Despesas com educação sobem 8,76% em 12 meses

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O material escolar teve alta de 9,31% em 12 meses

Pesquisa divulgada hoje (7) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) mostra que as despesas com educação subiram 8,76% no período de 12 meses compreendidos entre fevereiro de 2016 e janeiro deste ano, quase o dobro da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC/FGV), que acumula alta de 5,04% no período.

As altas mais significativas foram observadas nos itens creche (12,31%), pré-escola (11,13%) e ensino fundamental (10,95%), seguidas pelo ensino médio (10,92%), cursos preparatórios para vestibulares (9,55%), cursos de pós-graduação (9,53%) e ensino superior (9,20%).

Segundo o economista do Ibre responsável pela pesquisa, André Braz, apesar da redução do número de estudantes em escolas privadas por causa da crise – com desemprego e diminuição da capacidade de pagamento das famílias – as instituições têm custos fixos que acabam sendo rateados por aqueles que permanecem matriculados, por isso as mensalidades não caem com a redução da demanda.

“Mesmo que tenha havido uma certa migração do ensino particular para o público, isso não ajudou a diminuir o valor das mensalidades, porque o aluguel, a luz, os salários dos professores, a infraestrutura continuaram os mesmos, qualquer que seja o número de alunos. Então, acaba que quem fica paga uma fração maior desse reajuste das despesas fixas”, disse.

Material escolar

De acordo com o levantamento da FGV, o material escolar subiu 9,31% em 12 meses, também muito acima da inflação, mas nesse caso, o consumidor tem poder de barganha, segundo Braz. “Tem vários lugares que vendem esse tipo de material. Então, a gente pode fazer uma boa pesquisa de preços e driblar os aumentos, fazendo essa despesa impactar menos no orçamento.” Os preços dos livros didáticos e não didáticos subiram 5,13% e 5,72%, respectivamente.

O único dos 17 itens analisados na pesquisa que registrou variação abaixo da inflação no período avaliado foi o de cursos alternativos e complementares à grade escolar, que teve reajuste de 2,83%. Segundo Braz, são cursos que têm um apelo menor “porque a família pode abrir mão, sem grandes prejuízos para a vida acadêmica do aluno”.

Baixa produtividade é entrave para o Brasil competir, diz CNI

A qualidade da educação é apontada como fator para o desempenho ruim

Por: Agência Brasil

Dirigentes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) consideram a baixa produtividade um dos principais entraves ao aumento da competitividade da economia brasileira. Os representantes da entidade comentaram os resultados da pesquisa Competitividade Brasil, divulgada hoje (19) e que mostra o país no penúltimo lugar em um ranking de 18 países.

O Brasil superou apenas a Argentina em uma lista de países escolhidos por suas semelhanças com a economia brasileira, seja pelo nível de renda parecido ou por competirem com os mesmos produtos no mercado externo. O país demonstrou o pior desempenho em custo e disponibilidade de capital. No entanto, para a CNI, os problemas para custear e achar mão de obra também merecem destaque. O Brasil ocupou o décimo primeiro lugar na avaliação desse quesito.

O gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, diz que a mão de obra mais cara está ligada também à baixa produtividade, ou seja, reduzida capacidade de produzir com eficiência. “O problema é a baixa produtividade. Nesta edição da pesquisa, a gente ficou no vermelho em crescimento da força de trabalho [conceito associado às pessoas disponíveis com capacidade para serem empregadas] e isso nos fez cair várias posições”, comentou.

Fonseca afirmou que o aumento da produtividade passa pela melhoria da educação. “Em termos de solução, vários fatores dificultam. A educação é um deles. A baixa qualidade da educação dificulta que os trabalhadores consigam absorver novas tecnologias, em um mundo em que a tecnologia muda muito rápido. Ou seja, o aprendizado tem que ser rápido e isso é difícil”, declarou.

Curiosamente, a educação foi o quesito em que o Brasil ficou mais bem posicionado no ranking: ocupou o nono lugar, entre 15 países com informações disponíveis sobre o assunto. O principal motivo foi o subfator gastos com educação, no qual o país figura em quarto lugar.

Os representantes da CNI acreditam que isso reforça o entendimento de que gastos altos não significam educação de qualidade, já que apesar dos investimentos elevados o país ocupou posições baixas em quesitos como qualidade e disseminação da educação, respectivamente 12º e décimo lugares. “Se eu só manter o gasto e não tiver resultado, eu acabo não tendo competitividade. O grande investimento na educação tem que ser na questão da gestão”, disse Renato da Fonseca.

“Quando comparamos o desempenho de diversos estados em relação a gastos na educação, é surpreendente observarmos que nos que têm os melhores resultados não necessariamente a associação é perfeita em termos de gastos. Estados do Nordeste mostram desempenhos superiores aos do Sul e Sudeste”, acrescentou o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes.

Impactos da crise

Na avaliação da CNI, a crise econômica dos anos recentes piorou o desempenho do país na pesquisa Brasil Competitividade. De 2015 para 2016, o país retrocedeu posições em quatro dos nove fatores que determinam a capacidade de competir: disponibilidade e custo de mão de obra, ambiente macroeconômico, competição e escala do mercado doméstico e tecnologia e inovação.

A penúltima posição na classificação geral, contudo, repetiu o resultado que vem sendo registrado desde 2012. A pesquisa foi feita pela primeira vez em 2010 e repetiu-se em 2012, 2013 e 2014.

O primeiro lugar no ranking geral do estudo este ano foi ocupado pelo Canadá, seguido pela Coreia do Sul, Austrália, China, Espanha e Chile. Foram analisados ainda, em ordem de classificação, Polônia, Rússia, Tailândia, Turquia, Indonésia, África do Sul, México, Índia, Colômbia e Peru, além do Brasil e Argentina, que ocuparam os últimos dois lugares.

