Empresas alimentícias investem em aprendizagem e pertencimento
Preocupação é atrair profissionais para as corporações, que têm o desafio de alimentar uma população mundial estimada em 10 bilhões de pessoas até 2050

Gustavo Tavares, gerente Regional do Top Employers Institute para a América Latina, durante evento do setor de alimentos (Foto: Divulgação)

Potências do setor alimentício, ADM, Nestlé, Mondelez, Pepsico e Savencia são algumas das empresas certificadas no Brasil pelo Top Employers Institute, autoridade global na excelência das práticas de Recursos Humanos. “É interessante observar que das 2.300 organizações certificadas em 121 países, incluindo o Brasil, as empresas de alimentos e bebidas vêm, consistentemente, alcançando os patamares mais elevados de competitividade entre todas as indústrias analisadas”, afirma Gustavo Tavares, gerente Regional do Top Employers Institute para a América Latina. Na avaliação do executivo, dois pontos em especial vêm contribuindo para aprimorar a performance destas empresas: “capacidade de aprendizagem e promoção do pertencimento”.

Até junho de 2024, mais de 70 organizações brasileiras foram certificadas Top Employers. As empresas passaram por avaliações em 350 práticas em Recursos Humanos, incluindo estratégia, gestão de pessoas, liderança, sustentabilidade, RH digital, marca empregadora, carreira, onboarding, aprendizado, ética, engajamento e diversidade.

“Ao analisar os dados da América Latina, um ponto me chamou a atenção. As empresas com as marcas empregadoras mais competitivas são aquelas que vêm investindo mais em iniciativas aprendizagem”, destaca Gustavo Tavares. A percepção é referendada por um índice importante, segundo o executivo: “A nota de aprendizagem da América Latina avançou de 81, no ano passado, para 91, em 2024.”

A responsabilidade de sustentar a população mundial que deve chegar a 10 bilhões de pessoas em 2050, segundo estimativa da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), desafia as empresas de alimentos e bebidas. E, no presente, estas organizações enfrentam dificuldades para atrair talentos.

Gustavo Tavares, gerente Regional do Top Employers Institute para a América Latina (Foto: Divulgação)

“Cada vez menos os universitários se interessam em trabalhar em empresas. Em vez disso, preferem empreender”, afirma Tavares. “E o que as organizações de consumo têm feito, e muito bem, é desenvolver capacidades dentro de casa.”

O executivo observa que as corporações estão atentas à personalização da oferta de trabalho, da experiência e da jornada do colaborador. “É a primeira vez que teremos quatro gerações trabalhando ao mesmo tempo em uma empresa. Será a primeira vez também que a Geração Z vai dominar o número de colaboradores e quer, justamente, flexibilização com personalização do trabalho”, observa. De acordo com o especialista, não basta que o ambiente de trabalho seja híbrido. A ideia é que a jornada também seja híbrida para que o colaborador possa adaptá-la aos períodos em que rende melhor.

Propósito e engajamento são diferenciais para sucesso de pessoas e empresas

Ricardo Seperuelo
Seperuelo: “O engajamento está totalmente ligado ao sucesso”

Em fase de economia ainda conturbada, incertezas políticas e o universo de cerca de 14 milhões de brasileiros desempregados seria possível falar sobre qual empresa tem perfil mais adequado para se trabalhar? Para o autor do livro A arte de engajar pessoas, professor e diretor da Escola de Alto Desempenho e consultor, Ricardo Seperuelo, sim. “Nesse momento de crise e de superar dificuldades, é hora das lideranças das organizações separarem o joio do trigo, ou seja, as pessoas do quadro que estão conectadas ao propósito organizacional das que não estão”, avalia.

E na visão daqueles que estão na fila, em busca da recolocação no mercado? Como essa turma sem emprego deve atuar? Na opinião do consultor Seperuelo, a fase de baixa pode ser a chance de se conectar aos dons e talentos e encontrar mais que uma vaga. “É determinante à pessoa observar a importância da função que desempenha na maior parte da vida profissional. Não dá somente para realizar uma atividade que seu cargo exige, é necessário entender a relevância da sua essência no quadro organizacional. Por exemplo, digamos que a pessoa trabalhe na secretaria acadêmica de uma universidade, ela não é apenas a secretária, mas sim responsável pela comprovação de títulos em um concurso que o formando irá prestar, esse colaborador ajuda as pessoas a crescerem e realizarem seus propósitos. Ser engajado é muito mais do que ser um cargo. É a essência do profissional”, afirma Seperuelo.

Seperuelo frisa que a empresa que visa o lucro pelo lucro não engaja colaboradores. Segundo ele, as organizações que focam simplesmente no rendimento financeiro, e que não têm um propósito, que não conseguem expressar dentro de suas operações o motivo de sua existência, tendem a fracassar na gestão de pessoas, perdendo talentos. “O engajamento está totalmente ligado ao sucesso; pessoas que não estão engajadas têm muita dificuldade de ter sucesso. Elas não conseguem transmitir seu verdadeiro potencial dentro daquilo que fazem”, afirma.  

