Sua Marca Pessoal, seu passaporte para o sucesso  

Irene Azevedoh
Irene Azevedoh

Em tempos de crise ou não, haverá sempre necessidade de foco, disciplina e, sobretudo, exigirá algumas vezes um olhar mais fora da caixa para sua trajetória profissional para a construção de uma Marca Pessoal forte.

Deve-se, então, começar por olhar para suas habilidades, seus motivadores e valores e verificar em que atividades, áreas da empresa, se estiver empregado, e/ou em que empresas haverá o melhor encaixe. Somando-se a isto, o fato de você ter uma Marca Pessoal forte o ajudará a chegar mais rapidamente no alvo desejado.

Sua Marca é a percepção criada quando as pessoas conhecem e interagem com você e não é apenas baseada em suas habilidades e experiências. Ela também reflete na maneira como você aparenta.

As organizações investem muito tempo e dinheiro para criar uma marca vencedora e evocar certas percepções no período de segundos. Como você pode, como indivíduo, alcançar os mesmos resultados? Fazendo o seu marketing de forma consistente e construindo uma imagem positiva, o que exige esforço, empenho e consistência. Além disso, ele deve contemplar:

  • Constantemente se olhar como um “Produto”, tendo claro quais habilidades e comportamentos você tem que o diferenciam dos demais;
  • Ter uma “Praça” para colocar seu produto, fazendo uma análise criteriosa de segmentos ou empresas em que você poderá ter maior visibilidade e aceitação, além do mapeamento de quem são os principais contratantes;
  • Saber de que modo e quem o ajudará a chegar neste lugar (praça) e qual o valor que o mercado está pagando por este produto. Sua aparência é fundamental e deverá ser adequada ao seu segmento alvo. Além disso, é importante definir os diversos canais para fazer que seu produto chegue ao local predefinido, como eventos profissionais, redes sociais, eventos familiares, com amigos etc;
  • Entender e estar constantemente avaliando quanto o mercado está pagando por este produto.

Esta prática levará a uma marca ser bem orientada, clara e significativa. A dica aqui é a habilidade de saber fazer networking, lembrando que este é feito em qualquer lugar e que você consegue que sua marca pessoal seja mais facilmente conhecida não pelo networking atual e sim do networking expandido, ou seja, sua capacidade de estar a cada momento crescendo sua rede de relacionamento. Para que isto seja feito de forma “saudável e sustentável”, há necessidade de sempre haver uma troca de experiências. Enfim, tem que ser uma relação ganha ganha.O networking expandido também é utilizado para se pedir conselhos e não empregos. Não peça às pessoas o que elas não podem dar.

Na crise você terá que olhar para sua Marca Pessoal com maior dedicação, ter precisamente detalhado seu mercado alvo, se esforçar ainda mais na ampliação de sua rede de relacionamento para chegar aonde quer. Tenha sempre um alvo para caminhar, pois quem não tem para onde ir, não chega a lugar nenhum!

* Diretora de Transição de Carreira e Gestão da Mudança da Consultoria Global em Desenvolvimento de Talentos LHH

Capital humano

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Paulo Sardinha

A maior empresa do país, motor da economia brasileira, permanece enfrentando uma crise tão avassaladora que, entre profissionais de Recursos Humanos, um tema se tornou recorrente quando o assunto é a Petrobras. Como reestabelecer a confiança e o orgulho dos empregados em meio à crise que minou a reputação da empresa? Como fazer que os funcionários apostem e entrem na briga para reerguer a estatal que um dia foi a mais rentável do Brasil e hoje preocupa todos pelo seu nível de endividamento e modelo de governança?

Se há dez anos a Petrobras alcançava uma ótima fase com a descoberta de petróleo na região do pré-sal — atraindo investidores, turbinando suas atividades e elevando a autoestima e o engajamento dos funcionários —, hoje a empresa vive o momento máximo de contraponto daquela realidade. Atingida por pérfida gestão, a estatal tem um desafio proporcional à grandiosidade dos bons e velhos tempos: voltar a acreditar em si mesma. Em boa hora a atual gestão enxergou esta solução como medida sensata e salvadora.

No mercado corporativo, quando qualquer grande empresa enfrenta momentos de turbulência, cria-se um ambiente de instabilidade vulnerável a especulações, a rotina dos funcionários (e seus familiares) é diretamente afetada e a produtividade fatalmente oscila. Os alertas vermelhos não podem ser ignorados, para que o quadro não se torne irreversível.

No caso da Petrobras, a questão é mais preocupante. A crise é pública, e não lidamos com meras especulações sobre as negociatas, já comprovadas, e com perdas bilionárias. Trata-se de uma crise histórica, que afeta a economia brasileira e envergonha não somente os funcionários honestos da companhia — que certamente representam a maioria da folha de pagamento —, mas a todos nós, cidadãos. Não à toa uma das palavras mais escritas no Twitter este ano foi Petrobras, segundo levantamento da agência Bites.

O uso político da estatal e a corrupção desenfreada desenharam um quadro de difícil condução mesmo ao mais gabaritado especialista em gestão de crise. A ex- presidente Dilma Rousseff defendeu: “Nós devemos punir as pessoas, e não destruir as empresas”. Na época a declaração foi mal vista, pois além de contrariar a Lei Anticorrupção — que prevê suspensão de atividades, perda de bens e até dissolução como punição para a roubalheira —, soou como uma defesa às empreiteiras.

Numa leitura otimista, podemos entender que os responsáveis devem ser punidos e o capital humano, acima de tudo, preservado. Os funcionários são o maior ativo da empresa. Sem o engajamento de quem coloca a mão na massa, não se irá a lugar nenhum. E essa comunicação interna, transparente e mobilizadora, deve acontecer concomitantemente à “caça às bruxas”. É preciso cortar cirurgicamente, arrumar a casa, mas sem esquecer de quem faz a engrenagem girar. Não há mais dúvida de que o combate à corrupção não pode recuar e que o novo presidente terá de equilibrar mais do que o orçamento da estatal. A Petrobras só será melhor em 2017 com choque de gestão e de moralidade, que o povo brasileiro espera para voltar a ter o mesmo orgulho de outrora.

*Paulo Sardinha é presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Rio (ABRH-RJ)