Indicadores do mercado mostram melhora em janeiro

Os dois indicadores de mercado de trabalho da Fundação Getulio Vargas (FGV) tiveram melhoras de dezembro de 2018 para janeiro deste ano. O Indicador Antecedente de Emprego (Iaemp), que busca antecipar tendências futuras com base em entrevistas com consumidores e empresários da indústria e dos serviços, avançou 4,1 pontos.

Com a alta, o indicador chegou a 101,1 pontos em uma escala de zero a 200, o maior patamar desde abril de 2018.

Segundo o economista da FGV Rodolpho Tobler, os resultados positivos nos últimos meses sinalizam uma retomada da recuperação do mercado de trabalho. De acordo com ele, no entanto, é preciso “certa cautela” já que o indicador recuperou apenas pouco mais da metade da queda observada em 2018.

O Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), que busca refletir a percepção dos consumidores sobre a situação do desemprego atual, recuou 4,4 pontos em janeiro. Com isso, o indicador caiu para 94,5 pontos, em uma escala de zero a 200, em que quanto menor o resultado, melhor é a percepção do cidadão. Tobler explica que apesar da queda, o ICD ainda está em patamar elevado.

País fecha 2018 com saldo positivo de empregos formais

O Brasil encerrou 2018 com saldo positivo de 529,5 mil empregos formais, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados hoje (23) pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia. Esse foi o primeiro saldo positivo desde 2014, quando houve geração de 420,6 mil empregos formais.

O setor que gerou o maior saldo positivo de empregos formais foi o de serviços, com 398,6 mil, seguido pelo comércio (102 mil). A administração pública foi a única a registrar saldo negativo, 4,19 mil. De acordo com a secretaria, essas demissões no serviço público devem ter ocorrido pela restrição fiscal em estados e municípios e são referentes apenas a trabalhadores celetistas.

São Paulo foi o estado que mais gerou empregos (146,6 mil), seguido por Minas Gerais (81,9 mil) e Santa Catarina (41,7 mil). Os maiores saldos negativos foram Mato Grosso do Sul (3,1 mil), Acre (961) e Roraima (397).

Reforma Trabalhista

Com relação às mudanças introduzidas pela nova lei trabalhista, no acumulado do ano, o Caged registrou 163,7 mil desligamentos por acordo entre empregador e empregado.

Na modalidade de trabalho intermitente, em que o empregado recebe por horas de trabalho, o saldo positivo de geração de empregos superou 50 mil, a maioria no setor de serviços (21,8 mil).

O trabalho parcial registrou saldo positivo de 21,3 mil de contratos de trabalho.

No total das duas modalidades, cerca de 3 mil trabalhadores tinham mais de um contrato de trabalho.

De acordo com o diretor de Emprego e Renda do Ministério da Economia, Mário Magalhães, o trabalho intermitente e parcial foram responsáveis por 9,7% do saldo total de empregos formais em 2018.

Salário

O salário médio de admissão em dezembro de 2018 ficou em R$ 1.531,28 e o de demissão, R$ 1.729,51. Em termos reais (descontada a inflação), houve crescimento de 0,21% no salário de admissão e perda de 1,39%, no de desligamento, em comparação ao mesmo mês do ano anterior.

O secretário do Trabalho, Bruno Dalcolmo, reconheceu que “ainda é bastante pequeno” o crescimento real do salário de admissão. Segundo ele, o aumento do salário em período de retomada da economia é gradual. “Os salários tendem a demorar um pouco para subir”.

Segundo ele, na retoma da econômica, após período de recessão, primeiro há aumento da informalidade, depois vem a contratação com carteira assinada e só então, os salários passam a subir gradualmente.

Dezembro

De acordo com a secretaria, em dezembro, devido às características habituais do período para alguns setores, houve retração no mercado formal. A queda no mês ficou em 334,4 mil postos, resultado de 961,1 mil admissões e 1,2 milhão de desligamentos.

No mês, apenas o setor de comércio registrou saldo positivo (19,6 mil postos). A indústria da transformação foi o setor que registrou a maior retração (118 mil), seguida serviços (117,4 mil) e construção civil (51,6 mil).

