Da Redação
Julho Verde é o mês de conscientização mundial sobre os tumores de cabeça e pescoço, que englobam os cânceres que começam nos tecidos e órgãos dessas regiões, incluindo laringe, garganta, boca, nariz, glândulas salivares e tireoide. Segundo dados do INCA, aproximadamente 80% dos tumores desse tipo ocorrem na mucosa da faringe (orofaringe, hipofaringe e nasofaringe), cavidade oral e laringe, sendo o tipo mais comum, os chamados carcinoma epidermóides e 76% dos casos só são diagnosticados em estágio avançado, o que dificulta o tratamento, além de elevar a taxa de mortalidade.
O oncologista Daniel Herchenhorn da Oncologia D’Or, relata que o estilo de vida é um dos principais fatores de risco. “Estima-se que o consumo de tabaco e álcool seja responsável por três de cada quatro casos de câncer de cabeça e pescoço. O HPV, vírus sexualmente transmissível, também é um fator de risco importante, respondendo por sete de dez casos de câncer de orofaringe (amígdala ou base da língua), e, em especial, em pacientes muitas vezes mais jovens, e sem hábito de tabagismo ou etilismo”, explica. Ele alerta que o câncer da tireoide é o mais comum e afeta três vezes mais as mulheres do que os homens. No Brasil, de acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), mais de 8 mil mulheres são diagnosticadas anualmente com o tumor. Isso o coloca como o quinto de maior incidência em mulheres, atrás do câncer de mama, colorretal, colo do útero e pulmão.
Quando diagnosticado logo no início, as chances de cura dos tumores de cabeça e pescoço podem chegar a 90%. O tratamento, dependendo de localização, características e extensão do tumor, pode incluir cirurgia, seja ela por via aberta ou mesmo robótica, radioterapia ou quimioterapia, realizadas isoladamente ou em combinação. Os sintomas do câncer de cabeça e pescoço podem variar de acordo com a localização do tumor. Os pacientes com câncer na região da cabeça, boca e face podem evoluir para lesões semelhantes a úlceras, com sangramento, manchas brancas na boca, dor no local, sangramentos pelo nariz, dores de cabeça frequentes, dormência nos músculos da face, rouquidão persistente, entre outros sintomas. “Já os tipos encontrados no pescoço podem causar nódulos na região, mudança na voz e dificuldade para engolir”, relata o oncologista.
Vacinação contra o HPV
O Dr. Daniel Herchenhorn explica ainda, que algumas ações ajudam na prevenção. A começar pela boa higiene bucal, escovando bem os dentes e mantendo as próteses dentárias bem ajustadas. Nesse contexto, o acompanhamento regular com o dentista é muito importante, por possibilitar a detecção precoce de uma lesão suspeita na cavidade oral. “Outra importante medida preventiva é adotar hábitos de vida saudáveis, com prática regular de atividade física e uma dieta equilibrada, a base de frutas e vegetais ricos em betacaroteno, como cenoura, abóbora, espinafre, couve, batata doce e mamão, além de proteínas e minerais. É fundamental evitar consumo frequente de bebidas alcoólicas e em especial o tabagismo”, destaca.
No caso específico dos cânceres provocados por HPV, a vacina é uma das principais formas de prevenção. Meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos podem tomar a vacina gratuitamente no SUS. Entretanto, a pandemia gerou um retrocesso nas taxas de vacinação. Dados de 2021, apontam que apenas 57% das meninas completaram o esquema vacinal de duas doses. “É uma necessidade de saúde pública estimular os jovens a se vacinar contra o HPV”, afirma.