Rio voltará a ter Bolsa de Valores depois de 20 anos
Operação deve começar no segundo semestre de 2025

Da Agência Brasil

O Rio de Janeiro será novamente sede de uma Bolsa de Valores. O anúncio foi feito pelo prefeito Eduardo Paes e pelo CEO (diretor-executivo) do Americas Trading Group (ATG), Claudio Pracownik, nesta terça-feira (3), na sede da Associação Comercial da cidade. A previsão é que comece a operar no segundo semestre de 2025. O prefeito, durante a cerimônia, sancionou a lei municipal que incentiva a instalação da instituição.

“O Rio tem uma parte importante da força econômica do Brasil: a Vale está aqui, a Globo está aqui, a teledramaturgia da Record está no Rio. Mas onde está o setor produtivo? A gente tem um monte de coisas interessantes acontecendo no setor privado do Rio, mas a gente não consegue levantar essa turma. A volta da Bolsa de Valores é a ponta do iceberg. É o esforço do governador, prefeito, atores políticos. O setor privado percebeu que tem uma concorrência a ser feita com São Paulo. Começamos a criar um ambiente econômico, um conjunto de atrativos e de novos mercados que surgirão”, afirmou o prefeito.

O Projeto de Lei 3276/2024, de iniciativa da prefeitura municipal, foi aprovado pela Câmara de Vereadores no dia 25 de junho, com 37 votos a favor e 5 contra. Com a nova regra, cai para 2% o Imposto sobre Serviços de qualquer natureza (ISS) que incide sobre as atividades a serem desempenhadas por uma Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros, bem como sobre as atividades exercidas por sociedades que atuam na negociação, liquidação e custódia de ativos financeiros. Faz mais de 20 anos que houve o encerramento das atividades da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ).

Retomada da economia

“A gente recupera esse símbolo de retomada da economia da cidade do Rio de Janeiro”, comemorou o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico, Chicão Bulhões. Ele destacou a importância do mercado financeiro para a economia carioca: “É o quarto maior pagador de ISS da cidade, mais de um bilhão e meio de reais. São quase 70 mil pessoas trabalhando no setor, que, com a Bolsa, vai ganhar uma nova dimensão, atraindo mais investidores para cá”, disse.

Claudio Pracownik, CEO do Americas Trading Group (ATG), destacou que a criação de uma segunda Bolsa de Valores no país – a outra fica em São Paulo – é um sinal de maturidade do mercado de capitais, contribuindo para que o Brasil seja visto de forma mais positiva pelos investidores, principalmente os internacionais. Ele acrescenta que a existência de concorrência traz eficiência, redução de riscos e pavimenta a criação de novos produtos. O executivo também salientou que a sede da nova bolsa brasileira no Rio trará benefícios para toda a região.

“A nova bolsa terá sua sede administrativa no Rio de Janeiro. Isso é muito importante para a cidade e para o estado. O Rio voltará a ser um grande centro de negócios, atraindo investidores, e isso tem uma relevância enorme. Nós esperamos que este seja o marco inicial do renascimento do mercado financeiro no Rio”, resumiu Claudio.

O setor financeiro, no triênio 2021-2023, foi o quarto maior pagador de impostos (ISS) do Rio, com R$ 1,5 bilhão. Os dados são da Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento, compilados pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico. Esse montante representou 9,1% da arrecadação total.

O setor conta com 68,5 mil trabalhadores (3,7% dos trabalhadores cariocas), gerando 2,7 mil novos empregos entre 2021-2023. Além disso, o trabalhador do setor financeiro carioca ganha R$ 9,5 mil por mês, um valor bem superior à média do trabalhador brasileiro (R$ 3,8 mil por mês).

“O Rio possui mais de quatro mil fundos, o que representa 17,6% do total do Brasil. Em termos de patrimônio gerido, o Rio mostra ser um forte mercado, que reúne R$ 2,2 trilhões sob gestão, o que representa 34% dos valores investidos no país, reunindo 22,6% dos cotistas, com 1,1 milhão de investidores e 20,4% das assets (gestoras de fundos). Esses dados constam no estudo Setor Financeiro do Rio”, afirma a prefeitura.

