O Ministério da Saúde publicou, no Diário Oficial da União de hoje (18), portaria que autoriza a instalação de 1,6 mil leitos novos de unidades de terapia intensiva (UTIs) para adultos, e oito leitos pediátricos em São Paulo. Todos deverão ser utilizados para atendimento exclusivo de pacientes contaminados pela covid-19.
A portaria estabelece R$ 77,18 milhões em recursos financeiros advindos do Bloco de Manutenção das Ações e Serviços Públicos de Saúde, que serão disponibilizados ao governo de São Paulo e municípios. Para acessar a lista com as unidades que receberão os leitos, clique aqui.
O Fundo Nacional de Saúde adotará as medidas necessárias para a transferência, do montante aos Fundos Estaduais e Municipais de Saúde, em parcelas mensais, mediante processo autorizativo encaminhado pela Secretaria de Atenção Especializada à Saúde.
Dados divulgados pelo governo do estado apontaram que as taxas de ocupação dos leitos de UTIs iniciaram a semana em 90,5% de ocupação na Grande São Paulo e 89% no estado. Os balanços acumulados da pandemia totalizam 2.208.242 casos confirmados pela doença e 64.223 óbitos nesta segunda-feira.
A fase emergencial, em vigor desde o dia 15, tem medidas mais duras de restrição, que se estendem até o dia 30. O objetivo é garantir a assistência à vida e conter a sobrecarga em hospitais de todo o estado, além de frear o aumento de novos casos, internações e mortes por covid-19.
Com o agravamento da pandemia, o governo estadual reforça a importância sobre o respeito ao Plano São Paulo e as medidas de distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos.
Projetado inicialmente para ter 150 leitos de enfermaria e 50 de unidade de terapia intensiva (UTI), o Hospital de Campanha do Parque dos Atletas terá uma nova disposição. Devido à gravidade média dos pacientes que têm sido atendidos, foi decidido transformar 50 leitos de enfermaria em uma ala de UTI. Com a mudança, serão, no total, 200 leitos, sendo 100 de enfermaria e 100 de UTI. Já nesta segunda feira, (25), serão abertos mais 14 leitos e os demais serão disponibilizados de forma escalonada.
Inaugurado antecipadamente no último dia 11, com 80 leitos, o Hospital de Campanha do Parque dos Atletas, já atendeu mais de 100 pacientes. Ainda na primeira semana, outros 14 leitos de UTI foram abertos por causa do quadro avançado da doença registrado em boa parte dos pacientes. Neste momento, a unidade opera com 50 leitos de UTI e 100 de enfermaria.
Voltado para atender exclusivamente os pacientes do SUS, vítimas da Covid-19, o Hospital de Campanha do Parque dos Atletas, localizado na Zona Oeste do Rio, é financiado pela iniciativa privada. A ampliação da capacidade da UTI será possível devido aos equipamentos viabilizados pela Rede D’Or, além de um aporte financeiro feito pela Shell e Aqui! Card Soluções de Pagamentos. Os novos apoiadores se unem aos patrocinadores Movimento União Rio, Stone Pagamentos, Mubadala, Qualicorp, SulAmérica Seguros, Vale, Banco BV e a própria Rede D’Or, que também esteve à frente da construção da unidade e é responsável pela sua gestão. O Governo do Estado responde pelo terreno onde ocorre a iniciativa.
O hospital terá duração de 120 dias, a partir de sua abertura, com possibilidade de atender mais de duas mil pessoas. Os leitos de UTI são equipados com dispositivos necessários para pacientes de alta complexidade, como ventiladores mecânicos, monitores e bombas de infusão. A unidade conta ainda com equipamentos de diagnóstico adequados ao tratamento, como tomógrafos, ecocardiógrafo, aparelho de ultrassonografia e radiologia convencional, além de suporte de laboratório de patologia clínica.
Hans Christian Andersen (1805-1875), escritor dinamarquês, ficou mundialmente conhecido pelas suas histórias infantis. As roupas novas do imperador é um dos seus principais contos. Publicado em 1837, narra a história de um soberano que gastava o dinheiro do reino com roupas. Vigaristas, percebendo o desprezo do rei pelo seu povo, ofereceram tecer trajes que seriam invisíveis para todos aqueles que fossem tolos e presunçosos. O caudilho de imediato entregou fortunas aos falsos tecelões, enviando bem remunerados ministros para fiscalizar a apoteótica obra.
