Fiocruz faz acordo com Inca e detalha gastos com oncologia
Despesa com tratamento em oncologia em 2022 atinge R$ 4 bi no Brasil

Da Agência Brasil

Em uma parceria inédita, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) fechou acordo de cooperação técnica com o Instituto Nacional de Câncer (Inca) para o desenvolvimento de novos produtos e incorporação de tecnologias, aprimorando tratamentos oncológicos. A iniciativa busca reduzir os custos para o Sistema Único de Saúde (SUS), que somente em 2022 aplicou R$ 4 bilhões em procedimentos para pacientes com câncer.

O acordo foi firmado na terça-feira (13), durante o 8º Fórum Big Data em Oncologia. A realização do evento – promovido pelo movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC) e pelo Observatório de Oncologia – contou com a parceria do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz.

O acordo prevê a melhoria no diagnóstico, na saúde pública de precisão e na identificação de melhores alternativas terapêuticas. Há também expectativa de desenvolvimento de novas terapias através de produtos biológicos ou sintéticos e novas tecnologias com grande potencial de uso que estão chegando ao Brasil.

O Inca é um órgão auxiliar do Ministério da Saúde no desenvolvimento e coordenação de ações integradas para a prevenção e o controle do câncer no país. Como produtora de insumos, a Fiocruz busca atender as demandas do SUS relativas a doenças crônicas, principalmente o câncer. Esse foi o ponto de partida para o acordo, segundo Marco Aurélio Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação da Fiocruz.

“Essa cooperação favorece uma interação importante entre os pesquisadores das duas instituições, e poderá render mais frutos para a saúde pública de precisão, na validação e desenvolvimento de novas ferramentas para a área de medicamentos, de diagnóstico e de biológicos e terapias avançadas”, explicou Krieger.

O coordenador de Pesquisa e Inovação do Inca, João Viola, destacou a cooperação entre as instituições, estreitando relações no ensino, pesquisa e inovação na área do câncer. “Estamos juntando esforços para resolução de problemas da área de oncologia, assim como para o desenvolvimento de conhecimentos acerca de pontos considerados estratégicos”, acentuou.

Custos

A Fiocruz divulgou na semana passada o estudo sobre os gastos com tratamento de câncer no SUS em 2022. Foi revelado um custo de R$ 4 bilhões. Durante o 8º Fórum Big Data em Oncologia, os detalhes do levantamento foram apresentados em um painel por Nina Melo, coordenadora de pesquisa da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e do Observatório de Oncologia.

Denominado Quanto custa tratar um paciente com câncer no SUS?, o estudo foi produzido com base nos gastos federais, não incluindo números estaduais, municipais, filantrópicos e privados. No painel, também foram discutidos aspectos que contribuem para o elevado custo do tratamento de pacientes com câncer no SUS. Segundo a pesquisa, os estágios avançados da doença estão diretamente relacionados a custos mais elevados de tratamento, impactando tanto a qualidade de vida do paciente quanto o financiamento em saúde.

As despesas na área de saúde, em 2022, passaram de R$ 136 bilhões. Deste total, mais de R$ 62 bilhões foram gastos em assistência hospitalar e ambulatorial e, deste montante, quase R$ 4 bilhões foram para tratamento oncológico, divididos em tratamento ambulatorial (77%), cirurgias (13%) e internações (10%).

Nina relatou, ainda, que houve aumento de 402% – de 2018 a 2022 – no custo médio dos procedimentos de tratamento do câncer (quimioterapia, radioterapia e imunoterapia). “Um procedimento que, em 2018 custava R$ 151,33, subiu para R$ 758,93 em 2022. O custo médio com internação chegou a R$ 1.082,22 e o gasto com cirurgia alcançou R$ 3.406,07”, especificou.

Inadequação

Fernando Maia, coordenador-geral da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer do Ministério da Saúde, abordou os motivos que podem justificar essa alta, além do impacto causado pela pandemia de covid-19 no sistema de saúde. “Existe uma inadequação na forma como os gastos são feitos. Não temos incentivo real para ações de diagnóstico precoce. Nessa medida, estamos pagando a alta complexidade e o tratamento sistêmico foi aumentando de preço”, ponderou.

