Vacina da Oxford-Fiocruz é segura, afirma CTNBio
Anvisa deve decidir neste domingo uso emergencial do imunizante

Da Agência Brasil

A Comissão Técnica Nacional em Biossegurança (CTNBio), do Ministério da Ciência e Tecnologia, afirmou hoje (15) que a vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é segura. Por lei, cabe ao colegiado emitir parecer sobre a segurança de organismos geneticamente modificados (OGMs), como é o caso do imunizante.

A avaliação é uma etapa protocolar e não diz respeito ao uso e liberação comercial da vacina.

Pela legislação, nesse caso específico, a decisão sobre o uso comercial cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cuja diretoria colegiada reúne-se no próximo domingo (17) para deliberar sobre a liberação do uso emergencial do imunizante.

A Lei de Biossegurança diz que cabe à CTNBio prestar apoio técnico consultivo ao governo federal em questões de biossegurança. Entre outras funções, o colegiado analisa estudos com OGMs no Brasil, que podem ser plantas transgênicas, vacinas (tanto para humanos quanto para animais), células humanas ou micro-organismos.

Os pareceres técnicos são encaminhados a diferentes órgãos, como a Anvisa, ministérios da Agricultura, Pecuária e Pesca e do Meio Ambiente, ente outros, sempre que houver uso de um OGM.

No caso da vacina de Oxford, usa-se a tecnologia conhecida como vetor viral geneticamente modificado, que utiliza um vírus de resfriado retirado de um chimpanzé, em uma versão enfraquecida de um adenovírus. A esse adenovírus é adicionado o material genético da proteína spike do novo coronavírus (SARS-CoV-2) , induzindo à formação de anticorpos.

“Nós não fazemos o registro do produto, que é atribuição exclusiva da Anvisa. Fazemos uma avaliação, remetemos o parecer para a Anvisa, e a Anvisa acresce isso ao processo dela”, explicou o presidente da CTNBio, Paulo Barroso, durante a entrevista coletiva em que foi apresentada a avaliação do colegiado.

Barroso disse que o colegiado analisou somente a segurança do OGM utilizado na vacina para uso em larga escala na população e ressaltou que a decisão não diz respeito à liberação comercial da vacina.

“Este [liberação comercial] é o nome que ficou na lei, e este nome não é muito adequado. O adequado é: fizemos uma avaliação de segurança e consideramos a vacina adequada, sob o ponto de vista de segurança, para o uso em larga escala na população”, afirmou Barroso.

Questões de importação, distribuição, venda não são “da seara” da CTNBio, disse o presidente do colegiado. “A gente avalia se o transgênico é bom ou ruim, sob o ponto de vista de segurança. O resto é a Anvisa.”

Fábrica de vacinas da Fiocruz deve criar 5 mil empregos na construção civil do RJ
Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde da Fiocruz será construído em Santa Cruz, na Zona Oeste

 

Projeto da futura fábrica de vacinas da Fiocruz na Zona Oeste do Rio

 

Do Diário do Rio

O ramo de construção civil poderá ter, em breve, um ”boom” de empregos no Rio de Janeiro. Isso porque, com a edificação do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Santa Cruz, na Zona Oeste da capital fluminense, há a expectativa de que cerca de 5 mil vagas de trabalho sejam geradas. Além disso, outros 1.500 postos de trabalho podem ser criados com o funcionamento do complexo para a produção de vacinas e biofármacos. Este será o maior centro de produção de imunizantes da América Latina.

O empreendimento no Distrito Industrial de Santa Cruz vai atrair novas empresas para o local, considerando a cadeia de suprimentos necessária para o grande volume de produção. A previsão é que a unidade esteja concluída em 2023; no mês passado, foi assinada a escritura definitiva do terreno num evento que contou com as presenças do governador em exercício Cláudio Castro; o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello; e a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima.

Com 580 mil metros quadrados, o terreno que abrigará o complexo foi cedido pela Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin). Serão nove prédios, englobando setores de processamento, embalagem, armazenamento de matéria-prima e produtos finais, controle e garantia da qualidade, e centrais de tratamento de resíduos e efluentes. No local, serão produzidas todas as vacinas da Fiocruz.

“A Fiocruz vai se instalar em um distrito industrial onde há toda uma perspectiva de novas produções de fármacos e vacinas, e também vai atrair a cadeia produtiva, com a necessidade de insumos e equipamentos. Então, além da questão da pandemia e da saúde pública, que é o nosso foco, também teremos geração de emprego e renda para a população fluminense”, disse Fábio Galvão, presidente da Codin, no dia da assinatura da escritura do terreno.

Governo federal investe em nova fábrica de vacinas da Fiocruz
Fiocruz poderá ampliar em 4 vezes produção de vacinas e biofármacos

Da Agência Brasil

Uma nova fábrica de vacinas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) será construída, no Rio de Janeiro, o que permitirá grande aumento na produção de insumos para abastecer o país. O investimento total será de R$ 3,4 bilhões e prevê a geração de 5 mil empregos diretos na construção e 1.500 postos de trabalho para a sua operação. 

A assinatura da doação do terreno ocorreu nesta quinta-feira (3), no Palácio Guanabara, com as presenças do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e do governador, Cláudio Castro.

O Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS) será erguido no Distrito Industrial de Santa Cruz, zona oeste da cidade, em um terreno de 580 mil metros quadrados. O empreendimento pretende ser o maior centro de produção de produtos biológicos da América Latina e um dos mais modernos do mundo. A Fiocruz poderá aumentar em até quatro vezes a capacidade de produção de vacinas e biofármacos para atender prioritariamente às demandas do Sistema Único de Saúde (SUS).

