Falta de atenção na escola, queixas por mau comportamento, atitudes pouco comuns para a idade. Nos dias atuais, esses e outros temas de caráter psicológico envolvendo crianças e adolescentes entram, não raro, no cotidiano das preocupações familiares e podem acabar nos consultórios médicos e – em muitos casos – nas farmácias. Caminho necessário? Ou um processo crescente de medicalização de questões não médicas em problemas médicos? O assunto, que vem mobilizando diferentes setores, é objeto do bate-papo ‘Medicação na infância e adolescência: abusos e necessidades’, que a Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ) e o Midrash Centro Cultural promovem, no dia 2 de maio.
O psicanalista da SBPRJ Miguel Calmon, um dos convidados para o debate, observa que na sociedade de hoje, onde aceleração do tempo é realidade, assim como a crença na possibilidade de tudo, os modelos de identificação vêm prontos e cada vez mais exigindo sua pronta realização. Em tal contexto, avalia ele, crianças e adolescentes podem não se enquadrar nos modelos desejados pelos pais.
“Penso que a medicalização excessiva da infância e da adolescência corresponde à expressão do desejo dos pais em poder modelar a identidade dos filhos como se fossem massinhas de modelar. Há algo de próprio e singular em cada um de nós que não tem como ser desconhecido, ou que se faz conhecer pela inadequação aos modelos”, pondera.
Para o antropólogo professor do Instituto de Medicina Social da UERJ Rogério Lopes Azize, também convidado para contribuir na discussão, o debate sobre o tema é urgente e necessário. “Se há uma medicalização excessiva da infância e da adolescência, ou de qualquer outra fase da vida, a quem se deve culpar: laboratórios farmacêuticos, médicos, família, escola, usuários, ou a complexa interação entre esses sujeitos?”, questiona, abrindo a conversa.
O bate-papo contará ainda com a participação da psiquiatra da infância e adolescência e professora do curso de Psiquiatria e Psicanálise com crianças e adolescentes do IPUB Juliana Pimenta, e a mediação de Monique Ribeiro de Assis, da SBPRJ.
Serviço
Bate-papo: ‘Medicação na infância e adolescência: abusos e necessidades’
Quando: 2 de maio, às 20h30
Local: Midrash Centro Cultural (Rua General Venâncio Flores 184, Leblon)
Inscrições: http://www.midrash.org.br/programacao/bate-papo-medicacatildeo-na-infancia-e-adolescencia-abusos-e-necessidades/2046
Valor: R$ 40
Informações: 2239-1800 / 2239-2222 (Midrash)