Psiquiatra fala sobre saúde mental e isolamento social
Antônio Geraldo diz que é preciso cumprir restrições

“A gente tem que fazer uma mudança de paradigma. Pensar: estou em um momento novo, tenho restrições que tenho que obedecer para não transmitir o vírus. É o respeito ao outro”, afirmou o psiquiatra Antônio Geraldo em entrevista ao programa Impressões, da TV Brasil, que vai ao ar nesta quarta-feira (25), às 23h.

Diante de um vírus que parou cidades, atividades econômicas e pessoas, um dos grandes desafios dos profissionais de saúde que cuidam da mente tem sido disseminar orientações para que a pandemia do covid-19 não se alastre como uma epidemia de doenças psíquicas, como a depressão e a ansiedade. Reunindo importantes dicas, o programa traz como convidado o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria e da Associação Psiquiátrica da América Latina.

A principal medida a ser adotada nesta fase, em que grande parte da população brasileira e mundial está confinada em seus lare, é estabelecer uma rotina. Antônio Geraldo explicou que é preciso tomar consciência de que não se trata de um período de férias e é importante definir claramente horários para dormir, acordar e realizar tarefas possíveis dentro dos limites físicos que o vírus nos impôs.

“A rotina é para disciplinar, colocar regras e ficar claro que você precisa trabalhar hoje. Vou lavar roupa, vou cozinhar. Você vai lavar a louça que você nunca lavou. Vou aproveitar e passar água e sabão em todas as maçanetas da casa, vou me proteger. Vamos fazer o velho plano de ler aqueles 100 livros, assistir os 100 filmes”, citou como exemplos.

Para o psiquiatra, é fundamental que haja uma mudança de paradigmas em defesa da vida. “Se cada um de nós não agir como transmissor desse vírus, levando daqui para ali, sozinho ele não vai”, disse.

À jornalista Katiuscia Neri, que comanda o Impressões, Antônio Geraldo disse que é possível aproveitar o momento de crise atual, transformando-o em oportunidades. Segundo ele, a situação está permitindo, por exemplo, que as famílias voltem a um convívio que havia se perdido e que jovens busquem formas de contribuir com vizinhos idosos, se oferecendo, por exemplo, para realizar compras de mercado evitando que essas pessoas consideradas vulneráveis tenham que sair às ruas.

“É um momento de criar, fazer coisas novas e ajudar as pessoas”, afirmou.

Quanto às doenças psíquicas, o especialista faz um alerta sobre o aumento de pessoas que têm buscado ajuda psiquiátrica. A Associação Brasileira de Psiquiatria recomendou que os médicos mantenham os atendimentos, ainda que a distância, como teleconsultas por redes sociais.

“Pairou uma paranóia geral sobre três situações: pessoas que nunca tiveram um quadro psiquiátrico e vão ter, desencadeado por esse fator estressor. Pessoas que já tiveram quadro psiquiátrico, estavam sob tratamento e agora estão reagudizando o quadro. E pessoas que estão em tratamento psiquiátrico e a pressão é tão grande, o estressor é tão grande, que agora estão tendo recaída”, explicou.

A orientação do médico é que, ao primeiro sinal de que algo está impedindo de continuar sua rotina, a pessoa deve procurar ajuda. “Quando é que você diagnostica que uma pessoa está doente? Quando aquilo que apareceu nela está levando a prejuízos, está levando a perdas. Tem que chegar a um psiquiatra, avaliar logo, fazer intervenção precoce para que você possa voltar à normalidade”, disse.

Antônio Geraldo alerta que quadros depressivos diminuem a imunidade e lembra que alguns problemas psiquiátricos são causadores de ideias suicidas que precisam receber cuidados médicos. Aos que foram infectados, o psiquiatra recomenda: “Tem que acreditar que é possível. Que você vai cuidar direitinho. Cuidar adequadamente para não piorar. Tem que buscar o aumento da sua resistência”, concluiu.

