Reforma tributária é questão central para o governo, diz Alckmin
Vice-presidente se reuniu com diretoria da Fiesp, em São Paulo

Da Agência Brasil

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse hoje (16) que a reforma tributária é uma questão central para o Brasil e deve ser realizada ainda no primeiro ano do novo governo.

“A reforma tributária é central. Ela pode fazer o PIB [Produto Interno Bruto] crescer, ela pode trazer eficiência econômica, simplificando a questão tributária e entendo o que é essencial, inclusive para a indústria”, disse ele, que esteve hoje (16) na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista, onde participou de uma reunião com a diretoria da instituição.

Alckmin também disse que o governo pretende acabar com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), imposto federal que incide sobre produtos nacionais e importados que passaram por algum processo de industrialização (beneficiamento, transformação, montagem, acondicionamento ou restauração).

Desde julho do ano passado, um decreto garantiu a redução de 35% na alíquota do IPI sobre os itens fabricados no Brasil. O governo Lula decidiu manter essa redução por enquanto, mas a meta é acabar com o tributo.

“A próxima meta é acabar com o IPI, e para acabar com o IPI é a reforma tributária. Tudo o que é PEC [Proposta de Emenda à Constituição], que demanda mudança constitucional, três quintos [dos votos], duas votações, tem que ser rápido. Tem que fazer no primeiro ano, aproveitar o embalo, a legitimidade do processo eleitoral, e avançar o máximo”, disse Alckmin.

Durante a reunião, o vice-presidente também pediu apoio dos empresários para desburocratizar a economia. “Peço a vocês que nos mandem todas as propostas para desburocratizar”, falou ele.

Antes da fala de Alckmin, o presidente da Fiesp, Josué Gomes, reclamou da alta carga tributária do país e falou sobre a necessidade de se reindustrializar o Brasil.

“Se reindustrializarmos o Brasil, promoveremos o crescimento econômico a taxas elevadas que o Brasil precisa para resolver, inclusive e principalmente, os problemas sociais que são tão graves”, disse ele.

O presidente da Fiesp comentou a necessidade de se discutir e aperfeiçoar a reforma trabalhista, desde que “não tenhamos retrocessos”.

Em 2018, indústria paulista fechou 38,5 mil postos de trabalho, aponta Fiesp

A indústria paulista encerrou 38,5 mil postos de trabalho em 2018, variação de -1,80% sobre o ano anterior, dados sem ajuste sazonal, período em que foram perdidas 34 mil vagas. O resultado negativo para o ano já era esperado pelos industriais do estado. Em dezembro, o saldo também foi de baixa (-1,62%) em relação a novembro, com o fechamento 34,5 mil vagas. Já com o ajuste sazonal, a variável de dezembro ficou negativa em -0,18%. Os dados de Nível de Emprego do Estado de São Paulo foram divulgados nesta sexta-feira (18/01) pela Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo.

De acordo com o 2º vice-presidente da Fiesp, José Ricardo Roriz, o desempenho da economia no segundo semestre ficou abaixo da expectativa, confirmando um ano de baixa na indústria paulista. “Fechamos dentro do previsto, nada diferente do que havíamos analisado ao longo do ano. Mas agora temos otimismo. A confiança do empresário aumentou muito. Possivelmente, em 2019 vamos ampliar em 10 mil os postos de trabalho na indústria paulista. Nas nossas previsões, o crescimento do PIB deve ser de 2,5%. A perspectiva do empresário é de confiança, de um ano melhor”, disse.

Para que se concretize o cenário positivo, um dos fatores necessário é a redução da ociosidade na indústria. “A ociosidade hoje é muito grande na indústria paulista, algo em torno de 30% a 35%. Assim que ela começar a ser reduzida, vai trazer junto a alta na geração do emprego. Em um primeiro momento voltará ao funcionamento máquinas e equipamentos parados. Em seguida, as empresas vão desengavetar seus projetos e investimentos. O investimento virá bem forte, já que este é o motor do emprego”, avaliou.

Roriz lembra ainda que o setor automobilístico foi um dos que teve melhor desempenho em 2018, o que deve continuar este ano, ajudando na redução da capacidade ociosa. “Esse é um setor importante, porque traz junto outros setores, como o de metal mecânico, borracha, plástico, que fazem parte da cadeia de suprimentos”, explicou.

Desempenho por setores

Entre os 22 setores acompanhados pela pesquisa para o ano de 2018, 15 ficaram negativos e 7 positivos.

Entre os positivos, os destaques ficaram por conta de produtos de minerais não- metálicos, com geração de 4.880 postos de trabalho, seguidos por veículos automotores, reboques e carrocerias (4.513) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (1.891).

No campo negativo ficaram, principalmente, produtos alimentícios (-14.625), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-10.684) e couro e calçados (-6.460).

A pesquisa apura também a situação de emprego para as grandes regiões do estado de São Paulo e em 36 Diretorias Regionais do Ciesp. Por grande região, a variação no ano recuou -1,80% no Estado de São Paulo, cedeu -3,13% na Grande São Paulo e reduziu -1,03% no Interior paulista.

Entre as 36 diretorias regionais, houve variação nos resultados. Nas 11 que apontaram altas, destaque por conta de Mogi das Cruzes (5,02%), influenciada por produtos têxteis (10,80%) e produtos minerais não-metálicos (8,28%); Taubaté (2,67%), por veículos automotores e autopeças (8,54%) e produtos de borracha e plástico (13,32%); Araraquara (2,27%), por produtos de borracha e plástico (9,89%) e outros equipamentos de transportes (7,06%).

Já das 25 negativas, destaque para Jaú (-25,34%), por artefatos de couro e calçados (-70,66%) e produtos alimentícios (-5,50%); Santa Bárbara D’Oeste (-17,93%), por produtos de metal (-55,67%) e produtos têxteis (-12,56%); Americana (-13,86%), por produtos têxteis (-25,48%) e máquinas e equipamentos (-8,10%).