internacional, principalmente em eventos de tecnologia. Precisamos comunicar nosso agro e trazer temas relevantes como o apelo pela agricultura regenerativa e mudanças climáticas!

Quando discutimos agricultura regenerativa, estamos indo além da contabilização de créditos de carbono. Embora o carbono possa ser um aspecto monetizável, os verdadeiros ganhos das práticas regenerativas transcendem a commoditização do carbono, oferecendo benefícios muito mais amplos e profundos para o solo, biodiversidade, e saúde econômica das comunidades rurais. Esse duplo benefício — econômico e ambiental — fortalecerá a posição do Brasil de ser líder global em soluções climáticas e agrícolas.

Além das possibilidades do mercado de carbono, o Brasil também tem um case interessante para compartilhar sobre como saímos de um dos principais importadores de alimentos para ocupar a posição de um dos principais exportadores do mundo. O agronegócio brasileiro precisa ir além da marcação de presença em feiras agrícolas, como a Agrishow, e elevar a voz nos palcos globais. Para além da partilha de conhecimentos sobre tecnologia, é crucial que os representantes do setor debatam sobre sustentabilidade e agricultura regenerativa.

Governos e instituições globais devem reconhecer a urgência de apoiar startups que endereçam soluções ao setor e produtores que querem realizar a transição para uma agricultura regenerativa. O Brasil já é o pioneiro na adoção de biológicos na produção, por que não ser líder em práticas de agricultura regenerativa e exemplo de inovação e responsabilidade ambiental?

Não há outro caminho a seguir se quisermos mitigar os efeitos devastadores do aquecimento global e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações. É hora de liderar pelo exemplo, compartilhando nossos avanços e incentivando práticas regenerativas em todos os fóruns possíveis, influenciando políticas e inspirando ações globais.

O futuro do planeta depende da nossa capacidade de agir agora, de forma decisiva e corajosa, para promover um agro mais verde, justo e sustentável. Não podemos esperar mais. O momento é agora e o Brasil deve estar na vanguarda dessa transformação.

Microsoft lança comunidade online para troca de conhecimento sobre tecnologia no terceiro setor

A Microsoft lançou um fórum, online e gratuito, dedicado as organizações não governamentais brasileiras voltado para a conexão e debates sobre o uso de tecnologia no terceiro setor. A comunidade também serve para troca de ideias e melhores práticas para o uso de soluções como inteligência artificial (IA), nuvem e capacitação voltadas a ações de impacto socioambiental.

Com o nome de Nonprofit Community, a iniciativa é uma extensão da missão global da Microsoft Philanthropies, para capacitar ONGs com habilidades digitais e de IA, para que elas possam expandir seu impacto social e ambiental utilizando a tecnologia para desenvolver e testar soluções inovadoras para solucionar desafios da sociedade.

É um espaço dedicado para que organizações brasileiras possam se conectar e crescer juntas. Acreditamos que, ao compartilhar conhecimento e melhores práticas, podemos acelerar o uso da inteligência artificial para gerar um impacto social e ambiental positivo. Com essa iniciativa, queremos mostrar que a IA tem potencial para resolver os desafios complexos que a nossa sociedade enfrenta”, diz Lúcia Rodrigues, líder de Filantropia da Microsoft.

O lançamento da comunidade em português faz parte das ações endereçadas durante o evento AI for ChangeMakers, realizado em 27 de maio. No evento especialistas e líderes do terceiro setor apresentaram soluções de IA para educação, desmatamento, acessibilidade, desinformação e produtividade. Além disso, o evento trouxe para debate temas relevantes para a implementação da IA, como regulação e políticas públicas e ética e responsabilidade no uso da IA.

Esta é uma iniciativa global, que está fortalecendo ONGs ao redor do mundo por meio de ações focadas em contribuir para que a tecnologia possa apoiar na solução dos principais desafios de enfrentados por cada país. As estratégias são adaptadas ao contexto de cada sociedade, reunindo especialistas para ajudar as entidades a aprender, se inspirar, tirar dúvidas e desenvolver soluções de IA para o terceiro setor.

Para saber mais sobre essas e outras ações  e fazer parte da comunidade acesse este o site ONGs Brasileiras – Microsoft Community Hub

Feira especializada em produtos orgânicos e naturais terá estande de bioinsumos da Embrapa e empresas parceiras
Promip vai apresentar o BaculoMip-SF, desenvolvido em parceria com a Embrapa para controle da lagarta-do-cartucho

A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) será uma das expositoras da Bio Brazil Fair I Biofach América Latina 2024, que ocorre de 12 a 15 de junho, em São Paulo (SP), e é considerada uma das maiores feiras de produtos orgânicos, naturais e saudáveis da América Latina. No estande da Embrapa serão apresentados produtos, tecnologias e serviços desenvolvidos por seus centros de pesquisa na área de bioinsumos, e também em parceria com empresas do setor.

