Diagnóstico precoce evita sequelas em casos de esclerose múltipla
Dia Nacional de Conscientização sobre a doença é comemorado hoje

 

Da Agência Brasil

Instituído pela Lei 11.303/2006, o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla, comemorado hoje (30), quer dar maior visibilidade à doença, informar a população e alertar para a importância do diagnóstico precoce da enfermidade, que pode ser tratada e impedir sequelas.

O professor de neurologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) Denis Bichuetti disse à Agência Brasil que do ponto de vista clínico, a esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica e debilitante, mas caso seja diagnosticada e tratada precocemente, ou seja, antes de as sequelas acontecerem, “o paciente pode ficar muito bem, sem sequelas por muitos anos. O que eu quero dizer é que ela é uma doença que, para eu precisar de uma bengalinha para andar, levam-se 15 anos; para eu precisar de um andador, 20 anos; e uma cadeira de rodas, 25 anos”.

Ele alertou, entretanto, que como a esclerose é uma doença que começa por volta dos 20 ou 30 anos de idade e apesar de levar muito tempo para gerar incapacidade, ela ataca pessoas na época mais produtiva da vida, entre 20 e 55 anos de idade.

O coordenador de Doenças Cerebrovasculares do Hospital Icaraí e coordenador da neurologia do Hospital e Clínica de São Gonçalo, Guilherme Torezani, esclareceu que a esclerose múltipla é doença autoimune, que acaba atacando algumas áreas do cérebro e comprometendo o sistema nervoso central. Dependendo da área do cérebro inflamada, vários sintomas podem surgir de forma súbita, em surtos. “Se o paciente deixa isso passar, não investiga, a doença vai piorando. É importante haver essa conscientização de que sintomas neurológicos novos devem ser sempre investigados por um neurologista. Por isso, a gente fala em diagnóstico precoce”, disse Torezani.

Diagnóstico precoce

Denis Bichuetti afirmou que o primeiro motivo para diagnosticar logo a doença é tratar cedo e impedir a cadeia de sequelas. O primeiro ponto para diagnosticar e tratar precocemente é mudar a história da doença, “como foi mudada a história da poliomielite, do acidente vascular cerebral (AVC), como vem mudando a história do câncer” no Brasil, observou.

O segundo motivo é social e econômico. “Se eu tratar a pessoa antes de desenvolver sequela, o custo dos medicamentos, o custo desembolsado por benefícios sociais e o custo indireto com aposentadoria vão ser muito menores”. Isso se eu mantiver a pessoa andando e produzindo, em vez de esperar uma sequela acontecer. Porque vou ter que tratar essa sequela, que é muito mais caro do que o remédio para mantê-la andando. E a pessoa vai parar de produzir e consumir benefício social”, explicou Bichuetti.

A terceira razão para o diagnóstico e tratamento precoces é o bem da própria pessoa, que é o elemento mais interessado, para que ela se mantenha próxima da família, possa desenvolver atividades de lazer, ter um trabalho onde vai produzir e ser remunerada.

Estimativa

Dados da Federação Internacional de Esclerose Múltipla e da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicados em 2013, indicavam que no Brasil existiam 40 mil casos da doença. Denis Bichuetti disse, porém, que esse número está subestimado. “Por ser uma doença crônica e a pessoa viver com ela por 30 ou 40 anos, deve haver pelo menos o dobro de brasileiros com esclerose múltipla. O problema é que nem todos estão plenamente diagnosticados”.

De acordo com o Ministério da Saúde, a prevalência média da doença no Brasil é de 8,69 para cada 100 mil habitantes. No mundo, estima-se que entre 2 milhões e 2,5 milhões de pessoas convivam com a esclerose múltipla.

