Pesquisa traça perfil de consumidores que emergiram na pandemia
Levantamento aponta público com novos valores e visões de mundo diferentes sobre trabalho, saúde, meio ambiente e educação

 

Da Redação

Após um ano de entrevistas, com 125 mil pessoas em dez países, incluindo o Brasil, a consultoria de gestão estratégica Oliver Wyman concluiu uma pesquisa (The New People Shaping Our Future) que identificou oito perfis comportamentais comuns em 58% (72.500) dos consumidores entrevistados.

Esses arquétipos que emergiram da pandemia de Covid-19, têm novos valores e visões de mundo diferentes sobre trabalho, saúde, meio ambiente e educação, além de outras formas de se relacionar com as finanças pessoais e o mundo digital. São pessoas que desejam novas experiências com produtos e serviços e estão definindo tendências de um mercado consumidor mundial estimado em trilhões de dólares.

Esses novos consumidores são conhecidos como Investidores de mente coletiva, Cidadãos do metaverso, Novos adeptos digitais, Nativos virtuais, Apocalípticos climáticos, Exploradores psicodélicos, Protagonistas do bem-estar e Trabalhadores que se reinventam, e foram identificados na pesquisa realizada no Brasil, Estados Unidos, México, Alemanha, França, Itália, Espanha, Reino Unido, Austrália e China com pessoas de 18 a 65 anos.

O perfil de cada consumidor e os produtos e serviços mais desejados por eles:

1.Citizens of the metaverse (Cidadãos do Metaverso)

Os Citizens of the metaverse representam 13% dos 72.500 e são aqueles que estão dispostos e prontos para mergulhar no mundo metaverso (que integra os mundos real e virtual por meios de diversas tecnologias como realidade virtual, realidade aumentada e hologramas). 70% deles pagariam por esses serviços digitais para se socializar, jogar e trabalhar. A maioria (82%) usa o ambiente virtual para jogar videogames quase três vez mais que a média da população em geral.

No Brasil, foram feitas cerca de 1.000 entrevistas, com pessoas de 18 a 65 anos, vivendo em áreas urbanas (91%), com ensino superior (42%) e casados (54%). Quando se analisa isoladamente o perfil do brasileiro, a maioria (74%) dos Cidadãos do metaverso estão dispostos a pagar por tecnologias que integram os mundos real e virtual. Os jogos e a socialização são os principais interesses das pessoas no metaverso.

  1. Virtual native (Nativos digitais)

Representam 5% dos 72.500 e são trabalhadores que tiveram experiências de trabalho remoto desde o início da pandemia. A Pandemia permitiu que eles adaptassem o seu ambiente profissional a seus hábitos específicos, tornando-os agora menos dispostos a sacrificarem a sua rotina e o conforto do trabalho remoto.

94% deles sentem que a sua carreira mudou depois da pandemia e 60% tem desenvolvido novas habilidades. Mais de 50% disseram que houve uma mudança também nas relações com seus colegas de trabalho e na sua conexão com a cultura da empresa. Outros 68% declararam que pediriam demissão ou procurariam outro emprego se tiverem que trabalhar no escritório em tempo integral.

No Brasil, mais de 60% dos nativos digitais indicaram o aumento salarial como o melhor incentivo para ficar no emprego; mais de 30% consideraram jornadas flexíveis e promoções os principais fatores determinantes no trabalho.

3.New collars (Trabalhadores que se reinventam)

Os New collars representam 23% dos 72.500. São trabalhadores atuais ou antigos que aprenderam novas habilidades durante a pandemia para que pudessem encontrar empregos melhores. 97% ficariam no emprego atual se tivessem aumento de sálario, melhor equilíbrio entre a vida profissional e pessoa e mais flexibilidade.

Entre os New collars brasileiros entrevistados, 59% vêem o aumento salarial como a melhor forma de engajamento no trabalho.

