70 milhões de processos estão à espera de solução

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Todos em prol da mediação: Paulo Sardinha, Magda Hruza e o desembargador Cesar Cury

O Brasil possui uma cultura do litígio. São impressionantes 70 milhões de processos, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, que estão acumulados, ainda sem desfecho, nos tribunais brasileiros. Como alternativa a essa cultura, a ABRH-RJ vem fomentando o uso da mediação pelas organizações. Isso porque as empresas apresentam um ambiente suscetível ao surgimento de conflitos de diversas naturezas que, muitas vezes, tornam-se disputas judiciais. Além dos altos custos, processos judiciários podem impactar na imagem da organização e no ambiente de trabalho.

Um exemplo dessa empreitada é o convênio firmado com o Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem (CBMA) de cooperação técnica e de apoio mútuo a ações e eventos. A parceria já vai estar presente no I Congresso Internacional de Mediação e Arbitragem, que será realizado no Rio de Janeiro nos dias 9 e 10 de novembro. Os associados da ABRH-RJ terão 20% de desconto na inscrição.

Também tem sido frequente a discussão do tema nos fóruns da Associação, voltados a apresentar os benefícios do método alternativo, bem como mostrar exemplos práticos para a sua utilização. No RH-RIO, por exemplo, a mesa sobre mediação teve a participação do desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) e presidente do Fórum Nacional de Mediação e Conciliação (Fonamec), Cesar Cury.

Cury defende a mediação como a ferramenta mais moderna e eficaz contra o excesso de demandas ao Judiciário e também a considera vantajosa para quem a utiliza. “Primeiro, há considerável redução do tempo de resolução; segundo, diminui o custo; terceiro, as partes constroem conjuntamente a decisão, portanto a solução apresenta mais legitimidade e aceitação”, destaca.

Para a diretora jurídica da ABRH-RJ, Magda Hruza, a grande contribuição da mediação numa relação continuada, como as existentes nas empresas, é a preservação das relações. “A via judicial apenas constrói a solução para o concreto do conflito, mas ele continuará a existir, independentemente do teor da decisão. E, normalmente, é apenas uma questão de tempo para que volte a se manifestar”, alerta.

Entretanto, ainda há gestores que não demonstram confiança nos métodos alternativos e ignoram as formas como eles podem ser utilizados. Magda defende, por exemplo, que um confronto de cunho eminentemente emocional é passível de solução mais adequada se for submetido inicialmente à mediação, encarada como recurso disponível às lideranças empresariais na condução de suas equipes, e aos profissionais de RH, na avaliação das expertises dos candidatos e na adequação de empregados a determinados cargos.

Apesar de a Lei da Mediação não ter contemplado os conflitos trabalhistas, Magda ainda destaca que há casos em que o método foi utilizado na administração de divergências trabalhistas de natureza coletiva.

*Matéria publicada na coluna Gestão de Pessoas, da ABRH-RJ.

Fórum de Remuneração destaca o tema eSocial

As organizações estão correndo contra o tempo para se adequarem ao eSocial, o sistema idealizado pelo Governo para unificar o envio de informações sobre os funcionários pelos seus empregadores. O cronograma oficial prevê que a partir de janeiro de 2018 as empresas com faturamento superior a R$ 78 milhões comecem a utilizá-lo. Em julho, o projeto se estenderá a todas as outras. Mas ainda há gestores com dúvidas sobre que adaptações precisam ser feitas, bem como sobre o funcionamento do próprio sistema.

Por isso, a ABRH-RJ convidou representantes do Ministério do Trabalho, da Receita Federal, do INSS e da Caixa Econômica para participarem da mesa de abertura do II Fórum de Remuneração, que será realizado nos dias 5 e 6 de outubro, no auditório da FIRJAN. Eles vão esclarecer as incertezas que preocupam as organizações.

O eSocial apresenta uma nova forma de se enxergar o ambiente empresarial, ou seja, uma visão unificada da organização. Diferente da que se tem atualmente. Assim, as empresas deverão fomentar uma visão de conjunto por parte de seus colaboradores, em que os vários setores terão que trabalhar da forma mais entrosada possível”, avalia o coordenador do eSocial para o Ministério do Trabalho no Rio de Janeiro, João Desterro.
Uma das orientações que Desterro costuma destacar é a de que, primeiramente, as empresas precisam adequar os seus sistemas para que eles possam estar compatíveis com o eSocial. Ou mesmo adquirir novos sistemas, caso haja incompatibilidade. Porém, a complexidade dessa adaptação exige a participação não somente do RH, mas também de outros setores das organizações, como TI e Jurídico.

Gestão da força de trabalho
Um dos destaques do segundo dia do Fórum será a palestra do professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), José Hipólito, sobre a gestão da força de trabalho. Hipólito alerta que há empresas que pensam o tema de forma pontual, e não como um processo contínuo. Entretanto, a falta de gerenciamento adequado resulta em várias implicações. Uma equipe superdimensionada pode, por exemplo, afetar substancialmente a estrutura de custos. Por isso, antes de se solicitar aumento de quadro, deve-se avaliar se não há sobreposição entre as atividades que são executadas na organização.

