Cremerj aponta que a cada 3 dias um médico é agredido no estado do Rio
Dados são do Portal da Defesa Médica

Da Agência Brasil

O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) divulgou um levantamento nesta segunda-feira (24) apontando que, a cada três dias, um médico sofre algum tipo de agressão durante a atividade profissional no estado. Os dados são do Portal da Defesa Médica, lançado pelo Cremerj em novembro de 2018, com a finalidade de agir com rapidez em casos mais graves, como de agressão e de exercício ilegal da medicina.

Com relação aos casos de violência durante a atividade profissional, o Portal da Defesa Médica contabilizou, entre dezembro de 2018 e junho deste ano, 546 ocorrências de médicos que sofreram algum tipo de agressão, seja ela física ou verbal. A situação nas unidades públicas é a mais complicada. Do total de casos contabilizados, 67% aconteceram nessa rede.

O documento aponta que 75 médicos foram agredidos fisicamente no ambiente de trabalho, de dezembro de 2018 a junho de 2023. O caso mais recente aconteceu com a médica Sandra Bouyer, que levou socos e pontapés durante o plantão no Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá, na zona norte da capital, no dia 16 deste mês. Enquanto Sandra estava sendo agredida, uma paciente, de 82 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória e não pôde ser socorrida pela médica. A paciente foi a óbito. Já Sandra precisou levar pontos na boca e teve escoriações pelo corpo.

Médicas, as principais vítimas

A maioria das agressões registradas pelo Cremerj ocorreu contra mulheres – em torno de 61% dos casos. Somente este ano, de janeiro a junho, 62,5% dos episódios envolveram médicas.

“Os números são preocupantes. É inadmissível que um médico seja agredido durante o seu exercício profissional. O que vimos nesta semana, quando uma médica foi covardemente agredida, infelizmente não foi pontual. Por isso, estamos buscando meios para aumentar a segurança para os médicos em seu ambiente de trabalho”, afirma o presidente do Cremerj, Guilherme Nadais.

O Cremerj vem atuando para garantir segurança para os médicos no ambiente de trabalho. Com o Portal da Defesa Médica, o conselho oferece aos profissionais que registram a violência sofrida em sua plataforma orientação sobre como proceder nessas situações.

Em junho, o Cremerj aprovou uma resolução que determina que todas as unidades de saúde do estado do Rio de Janeiro forneçam segurança para garantir a integridade física dos médicos e demais profissionais que atuam nesses estabelecimentos. A normativa também torna compulsória a notificação ao conselho sobre a ocorrência de violência contra médicos dentro desses estabelecimentos e indica também que seja oferecido apoio administrativo e psicológico à vítima.

Em sessão do STF, Cármen Lúcia destaca violência persistente contra a mulher

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, disse hoje (8) que o Dia Internacional da Mulher é um dia de reflexão sobre o que fazer para combater a violência contra a mulher. A manifestação da ministra foi motivada pelas homenagens recebidas pelos colegas durante a sessão da Corte.

Na sessão desta tarde, Cármen Lúcia citou casos que acompanhou no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que também preside, onde ouviu relatos de mulheres que foram espancadas por seus companheiros por decidirem terminar o relacionamento. A ministra também citou uma situação vivida por uma juíza de uma vara de violência doméstica em São Paulo que foi agredida por um homem após decretar medidas protetivas contra ele com base na Lei Maria da Penha.

Aos colegas, a ministra disse que os tempos atuais mostram como as mulheres estão sofrendo. “Leio Dostoevsky desde os 14 anos de idade, e nunca li nada do que tenho lido nos processos que todos nós juízes leem, mas certamente a leitura que nós fazemos hoje da vida é muito diferente, até pela solidariedade, que ainda é muito rara com as mulheres. Continuamos sendo seres vulneráveis, seres que respondem por esta vulnerabilidade por uma única circunstância, somos mulheres. Ninguém reagiria, talvez, com a violência de tentar, com um pedaço de pau, dizer que você não passa de um bicho e, por isso, merece morrer como tal”, disse a ministra.

Danos da violência

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João Basilio é advogado

O crescimento das taxas de violência e a sensação cada vez maior de vulnerabilidade entre os cariocas provam que são necessárias mudanças na política de segurança. Furtos, roubos de carro, assassinatos etc. É difícil encontrar algum índice que não tenha crescido no último ano. Ainda mais no momento em que o estado enfrenta uma grave crise econômica e a violência afasta possíveis investimentos e prejudica diretamente o comércio. Princípios fundamentais presentes na Constituição, como o da dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa, os direitos fundamentais, como o da livre locomoção, não estão garantidos frente à ineficiência do poder público ante o caos no Rio.

