ABRH-RJ realiza o I Fórum de Saúde

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Manoel Peres: “Planos de saúde chegam a responder por 18% dos custos da área de RH”

Aconteceu, nos dias 11 e 12 de setembro, o I Fórum de Saúde da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RJ). Realizado no auditório da FIRJAN, o evento reuniu executivos, médicos e especialistas em saúde que debateram com profissionais de RH a importância das empresas promoverem uma gestão estratégica da saúde. Custos com os planos de saúde, efeitos da longevidade, o crescimento da judicialização do setor e a necessidade das empresas estimularem hábitos saudáveis entre os funcionários foram algumas das questões presentes nos debates dos dois dias de Fórum.

“A equipe da ABRH-RJ planejou esse evento pensando nos profissionais de RH. O objetivo foi apresentar as questões que realmente estão presentes no dia a dia das organizações, mas também compartilhar práticas para a gestão de saúde”, destacou o presidente da diretoria executiva da ABRH-RJ, Paulo Sardinha.

O diretor-geral da Bradesco Saúde, Manoel Peres, abriu o evento apresentando o atual cenário econômico do país e como esse vem refletindo no setor saúde. Peres explicou que os planos de saúde perderam mais de 2,7 milhões de beneficiários nos últimos três anos, como consequência da queda de renda e do crescimento desemprego. Ele também destacou que o benefício se tornou um dos maiores gastos das organizações, tendo locais em que ele responde por até 18% dos custos da área de RH.

Formada pelo diretor-presidente substituto da Agência Nacional de Saúde, Leandro Fonseca da Silva, e pelo superintendente de Regulação da FenaSaúde, Sandro Leal Alves, a segunda mesa do dia inseriu os profissionais de RH no debate sobre a regulação dos planos de saúde. “Hoje, 80% dos beneficiários são de planos coletivos. E são as empresas os principais contratantes, por isso a dinâmica do mercado de saúde suplementar está diretamente ligada à dinâmica do mercado de trabalho”, observou Fonseca.

O diretor-presidente da ANS ressaltou que as empresas vão ter lidar com os efeitos que a longevidade terá no uso dos planos de saúde, pois a expectativa é de que a frequência do uso do benefício aumente com o envelhecimento da população. Para minimizar esse cenário, Fonseca defende a implantação de programas de Promoção à Saúde e Prevenção nas organizações. “É preciso que os gestores tenham perspectiva de longo prazo e estejam dispostos a gastar com saúde hoje para poupar amanhã”.

A busca de soluções para reduzir os custos com o planos de saúde também esteve presente na terceira mesa do dia, que contou com palestras do diretor de Saúde Integrada e Sustentabilidade da Firjan, Luiz Ernesto, e do CEO da Ben’s Consultoria, Benivaldo Ramos.

Ernesto reforçou o alerta feito pelo diretor-presidente da ANS sobre a necessidade das empresas se prepararem para o aumento da longevidade. “Pesquisas apontam que apenas 38% das organizações promovem ações com atenção à terceira idade”, relatou.

Para o diretor da Firjan também é urgente que as empresas desenvolvam programas voltados para a disseminação de hábitos saudáveis entre os funcionários, como forma de reduzir a incidência de doenças crônicas, que impactam diretamente em índices de absenteísmo e presenteísmo. “O mundo parou de se movimentar. Um levantamento da OMS projeta que, de 2002 até 2030, haverá uma redução de 30% de atividade física no mundo. Essa situação favorece o aumento da obesidade e de casos de doenças cardiovasculares”, alertou.

Justamente o desafio de mudar o estilo de vida foi o tema central da mesa que fechou o primeiro dia do Fórum e que teve a participação internacional da fundadora e CEO da Wellcoaches Corporation, Margaret Moore. Ao lado da especialista em desenvolvimento de líderes e sócia-diretora da Be Coaching Brasil, Marie Bendelac, Margaret mostrou como a metodologia do Wellness Coaching pode contribuir na área de prevenção e bem-estar nas organizações.

2º dia teve judicialização e saúde mental

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Desembargador Cesar Cury, o diretor executivo da FenaSaude José Chechin e o diretor da ABRH-RJ Isaque Farizel

Um dos destaques do segundo dia do evento foi o desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Cesar Cury, que, ao lado do diretor executivo da FenaSaude José Chechin, falou sobre o peso da Judicialização da Saúde nas empresas.