“Para nos dar suporte a essa reflexão sobre a necessidade de quadro, podemos apontar dois referenciais. Para o dimensionamento quantitativo, a referência são os estudos de produtividade e para o qualitativo, podem ser utilizados parâmetros de competências, mas, sobretudo, modelos relacionados a níveis de complexidade do trabalho”, explica o coordenador do Ministério do Trabalho, adiantando algumas das questões que serão aprofundadas no Fórum.

Matéria publicada na coluna Gestão de Pessoas, da ABRH-RJ.

Líderes saudáveis são exemplos para seus liderados

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Marie Bendelac, Margareth Moore e Gilberto Ururahy destacaram como é difícil mudar hábitos de vida

Quando o assunto é conquistar qualidade de vida, além de alcançar realização pessoal e no trabalho, estabelecer metas e promover transformações internas são posturas que estão na ordem do dia – e o apoio profissional para vencer esse desafio é algo que um número cada vez maior de pessoas procura, em todo o mundo. Dentro de empresas e instituições, as lideranças também têm papel fundamental, que é disseminar informação sobre a importância do bem-estar e do equilíbrio, oferecendo aos colaboradores meios para que possam obter atendimento e se desenvolver.

Essa foi a tônica do debate ‘Por que é tão difícil mudar o estilo de vida, e como fazer?’, que ocorreu no Primeiro Fórum de Saúde da ABRH-RJ (Associação Brasileira de Recursos Humanos), neste mês, na Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro). O encontro reuniu duas especialistas em Coaching de Saúde e Bem-Estar – a norte-americana Margareth Moore, fundadora da Wellcoaches Corporation e professora da Universidade de Harvard (EUA), e a francesa radicada no Brasil Marie Bendelac Ururahy, sócia-diretora e co-fundadora da Be Coaching Brasil.

“Muitas pessoas que não conseguem promover mudanças em suas vidas, em geral, adiam esse passo, dizem que já sabem o que fazer, prometem que o farão, e nada acontece. O que elas precisam entender é que não é necessário andar sozinhas. Há hoje profissionais qualificados para auxiliar nisso, com uso de metodologias reconhecidas ”, disse Marie, durante sua palestra, ao citar o coaching – conhecimento estudando e  desenvolvido em grandes instituições acadêmicas do mundo, como a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

O coaching, explicou Marie, não é algo impositivo. O processo permite que as pessoas retomem o autocontrole, ganhem produtividade, saúde e bem-estar. Assim, completou a especialista, tornam-se protagonistas da própria integridade. Para uma plateia de aproximadamente 100 pessoas, Marie chamou a atenção dos líderes, que devem se ater aos exemplos que estão dando. Lideranças saudáveis têm mais sucesso em ter equipes saudáveis. Segundo ela, há estudos apontando que, para cada 1 mil dólares investidos pelas empresas em bem-estar, o retorno é de 4 mil dólares.

“O processo de coaching atua para que as mudanças sejam mais fáceis e rápidas. As transformações estão se acelerando no mundo, e as pessoas precisam se adaptar. Nos EUA, dois-terços das pessoas são obesas, 90% não gostam do seu trabalho e 80% dos adultos não estão prosperando. Temos que transformar nosso pensamento. É onde esse conhecimento é aplicado, ajudando os indivíduos a fazer as pequenas e progressivas mudanças. O coache profissional foca na facilitação, ajuda as pessoas em seu crescimento, faz com que saiam da baixa confiança”, destacou Margaret Moore.

De acordo com a especialista de Harvard, o mundo passa por uma fase de aceleração em que todos precisam aprender a mudar e prosperar ao mesmo tempo. “Isso nos leva à Medicina do estilo de Vida. Outro benefício é equilibrar as emoções, temos isso como um objetivo coletivo”, observou Moore.

O debate foi mediado pelo médico Gilberto Ururahy, diretor-médico da Med-Rio Check-up, que recentemente trouxe ao Brasil outro especialista de Harvard, Edward Philips, para o evento A Medicina Preventiva Aplicada ao Estilo de Vida, na PUC-Rio. Gilberto Ururahy será coordenador de um curso na área de Medicina Preventiva que será oferecido pela universidade a partir de 2018.

ABRH-RJ realiza o I Fórum de Saúde

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Manoel Peres: “Planos de saúde chegam a responder por 18% dos custos da área de RH”

Aconteceu, nos dias 11 e 12 de setembro, o I Fórum de Saúde da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RJ). Realizado no auditório da FIRJAN, o evento reuniu executivos, médicos e especialistas em saúde que debateram com profissionais de RH a importância das empresas promoverem uma gestão estratégica da saúde. Custos com os planos de saúde, efeitos da longevidade, o crescimento da judicialização do setor e a necessidade das empresas estimularem hábitos saudáveis entre os funcionários foram algumas das questões presentes nos debates dos dois dias de Fórum.

