OMS diz que América do Sul ainda não atingiu pico da epidemia
Aumento dos casos na região preocupa organização

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta segunda-feira (1º) que a América do Sul ainda não chegou ao pico da epidemia do novo coronavírus, inclusive no Brasil, e não há como prever quando isso vai ocorrer, mas a região é hoje o foco da preocupação da organização.

“Eu certamente caracterizaria hoje as Américas Central e do Sul como as zonas de intensa transmissão desse vírus nesse momento. Eu não acredito que tenhamos atingido o pico da transmissão e nesse momento não tenho como prever quando atingiremos”, afirmou Michael Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências da OMS, durante conferência de imprensa em Genebra.

O Brasil é citado por Ryan, juntamente com Colômbia, Chile, Peru, Haiti, Argentina, e Bolívia, como os países que registraram maior crescimento no número de casos nos últimos dias, e também entre os cinco países que reportaram o maior número de novas infecções nas últimas 24 horas.

O Brasil teve 16.409 casos no domingo (31), segundo dados do Ministério da Saúde. Mas, na sexta-feira (29) e no sábado (30), bateu dois recordes seguidos de registros, com 26.928 e 33.274, respectivamente. No total, o país alcançou 514.849 casos – segundo no mundo – e 29.314 mortes, ultrapassando nos últimos dias Espanha e França e chegando ao quarto lugar no mundo em óbitos.

“Há algumas semanas o mundo estava extremamente preocupado com o que iria acontecer no Sudeste Asiático e na África, e lá a situação ainda é difícil, mas estável. Claramente a situação em vários países da América do Sul está muito longe da estabilidade. Tem havido um aumento rápido dos casos e o sistema de saúde tem vivido um aumento da pressão”, afirmou.

Ryan não fala especificamente no Brasil. Afirma, no entanto, que há respostas variadas para a epidemia na região, alguns bons exemplos, outros nem tanto.

“Tivemos respostas diferentes em diferentes países na região. Vemos ótimos bons exemplos de governos que adotaram uma estratégia ampla, de toda sociedade, dirigida pela ciência. Em outras situações, vemos a ausência e fraqueza nisso”, analisou.

Apesar de ser um dos países onde a epidemia ainda cresce aceleradamente, o Brasil começou, em diversos estados, a abrir empresas e afrouxar as regras de isolamento.

Um dos primeiros a colocar em prática um processo elogiado de fim da quarentena, o Rio Grande do Sul viu o número de casos saltar 44% em uma semana, de 6.470 para 9.332. No Distrito Federal, que também abriu a maior parte do setor de serviços, o aumento foi de 31,4% no mesmo período.

Em todo o Brasil, na última semana, o número de casos confirmados cresceu 37,3%.

Covid-19: prefeitura do Rio anuncia retomada da atividade econômica
Crivella prevê para agosto normalização das atividades na cidade

Agência Brasil

A cidade do Rio de Janeiro inicia nesta terça-feira (2) a retomada gradual das atividades econômicas. Segundo o prefeito Marcelo Crivella, o plano de retorno tem seis fases para a volta do funcionamento e para o que ele chamou de vida com nova normalidade após a pandemia de covid-19. Ele disse que o planejamento foi aprovado por unanimidade pelo comitê de profissionais especializados na área de saúde que presta assessoria à prefeitura. O decreto municipal que tratará da reabertura será publicado no Diário Oficial de amanhã.

Cada fase tem 15 dias e pode ser alterada, conforme o monitoramento. “Vai depender dos nossos parâmetros. Em alguns setores, hoje, já teríamos parâmetros para estar na fase 3 de algum setor econômico que não estamos adotando, exatamente para sermos bem prudentes e seguros”, explicou Crivella.

Na primeira fase, volta a funcionar o setor de serviços. O comércio de rua permanece fechado, com exceção de agências de automóveis, lojas de móveis e de decoração. As lanchonetes, bares e restaurantes mantêm os esquema de entrega em domicílio ou no local e as academias continuam fechadas.Hotéis e hostels podem funcionar, mas os pontos turísticos permanecem fechados. As praias poderão ser frequentadas apenas para atividades físicas no calçadão e esportes aquáticos individuais, como o surf. Os parques também abrem somente para atividades físicas. Os voos livres individuais estarão liberados.

Os shopping centers mantêm-se fechados, com as lojas de alimentação trabalhando no sistema de delivery, como já ocorre hoje. O superintendente de Educação, Inovação e Projetos da Vigilância Sanitária do Rio, Flávio Graça, informou que shopping centers devem ser reabertos na segunda fase, com regras como a redução em um terço da capacidade do estacionamento, distanciamento entre frequentadores e horário de funcionamento das 12h às 20h.

Saúde, igrejas e funerais

Os atendimentos de saúde poderão ser feitos mediante agendamento, exceto nas situações de emergência, mas com a proibição de aglomerações.

