Mortes por câncer no Brasil aumentaram 31% na última década
Envelhecimento da população, sedentarismo, obesidade e má alimentação estão relacionados ao aumento da perda de vidas

 

Do Estadão

O número de brasileiros que morreram de câncer  aumentou 31% de 2010 a 2019— foi um salto de 178.990 para 235.301. Os dados, tabulados pelo Estadão a partir do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, mostram que os tumores com maior número de vítimas no País foram os de pulmão, intestino e mama.

“O aumento de casos de câncer na população brasileira é multifatorial. Além do próprio aumento populacional em uma década, temos também o envelhecimento da população, o aumento de forma exponencial da obesidade, o aumento da incidência de doenças crônicas, além de maior sedentarismo da população e exposição a mais fatores de risco, como tabaco e álcool. O consumo excessivo de gorduras saturadas e produtos industrializados que se tornaram mais acessíveis à nossa população também influencia”, diz o cirurgião oncológico Gustavo Cardoso Guimarães, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica, que também atua como coordenador dos departamentos cirúrgicos oncológicos da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Oncologista da clínica Onco Star e do Hospital São Luiz Itaim, da Rede D’Or São Luiz, Maria Del Pilar Estevez Diz acrescenta à lista de fatores que explicam o aumento dos casos de câncer “a crescente urbanização, com mudanças do estilo de vida, como sedentarismo e obesidade, além da maior exposição a carcinógenos”. Estudos mostram, por exemplo, que a poluição do ar, muitas vezes ignorada, pode contribuir para o desenvolvimento dos tumores.

O rastreamento do câncer, segundo Maria Del Pilar, é outro gargalo que precisa ser enfrentado, para que os casos possam ser tratados mais cedo, em última análise. “Nossos programas dependem da busca espontânea de pacientes ou da busca ativa dos agentes de saúde. Não temos um sistema organizado e individualizado que seja capaz de buscar indivíduos que não aderiram ao rastreamento ou que não estejam seguindo os intervalos propostos de acompanhamento”, afirma a médica. As dificuldades, explica a oncologista, surgem principalmente em alguns tipos de tumor, como o de colo de útero, de mama e o colorretal. “Outra questão importante é com relação às medidas de promoção de saúde para redução de risco de câncer.” A ciência atesta que o combate ao sedentarismo e à obesidade, com a diminuição da ingestão de gorduras e aumento do consumo de fibras, é prática saudável contra o câncer. Assim como a redução do tabagismo e do álcool.

“Estima-se que por volta de 2030 o câncer seja a primeira causa de mortalidade no mundo”, diz a médica patologista Kátia Moreira Leite, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia. Um dos motivos que estão por trás disso, segundo a médica, é na verdade um paradoxo. As pessoas estão vivendo mais, principalmente por causa do avanço das tecnologias e das drogas para tratar problemas cardiovasculares. “Como a mortalidade por doenças cardiovasculares e infecciosas diminuiu, abre-se uma maior probabilidade de o indivíduo viver um tempo maior e, então, ter a capacidade de desenvolver um câncer”, diz Kátia.

Desigualdade social

As grandes diferenças socioeconômicas que existem no Brasil mostram quadros bem distintos em relação ao câncer, a depender da região que se investiga. De acordo com um levantamento realizado pelo Estadão, tumores facilmente evitáveis matam mais nos Estados mais pobres da Federação. Na Região Norte, o câncer de colo de útero é o terceiro que mais mata — no ranking nacional, ocupa a 12ª posição.

A oncologista Andréa Gadelha, coordenadora do EVA – Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos, ressalta que tal cenário é decorrente do acesso às redes de saúde, além de desigualdades tanto sociais quanto culturais. “A principal causa do câncer de colo de útero é o HPV, o papilomavírus humano, mas, para isso, existe vacina que deve ser tomada. Meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos podem ser vacinados gratuitamente pelo SUS”, frisa Andréa.

Outro ponto fundamental é a realização periódica do exame preventivo do papanicolau. “A rotina recomendada é a de repetição do exame a cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados com um intervalo de um ano”, explica a médica, ressaltando que se trata de recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na Bahia, o tumor que mais mata é o de próstata, também evitável por exames de rotina. “É recomendável fazer exames de PSA [antígeno prostático específico] e do toque retal a partir dos 50 anos. Quando há histórico familiar ou pacientes com mais risco, isso deve começar aos 45 anos”, explica Gustavo Guimarães.