“A equipe da ABRH-RJ planejou esse evento pensando nos profissionais de RH. O objetivo foi apresentar as questões que realmente estão presentes no dia a dia das organizações, mas também compartilhar práticas para a gestão de saúde”, destacou o presidente da diretoria executiva da ABRH-RJ, Paulo Sardinha.

O diretor-geral da Bradesco Saúde, Manoel Peres, abriu o evento apresentando o atual cenário econômico do país e como esse vem refletindo no setor saúde. Peres explicou que os planos de saúde perderam mais de 2,7 milhões de beneficiários nos últimos três anos, como consequência da queda de renda e do crescimento desemprego. Ele também destacou que o benefício se tornou um dos maiores gastos das organizações, tendo locais em que ele responde por até 18% dos custos da área de RH.

Formada pelo diretor-presidente substituto da Agência Nacional de Saúde, Leandro Fonseca da Silva, e pelo superintendente de Regulação da FenaSaúde, Sandro Leal Alves, a segunda mesa do dia inseriu os profissionais de RH no debate sobre a regulação dos planos de saúde. “Hoje, 80% dos beneficiários são de planos coletivos. E são as empresas os principais contratantes, por isso a dinâmica do mercado de saúde suplementar está diretamente ligada à dinâmica do mercado de trabalho”, observou Fonseca.

O diretor-presidente da ANS ressaltou que as empresas vão ter lidar com os efeitos que a longevidade terá no uso dos planos de saúde, pois a expectativa é de que a frequência do uso do benefício aumente com o envelhecimento da população. Para minimizar esse cenário, Fonseca defende a implantação de programas de Promoção à Saúde e Prevenção nas organizações. “É preciso que os gestores tenham perspectiva de longo prazo e estejam dispostos a gastar com saúde hoje para poupar amanhã”.

A busca de soluções para reduzir os custos com o planos de saúde também esteve presente na terceira mesa do dia, que contou com palestras do diretor de Saúde Integrada e Sustentabilidade da Firjan, Luiz Ernesto, e do CEO da Ben’s Consultoria, Benivaldo Ramos.

Ernesto reforçou o alerta feito pelo diretor-presidente da ANS sobre a necessidade das empresas se prepararem para o aumento da longevidade. “Pesquisas apontam que apenas 38% das organizações promovem ações com atenção à terceira idade”, relatou.

Para o diretor da Firjan também é urgente que as empresas desenvolvam programas voltados para a disseminação de hábitos saudáveis entre os funcionários, como forma de reduzir a incidência de doenças crônicas, que impactam diretamente em índices de absenteísmo e presenteísmo. “O mundo parou de se movimentar. Um levantamento da OMS projeta que, de 2002 até 2030, haverá uma redução de 30% de atividade física no mundo. Essa situação favorece o aumento da obesidade e de casos de doenças cardiovasculares”, alertou.

Justamente o desafio de mudar o estilo de vida foi o tema central da mesa que fechou o primeiro dia do Fórum e que teve a participação internacional da fundadora e CEO da Wellcoaches Corporation, Margaret Moore. Ao lado da especialista em desenvolvimento de líderes e sócia-diretora da Be Coaching Brasil, Marie Bendelac, Margaret mostrou como a metodologia do Wellness Coaching pode contribuir na área de prevenção e bem-estar nas organizações.

2º dia teve judicialização e saúde mental

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Desembargador Cesar Cury, o diretor executivo da FenaSaude José Chechin e o diretor da ABRH-RJ Isaque Farizel

Um dos destaques do segundo dia do evento foi o desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Cesar Cury, que, ao lado do diretor executivo da FenaSaude José Chechin, falou sobre o peso da Judicialização da Saúde nas empresas.

“Infelizmente, hoje lidamos com uma ascensão contínua da judicialização na saúde. Dos 11 milhões de processos em andamento no Tribunal de Justiça do Rio, cerca de 300 mil são relacionados à saúde”, destacou o desembargador.

Cury também destacou que o lítigio da saúde costuma ser mais caro do que um processo comum. Enquanto este gera um custo médio de R$ 2 mil para o judiciário, uma demanda da saúde pode sair até quatro vezes mais caro. São litígios que permanecem por mais tempo nos tribunais por necessitarem de perícias e diligências. O tempo médio de uma perícia, por exemplo, é de 8 meses.

Cechin criticou as decisões de juízes que impõem ao plano a prestação de serviços que não estão previstos no contrato. “Esse cenário provoca um ambiente de incerteza jurídica. Como consequência, são inibidas iniciativas empreendedoras, é imposto um ônus à coletividade e há uma elitização do acesso á saúde”.

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1. O sócio-diretor da B2 Saúde, Francisco Vignoli, a presidente do Conselho Deliberativo da ABRH-RJ, Leila Felício, o presidente da diretoria executiva da ABRH-RJ, Paulo Sardinha e o diretor da Amil Dental, Alfieri Casalecchi. 2. O diretor-presidente substituto da ANS, Leandro Fonseca da Silva