Nos bairros onde as taxas são mais alarmantes, principalmente nas zonas Norte e Oeste, o cenário desvaloriza imóveis e encarece serviços e produtos. Como bem foi relatado pelo GLOBO, em recente matéria da jornalista Daniela de Paula, quem mora na Pavuna, por exemplo, chega a pagar 395% a mais no seguro de carro que um morador de Copacabana. São as regras do mercado. Onde o risco de roubo é maior, o preço do serviço também o será. O que não é admissível é a empresa se negar a vender o produto devido à localização do bairro em que reside o cliente. Isso é discriminação, proibida por lei.

Porém, enquanto a população observa ações policiais apenas pontuais, por exemplo, o caso do confronto entre facções na Rocinha, o investimento da vida de muitas pessoas se desvaloriza. Aqueles que lutaram durante anos para ter a casa própria agora lidam com a realidade de ver seu imóvel com o valor, dependendo do bairro, reduzido em até 30% em relação ao de quando foi comprado. Para não ficar com o imóvel vazio, proprietários estão diminuindo em 35% o valor do aluguel e abrindo mão de exigências tradicionais, como fiador e pagamento adiantado dos primeiros meses.

Fato é que o combate à violência deveria ser prioridade do poder público, pois o impacto vai além das estatísticas feitas pelo Instituto de Segurança Pública e se reflete diretamente no dia a dia da população. Sofremos com o risco de sermos assaltados ou mesmo de incerteza quanto a voltarmos em segurança para casa. Também sentimos no bolso o peso do descontrole da criminalidade. Para as empresas, a solução é investir em segurança privada, seja contratando vigilantes ou adquirindo equipamentos. Somente este ano, segundo o Clube de Diretores Lojistas, a violência resultou em gastos de mais de R$ 990 milhões. Como se sabe, os custos a mais influenciam no preço ao consumidor. É o impacto invisível, ou seja, não estatístico, da situação caótica do Rio na carteira do cidadão.

Enquanto a população não estiver certa de que há, realmente, planejamento e estratégia na política de segurança do Rio, dificilmente a situação mudará. A curto prazo, evidencia-se, o cenário continuará a dificultar o esforço para que a economia do estado volte a crescer. É preciso compromisso dos governantes para que os princípios e direitos constitucionais sejam efetivos, e o quadro socioeconômico melhore.

Prejuízo do comércio pode ultrapassar R$ 300 milhões no ES

Lojas ficaram fechadas por causa da onde de violência

A crise na segurança pública no Espírito Santo trouxe prejuízos que podem passar dos R$ 300 milhões aos lojistas nesses dias de portas fechadas. A estimativa é da Federação do Comércio e Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES).

O valor não inclui as depredações e os assaltos: pelo menos 300 lojas foram saqueadas e depredadas e o prejuízo calculado nesses casos gira em torno de R$ 30 milhões. Só na capital capixaba, 200 lojas sofreram ataques desde o último dia 4. As lojas mais visadas são as que vendem eletrodomésticos, joias e roupas.

Com a paralisação da Polícia Militar e o clima de insegurança nas ruas, estima-se prejuízo no comércio do estado em torno de R$ 45 milhões por dia com as lojas fechadas. O levantamento, realizado pela Fecomércio, considera o PIB do comércio do Espírito Santo diário como o valor máximo que poderia ser perdido em um dia parado e a quantidade de dias úteis perdidos.

Além do comércio, outros setores tiveram perdas, como serviços e turismo. Segundo a Fecomércio, no caso do turismo, houve cancelamento de reservas de hotéis e de eventos importantes, como o da 43ª Feira Internacional do Mármore e Granito que tinha expectativa de receber 25 mil visitantes.

A Fecomércio-ES irá disponibilizar um fundo de R$ 1 milhão aos micro e pequenos empresários, que necessitarem fazer reparos emergenciais nos estabelecimentos que sofreram depredação durante a paralisação da Polícia Militar, sejam eles filiados ou não aos sindicatos.

“Estamos conversando hoje com nosso departamento jurídico para saber como vamos proceder. Os casos serão analisados individualmente e não serão cobrados juros e correções no pagamento do crédito. Os empresários terão até 90 dias para quitar o empréstimo. A princípio, estamos fazendo contatos com o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal para alinhavar procedimentos para esses adiantamentos”, disse o presidente da instituição, José Lino Sepulcri.

Comércio popular

No principal centro de comércio popular do município da Serra, na região metropolitana de Vitória, as lojas reabriram as portas desde sábado (11) em horário reduzido. Com o retorno do transporte público, o movimento voltou a ser intenso nesta segunda-feira (13) na região.