Esses capachos, mesmo nada vendo, aplaudiam o desejo de Sua Majestade. A consagração seria um grande desfile pela cidade, provando que todo dinheiro público gasto deixaria um legado nunca antes visto. Nesse dia especial, o governante, sem trajar o decoro exigido para o cargo, completamente nu e dissimulado, foi às ruas. Seus bajuladores o aplaudiam, até que uma criança, do meio da multidão, gritou: “O rei está nu!” O povo começou a cochichar, e, em seguida, ouviram-se gritos: “O rei está nu!”
Esse texto continua atual diante do que vem ocorrendo em relação à falta de leitos de CTI: menos de 10% de todos os 5.570 municípios brasileiros têm esses leitos especializados. Há décadas a imprensa noticia que alguém morreu recorrendo à Justiça enquanto aguardava uma dessas vagas.
A Dra. Rosane Goldwasser e colegas da UFRJ em 2016 publicaram, na Revista de Saúde Pública da USP, um contundente artigo: Dificuldades de acesso e estimativas de leitos públicos em unidades de terapia intensiva no Estado do Rio de Janeiro. Esses médicos, que vivenciam há anos o problema, bradaram que a demanda por leitos de CTI cresceu substancialmente devido à população cada vez mais longeva e com mais morbidades. Sessenta por cento dos leitos são ocupados por pacientes acima de 65 anos, que têm um tempo de internação sete vezes maior em comparação à população mais jovem, e mais de 70% das mortes hospitalares ocorrem no CTI. Concluíram que a disponibilidade de leitos muda frequentemente.
O novo coronavírus desmascarou o desprezo antigo pelo SUS, em cujos hospitais sobram macas em corredores, mas faltam leitos de CTI, respiradores adequados e especialistas. Fica a pergunta: Onde está o legado dos Jogos Pan-Americanos de 2007, da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016? O que fazer com os soberanos que tanto dinheiro deram aos vigaristas, os cortesãos que fiscalizaram, os neutros que aplaudiram o desfile da desfaçatez? Alguns justificam que nada sabiam ou que haveria “ganhos” para a cidade e o país.
A Associação de Medicina Intensiva, no dia 1º de maio, fez recomendações de como alocar recursos em esgotamento durante a atual pandemia, com base em princípios éticos já amplamente praticados, porém reconhecendo que nenhum protocolo de triagem é perfeito.
Nós, médicos, sabemos que o dia de ontem foi melhor que o de hoje, mas não abandonaremos ninguém. Enquanto buscamos um tratamento e uma vacina para esta pandemia, continuamos enfrentando o infarto, o câncer, as peritonites e centenas de outros diagnósticos. Faltam vagas para esses pacientes, que não desapareceram.
O desprendimento dos profissionais de saúde e a iniciativa privada séria, criando novos leitos sem custo para o setor público, tentam transformar um conto de fadas em realidade. Continuaremos a ter que fazer escolhas complexas, mas atualmente há mais de mil leitos de CTI ociosos em hospitais públicos no RJ. Em outros estados há casos semelhantes.
Diante de tantas incertezas, as lições de resiliência ajudam na resolução dos conflitos para evitarmos confrontos que sempre trazem mais sofrimento.
Será entregue nesta terça-feira (28) a primeira fase da reforma de 95 leitos da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, voltados a atender pacientes do SUS com coronavírus. Financiado por um consórcio formado pela Qualicorp, Rede D’Or e SulAmérica Seguros, o projeto inaugura, neste primeiro momento, em tempo recorde de 13 dias, 30 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Até o dia 16 de maio, será finalizada a segunda fase das obras, com a abertura de 65 leitos de enfermaria.
O investimento é estimado em R$ 20 milhões até o fim da pandemia. Os recursos são destinados ao custeio de obras de modernização da infraestrutura da Santa Casa, como trocas de janelas, pisos, hidráulica, revisão da rede de gazes e instalação de sistema de chamada de enfermagem, instalação de ar condicionado, portas, armários, e restauração de camas existentes. Também foram adquiridos equipamentos médico-hospitalares, como monitores e respiradores mecânicos, além de materiais e medicamentos necessários para suportar a operação durante três meses, período mais grave da pandemia da Covid-19.
A iniciativa deixará um legado para a Santa Casa, com a modernização de três andares, além de todos os dispositivos e tecnologias que equipam os leitos, bem como os insumos hospitalares comprados.