Nesta terça-feira (27), para celebrar o Dia Nacional da Doação de Órgãos, o Quinta D’Or promove uma caminhada solidária na Quinta da Boa Vista, com a participação de médicos, doadores e transplantados. A iniciativa é uma celebração à vida e também quer mostrar como a doação abre novos horizontes para quem recebe o órgão. Segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), atualmente mais de 51 mil pessoas aguardam na fila de espera por um órgão e 1.469 faleceram ao longo do primeiro semestre enquanto aguardavam por um transplante. Coordenador e cirurgião do transplante de fígado dos Hospitais da Rede D`Or, Lúcio Pacheco ressalta que é preciso sensibilizar mais a sociedade sobre a importância de autorizar a doação do órgão de um familiar. Ele observa que o desconhecimento sobre o processo ainda gera muitas dúvidas. “O percurso do órgão, desde a doação até o transplante, é composto por uma série de etapas que garantem a sua segurança e transparência. Cada consentimento familiar ajuda a salvar uma vida”, afirma. A caminhada começará às 10h e partirá do portão na Rua Almirante Baltazar. Após o ato, haverá uma missa de Ação de Graças na capela do hospital.
Pela primeira vez em mais de 30 anos de carreira, o hematologista Vanderson Rocha vai atender no Rio de Janeiro. Professor Titular de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular da Universidade de São Paulo, consultor de Hematologia na Universidade de Oxford, no Reino Unido, e coordenador médico nacional de Transplante de Medula Óssea/Terapia Celular na Rede D’Or São Luiz, em São Paulo, Vanderson vai reforçar a equipe da Oncologia D’Or e atender às sextas-feiras na São Vicente. Em meio aos diversos impactos provocados pela pandemia, como afastamento de pacientes de consultas e exames de diagnóstico precoce, o hematologista alerta que é preciso que as pessoas voltem a doar sangue. “A transfusão de sangue salva vidas em cirurgias de emergências, mas também de pacientes oncológicos, principalmente os oncohematológicos”, afirma.
Vanderson relata que a pandemia provocou uma queda expressiva no número de doações nos hemocentros, que chega a variar de 15 a 30%. No caso dos pacientes com cânceres hematológicos, como leucemia, a doação é ainda mais essencial, pois a demanda por transfusão costuma ser maior, porque a doença se origina na medula óssea, região onde o sangue é produzido. “É preciso reforçar para a sociedade como é importante o ato de doar sangue”, destaca.
A pandemia ainda afetou a realização de transplante de doações de medula. Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, de janeiro a junho deste ano foram realizados, houve uma queda em torno de 17% de 2019 (3.805) para 2020 (3.195). Felizmente, os números deste ano já demonstram uma retomada, de janeiro a junho foram realizados 1.583 transplantes de medula contra 1.302 no mesmo período do ano passado. “Aos poucos estamos retomando o fluxo de antes da pandemia”, observa.
Terapia celular
Vanderson também chega ao Rio com uma importante missão, liderar a futura unidade de Transplante de Medula e de Terapia Celular da São Vicente, que será inaugurada no ano que vem. “Vamos ser um centro de referência no país”, afirma o hematologista, que aponta que o futuro dos tratamentos hematológicos são as terapias celulares avançadas, como a chamada CAR-T Cells. Elas são células de defesa do organismo, que são extraídas e moldadas em laboratório para combaterem o tumor. Depois, são infundidas de volta ao paciente, ou seja, agem reprogramando as próprias células do paciente contra a doença.
Ele fala sobre o futuro da hematologia com conhecimento de causa. Em paralelo às consultas e cirurgias, o hematologista desenvolve um vasto trabalho de pesquisa. Ele já publicou mais de 300 artigos científicos, coordenou o grupo de leucemias do grupo europeu de transplante de medula óssea e desenvolveu estudos sobre de transplante simples e duplo de células do cordão umbilical. “Hoje, sem dúvida nenhuma, a terapia celular avançada é a esperança para pacientes com leucemia, linfoma ou mieloma que não respondem aos tratamentos tradicionais, como quimioterapia e transplante de medula”, afirma.
A doação de rim de uma mãe para filha foi o primeiro caso de transplante de órgão realizado no Glória D’Or. A cirurgia foi realizada pela equipe do urologista Ricardo Ribas. A paciente recebeu alta, quarta passada. Ela estava há quase dois anos na lista de espera por um órgão, mas eram baixas as chances de encontrar um doador falecido compatível.
Felizmente, ela pode receber o órgão doado pela mãe. Outros 30 pacientes já estão cadastrados no programa de transplante do Glória D’Or, que tem investido para se tornar um centro de referência no Brasil. Atualmente são mais de 25 mil pessoas a espera por um rim no país, o que representa cerca de 57% do total de pacientes na fila por um transplante.
