Empresas buscam governo por aval para comprar 33 milhões de doses da vacina de Oxford
Empresários dizem que abriram negociação com o Ministério da Saúde e doariam metade do total ao SUS

 

 

Da Coluna Painel, da Folha de S. Paulo

Empresas privadas brasileiras negociam com o governo uma autorização para importar 33 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca. Segundo empresários, as tratativas ocorrem com o Ministério da Saúde.

O plano é que a pasta edite um ato descrevendo as condições para a liberação. Pelo acordo em andamento, metade do total dos imunizantes seria doado ao SUS (Sistema Único de Saúde). O restante iria para funcionários e familiares das companhias que fazem parte da negociação.

De acordo com texto que circula entre empresários, ao menos 12 companhias já foram convidadas a participar de reuniões para integrar o consórcio. Entre as listadas estão Vale, Gerdau, JBS, Oi, Vivo, Ambev, Petrobras, Santander, Itaú, Claro, Whirlpool e ADN Liga.

Algumas, no entanto, negam que tenham interesse. O Santander e o Itaú, por exemplo, embora tenham participado de encontros, disseram que não vão integrar o grupo e não têm interesse nas vacinas. A Vivo também afirmou não fazer parte do grupo.

Segundo o Painel apurou, o Itaú resolveu deixar o consórcio depois da repercussão negativa a respeito do plano de compra das vacinas.

Ao Painel, a JBS afirmou que “avaliou o assunto e decidiu deixar o grupo”.

Em nota, a Vale disse que foi convidada a participar das discussões, “mas declinou da iniciativa”.

“A política da companhia é de doação integral de insumos que venham a ser adquiridos para apoiar os esforços oficiais de combate à Covid-19. Desde o início da pandemia, a Vale vem oferecendo ajuda humanitária aos governos no Brasil e nos países onde está presente, doando testes rápidos, EPIs para profissionais de saúde, entre outros insumos”, informou a empresa.

Segundo integrantes de companhias que ainda estão na negociação, a Ambev também decidiu não participar da iniciativa. Dirigentes da empresa receberam telefonema com convite para adentrar o consórcio de empresas, mas uma vez que tomaram conhecimento sobre os termos propostos e o valor da vacina —considerado acima do valor de mercado— resolveram não prosseguir com as conversas.

A ideia é aumentar o número de empresas e incluir quem tiver interesse. Cada uma receberia o equivalente ao que comprou. O objetivo das companhias é garantir a imunização de ao menos parte de suas equipes para manter as atividades em funcionamento. A vontade aumentou depois de o governo ter enfrentado entraves para conseguir importar vacinas e insumos.

Os 33 milhões de doses —a unidade é estimada US$ 23,79— são a quantidade disponibilizada pela AstraZeneca e poderiam chegar ao Brasil em fevereiro. Segundo empresários, a conversa com o farmacêutica é conduzida pela Dasa, que detém laboratórios e hospitais.

No início do mês, o ministro Eduardo Pazuello (Saúde) disse que a prioridade seria o SUS e “uma vez supridas” as demandas do sistema, as empresas poderiam comprar vacinas disponíveis. Segundo empresários, o governo sinalizou que liberaria a importação. Procurado, o Ministério da Saúde não respondeu.

Nesta segunda (25), a Dasa enviou nota na qual informa que não lidera nem participa das tratativas para a compra das vacinas.

Segundo o Painel apurou, houve nesta segunda uma reunião entre quem está à frente da articulação para a compra dos imunizantes e a Dasa com o objetivo justamente de fechar o acordo para o laboratório encampar a importação das vacinas. Neste mesmo encontro, a Dasa informou qeu não faria parte da negociação.