Diante de sintomas súbitos, que ocorram de uma hora para outra, como a perda da visão de um olho, dor, alterações da sensibilidade, perda da função de um membro, visão dupla, troca de palavras, a pessoa deve buscar imediatamente um hospital porque pode ser um AVC. Em geral, os sintomas da esclerose múltipla evoluem ao longo de vários dias ou semanas. Portanto, a recomendação é que procure auxílio médico.

O ideal é que a pessoa vá a um neurologista, mas como nem todas as cidades no Brasil dispõem desse especialista, a recomendação é procurar um clínico de confiança ou um pronto-socorro. Denis Bichuetti acrescentou que se os sintomas forem muito agudos, o paciente deve ser levado para uma emergência que tem os mecanismos de avaliar se não é outra coisa que precisa ser tratada. “A esclerose múltipla pode esperar até amanhã. O AVC não pode”, exemplificou.

Mulheres

Guilherme Torezani informou que a doença atinge duas vezes mais mulheres do que homens e é diagnosticada, em média, aos 30 anos na mulher, na idade mais produtiva, embora possa acometer desde crianças até pessoas mais idosas. Isso vale para outras doenças autoimunes, como lúpus, doença de Crohn, por exemplo. Segundo explicou Denis Bichuetti, a mulher tem tendência maior a desenvolver doenças autoimunes por fatores genéticos. “Não é uma coisa exclusiva da esclerose múltipla, mas do gênero feminino em geral’.

O tratamento é feito com medicamentos. Atualmente, existem no mundo cerca de 14 ou 16 medicamentos aprovados por agência reguladora, com reconhecimento científico para o tratamento. Desses, em torno de 12 existem no Brasil e dez estão disponíveis na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) e dentro do rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar.

“No Brasil, salvo a questão do atraso no diagnóstico e a demora, muitas vezes, para chegar a um neurologista, nós temos medicamentos aprovados tanto no SUS quanto na saúde suplementar que nada devem a outros países. O grande problema é as pessoas chegarem ao neurologista, o que no SUS é bem mais complicado do que no sistema privado”, afirmou o professor da Unifesp.

Recomendação

Denis Bichuetti disse ainda que, neste dia 30, o recado para a população é que a doença afeta pessoas jovens, é potencialmente incapacitante, mas tem tratamento. “E com um tratamento adequado, podemos evitar sequelas. Essas pessoas podem e devem ser mantidas dentro dos seus círculos sociais e ambientes de trabalho”.

Aos empregadores, Bichuetti pediu que não vejam funcionários portadores da doença como inválidos, mas sim como pessoas que, se receberem tratamento adequado, vão continuar produzindo muito bem e não devem ser demitidas. “Olhadas como pessoas com qualquer outra doença, que têm altos e baixos e merecem a mesma oportunidade de todo mundo”.

Guilherme Torezani ressaltou também a importância de desmistificar a doença. Não é uma sentença de morte nem sentença de invalidez, assegurou. Há pacientes em tratamento estáveis, há anos sem ter surtos, vivendo uma vida praticamente normal. “É isso que a gente tem que deixar como mensagem”.

O neurocirurgião Claudio Fernandes Corrêa, idealizador e coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho, sugeriu aos portadores da doença a prática regular de atividades físicas, aliada à fisioterapia motora e associação de medicação para o controle esfincteriano, caso esse seja comprometido. Para casos de alteração do controle muscular, caracterizada por rigidez e tensão dos músculos, Corrêa recomendou a fisioterapia de reabilitação física somada à medicação, bem como procedimentos neurocirúrgicos em cenários mais limitantes.

Covid-19: Rio começa a aplicar terceira dose em idosos em setembro
Receberão primeiro os que vivem em asilos ou abrigos

 

Da Agência Brasil

 

O município do Rio de Janeiro anunciou que começará a aplicar a terceira dose da vacina contra covid-19 em idosos a partir de setembro. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, os primeiros a receber o reforço da imunização serão aqueles que moram em asilos ou abrigos e que tenham tomado a segunda dose há seis meses ou mais.