“Infelizmente, hoje lidamos com uma ascensão contínua da judicialização na saúde. Dos 11 milhões de processos em andamento no Tribunal de Justiça do Rio, cerca de 300 mil são relacionados à saúde”, destacou o desembargador.

Cury também destacou que o lítigio da saúde costuma ser mais caro do que um processo comum. Enquanto este gera um custo médio de R$ 2 mil para o judiciário, uma demanda da saúde pode sair até quatro vezes mais caro. São litígios que permanecem por mais tempo nos tribunais por necessitarem de perícias e diligências. O tempo médio de uma perícia, por exemplo, é de 8 meses.

Cechin criticou as decisões de juízes que impõem ao plano a prestação de serviços que não estão previstos no contrato. “Esse cenário provoca um ambiente de incerteza jurídica. Como consequência, são inibidas iniciativas empreendedoras, é imposto um ônus à coletividade e há uma elitização do acesso á saúde”.

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1. O sócio-diretor da B2 Saúde, Francisco Vignoli, a presidente do Conselho Deliberativo da ABRH-RJ, Leila Felício, o presidente da diretoria executiva da ABRH-RJ, Paulo Sardinha e o diretor da Amil Dental, Alfieri Casalecchi. 2. O diretor-presidente substituto da ANS, Leandro Fonseca da Silva

Confira imagens do RH-RIO

O RH-RIO 2017 reuniu mais de 2 mil pessoas nos dias 6 e 7 de junho, no Centro de Convenções do Windsor Oceânico, na Barra da Tijuca. Confira algumas imagens do congresso.

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1 Julio Fonseca, da Invepar, a jornalista Luciana Casemiro e a futurista Rosa Alegria, na magna que abriu o congresso. 2 O estrategista digital Carlos Nepomuceno afirmou que é preciso ter mudança de mentalidade nas organizações. 3 Felipe Paiva, da Artisan, João Cândido , da ABRH-RJ, e Renato Senna, da Merck, provocaram o público sobre o papel da liderança. 4 Conrado Schlochauer, da Affero Lab, Desiê Ribeiro, da Vale, e Georges Riche, da Globosat, encerram o congresso falando sobre as transformações no RH
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1 O deputado federal Arolde de Oliveira parabeniza a ABRH-RJ. 2 Uso da mediação nas empresas foi destaque na mesa que reuniu a diretora jurídica da ABRH-RJ, Magda Hruza, o desembargador Cesar Cury e a coordenadora do CBMA, Mariana Freitas. 3 Inara Pilate e Leonardo Leão mostraram como o Facebook incorpora a tecnologia na comunicação interna. 4 Luiz Costa Leite, a professora da FGV Carmen Migueles e a futurista Rosa Alegria no Fórum Executivo realizado durante o congresso
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1 Ao lado de Paulo Sardinha (à dir.), o superintendente do SESI-RJ e diretor regional do SENAI-RJ, Alexandre dos Reis, prestigia a edição de 2017. 2 Luiz Costa Leite, Leyla Nascimento, secretária geral da World Federation of People Management Associations e Marco Dalpozzo, da Comatrix. 3 Paulo Sardinha, Fábio Maia, diretor comercial da Amil, Luis Calçada e o diretor da ABRH-RJ Roberto Godinho

Confiança e engajamento no ambiente corporativo é tema de workshop

Confiança aumenta a produtividade e diminui o estresse no trabalho

O cenário de crise no país vem aumentando o interesse de organizações e pessoas em ferramentas que promovam o entendimento nos ambientes corporativos. Não é para menos, dados de pesquisa realizada pelo especialista em Neurociência e Neuroeconomia Paul Zak – publicados na revista Harvard Business Review em janeiro deste ano – mostram que funcionários das empresas que estimulam a confiança no trabalho são 50% mais produtivos, 74% menos estressados e 76% mais engajados. Já segundo o Gallup Institute, as organizações nas quais o engajamento de pessoas é maior são 22% mais lucrativas e 21% mais produtivas.

Especialista em coaching voltado para a performance e o bem-estar, Marie Bendelac Ururahy conduzirá, em 17 de março, das 9h às 18h, na Câmara de Comércio França-Brasil, o workshop ‘Comunicação Colaborativa para Líderes – Módulo I’. O treinamento, que mostra como estabelecer um clima de confiança e engajamento, é voltado a líderes, executivos, gestores de recursos humanos e qualquer profissional que precise se comunicar de forma eficaz.