Cirurgia pioneira na troca de válvula do coração é destaque de seminário que começou hoje no Rio de Janeiro
Realizado no Hospital São Luiz Itaim, em São Paulo, procedimento foi o primeiro a ser realizado na América Latina. Valve in Rio chega a sua 4ª edição

Vinícius Esteves, Cleverson Zukowski e Olga Souza, coordenadores da 4ª edição do VALVE IN RIO (Foto: EuroCom)

Da Redação

Acontece entre hoje e amanhã (sexta-feira), no Hotel Fairmont, em Copacabana, a 4ª edição do VALVE IN RIO. Promovido pela Cardiologia D’Or, o evento reúne renomados cardiologistas nacionais e estrangeiros para debater os principais avanços nos tratamentos intervencionistas minimamente invasivos das doenças valvares do coração. São mais de 100 palestrantes, incluindo 22 médicos da Europa e das Américas do Norte e do Sul. Presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro, Marcelo Heitor Vieira Assad esteve presente na abertura e destacou a importância desse evento para a medicina do estado. “O evento é de extrema relevância, pois reúne profissionais de reconhecida robustez de conhecimento. Isso mostra a pujança da Rede D’Or e a importância do Rio de Janeiro”, afirma o médico.

O envelhecimento da população vem exigindo uma atenção cada vez maior com a saúde do coração. Conforme o avançar da idade, é esperada uma degeneração das quatro válvulas, que garantem a circulação correta do sangue. Um mau funcionamento pode exigir que o coração faça um esforço maior para bombear o sangue. Estudos apontam, por exemplo, que de 3% a 5% da população pode apresentar algum grau de acometimento da válvula aórtica, a partir dos 65 anos.

Segundo Vinicius Esteves, um dos coordenadores do Simpósio, entre os destaques da programação estão os avanços de técnicas na intervenção da válvula tricúspide. Considerada por anos como a “válvula esquecida”, por não ter tido tanta atenção em estudos e pesquisas como a mitral e a aórtica, a tricúspide tem sido abordada em novos procedimentos cirúrgicos. Um dos destaques da programação será justamente a apresentação de uma cirurgia pioneira de troca de válvula tricúspide por cateter. O procedimento, realizado em fevereiro deste ano no Hospital São Luiz Itaim, em São Paulo, abre novos horizontes para pacientes idosos que desenvolvem insuficiência tricúspide. É o caso de uma paciente de 79 anos, a primeira a passar pela cirurgia. Responsável pelo procedimento, Esteves explica que, sem a intervenção, as perspectivas da paciente eram bem reduzidas. “Chegaria um momento em que os medicamentos não teriam mais efeito e, muito provavelmente, sofreria um quadro de insuficiência cardíaca irreversível”, relata. A expectativa é que retome rotinas que antes eram impeditivas, como sair para andar.

Evento receberá 22 palestrantes estrangeiros (Foto: EuroCom)

A cirurgia também é um exemplo dos avanços em procedimentos minimamente invasivos. O cateter é introduzido através de um pequeno furo preferencialmente na veia jugular direita, localizada na região do pescoço, e serve de veículo para transportar até o coração o dispositivo que será implantado no coração. “É uma técnica tão eficaz e segura quanto a cirurgia convencional, mas bem menos agressiva”, diz o coordenador do evento.

Presidente da Cardiologia D’Or, Olga Souza ressalta que, em paralelo às mesas, também haverá workshops para capacitar os profissionais que realizam a ecocardiografia, exame fundamental para o sucesso de uma cirurgia cardíaca, bem como de enfermagem em intervenção estrutural. “Teremos espaço para que os participantes dos seminários e workshops possam se atualizar discutindo casos concretos com alguns dos melhores profissionais do mundo”, celebra.

VALVE IN RIO

Dias: 14 e 15 de março
Local: Hotel Fairmont – Av. Atlântica, 4240 – Copacabana – Rio de Janeiro
Inscrições: https://www.valveinrio.com/

Rio inicia vacinação de crianças de 10 anos contra a dengue
Imunização na faixa de 11 anos começa quarta-feira (28)

Da Agência Brasil

O município do Rio de Janeiro iniciou, nesta sexta-feira (23), a vacinação de crianças de 10 anos de idade contra a dengue. A Secretaria Estadual de Saúde encaminhou à capital fluminense nesta semana um lote com 141,7 mil doses do imunizante.

A costureira Elizabeth Felinto, de 42 anos, chegou cedo ao Super Centro Carioca de Vacinação, em Botafogo, na zona sul da cidade, para vacinar a filha. “Trouxe ela logo para vacinar. É muito importante para que não precise lidar com a doença”, disse.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a ideia é imunizar, até o fim de março, 354 mil crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, de forma escalonada. As crianças com 11 anos começarão a ser vacinadas na próxima quarta-feira (28).