4.Psychedelic explorer (Exploradores psicodélicos)

Representam 15% dos 72.500 e são aquelas pessoas dispostas a experimentar novos tratamentos de saúde mental e física em ambientes clínicos e recreativos. Segundo o estudo, elas são curiosas e de mente aberta, e lideram a tarefa de desestigmatizar a saúde mental e experimentar opções alternativas. Eles se tornarão conhecidos como as vanguardas de transformar a percepção ultrapassada do viajante hippie dos anos 60, tornando a exploração psicodélica cada vez mais popular.

60% estariam abertos a novas experiências para tartar da saúde mental (num ambiente clínico e controlado), e 83% já testaram pelo menos um método. Entre as novas experiências estão tratamentos com plantas medicinais e fitoterapia, hipnose e reflexologia (técnica de massagem) em complemento à medicina tradicional.

Para 55% dos Psychedelic explorer as novas experiências são para melhorar a saúde mental, e para 45% a saúde física.

No Brasil, a maioria (70%) dos Psychedelic explorer estão em busca de melhorar a saúde mental e 40% a saúde física.

5.Climate catalyst (Apocalípticos climáticos)

Representam 13% da população analisada. São aqueles que não acreditam que as empresas e o governo estão tomando as medidas adequadas para lidar com as mudanças climáticas e acabam se tornando ativistas defendendo as suas causas. Para eles, o tempo é curto e a inação é catastroficamente inaceitável. 58% acreditam que os líderes não progrediram nesse tema nos últimos cinco anos, e 82% estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços sustentáveis.

A maioria (74%) atribui ao governo federal a responsabilidade de impedir as mudanças climáticas; 62% citaram as empresas. Ainda segundo o levantamento internacional, 53% afirmam que cada indivíduo também é responsável por cuidar do planeta e impedir as mudanças climáticas provocadas pelo homem.

Quando se avalia a posição dos brasileiros em relação ao tema, a pesquisa Consumer Sentiment da Oliver Wyman, realizada em 2021 com 1 mil pessoas, mostrou que para as participantes cada pessoa também é responsável por cuidar do planeta. 42% afirmaram que impedir as mudanças climáticas provocadas pelo homem é uma responsabilidade individual.

Para os entrevistados, nos 10 países, o que os levaram a pensar mais sobre as mudanças climáticas foram os ensinamentos sobre as mudanças e os impactos negativos na sua vida pessoal, na comunidade e no planeta.

  1. Hivemind investor (Investidores de mente coletiva)

Os Hivemind investor que representa 10% dos 72.500 dos perfis analisados, são aquelas pessoas que estão desmitificando as finanças e reinventando o mundo dos investimentos no varejo. As mídias sociais têm forte influência sobre as suas decisões de investimentos. 82% indicaram que as mídias sociais os ensinaram sobre estratégias de investimento, e 53% não estariam investindo se não fossem as redes sociais.

“No Brasil, esse movimento ainda é pequeno, quando comparado a mercados mais maduros, como o Estados Unidos em que esses investidores já mostraram seu poder de influência no mercado como o episódio das ações do GameStop no início de 2021. À medida que crescem os números de pessoas influenciadas por conteúdos das redes sociais, podem haver mais episódios coordenados pelo pequenos investidores de varejo”, diz Marina Gontijo, diretora de serviços financeiro da Oliver Wyman.

  1. Wellness protagonist (Protagonistas do bem-estar)

Essas pessoas mudaram seus estilos de vida para privilegiar todo o espectro de seu bem-estar. Os protagonistas do bem-estar, que representam 21% da população analisada, praticam mais exercícios em casa, vão mais a consulta presencial e são mais propensos a se envolverem em causas para uma vida mais saudável.

Ainda segundo a pesquisa, 62% das pessoas com esse perfil são motivadas para usar aplicativos e dispositivos para rastrear as suas atividades e 58% compartilhariam dados em troca de insights mais aprofundados sobre sua saúde. E ainda, são mais abertos às ofertas de produtos e serviços de saúde e bem-estar.