Segundo Marie, de uma média de 30 inscritos no primeiro semestre de 2016, as inscrições para palestras em torno desse tema quase dobraram na segunda metade do ano passado, passando de uma média de 30 para mais de 50.  “No fim de outubro, participei de um seminário na Câmara de Comércio Americana, para cerca de 150 pessoas, em que representantes de grandes empresas concordaram sobre um ponto muito importante: é preciso promover um ajuste na comunicação entre as gerações, dos baby boomers até os millennials, para aproximá-los”, destaca Marie, que é sócia-diretora e cofundadora da Be Coaching Brasil. De acordo com ela, a distância entre as formas de expressão e de se comunicar precisa ser abreviada, com o objetivo de facilitar o trabalho, a construção de ideias e favorecer os negócios.

O workshop ‘Comunicação Colaborativa para Líderes – Módulo I’’ apresentará técnicas de comunicação aplicadas em mais de 100 países – com efeitos comprovados – para estabelecer relacionamentos de confiança e aumentar a motivação e a cooperação de forma genuína, ressalta Marie: “Somente dessa forma, é possível alcançar melhores resultados, um ambiente de trabalho mais harmonioso e assegurar não só a sobrevivência, mas a expansão dos negócios”.

Mais informações e inscrições: eventosrj@ccfb.com.br.

Capital humano

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Paulo Sardinha

A maior empresa do país, motor da economia brasileira, permanece enfrentando uma crise tão avassaladora que, entre profissionais de Recursos Humanos, um tema se tornou recorrente quando o assunto é a Petrobras. Como reestabelecer a confiança e o orgulho dos empregados em meio à crise que minou a reputação da empresa? Como fazer que os funcionários apostem e entrem na briga para reerguer a estatal que um dia foi a mais rentável do Brasil e hoje preocupa todos pelo seu nível de endividamento e modelo de governança?

Se há dez anos a Petrobras alcançava uma ótima fase com a descoberta de petróleo na região do pré-sal — atraindo investidores, turbinando suas atividades e elevando a autoestima e o engajamento dos funcionários —, hoje a empresa vive o momento máximo de contraponto daquela realidade. Atingida por pérfida gestão, a estatal tem um desafio proporcional à grandiosidade dos bons e velhos tempos: voltar a acreditar em si mesma. Em boa hora a atual gestão enxergou esta solução como medida sensata e salvadora.

No mercado corporativo, quando qualquer grande empresa enfrenta momentos de turbulência, cria-se um ambiente de instabilidade vulnerável a especulações, a rotina dos funcionários (e seus familiares) é diretamente afetada e a produtividade fatalmente oscila. Os alertas vermelhos não podem ser ignorados, para que o quadro não se torne irreversível.

No caso da Petrobras, a questão é mais preocupante. A crise é pública, e não lidamos com meras especulações sobre as negociatas, já comprovadas, e com perdas bilionárias. Trata-se de uma crise histórica, que afeta a economia brasileira e envergonha não somente os funcionários honestos da companhia — que certamente representam a maioria da folha de pagamento —, mas a todos nós, cidadãos. Não à toa uma das palavras mais escritas no Twitter este ano foi Petrobras, segundo levantamento da agência Bites.

O uso político da estatal e a corrupção desenfreada desenharam um quadro de difícil condução mesmo ao mais gabaritado especialista em gestão de crise. A ex- presidente Dilma Rousseff defendeu: “Nós devemos punir as pessoas, e não destruir as empresas”. Na época a declaração foi mal vista, pois além de contrariar a Lei Anticorrupção — que prevê suspensão de atividades, perda de bens e até dissolução como punição para a roubalheira —, soou como uma defesa às empreiteiras.

Numa leitura otimista, podemos entender que os responsáveis devem ser punidos e o capital humano, acima de tudo, preservado. Os funcionários são o maior ativo da empresa. Sem o engajamento de quem coloca a mão na massa, não se irá a lugar nenhum. E essa comunicação interna, transparente e mobilizadora, deve acontecer concomitantemente à “caça às bruxas”. É preciso cortar cirurgicamente, arrumar a casa, mas sem esquecer de quem faz a engrenagem girar. Não há mais dúvida de que o combate à corrupção não pode recuar e que o novo presidente terá de equilibrar mais do que o orçamento da estatal. A Petrobras só será melhor em 2017 com choque de gestão e de moralidade, que o povo brasileiro espera para voltar a ter o mesmo orgulho de outrora.

*Paulo Sardinha é presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Rio (ABRH-RJ)