O acesso de acompanhantes às unidades de saúde será restrito, com exceção dos casos permitidos legalmente. Nos procedimentos em que se produzem aerossóis, será preciso higienizar todo o local após o atendimento.

As atividades religiosas serão autorizadas em igrejas e templos com protocolos específicos, sem aglomeração e mediante desinfecção dos locais.

Os funerais permanecerão com restrição ao número de participantes, ao tempo de duração e sem aglomeração de pessoas.

Cultura e escolas

Na cultura, estará autorizada a venda de ingressos online ou em caixas de autoatendimento, e o sistema drive in terá restrição. Os veículos só poderão ser ocupados por duas pessoas ou em número maior se forem da mesma família. Continuam proibidos eventos em museus, teatros, cinemas, lonas, arenas e centros culturais e aquários, bem como como shows, exposições, e eventos científicos e congressos. A prefeitura permitirá o funcionamento de centros de treinamento esportivo, com portões fechados apenas para treinos, com proibição de uso de sauna, piscina e banheira de hidromassagem.

O prefeito estimou que as escolas comecem a funcionar somente em julho. Para Crivella, as atividades na cidade estarão normalizadas em agosto, mas ainda com alguns cuidados.

“Se o plano todo der certo, e a gente mantiver as etapas sendo finalizadas e os parâmetros sob controle, em agosto, voltamos a uma vida normal, que é aquele novo normal, ou seja, pessoas com comorbidades de qualquer idade e idosas devem ser preservadas e aquelas que saem às ruas por necessidades devem usar as máscaras, evitar aglomerações, higienizar as mãos quando entrarem em casa ou em qualquer recinto fechado. Em agosto, teremos as nossas atividades normalizadas na cidade”, disse o prefeito.

Monitoramento

Segundo Flávio Graça, o andamento do plano será monitorado pelo Comitê Permanente de Gestão e Execução do Plano de Retorno. Ele disse que foram analisados critérios como a capacidade de resposta do sistema de saúde e definidos quatro indicadores: o percentual dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) destinados a adultos com covid-19 na rede do Sistema Único de Saúde (SUS); o percentual na rede privada; o de leitos de suporte à vida, que é o conjunto disponível incluindo as salas vermelhas e as unidades de pronto atendimento (UPAs); e o percentual de leitos do SUS para a doença por 100 mil habitantes.

Graça lembrou que os casos de outros países mostraram que é comum uma subida da curva de achatamento depois da retomada de atividades, mas disse que o importante é monitorar se o sistema de saúde do município tem capacidade de absorver o crescimento. Além disso, será acompanhado o nível de transmissão com base no número de óbitos da semana ante o período anterior. “Esses indicadores foram definidos para evitar qualquer pequena variação daquele dia, que possa nos dar uma visão equivocada da realidade”, concluiu Graça.

Já Crivella ressaltou que pela primeira vez, o Rio zerou a fila de espera por leitos de tratamento da covid-19 e que este foi um dos motivos para o lançamento do plano de retorno, que levou 40 dias para ser elaborado. Outro motivo é o agravamento da falta de atendimento a pacientes com outras doenças, como o câncer, disse o prefeito. Prolongar o afastamento indefinidamente pode trazer benefícios para o tratamento da covid-19, mas trará problemas para outro grupo que “está falecendo em números que nos surpreendem” por causa de outras comorbidades, acrescentou. “Esses casos são urgentes.”

De acordo com a secretária municipal de Saúde, Beatriz Busch, essa “ação de afrouxamento das questões, principalmente de comércio e atividades, deu-se, única e exclusivamente pensando em um grupo populacional em que houve prejuízo na assistência, seja na rede privada, seja na rede SUS’. Beatriz disse que há pessoas com outras doenças, que precisam fazer suas consultas, ter suas cirurgias eletivas realizadas a tempo para que não se tornem de urgência.

Live debate os cenários para saúde e gestão de pessoas depois da pandemia
Especialistas destacam o papel das empresas para mudança de comportamento

Expectativa é de que haja mudança no comportamento das pessoas no pós-pandemia

 

Da Redação

Na tarde desta quinta-feira (28), a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Brasil) promoveu uma live para debater o impacto da pandemia na saúde e na gestão de pessoas. O presidente da ABRH Brasil, Paulo Sardinha, e o diretor médico da Med-Rio Check-Up e especialista em medicina preventiva, Gilberto Ururahy debateram as perspectivas e o papel das organizações na consolidação de uma cultura que valorize a prevenção, a partir da crise que o mundo enfrenta. Também participaram do encontro os jornalistas Felipe Barreto e José Carlos Tedesco.