O terreno já recebeu investimentos do Ministério da Saúde para as etapas de terraplanagem, estaqueamento de todos os prédios, construções dos blocos e cintas, compensação ambiental e aquisição dos principais equipamentos de produção. O ministro Pazuello destacou o significado da construção do novo complexo industrial, que será um importante reforço às políticas de vacinação nacionais. A previsão de conclusão da obra é 2023.

“Estamos vendo nascer o maior centro de produtos biológicos da América Latina. Não é simples, é um novo sistema e o processo precisa ser estudado, nós vamos aprendendo com ele. O Brasil vai ter um grande centro estratégico para reforçar o Programa Nacional de Imunizações, o PNI. Ele é o maior programa de imunizações do mundo. É um orgulho para todos nós”, salientou Pazuello.

O governador Claudio Castro ressaltou a importância do alinhamento político atual, a fim de facilitar a implementação de ações em benefício da população.

“Quando a gente tem governo federal, estadual e municipal alinhados, trabalhando juntos, em parceria, a população ganha com isso. Nosso papel é celebrar mais um ato conjunto, investimento bilionário que o governo federal, através da Fiocruz e do Ministério da Saúde, fará no estado do Rio. Um investimento que coloca o Rio na vanguarda da fabricação de vacinas”, celebrou Castro.

A presidente da Fiocruz Nísia Trindade Lima reafirmou o valor estratégico da iniciativa para o país, com a ampliação na oferta de vacinas, além de contribuir com o desenvolvimento econômico do Rio de Janeiro.

A capacidade de produção está estimada em 120 milhões de frascos de vacinas e biofármacos por ano e poderá ser ampliada dependendo do regime de operação a ser adotado. O complexo será constituído inicialmente por nove prédios, englobando dois prédios para formulação, envasamento, liofilização e revisão; e os demais para as atividades de embalagem; armazenagem de matéria-prima; armazenagem de produto acabado; controle e garantia da qualidade; utilidades em geral; e centrais de tratamento de resíduos e efluentes; e administração. O terreno conta ainda com áreas reservadas para futuras expansões.

O projeto é sustentável e contará com painéis de captação de energia solar, reservatórios para captação de água da chuva e sistema de reuso de água. Na etapa inicial já foram plantadas 30 mil árvores, que formarão um cinturão verde de Mata Atlântica para preservar a biodiversidade local.

Fiocruz: testagem para covid-19 mostra desigualdade social no Rio
Maior frequência de casos foi observada nos bairros sem favelas Share on WhatsApp Share on Facebook Share on Twitter Share on Linkedin

Da Agência Brasil

A baixa testagem para covid-19 no município do Rio de Janeiro ainda é uma realidade, oito meses após o início da pandemia na cidade. Segundo o 2° Boletim Socioepidemiológico Covid-19 nas Favelas, lançado na noite de ontem (12) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a maior frequência de casos da doença foi observada nos bairros sem favelas e com baixa concentração delas, o que pode indicar uma baixa testagem da população.

Segundo a análise da Fiocruz, os dados oficiais disponibilizados pela prefeitura entre 22 de junho a 28 de setembro mostram que os bairros com alta e altíssima concentração de favelas apresentaram no período um total de 2.529 casos de covid-19, o que corresponde a 5% do total do município, e 111 óbitos pela doença, ou 6% do total.

Enquanto a taxa de incidência de covid-19 no município como um todo ficou 67,74 por 10 mil habitantes, os bairros sem favelas tiveram incidência de 135,68 e os com altíssima concentração ficaram em 22,32 casos por 10 mil habitantes. Na mortalidade, a taxa por 10 mil habitantes ficou em 2,63 para o município no período, em 3,15 nos bairros com baixa incidência de favela, sendo este o índice mais alto, e de 0,71 nos bairros com altíssima concentração de favelas.

Nos meses de julho e agosto, os bairros que apresentaram as maiores taxas de incidência para a covid-19 foram Centro, Joá, Bonsucesso, Gávea, Humaitá, São Cristóvão, Vista Alegre e Praça da Bandeira. Bairros da zona Oeste, apesar de serem classificados com baixa concentração de favelas, apresentaram a maior frequência de óbitos. As maiores taxas de letalidade ocorreram em Barra de Guaratiba (16,67%), Senador Camará (12,05%), Vila Militar (11,11%), Cosmos (11,03%) e Santíssimo (10,7%).

O boletim registra que houve melhora na qualidade da informação sobre raça/cor nas notificações, com 85% de preenchimento. Isso mostrou que a taxa de incidência e a taxa de mortalidade foi cerca de duas vezes maior na população negra do que na população branca nos bairros sem favelas.

No evento de lançamento do Boletim, o pesquisador da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) Carlos Batistella destacou que a publicação reconhece a desigualdade no espaço urbano e demonstra que nas áreas onde a pobreza é mais acentuada, o novo coronavírus avança de forma mais rápida.

“Isso porque esses territórios não contam com políticas públicas de qualidade que deem suporte à proteção coletiva. As medidas de distanciamento e a interrupção de serviços produziram graves impactos econômicos e sociais, porque uma grande parte dos moradores de favelas são trabalhadores informais. A pandemia explicita ainda mais o padrão de desigualdade sociorracial brasileiro. A favela é cotidianamente reiterada como espaço de exclusão”.

Ele aponta como problemas enfrentados por esses territórios durante a pandemia a dificuldade na produção de dados de saúde, a baixa testagem e ausência de ações efetivas de proteção social, bem como a precariedade no acesso aos serviços de saúde, realização de operações policias, falta de abastecimento de água, remoções de moradores de suas casas, mortes nos domicílios, situações de racismo, intensificação de problemas de saúde mental e insegurança alimentar.