Brasil fecha fronteira com Uruguai para estrangeiros
Medida vela pelos próximos 30 dias e pode ser prorrogada

Da Agência Brasil

A fronteira do Brasil com o Uruguai, para estrangeiros vindos do país vizinho, está fechada. A portaria foi publicada, pelo governo brasileiro, na noite deste domingo (22/03), em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus.

Este era o último limite territorial que permanecia aberto, após restrições impostas pelo Brasil na semana passada a moradores de nove países.

A medida vale inicialmente pelos próximos 30 dias, mas caso haja uma recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), poderá ser prorrogada.

A proibição de cruzar a fronteira com o país vizinho não se aplica em algumas situações: brasileiros natos ou naturalizados; cônjuge ou companheiro uruguaio de brasileiro; uruguaios que tenham filhos brasileiros; estrangeiros residentes no Brasil; profissionais estrangeiros em missão a serviço de organismo internacional e funcionários estrangeiros acreditados junto ao governo brasileiro.

A portaria também não impede o tráfego de cargas, a execução de ações humanitárias previamente autorizadas e o tráfego de residentes fronteiriços.

O descumprimento das regras levará à deportação imediata, além de responsabilização penal, civil e administrativa.

Na semana passada, foi restringida a entrada de estrangeiros vindos da Venezuela e, em seguida, ampliada para outros oito países: Argentina, Bolívia, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru e Suriname. Diferentemente da portaria que trata dos outros países, a que abrange o Uruguai permite acesso a cônjuges uruguaios de brasileiro e a uruguaios que tenham filhos brasileiros.

Na quinta-feira (19), o país também restringiu, por via aérea, a entrada de estrangeiros de países da Europa, da Ásia e da Oceania.

Preço de itens para proteção de profissionais de saúde contra o coronavírus aumenta até 300%
Caixa de máscara que custava R$ 5,20 antes da crise agora é encontrada por valores entre R$ 40 e R$ 80

Caixa de máscaras está entre os itens que mais registraram aumento de preço com a crise do coronavírus

 

Maiá Menezes, do jornal O Globo

Em meio à expansão da pandemia, os insumos utilizados para a prevenção e cuidado dos casos de coronavírus chegam a registrar aumento de 300% em seus preços. O levantamento é da Federação Brasileira de Hospitais Privados (FBH).

Há registros de hospitais que compravam, antes da proliferação da doença, uma caixa de cem luvas por R$ 16,55. Agora, o valor chega a R$ 22,50. A unidade de álcool gel, um outro exemplo, passou de R$ 8,50 para R$ 24,90.

O item, no entanto, que demonstra uma inflação súbita no mercado, justamente na hora em que os produtos se tornam de primeira necessidade, é o valor da caixa de máscaras, com 150 unidades, que pulou de R$ 5,20 para valores que oscilam entre R$ 40 e R$ 80.

A Federação defende que haja a autorização excepcional e temporária para a importação de produtos sujeitos à vigilância sanitária sem registro na ANVISA, em especial os que servem ao diagnóstico e tratamento de pacientes crônicos e os que protejam os prestadores de serviços de serviço na área saúde.

Presidente da FBH alerta que a crise vai afetar a rede pública

O presidente da Federação, Aldevânio Francisco Morato afirma que, em especial nos hospitais de pequeno e médio porte (com cerca de 60 leitos), que corresponde a 60% dos quatro mil que integram a FBH, o aumento de preços leva a uma “distorção terrível”.  Ele defende a criação de uma linha de crédito para essas compras e a tentativa de desburocratizar a importação dos insumos.

— Sabemos que hospital algum do planeta está preparado para uma pandemia. Mas esse aumento cria uma dificuldade funcional terrível. Estamos falando de máscaras, luvas, aventais, de elementos de proteção para os médicos e de kits de diagnóstico. A preocupação é que se a crise começar nos hospitais menores vai acabar explodindo na rede pública também — afirma o presidente da Federação.