Segundo ele, é urgente que se consiga estruturar o gasto em oncologia de uma maneira que se consiga reduzir a mortalidade, melhorar e aumentar a sobrevida livre de doença e não somente ficar pagando novas incorporações e aumentando o custo sem avaliar se isso está impactando na saúde das pessoas.

Integração

A Fiocruz e o Grupo Oncoclínicas anunciaram nesta quinta-feira (15), no Rio de Janeiro, a criação do Centro Integrado de Pesquisa em Oncologia Translacional (Cipot), através de parceria público-privada na área de estudos sobre o câncer.

A instituição reunirá esforços e investimentos em pesquisa, inovação, capacitação de profissionais de saúde e empreendedorismo na oncologia. O vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, destacou que a iniciativa se soma às demais estratégias da Fundação nessa área, visando não só aumentar as cooperações para pesquisas, mas também fortalecer o sistema público de saúde.

O câncer é a segunda maior causa de morte no mundo. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, são esperados 704 mil novos diagnósticos no Brasil a cada ano do triênio 2023/2025. O número representa um desafio constante para a saúde pública: melhorar a equidade no acesso aos exames preventivos e diagnósticos para descobertas em estágios iniciais e rápido começo do tratamento são alguns dos gargalos ainda enfrentados pelo país.

O fundador e diretor presidente do Grupo Oncoclínicas, Bruno Ferrari, afirmou que a criação do novo centro deverá trazer impacto no rastreamento da doença e diagnóstico precoce e, também, terapias inovadoras que proporcionem mais eficiência nos custos na jornada do tratamento oncológico, evitando os elevados gastos com cirurgias, além de melhorar a expectativa e a qualidade de vida dos pacientes oncológicos.

Eixos principais

A implementação da Cipot será baseada em três eixos principais: pesquisa e desenvolvimento tecnológico, educação e empreendedorismo. São objetivos também o desenvolvimento de projetos colaborativos e tecnológicos com foco em terapias e métodos diagnósticos e a avaliação da viabilidade técnica e financeira de projetos de pesquisa e desenvolvimento, internos ou externos.

A cooperação funcionará ainda na prospecção de oportunidades, por meio de editais públicos e privados; na promoção de eventos científicos; na integração acadêmica, com elaboração de cursos e iniciativas educacionais e na promoção do empreendedorismo tecnológico na área de oncologia.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e considerando uma prevalência de cinco anos da doença, mais de 50 milhões de pessoas estão vivendo atualmente com câncer em todo mundo. Desse total, o Brasil tem 1,5 milhão. A OMS salienta que, nos países mais pobres e em desenvolvimento, a incidência das neoplasias deverá crescer mais de 80%.

Entre os tipos de tumor mais comuns no Brasil, a liderança é exercida pelo câncer de pele não melanoma. As neoplasias de mama e de próstata são as mais frequentes entre as mulheres e os homens. Aparecem ainda no topo do ranking de incidência no país tumores de pulmão e intestino, ambos relacionados a hábitos de vida pouco saudáveis, como dieta rica em gordura e tabagismo.

O diretor médico do Grupo Oncoclínicas e presidente do Instituto Oncoclínicas, Carlos Gil Ferreira, disse que, para atingir a meta de 70% de sobrevivência para todos os pacientes até 2035, conforme preconiza a OMS, “é essencial aumentar o orçamento destinado ao desenvolvimento de pesquisas e atuar na conscientização sobre as consequências do diagnóstico tardio da doença, o que reduz as chances de cura e compromete o potencial dos tratamentos”.