  1. Digital bloomer (Novos adeptos digitais)

Os bloomers digitais (12% dos 72.500 participantes), sentindo-se excluídos dos avanços tecnológicos em sua idade, os ‘bloomers’ floresceram durante a pandemia. São individuos com mais de 45 anos que entraram no ecossistema digital desde o início da pandemia. Eles migraram do analógico para o digital e adotaram uma variedade de comportamentos que são novos para eles, incluindo fazer compras e fazer transações bancárias on-line e conectar-se com entes queridos por chamadas de vídeo.

63% afirmaram que usam mais serviços digitais, 61% estão mais confortáveis as plataformas e 57% gostam das experiências que tiveram. Outros 52% acreditam que as organizações adaptaram e criaram novas soluções digitais para atendê-los como resultado da pandemia.

Amostra da pesquisa

125 mil entrevistados, de 18 a 65 anos, em 10 países (Brasil, Estados Unidos, México, Alemanha, França, Itália, Espanha, Reino Unido, Austrália e China.

  • 60% são homens e 40% são mulheres
  • 70% vivem em áreas urbanas e 70% têm graduação

Perfil dos brasileiros entrevistados

  • Entrevista com 1.000 brasileiros/as de 18 a 65 anos
  • 47% homens e 53% mulheres (54% são casados e 34% solteiros)
  • 91% vivem em áreas urbanas e 42% têm ensino superior

Acesse aqui para conhecer íntegra da pesquisa The New People Shaping Our Future

Energia elétrica é cara ou muito cara para 84% dos brasileiros
Pesquisa é do Ibope e da Associação dos Comercializadores de Energia

Da Agência Brasil

Oitenta e quatro por cento dos brasileiros, entrevistados pelo Ibope e pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), consideram a energia elétrica cara ou muito cara. Para a Abraceel, o valor pago pelos consumidores tem se tornado mais evidente nas despesas das famílias, já que as pessoas que consideravam o preço caro ou muito caro no ano de 2014 – primeiro de realização da pesquisa – chegavam a 67%. O percentual atingiu a maior marca em 2014 (88%) e no ano passado (87%). A pesquisa ouviu 2 mil pessoas em todas as regiões do país, entre os dias 24 de março e 1º de abril.

Considerando os dados deste ano, 55% dos entrevistados afirmaram que o alto preço é causado pelos impostos e 28% pela falta de concorrência no setor. “Hoje a energia elétrica é um dos serviços mais taxados, por uma razão muito simples: os governos estaduais têm muita facilidade em arrecadar imposto por meio da conta de luz, então incidem diversos impostos – federais, estaduais – e o consumidor percebe que a energia é cara devido aos muitos tributos”, disse o presidente da Abraceel, Reginaldo Medeiros.

Ele lembra que os valores dos impostos estão descritos em cada conta, para que o consumidor possa consultar. Segundo Medeiros, além desses dois fatores apontados pelos entrevistados, outro motivo atrelado ao alto preço das contas são os subsídios cruzados, que, conforme explica, “é o que um consumidor paga pelo outro”. Ele citou dois exemplos em que os mais pobres pagam pelos mais ricos: subsídios para o agronegócio – devido aos subsídios para áreas rurais – e para aqueles que instalam painéis fotovoltaicos.

“Há consumidor rural que tem desconto de 90% na irrigação durante a madrugada, isso é um subsídio que alguém paga. Há muitos subsídios cruzados. Agora está se colocando muito painel fotovoltaico, quem coloca principalmente é quem tem dinheiro para instalar. Quando ele instala o painel, há uma série de benefícios que a rede elétrica traz para ele, que é por exemplo regularizar energia”, disse.