Só 7,3% dos alunos atingem aprendizado adequado em matemática no ensino médio

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Índice piorou em comparação com 2013

Por: Agência Brasil

O percentual de estudantes com aprendizado adequado no Brasil aumentou do ensino fundamental ao ensino médio, de acordo com dados divulgados hoje (18) pelo movimento Todos pela Educação. Persiste, no entanto, um gargalo em matemática, no terceiro ano do ensino médio. Ao deixar a escola, apenas 7,3% dos estudantes atingem níveis satisfatórios de aprendizado. O índice é menor que o da última divulgação, em 2013, quando essa parcela era 9,3%.

O índice é ainda menor quando consideradas apenas as escolas públicas. Apenas 3,6% têm aprendizado adequado, o que significa que 96,4% não aprendem o esperado na escola. “É algo muito frustrante. A gente não está conseguindo avançar na gestão da política pública educacional”, diz a presidente executiva do movimento, Priscila Cruz. “Matemática é uma disciplina cujo aprendizado é muito mais dependente da escola. Se não aprendeu na escola, não aprende na vida. Diferentemente de leitura e interpretação de texto, que é algo que os estudantes acabam praticando fora da escola”, acrescenta.

O Brasil não tem, oficialmente, uma definição clara do que deve ser aprendido em cada nível de ensino. O movimento Todos pela Educação estabelece metas para que em 2022, ano do bicentenário da independência do país, seja garantido a todas as crianças e jovens o direito à educação de qualidade. O movimento estabelece também metas intermediárias de aprendizado.

Pelos critérios do movimento, apesar de ter apresentado nacionalmente um aumento no percentual de estudantes com aprendizado adequado, o país cumpriu apenas a meta estipulada para o português no 5º ano do ensino fundamental. A meta para a matemática no 3º ano era que 40,6% tivessem o aprendizado adequado.

De acordo com a definição do Todos pela Educação, o aprendizado adequado de matemática no ensino médio significa que os estudantes tiraram pelo menos 350 no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Isso os coloca no nível 5 de 10. São estudantes que conseguem pelo menos resolver equações, determinar a semelhança entre imagens e calcular, por exemplo, a divisão do lucro em relação a dois investimentos iniciais diferentes. “É o mínimo adequado”, diz Priscila

Municípios

O levantamento mostra uma melhora em relação à primeira etapa do ensino fundamental, que vai do 1º ao 5º ano – fase que, na educação pública, é geralmente de competência dos municípios.

Entre 2005 e 2015, houve um aumento dos municípios com maiores percentuais de estudantes com aprendizado adequado. Em 2005, 0,1% dos municípios tinha mais de 75% dos estudantes aprendendo o mínimo adequado à etapa. Esse índice saltou para 8,4% em 2015. Em matemática, também houve aumento. Em 2005, nenhum município tinha mais de 75% dos estudantes com aprendizado adequado. Em 2015, eram 4,2%.

“A política educacional nas áreas de matrícula e insumos está ligada à expansão da educação, uma situação em que nem todos estão na escola e é necessário expandir. Agora, para universalizar a qualidade é preciso mudar a forma de fazer política educacional. Não é mais fazendo a mesma coisa para todas as escolas, tem que ter uma segmentação e uma caracterização para cada uma. Exige uma sofisticação de gestão muito maior”, defende Priscila.

Metas

Os números são baseados no resultado da Prova Brasil e do Saeb), aplicados em 2015. A Prova Brasil é um dos componentes do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), considerado um importante indicador de qualidade do ensino. O índice vai até dez e é calculado de dois em dois anos. São divulgados indicadores do 5º e do 9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio, para português e matemática.

O Ideb de 2015 foi divulgado pelo governo no ano passado. A meta para o índice de 2015 foi cumprida apenas no início do ensino fundamental.

Atualmente em discussão, a Base Nacional Comum Curricular deverá definir o que os estudantes têm direito de aprender em cada etapa de ensino. Isso deve, segundo Priscila, ajudar na definição clara das metas de aprendizado. A expectativa é de que a Base do Ensino Fundamental seja divulgada até março pelo Ministério da Educação e a do ensino médio, ainda este ano.

Resultado final do Enem 2016 será divulgado hoje

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Nota no Enem dá acesso ao ensino superior

Estudantes que participaram do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016 podem acessar o resultado final das provas nesta quarta-feira (18). Isso porque o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) decidiu antecipar a divulgação, inicialmente prevista para o dia amanhã (19).

No resultado, os candidatos poderão saber quanto tiraram em cada uma das quatro provas do exame: ciências humanas, ciências da natureza, linguagens e matemática. Também terão acesso à nota da redação, cujo tema foi a intolerância religiosa no Brasil.

Teoria da Resposta ao Item

A correção do Enem é feita com base na metodologia da Teoria de Resposta ao Item (TRI), que não estabelece previamente um valor fixo para cada item. O valor de cada questão varia conforme o percentual de acertos e erros dos estudantes naquele item. Assim, um item que teve grande número de acertos será considerado fácil e, por essa razão, valerá menos pontos. O estudante que acertar uma questão com alto índice de erros, por exemplo, ganhará mais pontos por aquele item.

No final do ano passado, cerca de 6 milhões de candidatos fizeram o Enem em todo o país. As notas da prova podem ser usadas para pleitear vagas no ensino superior público pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), bolsas no ensino superior privado pelo Programa Universidade para Todos (ProUni) e para participar do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Além disso, os candidatos com mais de 18 anos podem usar o Enem para receber a certificação do ensino médio.

No final da manha, o Ministro da Educação, Mendonça Filho, concede uma entrevista no ministério para falar sobre os resultados e a consulta pública do Enem, além de divulgar as datas do Sisu.