A vacinação dessas pessoas será feita de 1º a 10 de setembro. O reforço será dado independentemente do tipo de imunizante utilizado nas duas primeiras doses.

Adolescentes

A secretaria também informou que iniciará a vacinação de adolescentes sem deficiência amanhã (26), segundo o calendário: meninas com 17 anos (dia 26), meninos com 17 anos (dia 27), repescagem para quem tem 17 anos ou mais (dia 28), meninas de 16 anos (dia 30), meninos de 16 anos (dia 31), repescagem para quem tem 16 anos ou mais (dia 1º de setembro), meninas de 15 anos (dia 2) e meninos de 15 anos (dia 3).

Continuam sendo imunizadas também as pessoas com deficiência, gestantes, puérperas e lactantes com 12 anos ou mais.

Butantan entrega 4 milhões de doses de vacina ao Ministério da Saúde
SP atinge 78,8 milhões de imunizantes fornecidos ao PNI

 

Agência Brasil

Mais 4 milhões de doses da vacina do Butantan contra a covid-19 foram entregues ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) na manhã desta segunda-feira (23). Com o novo lote, o governo de São Paulo e o Instituto Butantan chegam à marca de 78,8 milhões de imunizantes fornecidos ao Ministério da Saúde para vacinação de brasileiros.

O total de liberações já feitas representa 78% das 100 milhões de doses contratadas pelo Ministério da Saúde para a vacinação de brasileiros em todo país.

A entrega de hoje faz parte da leva de vacinas fabricadas com o lote de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) entregue pela farmacêutica chinesa Sinovac ao Butantan no dia 13 de julho. Na ocasião, chegou ao instituto um total de 12 mil litros da matéria-prima usada para a fabricação dos imunizantes.

A matéria-prima foi envasada no complexo fabril do instituto, na zona oeste da cidade de São Paulo, e passou por etapas como embalagem, rotulagem e controle de qualidade das doses.

As vacinas liberadas nesta manhã fazem parte do segundo contrato firmado com o Ministério da Saúde, com 54 milhões de doses. O primeiro, de 46 milhões, foi concluído em 12 de maio. As entregas foram iniciadas em 17 de janeiro deste ano, quando o uso emergencial do imunizante foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

RJ autoriza aplicar Pfizer caso falte AstraZeneca para segunda dose
A decisão foi publicada ontem em uma nota técnica, diz SES

 

Da Agência Brasil

A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) autorizou a utilização da vacina da Pfizer contra covid-19 como segunda dose para a Oxford/AstraZeneca, apenas no caso de o estado não receber quantidade suficiente desse imunizante. Segundo a SES, a decisão foi publicada ontem em uma nota técnica.

A SES reforça que a intercambiabilidade com essas vacinas só poderá ser realizada se os municípios registrarem falta da vacina Oxford/AstraZeneca para completar o esquema vacinal de quem já recebeu esse imunizante na primeira dose.

Segundo a SES, a decisão foi tomada em conjunto com a equipe de especialistas do Conselho de Análise Epidemiológica que assessora a Vigilância estadual.

A vacina Oxford/AstraZeneca é produzida no Brasil pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Apesar de poder produzir mais de 1 milhão de doses por dia, o instituto tem sua capacidade limitada pela disponibilidade do ingrediente farmacêutico ativo (IFA), que precisa ser importado da China.

Bio-Manguinhos já iniciou o processo de transferência de tecnologia para se tornar autossuficiente na produção do insumo, mas os primeiros lotes da vacina produzida com IFA nacional só devem ficar prontos no quarto trimestre deste ano.

Até a semana passada, a Fiocruz já havia produzido e entregado 80,5 milhões das 100,4 milhões de doses previstas no acordo de encomenda tecnológica com a AstraZeneca. A fundação já encomendou IFA para mais doses e prevê reforçar a produção com o ingrediente farmacêutico ativo nacional.