Essa regularização diz respeito ao fornecimento de energia elétrica durante a noite, quando não há energia solar para garantir a demanda. “Isso é um benefício que a rede elétrica traz,  mas hoje ele não paga nada. Quem paga esse subsídio é o consumidor, que não instalou um painel fotovoltaico para esse consumidor mais rico”.

Mercado livre

Em 80% dos casos, os entrevistados gostariam de escolher sua operadora de energia elétrica, enquanto em 2014, esse percentual era de 66%. A Abraceel defende o modelo do mercado livre, em que o consumidor possa escolher sua fornecedora de energia, e considera que essa é uma forma de tornar o setor mais competitivo.

O estudo apresenta dados sobre possível mudança do mercado cativo de energia – atual sistema no qual o consumidor compra energia da distribuidora – para o mercado livre – quando ele tem a possibilidade de escolher quem será a sua fornecedora de energia: 63% trocariam de fornecedor de energia caso a medida fosse implementada no país; em 2014, esse percentual era de 57% e, no ano passado, chegou a 68%.

Para a maioria das pessoas entrevistadas (64%), o principal motivo para a decisão de troca da empresa continua sendo o preço, conforme os dados deste ano. No ano passado, o preço era também o principal motivo para 68% dos entrevistados.

Energia limpa

Outro resultado que mostra o perfil do consumidor de energia é que 17% escolheriam sua operadora com base em uma geração de energia mais limpa. Esses eram 13% em 2017, primeiro ano em que a pergunta entrou na pesquisa. No ano passado, eram 15% aqueles que se preocupavam com energia mais limpa na hora de escolher a fornecedora de energia.

Questionados se gostariam de gerar sua própria energia em casa, 90% dos entrevistados disseram que sim – o número é 13 pontos percentuais maior que em 2014. Segundo a Abraceel, o interesse em trocar de empresa, caso a medida de mercado livre seja implantada no Brasil, assim como o interesse em gerar energia elétrica em casa, crescem à medida que aumentam a renda familiar e escolaridade dos entrevistados.

Apenas 39% dos entrevistados estão dispostos a pagar um preço maior na conta de luz para incentivar a geração de energia em outras residências brasileiras. Segundo avalia a associação, como a população considera o preço da energia elevado, parcela significativa não se mostra disposta a pagar um preço mais alto na conta de luz para incentivar a geração de energia elétrica em outras residências.

Planos de saúde lideram ranking de reclamação de consumidores

Os planos de saúde fazem parte do setor que mais recebeu reclamações de consumidores direcionadas ao atendimento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Segundo o levantamento divulgado hoje (12), os contatos relacionados a operadoras de saúde somaram 23,4% do total em 2017. O setor fica no topo do ranking pelo terceiro ano consecutivo, sendo responsável por 28,06% das queixas em 2016 e por 32,7% em 2015.

Segundo o Idec, a maior parte das reclamações dos consumidores vem sobre o reajuste abusivo dos planos, especialmente empresariais e coletivos. Além disso, tem incomodado os usuários as negativas de cobertura e falta de informações sobre os planos.

O Idec recebeu em 2017 um total de 3,8 mil chamados com reclamações e dúvidas.

Em segundo lugar no ranking das reclamações ficaram as queixas relativas a compra de produtos, com 17,8%. O setor ultrapassou o ramo dos serviços financeiros, que ficou em terceiro no levantamento deste ano, com 16,7%, mas vinha ocupando a vice-liderança das queixas nos dois anos anteriores. A maior parte dos problemas está relacionado a problemas com cartão de crédito, conta corrente e crédito pessoal. Em relação à compra de produtos, a maior parte das reclamações tinha a ver com defeitos e descumprimento nas ofertas.

Os serviços de telecomunicações, incluindo telefonia móvel e fixa e TV por assinatura, ficaram como o quarto mais questionado nos contatos com o Idec. Do total, 15,8% das ligações foram motivadas pela relação com essas empresas. A TV por assinatura é a maior fonte de reclamações, seguida pelos problemas com telefonia e internet.