Gilberto observou que um dos pontos mais críticos do coronavírus é justamente a gravidade com que incide em pessoas com comorbidades, a maioria doenças crônicas que poderiam ser prevenidas com a incorporação de hábitos de vida saudáveis. Para ele, além das transformações na economia, nas formas de trabalho e no comportamento das pessoas, o cuidado com a própria saúde também passará por profundas transformações.

“As pessoas vão compreender a importância de ter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos regularmente e ter um sono adequado. A realização de exames de rotina, bem como de check-ups anuais, também vai fazer parte da agenda das pessoas”, avalia.

Para o diretor da Med-Rio, as próprias empresas vão passar por transformações e terão que investir ainda mais em prevenção, por perceberem o peso que a saúde traz para o próprio negócio.

O presidente da ABRH também avalia que as organizações terão uma participação fundamental para que haja uma mudança de mentalidade na sociedade. Ele cita por exemplo a responsabilidade das empresas no momento que se adotar a flexibilização, pois serão ambientes vitais no processo de reingresso das pessoas na rotina tradicional. Para ele, é fundamental que todo esse cenário vivido até aqui provoque uma mudança de visão da educação e saúde. “E como o trabalho é um dos principais ambientes de socialização, é preciso que as empresas entendam e se tornem células de excelência nessa retomada gradativa”, explica.

Paulo ainda aponta a necessidade de que a tecnologia também passe a beneficiar todos e, para isso, é preciso que a sua incorporação seja mais democrática na Educação e na Saúde. “É o momento de superar as divergências para achar um caminho convergente”, defende o presidente da ABRH Brasil.

Hospital de Campanha Lagoa-Barra completa um mês de atividades
Unidade, voltada para o combate à pandemia, já salvou 218 vidas

Hospital já atendeu 417 pacientes com coronavírus /    Fotos de mauriciobazilio.com

 

Da Redação

O Hospital de Campanha Lagoa-Barra, no Leblon, Zona Sul do Rio, completou no último dia 25 um mês de funcionamento com uma importante marca de 218 pacientes curados do Covid-19. Com estrutura voltada exclusivamente para atender infectados pelo novo coronavírus que são encaminhados pela Secretaria Estadual de Saúde, a unidade recebeu, até domingo, 417 pacientes, com uma idade média de 56 anos. Atualmente, o hospital tem 180 pacientes internados, sendo 98 na UTI e 82 na enfermaria.

A unidade é resultado de um investimento total de R$ 55 milhões. Inicialmente seria um aporte de R$ 45 milhões, mas a complexidade dos pacientes, o uso de tecnologia, bem como a contratação de profissionais demandaram mais recursos. A Rede D’Or, também responsável pela construção e gestão da unidade, arcou com R$ 35 milhões e R$ 20 milhões foram custeados pela Bradesco Seguros, Lojas Americanas, Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e Banco Safra em partes iguais. A iniciativa está gerando mais de 1.000 empregos diretos e indiretos.

Para o diretor do hospital, Werner Scheinpflug, os números de atendimento registrado ratificam a importância da sinergia entre braço público e privado para salvar vidas em um momento tão delicado como o atual. “Não é um trabalho fácil, pois muitos pacientes já chegam em estado muito grave. Mas cada vida salva nos motiva e recarrega as nossas energias”, afirma Werner, que ainda lembra que houve um esforço para antecipar a inauguração da unidade em uma semana, justamente devido à necessidade de leitos para combater a pandemia.

O primeiro paciente que deu entrada exemplifica bem a gravidade dos casos que fazem parte do dia a dia do corpo clínico. Ele ficou 19 dias internado, sendo 15 em CTI e sete sob uso da ventilação mecânica. Felizmente, ele se recuperou e pode retornar para casa. Em média, um paciente tem ficado 13 dias internados e o tempo de permanência em um leito de UTI tem sido de oito dias. Até o domingo, 102 pacientes precisaram do suporte ventilatório, o que representa 24% do total.

Werner observa que o trabalho é possível, pois o hospital de campanha é uma unidade de alta complexidade, com todos os recursos necessários para atender pacientes graves. Isso é ratificado em números. Já foram mais 177 tomografias computadorizadas realizadas e 1.380 exames de raio-x. Outro diferencial é a equipe clínica formada. Muitos profissionais que já trabalhavam na Rede D’Or se ofereceram para trabalhar no hospital de campanha, então são médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem que já conhecem a rotina de operação, protocolos de segurança e o modelo de atendimento. “Também há uma equipe de educação continuada, reforçando procedimentos específicos para a Covid-19”, destaca o diretor.

Montado em um terreno do governo do Estado ao lado do 23º Batalhão da Polícia Militar, na Rua Bartolomeu Mitre nº 905, Leblon, a unidade funcionará por 4 meses, durante o período mais grave da pandemia. O hospital possui 200 leitos, sendo 100 de UTI e 100 de enfermaria, e conta com tomografia digital, radiologia convencional, aparelhos de ultrassom e ecocardiograma e laboratório de patologia clínica.