O cuidado com a saúde que atravessa milênios
*Por Vitório Moscon Puntel

Vitório Moscon Puntel é presidente da Unimed Volta Redonda.

Mais de 570 mil médicos atuam diariamente para proporcionar saúde e qualidade de vida à população no Brasil. São profissionais que lidam com uma das maiores responsabilidades que se pode ter: cuidar da saúde de outra pessoa. Mas se é enorme a responsabilidade, também o é a satisfação de poder fazer a diferença na vida das pessoas. Sentimento este que é compartilhado há milênios, desde, por exemplo, o Egito Antigo, quando viveu Imhotep, entre 2655 a.C. e 2600 a.C., apontado por livros de história como o primeiro médico. De lá para cá, a medicina passou por inúmeras transformações, muitas delas provocadas pelos avanços tecnológicos.

Sem dúvida nenhuma a tecnologia tem sido uma importante aliada para a prática médica. A penicilina, descoberta em 1928, e a radiografia, realizada pela primeira vez 1895, estão entre descobertas que permanecem até hoje como importantes aliados no diagnóstico ou tratamento de doenças. No entanto, apesar dos avanços de tecnologias disruptivas, como a inteligência artificial, o olhar cuidadoso e o contato humano que somente o médico pode proporcionar, permanecem como fundamentais.

É justamente o compromisso de oferecer a excelência no cuidado que guia todos os médicos que fazem parte da Unimed Volta Redonda. Somos, sim, uma cooperativa de trabalho médico que gera, com sustentabilidade, serviço e renda para nossos médicos cooperados. Porém a nossa finalidade é cuidar das pessoas, é fazer com que o médico seja aquela pessoa de confiança da família.

Nós sabemos que, dentro dessa realidade da vida corrida que impera nos dias de hoje, dedicar o tempo, com calma para ouvir o paciente e examiná-lo com atenção, estabelecendo um vínculo de confiança, faz toda a diferença. Ainda que os modernos equipamentos impressionem e sejam úteis, é o contato humano que traz segurança e faz o paciente acreditar na palavra do médico. Essa é a prática médica em sua essência, não importa a época. E é isso que cada um dos nossos médicos pratica diariamente.

Como cooperativa, procuramos também ir além dos consultórios e hospitais, difundindo para todos a importância de se buscar qualidade de vida, priorizando hábitos saudáveis e a prevenção, com a ida rotineira ao médico. Esse olhar amplo de cuidado com a comunidade vai ao encontro de valores inegociáveis do cooperativismo, como a responsabilidade e o desenvolvimento da sociedade. Não há dúvidas de que o cooperativismo e a prática médica combinam muito bem, pois ambos têm em sua essência o compromisso com a solidariedade.

Mesmo daqui a dois mil anos, o médico continuará sendo aquele que acolhe, que tem paciência e que se preocupa com o outro. É aquele que muitas vezes escuta as dores, não somente físicas, do paciente e se torna um membro informal da família, pois a prática médica está nesses detalhes que nenhuma tecnologia poderá suprir. Por isso aproveito o Dia do Médico, celebrado em todo 18 de outubro, para agradecer o esforço e dedicação de cada um deles, em especial aos médicos da Unimed Volta Redonda, por cuidarem da nossa saúde e de nossos familiares.

PIB brasileiro cresce, mas inovação no país ainda é falha
Por Alexandre Pierro

Alexandre Pierro é sócio fundador da PALAS, consultoria pioneira na ISO de inovação na América Latina.

No começo de março, nos deparamos com a notícia do aumento do PIB brasileiro em 2023, tendo registrado um crescimento de 2,3% no ano, conforme dados do IBGE. A porcentagem representa em torno de R$ 10,9 trilhões movimentados – grande parte contribuída pelo agronegócio. E, por mais que o anúncio pareça animador em um primeiro momento, pouco deste resultado foi refletido por verdadeiros avanços inovadores no nosso país, o que demonstra certas dificuldades que ainda precisam ser supridas para que possamos presenciar um crescimento notório para alavancar a economia nacional e, com isso, nos tornarmos uma nação inovadora referência no mundo.

Segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, a agropecuária contribuiu com um terço de todo o crescimento da economia brasileira no ano passado, o que também ajudou no melhor desempenho de muitos outros setores que se relacionam a ele de alguma forma. As exportações no segmento, como exemplo, bateram recorde em 2023, atingindo US$ 166,55 bilhões – além de ter registrado uma cifra 4,8% superior em comparação a 2022, o que representa um aumento de US$ 7,68 bilhões, de acordo com dados da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Em uma análise histórica, os crescentes investimentos em tecnologia foram alguns dos maiores responsáveis por essa tamanha participação do agro em nossa economia. De 1970 a 2022, como prova disso, informações da Embrapa mostram que esses recursos foram responsáveis por 59% do crescimento do valor bruto da produção agrícola no país neste período. Quantias realmente impressionantes, mas que não refletem uma verdadeira realidade positiva para o nosso PIB.

Por mais que o agro seja, de fato, um setor com um investimento considerável em inovação em prol de seu melhor desempenho, muitas dessas estratégias no setor são voltadas às commodities, o que impede a geração de produtos de maior valor agregado. Ainda, é importante sempre destacar que, mesmo diante destes investimentos, a inovação não está 100% ligada apenas ao uso de tecnologias robustas.

O desenvolvimento deste mindset em um negócio envolve uma mudança abrangente em termos de cultura organizacional, capacitando e treinando os times para que compartilhem suas ideias e se engajem neste propósito para a conquista de resultados cada vez melhores. Uma atitude mais proativa sob este tema, e não algo secundário e aplicado apenas em resposta a dificuldades sentidas no mercado.

Hoje, o Brasil ocupa a 49ª posição entre 132 países participantes no ranking do Índice Global de Inovação (IGI), além de ser o 1º colocado da América Latina e Caribe. Porém, à nossa frente, estão nações como Suíça, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, Singapura, Finlândia, Holanda, Alemanha, Dinamarca e Coreia do Sul – muitas dos quais poderíamos ultrapassar em diversos pontos analisados.

A gestão do conhecimento é um dos pilares que mais chama a atenção negativamente. Os profissionais não estão sendo devidamente capacitadas na gestão de inovação, cujo gap de aprendizagem eleva barreiras dificultadoras para a implementação de um programa de inovador. Afinal, se os times desconhecem a ampla gama de possibilidades de se inovar em um ambiente de negócios, pouco provavelmente conseguirão estimular suas ideias na empresa e identificar oportunidades de melhoria a serem exploradas.

Muito disso deveria ser estimulado desde nas instituições de ensino, promovendo a difusão do conhecimento em inovação entre as universidades e o poder público. Essa é uma troca que pode beneficiar muito a adoção de planos de inovação entre nossas mentes brilhantes, assim como é visto em outros países como Portugal, Irlanda e Singapura – os quais, mesmo não dispondo do mesmo preparo que o nosso, se sobressaem ao Brasil neste aspecto.

Além disso, a intensa burocracia no ambiente de negócios nacional não favorece em nada essa estratégia. Nosso ambiente regulatório empresarial foi considerado o mais severo, em termos da facilidade em se fazer negócios frente à complexidade da legislação nacional, nossas políticas e cultura, nos levando à 99ª posição no ranking. Um cenário complexo para os empreendedores e que precisa ser melhorado para que tenhamos a base necessária para fomentar a inovação nas empresas.

Esses gargalos evidenciam que, por mais que sejamos um país com pleno potencial inovador, pouco disso é refletido atualmente em nosso PIB, o que, caso fosse revertido através da disseminação desta mentalidade inovadora nas empresas, poderia contribuir com um crescimento muito mais expressivo do nosso produto interno bruto e, com isso, uma posição muito mais adequada para nosso território.

Devemos olhar para outras nações e regiões como o Vale do Silício, que representam verdadeiros exemplos inovadores, e buscar incorporar os aprendizados que elas demonstram – adaptando as estratégias por lá aplicadas em nossa realidade, de forma que, junto aos cuidados destacados acima, possamos reverter essas ações em resultados inovadores de excelência.