Um pequeno guerreiro! Essas são palavras que melhor descrevem o jovem Vicente Carneiro Teixeira de apenas 8 anos. Após 40 dias de internação, ele finalmente está em casa. Vicente foi a primeira criança a realizar no Hospital Unimed Volta Redonda um transplante de medula óssea infantil alogênico, não aparentado, ou seja, o doador foi encontrado no exterior pelo Redome – Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea, e não possuía nenhum grau de parentesco com o pequeno paciente.
– Encontraram duas pessoas no mundo compatíveis 90% com ele. A doadora estava disposta a fazer o transplante mesmo na pandemia. Nós estamos levando essa mensagem, sobre a importância das pessoas se cadastrarem no Redome e ficarem disponíveis para um dia, quem sabe, alguém precisar. Além da importância de sermos doadores de sangue. Durante a internação, Vicente recebeu transfusões de hemácias e plaquetas – contou Dora Antunes Carneiro, mãe de Vicente.
Vicente é portador de Linfohistiocitose Hemofagocítica Isolada do Sistema Nervoso Central Familial Tipo 2 – doença hematológica genética, rara, que se manifesta principalmente na infância. Como a enfermidade é uma mutação genética, a indicação para o transplante era buscar um doador não aparentado.
– Esse foi o nosso primeiro transplante infantil não aparentado. Foi um sucesso e estamos muito felizes. Isso só reforça o nosso compromisso em cuidar da saúde e bem-estar das pessoas. Estamos preparados para atender casos de alta complexidade e vamos continuar investindo cada vez mais em estrutura, segurança e na profissionalização de nossos médicos cooperados e colaboradores – declarou o presidente da Unimed Volta Redonda, Dr. Luiz Paulo Tostes Coimbra.
Em 2018 Vicente começou a apresentar os primeiros sintomas: a doença foi manifestada por lesões cerebrais que provocaram perda equilíbrio motor, fala arrastada e olhar vago. Foram quatro internações na UTI pediátrica naquele ano. Profissionais do Brasil e do exterior avaliaram os exames do pequeno paciente. O diagnóstico chegou quase 1 ano depois, após a realização de um teste genético que Vicente e seus pais, Dora e Marco Túlio, também foram submetidos.
Em 2020 começaram as sessões de quimioterapia no Hospital Unimed Volta Redonda. Era necessário destruir a medula enferma e iniciar o transplante. O caso de Linfohistiocitose Hemofagocítica Familial é raro. Depois de dois anos de tratamento e 40 dias de internação para realizar o transplante de medula, a família espera levar a mensagem de cura a outras pessoas.
– Vimos que estávamos em boas mãos, em mãos seguras, que não precisávamos ir para o Rio de Janeiro. Imagina estar isolada no Rio, na pandemia, longe do marido, dos filhos, dos amigos. Vicente já passou por muita coisa. Foi muito sofrimento, graças a Deus pudemos fazer o tratamento em Volta Redonda. O caso do Vicente abriu portas para outras crianças. A gente quer ser testemunho e esperança para outras pessoas. Ainda temos uma trajetória pela frente de pós-transplante – disse Dora.
A regionalização dos atendimentos, para que as pessoas não tenham que se deslocar para os grandes centros é, há 10 anos, um dos grandes objetivos do Hospital Unimed Volta Redonda. Lembrando que para se tornar um doador basta procurar o hemocentro do estado e agendar uma consulta. Mais informações pelo site: http://redome.inca.gov.br.
Vida nova
Em novembro, durante a internação e antes do transplante, o Vicente – que é fã̃ do cantor sertanejo Zé Felipe e da namorada dele, a influenciadora digital Virginia Fonseca – gravou um vídeo para uma rede social onde dançava ao lado dos profissionais de saúde a música do ídolo Só Tem Eu. O vídeo alcançou dezenas de compartilhamentos, chamou a atenção da dupla e o pequeno recebeu até uma mensagem de resposta. No dia da alta e com a notícia da pega da medula, mais uma surpresa preparada para Vicente por parte da equipe do Hospital Unimed Volta Redonda, dessa vez, uma comemoração.
– Foi tão bonito o dia da alta, fizeram uma festinha para o Vicente. Colocaram a música do cantor Zé Felipe. Isso tudo fez a diferença, ele ficou leve e se sentiu importante. Vicente queria ficar famoso para ser exemplo de superação e luta. Cresceu na fé, na confiança e na maturidade. Queria mostrar para as outras crianças que é importante ter esperança, ter fé e lutar. Queria que as outras crianças tivessem a mesma força que ele teve para também saírem vitoriosas – relembrou a mãe do paciente.