O calendário para as demais faixas etárias (12 a 14 anos) será anunciado nos próximos dias, uma vez que será necessário aguardar a chegada de novo lote do imunizante. “Infelizmente a fabricante [da vacina] tem capacidade limitada de produção. Então, a gente espera [a produção e chegada de novos lotes] para continuar”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

As outras 90,2 mil doses recebidas na última quinta-feira (22) pela Secretaria Estadual de Saúde foram distribuídas para dez municípios: Nilópolis (3,1 mil), Duque de Caxias (21,1 mil), Nova Iguaçu (20,3 mil), São João de Meriti (10,8 mil), Itaguaí (3,4 mil), Magé (6,2 mil), Belford Roxo (12,7 mil), Mesquita (4,2 mil), Seropédica (2,2 mil), Japeri (2,5 mil) e Queimados (3,7 mil).

O governo fluminense reconheceu nessa quinta-feira situação de epidemia de dengue no estado, que soma quase 50 mil casos prováveis da doença, ou seja, 308 por 100 mil habitantes.

Mudanças climáticas podem ampliar infestação de mosquito Aedes no Rio
Calor excessivo pode aumentar exposição à doença

Da Agência Brasil

As mudanças climáticas vão aumentar a frequência de dias mais quentes no Rio de Janeiro, nos próximos anos, e isso tem o potencial de ampliação da da população de mosquito Aedes aegypti e a transmissão da dengue no estado. A conclusão é de estudo realizado pelos pesquisadores Antonio Carlos Oscar Júnior, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e Francisco de Assis Mendonça, da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

A pesquisa, publicada em 2021 utiliza modelos de previsão climática para as próximas décadas e uma avaliação sobre o potencial impacto à eclosão de ovos do mosquito Aedes, transmissor da dengue, e ao ciclo de vida do inseto, para estimar a ocorrência da doença até 2070.

Segundo a pesquisa, um dos principais fatores para o aumento da proliferação do mosquito é a temperatura. No Rio de Janeiro, a previsão é de aumentos das temperaturas média e mínima nos próximos anos, o que favoreceria o ciclo de reprodução do Aedes.

Com isso, o período de inverno, quando historicamente há menos infecção pelo vírus da dengue, deverá passar a ter dias mais quentes, o que ampliará a janela de temperatura ótima para a infestação pelo mosquito Aedes e, consequentemente, o potencial para novos casos da doença nessa estação.

O aumento da temperatura no estado também poderá expandir a ocorrência do mosquito em locais do território fluminense onde hoje é limitada por causa do frio, como a região serrana, o sul fluminense e o noroeste do estado.

“Provavelmente, até 2070, vai ser ampliada a população do estado exposta à dengue. Eu não posso falar que vai ter um aumento no número de infecções ou um aumento no número de mortes. O que posso dizer é que são desenvolvidas condições ambientais adequadas para um aumento da população do mosquito. Como aumenta o vetor, tem uma maior difusão do vírus e uma maior exposição da população ao vírus”, afirmou.

A publicação do estudo, em 2021, não encerrou a pesquisa, que continua coletando dados climáticos e sua relação com a ocorrência do Aedes aegypti. O professor Oscar Júnior coordena uma rede de estações que fazem monitoramento meteorológico e possuem ovitrampas (armadilhas para mosquitos).

A rede de monitoramento hoje funciona em cerca de dez estações no Grande Rio e nas regiões sul, serrana e dos Lagos. A meta é expandi-la para outras regiões do estado. Além de contribuir para o entendimento entre a relação do mosquito com o clima, o sistema poderá ser usado para alertar autoridades sanitárias sobre riscos de infestação de Aedes aegypti, através de relatórios periódicos.

“Através dessa rede de monitoramento, a gente quer criar um sistema de alerta para que a gente possa diuturnamente, semanalmente avaliar o risco de desenvolvimento do Aedes aegypti e, portanto, de infecção”, explica Oscar Júnior. “A gente acredita que esse sistema de alerta vai ser um produto útil e prático pra fornecer informações semanalmente para que sejam tomadas decisões e possam atuar em relação ao risco de um aumento do número de casos de dengue”.

A ideia é começar a emitir relatórios semanais, a partir dos dados coletados na rede de monitoramento, já no próximo semestre.

Segundo Oscar Júnior, independentemente da imunização da população contra a dengue, que deve começar neste mês em algumas cidades brasileiras, o monitoramento do mosquito continua sendo importante, não só por causa da dengue, mas também devido a outras arboviroses transmitidas pelo Aedes, como a zika, a chikungunya e a febre amarela.