Entre esses produtos está o BaculoMip-SF, desenvolvido em parceria com a Promip, indicado para o controle biológico da lagarta-do-cartucho.  “Trata-se de um inseticida microbiológico composto pelo vírus entomopatogênico Baculovirus spodoptera multiple nucleopolyhedrovirus (SfMNPV), e que é altamente eficaz no controle exclusivo da lagarta-do-cartucho. Por ser natural, não deixa resíduos na cultura, não causa danos ao meio ambiente e ao aplicador e ainda contribui para a redução da aplicação de defensivos químicos, além de ter seu uso aprovado para a agricultura orgânica”, explica Marcelo Poletti, CEO da Promip.

Referência na área de bioinsumos, a Embrapa Agrobiologia também levará para a feira as plantas inoculadas com microrganismos mantidos no Centro de Recursos Biológicos Johanna Döbereiner, em Seropédica (RJ). A coleção tem mais de sete mil microrganismos, entre bactérias e fungos, coletados pelos pesquisadores na natureza, em diferentes regiões do País, e com potencial para serem utilizados como insumos biológicos na agricultura brasileira.

SERVIÇO – Bio Brazil Fair | Biofach América Latina e Naturaltech 2024

Dias: 12 a 15 de junho de 2024

Horários: Dias 12 e 13, das 10h às 13h, exclusivo para profissionais B2B e B2P. Público em geral nestes dias somente a partir das 13h.

Dias 14 e 15, das 10h às 20h, para todos os públicos.

Local: Pavilhão de Exposições do Anhembi – Avenida Olavo Fontoura, 1209, São Paulo (SP).

PIB cresce 0,8% no primeiro trimestre puxado pelo comércio, serviços e agronegócios

O IBGE lançou os dados do comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) que cresceu 0,8% nesse primeiro trimestre de 2024. Esse resultado está dentro do esperado por vários economistas e pelo próprio mercado financeiro, que aguardavam uma projeção de crescimento entre 0,5% e 1%. Segundo análise da economista Patrícia Andrade, professora do curso de Administração da ESPM, com base na comparação entre o último trimestre de 2023 e o primeiro de 2024, o setor de serviços foi um dos que mais se destacou, com crescimento de 1,4% a mais em relação ao período anterior. “O setor do comércio também dá sinais de melhora, com aumento de 3%, o que indica um aumento do consumo e uma dinamização da economia”.

Mas, o grande impacto no PIB veio do agronegócio que teve uma alta de 11,3%. Para Andrade, esse dado expressivo contempla  duas ressalvas: em 2023, o segmento do agronegócio cresceu 15%, no entanto, do ano passado para cá, houve uma queda no setor.

Já Luciana Florêncio, professora de comportamento do consumidor da ESPM e especialista em estratégias no agronegócio, destaca que o bom resultado do PIB está no desempenho da balança comercial do agro brasileiro nesse primeiro trimestre. “Ao avaliarmos e compararmos os resultados do trimestre com igual período do ano anterior, há uma alta considerável em torno de R$ 37 bilhões, puxada pelas principais commodities: algodão, açúcar e café”.

A especialista ressalta que no mês de abril, em especial, houve um recorde histórico com as exportações. “Foi a maior receita cambial da história, registrada no mês, com a movimentação de US$ 953 milhões em receitas, por meio dos embarques de café verde. Com isso, o mercado brasileiro conseguiu um crescimento de 53% em volume, e 52% em valor”, diz Florêncio, prosseguindo: “o mês de março também fechou com recorde, mesmo com as exportações das commodities tendo oscilações com a carne e a soja. No entanto, ao longo do tempo, elas mantêm um ritmo e engordam a balança comercial. Tudo isso, em razão de que o mundo está  consumindo mais”.

Andrade pontua que a indústria de transformação se levantou no período com um crescimento positivo, o que é um bom indicador. “Percebemos que a indústria (que teve queda de 0,1%) ainda é o setor com mais dificuldades para se recuperar na economia brasileira, e essa problemática vem de décadas. Desde os anos 1980, com o processo de desenho nacional de industrialização, a área não retomou o caminho de crescimento – um dos fatores mais importantes para uma economia saudável, em seus principais setores”, conclui.