Segundo Magalhães, em dezembro, a indústria costuma demitir, depois de atender a demanda de final de ano do comércio. “A agropecuária está em período de entressafra”, acrescentou. Ele citou ainda que no setor de serviços, o peso maior é os segmentos de ensino, com demissão de tralhadores temporários tanto na iniciativa privada quanto na pública. “Apenas o comércio que ainda pode permanecer contratador. Construção civil tem período de chuvas, com suspensão dessas atividades de obras”.

Relatório do Banco Mundial aponta dificuldades e desafios das mulheres no mercado de trabalho

A advogada Paula Tavares, especializada em Gênero pelo Banco Mundial, apresentou, no último dia 18, no Grupo de Pesquisas em Direito, Gênero e Identidade (GDPG)  da Escola de Direito de São Paulo (FGV Direito SP) os resultados da pesquisa “Women, Business and The Law 2018” formulada pelo Banco Mundial, que analisa o marco legal e regulatório que afeta a capacidade econômica e o empreendedorismo das mulheres.

No caso brasileiro, apesar de somar mais da metade da população, as mulheres compõem 43% da força de trabalho, ocupam tão somente 37,8% dos cargos gerenciais e, em relação à representação política, perfazem apenas 10,5% do corpo político. E, apesar de ter mais qualificação que os homens, o salário das mulheres equivale a 25% menos.

Ligia Paula Pires Pinto Sica, coordenadora do GDPG, destacou que a sub-representação feminina ainda piora quando se avança na cúpula de decisão das empresas. Ela cita pesquisa que coordenou na própria FGV Direito SP, a qual concluiu que, nos últimos 20 anos, o percentual de cargos de comando nas empresas variou entre 7% e 12%, expressos em cargos de diretoria, presidência ou conselho de administração ocupados pelas mulheres. Paula Tavares citou pesquisa do FGV-GPDG que corrobora dados também trazidos pelo Banco Mundial.

“As políticas de licença maternidade e paternidade influenciam bastante no custo gerado pela gravidez. Há leis muito mais avançadas do que o Brasil nesse tema – a exemplo de Portugal, França, Islândia e Japão”.

Para as pesquisadoras, sem uma intervenção consistente do Estado, por meio da adoção de políticas públicas que incentivem a inserção e a melhor qualificação das mulheres em todos os ambientes.

Mulheres ganham até 38% menos que homens na mesma função

Mulheres podem ganhar até 38% que colegas homens que atuam na mesma função, segundo estudo elaborado pelo site de anúncios de empregos Catho. A levantamento revela que a desigualdade salarial ocorre em todos os setores e entre trabalhadores com diferentes níveis de instrução.

A pesquisa foi feita com 7.957 profissionais. A maior disparidade, de 38%, foi registrada entre consultores e consultoras. Enquanto os homens recebem, em média, R$ 5.456,64 para desempenhar a função, as mulheres ganham R$ R$ 4.091,50. Em geral, a discrepância tende a ser maior nas maiores faixas salariais. A diferença entre remunerações de presidentes, diretores ou gerentes, por exemplo, chega a 31,84%. Nos cargos que pagam menos, a desigualdade é menor, mas persiste: entre assistentes, chega a 8,22%.

Quando a divisão é feita por escolaridade, a maior desigualdade também é observada entre os mais qualificados. Mulheres que têm MBA, por exemplo, ganham cerca de R$ 5.811,80, pouco mais que a metade do que ganham os homens com o mesmo nível de instrução (R$ 10.106,18).

Na avaliação da Catho, autora do estudo, houve avanços na redução das desigualdades, mas ainda há desafios. “O maior acesso à educação superior influenciou bastante na redução da desigualdade. A internet também tem papel de peso nesse processo, já que permite mais informação e contato com outras mulheres. No entanto, as diferenças ainda são significativas e a verdade é que estamos longe da equiparação salarial, como podemos observar na pesquisa. Em especial quando percebemos que elas ainda ganham menos que eles em todas as áreas de atuação consultadas”, ressalta Kátia Garcia, gerente de relacionamento com cliente da Catho, em comunicado, destacando a importância de políticas de equiparação salarial nas empresas.

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