Preço de itens para proteção de profissionais de saúde contra o coronavírus aumenta até 300%
Caixa de máscara que custava R$ 5,20 antes da crise agora é encontrada por valores entre R$ 40 e R$ 80

Caixa de máscaras está entre os itens que mais registraram aumento de preço com a crise do coronavírus

 

Maiá Menezes, do jornal O Globo

Em meio à expansão da pandemia, os insumos utilizados para a prevenção e cuidado dos casos de coronavírus chegam a registrar aumento de 300% em seus preços. O levantamento é da Federação Brasileira de Hospitais Privados (FBH).

Há registros de hospitais que compravam, antes da proliferação da doença, uma caixa de cem luvas por R$ 16,55. Agora, o valor chega a R$ 22,50. A unidade de álcool gel, um outro exemplo, passou de R$ 8,50 para R$ 24,90.

O item, no entanto, que demonstra uma inflação súbita no mercado, justamente na hora em que os produtos se tornam de primeira necessidade, é o valor da caixa de máscaras, com 150 unidades, que pulou de R$ 5,20 para valores que oscilam entre R$ 40 e R$ 80.

A Federação defende que haja a autorização excepcional e temporária para a importação de produtos sujeitos à vigilância sanitária sem registro na ANVISA, em especial os que servem ao diagnóstico e tratamento de pacientes crônicos e os que protejam os prestadores de serviços de serviço na área saúde.

Presidente da FBH alerta que a crise vai afetar a rede pública

O presidente da Federação, Aldevânio Francisco Morato afirma que, em especial nos hospitais de pequeno e médio porte (com cerca de 60 leitos), que corresponde a 60% dos quatro mil que integram a FBH, o aumento de preços leva a uma “distorção terrível”.  Ele defende a criação de uma linha de crédito para essas compras e a tentativa de desburocratizar a importação dos insumos.

— Sabemos que hospital algum do planeta está preparado para uma pandemia. Mas esse aumento cria uma dificuldade funcional terrível. Estamos falando de máscaras, luvas, aventais, de elementos de proteção para os médicos e de kits de diagnóstico. A preocupação é que se a crise começar nos hospitais menores vai acabar explodindo na rede pública também — afirma o presidente da Federação.

Farmácias de manipulação podem vender álcool gel ao público
Decisão é para ampliar acesso da população ao produto

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária autorizou as farmácias de manipulação a prepararem e venderem álcool gel de forma direta para o público. A decisão faz parte das medidas para conter a disseminação do coronavírus no país e visa ampliar o acesso da população a esses produtos.

A autorização tem prazo de 180 dias e pode ser prorrogada. A resolução que regulamenta o tema foi publicada ontem (18) no Diário Oficial da União.

Todas as farmácias magistrais, como também são conhecidas as farmácias de manipulação, poderão preparar álcool etílico 70% (p/p), álcool etílico glicerinado 80%, álcool gel, álcool isopropílico glicerinado 75%, água oxigenada 10 volumes e digliconato de clorexidina 0,5%.

De acordo com a Anvisa, todas essas fórmulas são preparações antissépticas ou sanitizantes que podem ser utilizadas no combate ao coronavírus. Até então, somente indústrias de cosméticos podiam fabricar esses produtos, com necessidade de autorização da agência reguladora.

Em publicação hoje (19) no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro destacou essa e outras medidas que estão sendo adotadas no âmbito do governo federal para enfrentamento a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.

A Anvisa também trabalha com outros órgãos de governo para um entendimento sobre a doação de álcool ao sistema público. Ontem (18), a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) informou que suas associadas vão doar álcool para fabricação de desinfetantes de mãos (álcool gel) e solução de álcool 70.

Impostos

Nessa semana, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério da Economia também zerou, até 30 de setembro, a alíquota do Imposto de Importação para 50 produtos médicos e hospitalares necessários ao enfrentamento da pandemia de Covid-19.

A lista, elaborada em coordenação com o Ministério da Saúde, abrange produtos que tiveram importações totais de aproximadamente US$ 1,3 bilhão em 2019. De acordo com o Minsitério da Economia, alguns produtos, como luvas médico-hospitalares, eram tributados a alíquotas que chegavam a 35%.

Além de luvas, a medida zera as tarifas de importação para álcool em gel, máscaras, termômetros clínicos, roupas de proteção contra agentes infectantes, óculos de segurança e equipamentos respiradores, dentre outros.

A resolução publicada ontem no Diário Oficial da União também determina que os órgãos e entidades da Administração Pública Federal que exerçam atividades de licenciamento, controle ou fiscalização de importações desses itens adotem tratamento prioritário para a liberação das mercadorias.

O Ministério da Economia também cortou temporariamente o Imposto sobre Produtos Industrializados para bens produzidos internamente ou importados, que sejam necessários ao combate de Covid-19.

Caixa anuncia redução de juros e pausa em contratos de crédito
Banco também divulgou a ampliação das linhas do crédito consignado

Da Agência Brasil

A Caixa Econômica Federal anunciou hoje (19) novas medidas de enfrentamento ao coronavírus. Segundo o banco, o objetivo é reduzir os impactos frente ao cenário de queda no índice de produtividade e diminuição da atividade econômica, causados pelas ações de contenção e temor à propagação do coronavírus.