Outro tumor evitável que afeta mais a Região Nordeste do País é o câncer de pênis. O Maranhão tem a maior incidência do mundo — 6,1 casos por 100 mil habitantes, enquanto em países europeus se trata de um câncer que afeta de 0,1 a 1 caso por 100 mil habitantes.

“É um carcinoma relacionado à falta de higiene e de acesso ao sistema de saúde, deixando a população carente mais exposta”, diz Kátia Leite. “Metade dos casos está relacionada à infecção pelo HPV, outra metade pela precariedade de higiene, e isso é um problema sério no Brasil.” De acordo com a médica, enquanto esse câncer em geral costuma atingir uma população na faixa dos 60 a 65 anos em termos mundiais, no Brasil é recorrente o diagnóstico ser feito em pacientes entre 30 e 35 anos.

Rotina saudável faz a diferença

É possível reduzir as possibilidades de desenvolver câncer, com mudanças de hábito e acompanhamento médico constante. “Os cuidados que devem ser tomados vão desde a prática regular de exercícios físicos a uma alimentação mais saudável, rica em frutas, verduras e legumes, passando pela cessação do tabagismo e diminuição ou cessação do consumo de álcool”, aponta o cirurgião oncológico Gustavo Guimarães, do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica. “A visita regular ao seu médico é muito importante para a definição exata de quais exames devem ser feitos de acordo com a faixa etária e os fatores de exposição a riscos”, explica o médico.

De modo geral, a oncologista Maria Del Pilar Estevez Diz, da clínica Onco Star, lembra que é importante aderir aos programas de rastreamento e às vacinas preventivas disponíveis no Programa Nacional de Vacinação, como a da Hepatite B e do HPV. Prestar atenção ao corpo também é importante, ressalta a médica. “É bom procurar o serviço de saúde se houver alterações persistentes. Além disso, indivíduos que tenham vários casos de câncer na família devem também procurar avaliar se têm um risco aumentado de desenvolver a doença.”

Em geral, recomenda-se a mamografia a partir dos 50 anos de idade, o papanicolau a partir dos 24 anos de idade, e a colonoscopia ou pesquisa de sangue oculto nas fezes a partir dos 50 anos de idade, para citar alguns exemplos de exames periódicos preventivos que devem ser realizados. Mas, é claro, segundo os especialistas, apenas um médico saberá avaliar, considerando o histórico familiar e os fatores de risco, a hora certa de se fazer esses vários exames de rotina.

Webinar discutirá o futuro do Ensino na Saúde
Evento terá transmissão no canal do Youtube

 

 

Da Redação

Na próxima sexta-feira, dia 30 de julho, às 17h, a Iniciativa FIS (Fórum Inovação e Saúde) realizará o Webinar O Futuro do Ensino na Saúde – o que a pandemia tem ensinado. A proposta do evento é trazer um debate sobre os caminhos que o ensino no setor irá tomar na pós-pandemia da Covid-19 e quais lições podem ser tiradas para a Educação da Saúde.

A educação remota começou a ser uma tendência desde o ano passado. Ela foi um caminho utilizado para continuar com as aulas que antes eram presenciais e sofreram restrições por conta da pandemia. Para o pesquisador Associado ao Centro de Estudos e Estratégicos da Fiocruz, Luiz Santini, a incorporação de novas tecnologias podem representar um aliado importante no avanço da educação na área de Saúde, mas tendo também sempre uma visão adequada de sua utilização e disponibilidade de recursos.

Para o VP Innovation & Digital Services AFYA, Julio De Angeli, acredita numa tendência em juntar as práticas médicas tanto presenciais quanto um aprendizado mais virtual. “A pandemia mostrou que cada vez mais, a gente está caminhando para um formato híbrido de ensino. Prática médica acontece, tem que acontecer, mas tendo o aluno a oportunidade olhar conteúdos online, sendo vídeo aulas, podcasts, simulados e questões”, concluiu.

O neurocientista e pesquisador do Instituo D’Or, Roberto Lent, a discussão sobre o que será feito no final da pandemia é essencial. Segundo Lent, avaliar as perdas, ganhos e planejar uma saída da crise é importante para dar a “volta por cima”. E segue o mesmo pensamento de Julio De Angeli, que a migração para uma modalidade híbrida possa ser o caminho a ser utilizado daqui para frente. Mas ressalva que o ensino presencial seja composto por competências socioemocionais e humanas. Já a modalidade remota, seria para a aquisição de informações de conteúdo cognitivo.