Remada contra o câncer de mama
Ação apoiada pela Oncologia D’Or vai mostrar que a prática da canoa havaiana pode ser um importante aliado para mulheres que enfrentam a doença

 

 

Da Redação

Emblema de uma cultura de mais de 3 mil anos, quando eram usadas como transporte pelos povos polinésios, a canoa havaiana, no dia 1 de outubro, também será símbolo da perseverança para mulheres que enfrentam o câncer de mama. Com o apoio da Oncologia D’Or, o clube He Hei VA’A vai promover na Praia de Charitas, em Niterói, uma ação para mostrar como a prática desse esporte pode ser uma importante ferramenta para fortalecer o físico e autoestima de mulheres que convivem com o câncer.

No dia, haverá apresentação do esporte feito pela equipe Rosas Va’a, formada por mulheres que fazem tratamento ou que já enfrentaram algum tipo de câncer. A equipe nasceu como uma atividade de promoção à saúde, mas deu tão certo que hoje elas disputam o Campeonato Estadual de Canoa Havaiana. Em paralelo, também serão realizadas no dia palestras motivacionais, campanhas de conscientização, bem como ações de incentivo à prática esportiva e ao benefício da competição.

Para o diretor da Oncologia D’Or, Marcus Vinicius J. dos Santos, a equipe do He Hei VA’A transmite uma mensagem fundamental de que a vida não deve parar após o diagnóstico de um câncer e de que é possível continuar sua rotina e desenvolver novos projetos. “No dia que marca o início da campanha mundial de prevenção ao câncer de mama, é muito bom poder apoiar uma iniciativa que compartilha o exemplo dessas mulheres que formam a equipe Rosas Va’a. Que elas possam encorajar mais pessoas que também enfrentam algum tipo de câncer”, afirma Marcus Vinicius. Ele ainda ressalta que a prática da atividade física é um importante aliado na prevenção à doença, bem como pode contribuir para amenizar os efeitos de tratamentos oncológicos, desde que realizados sob orientação médica.

Portal Linha Rosa orienta sobre o combate ao câncer de mama
Iniciativa da Rede D’Or reúne informação sobre prevenção, diagnóstico e tratamento conforme diferentes perfis de pacientes

 

 

Da Redação

Uma em cada oito mulheres deve desenvolver o câncer de mama ao longo da vida. É o segundo tipo de tumor mais frequente no mundo e o de maior incidência nas mulheres. E para apoiar a mulher no combate à doença, a Rede D’Or São Luiz lançou o site Linha Rosa (https://linharosa.com.br/). O portal oferece informação atualizada para todos os perfis sobre prevenção diagnóstico e tratamento. Além disso, a Rede também oferece uma cadeia de cuidados desde a prevenção até o tratamento do câncer de mama.

Para o oncologista Gilberto Amorim, é fundamental levar informação de qualidade à população, pois ainda é preciso, em muitos casos, desmistificar a doença. Ele observa que, por mais contraditório que pareça, a mamografia sofre preconceito das próprias mulheres.  “Infelizmente, ainda está presente na cabeça de muitas pessoas a terrível ideia de que “quem procura, acha”. Elas criam uma falsa expectativa de que a doença não vai se manifestar se não for ao médico ou realizar os exames preventivos. Também vemos casos de mulheres que evitam o exame devido à dor que ele provoca ou ao medo da exposição à radiação, apesar do procedimento ser comprovadamente seguro e indicado pelos melhores especialistas como a principal forma de diagnóstico precoce”, relata Gilberto.

O resultado é que há casos em que mulheres acabam recorrendo ao exame somente quando percebem algum sintoma, o que normalmente indica que a doença está em um estado avançado, com sérios riscos à saúde. “Se diagnosticado no estágio inicial, a chance de sucesso do tratamento é e mais de 90%”, destaca Gilberto. Ele também observa que outro erro que ainda se comete é o de confiar que o autoexame é suficiente para o rastreamento do câncer. O autoexame pode levar mulheres à falsa sensação de estarem saudáveis quando o tumor já existe, mas não é possível sentir pelo toque. O autocuidado é importante, mas a mamografia anual após os 40 anos é fundamental

O portal Linha Rosa traz um conteúdo elaborado com suporte dos principais especialistas da rede e que discrimina o perfil de cada mulher. É possível, por exemplo, buscar orientações específicas para mulheres, com menos de 40 anos, sem diagnóstico de problemas nas mamas ou casos de câncer na família ou quando a família da pessoa apresenta um longo histórico de casos da doença. Mulheres com mais de 40 anos e sem histórico na família ou aquelas que já trataram um câncer de mama ou realizaram uma radioterapia no tórax completam os perfis contemplados.