Concomitante à queda da taxa básica de juros, a Selic, o banco informou que reduziu as taxas de juros de linhas de crédito e ofereceu pausa por até 60 dias para contratos de pessoa física e jurídica, inclusive contratos habitacionais. A pausa nos contratos já havia sido anunciada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e é válida para os cinco maiores bancos do país: Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco e Santander.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que novas medidas poderão ser anunciadas pelo banco e o prazo de 60 dias de pausa nos contratos de crédito pode ser ampliado se houver necessidade. “Se por acaso, essa crise continuar e for maior, a Caixa ampliará os prazos. E estaremos avaliando todo o dia, toda a semana o impacto [do coronavírus]”, disse, em uma transmissão ao vivo pelo Facebook, hoje.

Guimarães afirmou que a Caixa tem condições de ampliar a oferta de crédito, no atual momento de crise. “Temos tanto dinheiro para empresar e base de capital para suportar esse crescimento do crédito. Essas medidas foram pensadas e estamos muito tranquilos. Temos foco em micro e pequenas empresas, na pessoa física e nos hospitais, em especial as santas casas”, destacou.

Pessoas físicas

Para as pessoas físicas, há a possibilidade de pausa de até 60 dias nas operações parceladas de crédito pessoal

O banco também anunciou a ampliação das linhas de crédito consignado, incluindo as linhas para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Outra medida é a redução de taxa de juros nas linhas de crédito pessoal: crédito consignado a partir de 0,99% ao mês, penhor a partir de 1,99% ao mês e crédito direto ao consumidor (CDC), a partir de 2,17% ao mês.

Há ainda a disponibilização gratuita do cartão virtual de débito Caixa aos mais de 100 milhões de correntistas e poupadores, que possibilita compras online nos sites de e-commerce. O cliente pode habilitar o uso do cartão diretamente no Internet Banking. “A Caixa está focada em oferecer para os seus clientes soluções tecnológicas para a necessidade de ir pessoalmente a agência seja menor”, afirmou Guimarães.

A Caixa também permitirá a renovação do contrato de penhor diretamente no site do banco e canal telesserviço, evitando a necessidade de o cliente comparecer a uma agência bancária

Empresas

A Caixa dará apoio às micro e pequenas empresas, com redução de juros de até 45% nas linhas de capital de giro, com taxas a partir de 0,57% ao mês.

A carência de até 60 dias nas operações parceladas de capital de giro e renegociação também é válida para essas empresas.

Também foram disponibilizadas linhas de crédito especiais, com até seis meses de carência, para empresas que atuam nos setores de comércio e prestação de serviços, mais afetadas pelo momento atual.

Segundo a Caixa, as linhas de aquisição de máquinas e equipamentos estão com taxas reduzidas e até 60 meses para pagamento.

Habitação

Para contratos habitacionais de pessoa física, os clientes poderão solicitar a pausa estendida de até duas prestações pelo aplicativo Habitação Caixa, sem a necessidade de comparecimento às agências.

Empresas também poderão solicitar pausa estendida de até duas prestações em seus contratos habitacionais.

Santas casas

Serão liberados mais R$ 3 bilhões em orçamento em linhas destinadas a santas casas e hospitais filantrópicos que prestam serviço ao Sistema Único de Saúde (SUS), para reestruturação de dívidas e novos recursos. Segundo o presidente da Caixa, o total desse tipo de financiamento subirá de R$ 75 bilhões para R$ 78 bilhões.

A taxa de juros dos financiamentos serão de 0,80% ao mês para prazos de até 60 meses (redução de 14%). E para até 120 meses, a taxa será 0,87% ao mês (redução de 23%). Também haverá carência de até seis meses.

ANTT suspende viagens internacionais por ônibus devido ao coronavírus
Proibição tem vigência por 60 dias, podendo ser prorrogada

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) determinou hoje (18) a suspensão de todas as viagens rodoviárias internacionais de passageiros, em decorrência da pandemia de coronavírus. A medida vale para os transportes de fretamento e semiurbano em região de fronteira, realizada por empresas brasileiras e estrangeiras.

Segundo a ANTT, a proibição tem vigência por 60 dias, podendo ser prorrogada.

Além da suspensão das viagens internacionais, a agência também determinou que as empresas adotem medidas de higienização da frota, com a utilização de métodos que impeçam a proliferação de “vírus, bactérias, fungos, ácaros e microrganismos nocivos à saúde”.

Entre as medidas, estão higienizar ou esterilizar após cada viagem, os pega-mãos, corrimãos, catracas, equipamentos de bilhetagem e demais superfícies onde há o constante contato das mãos dos passageiros, do motorista e do cobrador. Também deve ser disponibilizado álcool-gel 70% para os motoristas, cobradores e passageiros e, se possível, máscaras.

A agência disse que o reembolso das passagens será feito de acordo com a resolução em vigor que prevê que o pagamento terá valor equivalente em moeda estrangeira convertida no câmbio do dia da efetivação do reembolso.

Com relação ao transporte interestadual de passageiros, a ANTT disse que continua em operação. “Devido à situação emergencial para evitar situações que possibilitem o contágio pelo coronavírus, a agência flexibilizou a redução de frequência de horários”.