De acordo com o presidente da Iniciativa FIS,Dr.Josier Vilar, a atual situação mostrou uma necessidade de melhorar o setor e ,ao mesmo tempo, um desafio para o ensino na Saúde. “O maior desafio que a pandemia de Covid-19 nos revelou, foi superar a deficiência de qualificação profissional na saúde brasileira. Então, qualificar profissionais de Saúde para o mundo digital é o maior desafio que o setor exige de todos nós”, enfatizou.

Vale ressaltar que o Webinar será gratuito e contará com a presença da médica e reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Lúcia Pellanda, Julio De Angeli, Luiz Santini e Roberto Lent. O mediador será o Dr.Josier Vilar. O evento terá transmissão no canal do Youtube da Iniciativa FIS: https://bit.ly/3kYrmrz

Serviço:

Webinar: O Futuro do Ensino na Saúde – o que a pandemia tem ensinado

Data: 30/07/2021

Horário: 15h (Horário de Brasília).

Carinho especial com as futuras mamães
Hospital realiza o ensaio fotográfico de duas pacientes que ficaram internadas nos últimos meses da gravidez

 

 

 

Da Redação

Os pequenos Bruna e Vicenzo nasceram faz menos de um mês no Hospital Unimed Volta Redonda. Mas antes mesmo de chegarem ao mundo, foram as estrelas de um ensaio fotográfico junto de suas mães Adrihelle Teixeira Ventura Ferraz e Daniela Zanoni Bausen.

Ser fotografada durante a gestação é um sonho para muitas gestantes. Mas as duas mães passaram os últimos meses de gravidez internadas no hospital e não imaginavam que a própria unidade seria o cenário para o tão esperado álbum de fotos. “Foi uma grande surpresa para mim. Dois dias antes do ensaio, me disseram que faríamos algumas fotos, mas não imaginava que seria um fotógrafo. Minha família trouxe vestido e maquiagem de Seropédica para mim. Foi um momento especial e só tenho a agradecer essa oportunidade”, lembra Daniela.

A mãe de Vicenzo ficou internada por dois meses. Com trombofilia, Daniela já tinha passado pela perda de um bebê na primeira gestação e agora necessitava de repouso absoluto e um rígido monitoramento no ganho de peso do filho durante a gestação. “Ter meu filho é meu sonho e para realizá-lo precisei de uma equipe muito grande. Parte dos profissionais viveu junto comigo a perda do primeiro bebê e agora estão vivendo esse sonho, essa nova história. Eles chegaram para somar”, contou.

O ensaio foi pensado pela equipe do Hospital Unimed Volta Redonda como uma ação de humanização para as gestantes que não tiveram a oportunidade de serem fotografas antes da internação. O fotógrafo Anderson Carlos Duarte de Oliveira se comoveu com as histórias, foi voluntário e conduziu as duas sessões fotográficas.

Essa ação reforça o Jeito Unimed de Cuidar, cultura organizacional assumida pela Cooperativa nas relações com médico cooperado, colaborador, cliente, fornecedor e sociedade como um todo. Com os pilares Gentileza, Respeito e Competência, o JUC investe em ações como celebração de datas comemorativas, de pega da medula e comemoração de aniversários contribuindo assim para uma experiência hospitalar mais agradável, uma recuperação mais rápida e suavizar os tratamentos.

Anvisa suspende autorização de importação da vacina Covaxin
Decisão foi tomada de forma unânime

 

Da Agência Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu cautelarmente a autorização excepcional e temporária para importação e distribuição da vacina Covaxin, usada contra a covid-19. A decisão foi tomada hoje (27), em Brasília, de forma unânime pela diretoria colegiada da agência. A solicitação de importação foi feita pelo Ministério da Saúde.

Em nota, a Anvisa informou que a decisão foi tomada após ter sido comunicada pela empresa indiana Bharat Biotech que “a Precisa Medicamentos não possui mais autorização para representar a Bharat, fabricante da vacina Covaxin no Brasil”.

Segurança jurídica e técnica

Ainda segundo a agência, a medida prevalecerá até que “sobrevenham novas informações que permitam concluir pela segurança jurídica e técnica” da manutenção da deliberação que autorizou a importação.

Relator da matéria, o diretor Alex Machado Campos disse que a perda de legitimidade da Precisa Medicamentos para atuar junto à Anvisa pode influenciar no cumprimento dos requisitos e condicionantes da importação.

“A decisão levou em conta ainda notícias de que documentos ilegítimos podem ter sido juntados ao processo de importação, o que pode impactar as conclusões quanto aos aspectos de qualidade, segurança e eficácia da vacina a ser utilizada na população nacional”, concluiu a Anvisa.