O que a saúde espera dos novos governos
Aldevânio Francisco Norato*

 

*Aldevânio Francisco Morato é presidente da Federação Brasileira de Hospitais

A cada quatro anos, a esperança de ter um setor de saúde mais forte e que atenda a população de forma completa é o que sempre se espera. Afinal, esse é um desejo da sociedade que já existia antes mesmo da pandemia, é claro. Sob essa perspectiva, as eleições municipais costumam estar sob o olhar mais atento do cidadão e a pergunta sempre retorna: “O que esperar dos novos governantes?”. É fato que os novos governantes terão que bater de frente com questões fundamentais, como as relacionadas a investimentos na saúde.

O Brasil dispõe de um dos maiores sistemas privados de saúde do mundo. O país gasta por ano mais de R$ 609 bilhões com saúde, o que representa cerca de 9,3% do PIB. E o setor privado é o responsável pela maior fatia, com 5,4%. Enquanto que o gasto público responde por 3,9% do PIB. Algumas práticas de saúde no Brasil precisam ser revistas. Não importa o partido político, o que se faz imprescindível é que se pense e se planeje para que os interesses de todos sejam contemplados.

 

 

Num mundo cada vez mais digital, a tecnologia será sempre uma grande aliada. As formas de redução de gastos por meio de programas e iniciativas, como compras conjuntas de insumos de alto custo, gestão mais ampla do tratamento concedido a doentes crônicos, foco em prevenção, poderão fazer parte da parceria público-privada. Precisamos de uma maior colaboração entre governo, prestadores de serviços e pacientes. A implementação de modelos que configurem uma relação entre resultado e pagamento deverá estar entre os pontos a serem postos em prática.

A telemedicina é outro ponto que deve permanecer em destaque, pois será um caminho adequado para redução das distâncias e dos custos de atendimento. Pacientes que tinham que se deslocar para grandes centros passaram a ser atendidos e diagnosticados remotamente. Tratar do acesso à saúde deveria ser prioridade, permanentemente. Não só em tempos de pandemia. No Brasil, entretanto, seguimos mais preocupados com os meios do que com o acesso da população aos serviços que deveriam ser proporcionados. Temos que seguir os caminhos que estão dando certo. Os estudos e pesquisas são fundamentais para traçar a direção que queremos. Vivemos um momento delicado no setor da saúde. A cadeia está desgastada.

Temos que concentrar esforços em prevenção para diminuir os custos dos tratamentos. Na verdade, temos que manter uma contínua agenda de discussões sobre as possíveis soluções para as questões do setor de saúde. Elas devem ser pensadas e testadas. Empresas e governo devem caminhar juntos na busca de resultados no atendimento à população. Portanto, deixamos uma dupla indagação aos gestores que chegam: como vão iniciar o percurso e qual caminho adotarão? A opção mais viável seria seguir na direção do que precisa ser realizado o mais urgentemente possível para que o setor não desabe, se quisermos poupar os municípios de situações ainda piores que as atuais.