O fato é que o mundo corporativo precisa melhorar a gestão de pessoas para a formação de equipes com propósito, engajadas, focadas e, assim, ganhar mais fôlego na busca pela expansão dos seus negócios. “É fundamental que as corporações unam os propósitos organizacionais com os propósitos de vida dos colaboradores. Não dá para falar somente em lucro ou resultados. As pessoas não se engajam por isso. Elas se engajam por propósitos, por causas, por pessoas”, diz Seperuelo.

Na trajetória da busca de uma gestão mais humana, Seperuelo considera ser imperioso prestar atenção às pessoas. “Os líderes precisam observar e vivenciar mais os processos que suas equipes executam”, observa. Segundo o consultor, os gestores que praticam esse exercício, saem dos planejamentos de pranchetas e vão para o dia a dia de operação da empresa, são surpreendidos. “As ideias para melhorar o funcionamento da organização estão nas pessoas e nos processos e não ao contrário do que muitos acreditam, focando no financeiro ou no marketing. Metas e objetivos voltados para resultados e conquistas de mercado sem pessoas e processos são somente projeções. A porta do escritório do líder deve ser aberta para conhecer realmente a realidade da corporação”, destaca Seperuelo.

Estímulo ao engajamento é tema de workshop na Câmara de Comércio França-Brasil 

Especialista em coaching voltado para a performance e o bem-estar, Marie Bendelac Ururahy conduzirá, nesta sexta-feira, 19 de maio, das 9h às 18h, na Câmara de Comércio França-Brasil (CCFB), o workshop ‘Comunicação Colaborativa para Líderes – Módulo I’. O treinamento, que mostra como estabelecer um clima de confiança e engajamento, é voltado a líderes, executivos, gestores de recursos humanos e qualquer profissional que precise se comunicar de forma eficaz.

O workshop apresentará técnicas de comunicação aplicadas em mais de 100 países – com efeitos comprovados – para estabelecer relacionamentos de confiança e aumentar a motivação e a cooperação de forma genuína, ressalta Marie: “Somente dessa forma, é possível alcançar melhores resultados, um ambiente de trabalho mais harmonioso e assegurar não só a sobrevivência, mas a expansão dos negócios”.

Serviço:

Palestra: ‘Comunicação Colaborativa para Líderes – Módulo I’

Quando: dia 19 de maio, sexta-feira, das 9h às 18h

Onde: Avenida Presidente Antônio Carlos, 58, 10º andar.

Informações e inscrições: eventosrj@ccfb.com.br

Nível de engajamento dos colaboradores depende da atitude da liderança

Poucas empresas no mundo ignoram a necessidade de ter profissionais preparados em cargos estratégicos. Mas em momentos de crise, a diferença entre chefes e líderes fica mais evidente e a importância de uma liderança consistente aumenta.

O papel do líder – aquele que participa dos processos, delega funções com critério, assume responsabilidades e compartilha os resultados – é fundamental para garantir o engajamento dos funcionários.

De acordo com pesquisa feita em 2016 pela consultoria de benefícios e capital humano Aon com 54 mil profissionais de diversas empresas e setores, as companhias que têm melhores índices de engajamento são aquelas onde os colaboradores enxergam os gestores como verdadeiros líderes.

Nas empresas com os melhores índices de engajamento: 77% dos colaboradores se sentem inspirados pela liderança em relação ao futuro dos negócios; 78% acreditam que os líderes tomam boas decisões; 76% entendem que os gestores se comunicam de forma aberta e honesta; 71% se sentem reconhecidos como os bens mais valiosos da empresa.

“Esses números são muito reveladores”,  afirma Bruno Andrade, Líder de Consultoria em Talent e Engajamento da Aon Brasil. “Estamos falando das companhias  com melhores índices de satisfação e motivação do país. E finalmente podemos entender o que elas fazem de diferente e o que elas têm de especial”, acrescenta.

De acordo com o especialista, o engajamento é a percepção do colaborador de que ele entrega o seu melhor e é reconhecido por isso, é um sentimento de conexão e uma sensação de adequação com o ambiente de trabalho.

“Funcionários engajados têm sentimento de donos do negócio. As empresas que investem no engajamento percebem que essa é uma maneira de obter resultados e garantir a prosperidade no médio e longo prazo”, explica Andrade.

Estudos comprovam que as companhias que contam com times mais engajados têm resultados superiores. De acordo com o levantamento da Aon, que é feito anualmente em parceria com o jornal Valor Econômico, empresas com mais engajados atendem melhor os clientes e têm resultados superiores.