O oncologista José Bines explica que o histórico familiar é importante, pois entre 5% e 10% dos casos de câncer de mama ocorrem devido a uma predisposição herdada para desenvolver a doença. “Quando há casos na família, é preciso ter ainda mais atenção com a prevenção”, alerta Bines, que ainda explica que, nesses casos, pode ser importante uma investigação sobre a presença de mutações herdadas que facilitariam o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer.

Para todos os perfis, é preciso estar atento aos hábitos que auxiliam na prevenção da doença. Alimentação saudável, atividade física e controle do peso corporal podem cooperar para evitar 28% dos casos de câncer de mama. “Consumo excessivo de álcool, excesso de peso, principalmente na pós-menopausa, e terapia de reposição hormonal aumentam o risco de câncer de mama”, explica Bines.

Diagnóstico expresso no combate ao câncer de mama
Chance de cura da doença chega a 95% em casos diagnosticados em fases iniciais

No combate ao câncer, o tempo é um fator fundamental. O câncer de mama, quando diagnosticado precocemente, pode alcançar até 95% de chance de cura. Para acelerar o processo de diagnóstico e facilitar o início de tratamento, o Hospital Quinta D’Or implementou o serviço de Diagnóstico Expresso para Diagnóstico do Câncer de Mama.

O serviço funciona dentro do Centro de Mama do hospital e permite fazer o diagnóstico completo, incluindo realização de biópsia, em 24 horas. “Nosso centro reúne o que há de mais moderno em prevenção por imagem da mama e, com essa abordagem, o diagnóstico acontece no menor tempo possível, com o suporte de uma equipe multidisciplinar, que conta com especialistas em imagem e patologia mamária”, destaca Marcus Vinicius, diretor do Quinta D’Or.

A linha do tempo do diagnóstico do câncer de mama, que começa com um nódulo palpável ou um achado de mamografia e vai até o diagnóstico definitivo da doença, pode levar algumas semanas. “Sabemos que a espera pelo agendamento dos exames é angustiante para quem deseja saber o real estado de sua saúde. O diagnóstico rápido, além de permitir o início mais rápido do tratamento, também reduz a ansiedade da paciente, o que impacta diretamente em sua qualidade vida”, observa Marcus Vinicius Santos.

O oncologista Jacques Bines alerta que as mulheres precisam ver a tecnologia como uma aliada na detecção do câncer de mama. Ele se preocupa pelo fato de que ainda há mulheres que confiam que o autoexame para o rastreamento do câncer. Quando se detecta um “caroço” com o toque, isso significa que a doença pode já não se encontrar em fase inicial. O autoexame pode levar à falsa sensação de segurança. “A mamografia é o exame mais indicado para detectar precocemente a presença de alterações nas mamas”, afirma Bines. Ele ainda explica que apenas com a realização de uma biópsia há a certeza de que a lesão é maligna ou não.

A idade ideal para início para rastreamento (quando se busca o diagnóstico de mulheres assintomáticas) é motivo de controvérsia. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a orientação é para que as mulheres, a partir dos 40 anos, realizem anualmente o exame (as orientações podem ser diferentes quando há história familiar da doença). Outras instituições, como o Instituto Nacional do Câncer. falam em início aos 50 anos. Mas todos concordam que é fundamental realizar o rastreamento de mulheres independentemente de qualquer sintoma.

Também é preciso estar atento aos hábitos que auxiliam na prevenção da doença. Alimentação saudável, atividade física regular e controle do peso corporal podem cooperar para evitar até 30% dos casos de câncer de mama. “Consumo excessivo de álcool, uso de contraceptivos orais, excesso de peso, principalmente na pós-menopausa, e terapia de reposição hormonal podem aumentar o risco de câncer de mama”, explica o oncologista.