Caixa anuncia redução de juros e pausa em contratos de crédito
Banco também divulgou a ampliação das linhas do crédito consignado

Da Agência Brasil

A Caixa Econômica Federal anunciou hoje (19) novas medidas de enfrentamento ao coronavírus. Segundo o banco, o objetivo é reduzir os impactos frente ao cenário de queda no índice de produtividade e diminuição da atividade econômica, causados pelas ações de contenção e temor à propagação do coronavírus.

Concomitante à queda da taxa básica de juros, a Selic, o banco informou que reduziu as taxas de juros de linhas de crédito e ofereceu pausa por até 60 dias para contratos de pessoa física e jurídica, inclusive contratos habitacionais. A pausa nos contratos já havia sido anunciada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e é válida para os cinco maiores bancos do país: Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco e Santander.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que novas medidas poderão ser anunciadas pelo banco e o prazo de 60 dias de pausa nos contratos de crédito pode ser ampliado se houver necessidade. “Se por acaso, essa crise continuar e for maior, a Caixa ampliará os prazos. E estaremos avaliando todo o dia, toda a semana o impacto [do coronavírus]”, disse, em uma transmissão ao vivo pelo Facebook, hoje.

Guimarães afirmou que a Caixa tem condições de ampliar a oferta de crédito, no atual momento de crise. “Temos tanto dinheiro para empresar e base de capital para suportar esse crescimento do crédito. Essas medidas foram pensadas e estamos muito tranquilos. Temos foco em micro e pequenas empresas, na pessoa física e nos hospitais, em especial as santas casas”, destacou.

Pessoas físicas

Para as pessoas físicas, há a possibilidade de pausa de até 60 dias nas operações parceladas de crédito pessoal

O banco também anunciou a ampliação das linhas de crédito consignado, incluindo as linhas para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Outra medida é a redução de taxa de juros nas linhas de crédito pessoal: crédito consignado a partir de 0,99% ao mês, penhor a partir de 1,99% ao mês e crédito direto ao consumidor (CDC), a partir de 2,17% ao mês.

Há ainda a disponibilização gratuita do cartão virtual de débito Caixa aos mais de 100 milhões de correntistas e poupadores, que possibilita compras online nos sites de e-commerce. O cliente pode habilitar o uso do cartão diretamente no Internet Banking. “A Caixa está focada em oferecer para os seus clientes soluções tecnológicas para a necessidade de ir pessoalmente a agência seja menor”, afirmou Guimarães.

A Caixa também permitirá a renovação do contrato de penhor diretamente no site do banco e canal telesserviço, evitando a necessidade de o cliente comparecer a uma agência bancária

Empresas

A Caixa dará apoio às micro e pequenas empresas, com redução de juros de até 45% nas linhas de capital de giro, com taxas a partir de 0,57% ao mês.

A carência de até 60 dias nas operações parceladas de capital de giro e renegociação também é válida para essas empresas.

Também foram disponibilizadas linhas de crédito especiais, com até seis meses de carência, para empresas que atuam nos setores de comércio e prestação de serviços, mais afetadas pelo momento atual.

Segundo a Caixa, as linhas de aquisição de máquinas e equipamentos estão com taxas reduzidas e até 60 meses para pagamento.

Habitação

Para contratos habitacionais de pessoa física, os clientes poderão solicitar a pausa estendida de até duas prestações pelo aplicativo Habitação Caixa, sem a necessidade de comparecimento às agências.

Empresas também poderão solicitar pausa estendida de até duas prestações em seus contratos habitacionais.

Santas casas

Serão liberados mais R$ 3 bilhões em orçamento em linhas destinadas a santas casas e hospitais filantrópicos que prestam serviço ao Sistema Único de Saúde (SUS), para reestruturação de dívidas e novos recursos. Segundo o presidente da Caixa, o total desse tipo de financiamento subirá de R$ 75 bilhões para R$ 78 bilhões.

A taxa de juros dos financiamentos serão de 0,80% ao mês para prazos de até 60 meses (redução de 14%). E para até 120 meses, a taxa será 0,87% ao mês (redução de 23%). Também haverá carência de até seis meses.