Fiocruz entrega 728 mil doses de vacina contra covid-19
Imunizantes serão entregues ao Ministério da Saúde

 

Da Agência Brasil

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou hoje (26) que está entregando ao Ministério da Saúde um carregamento de 728 mil doses de vacina de Oxford/AstraZeneca, produzida pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos).

Na próxima semana, a Fiocruz deve entregar mais 2,1 milhões de doses da vacina contra a covid-19, totalizando 3,9 milhões no mês de março.

Insumos

A Fiocruz informou ainda receberá amanhã (27) mais duas remessas do ingrediente farmacêutico ativo (IFA), insumo usado na produção de vacinas, suficientes para produzir 12 milhões de doses. Na próxima semana, está prevista mais uma carga de IFA para a produção de 5 milhões de vacinas.

Somando-se à remessa recebida ontem, a Fiocruz conseguirá entregar mais 23 milhões de doses da vacina AstraZeneca. As vacinas produzidas com esses insumos deverão ser repassadas ao Ministério da Saúde nos meses de abril e maio deste ano.

Falta de medicamentos vai colapsar atendimento nos hospitais
FBH cobra ação do Ministério da Saúde

 

Morato: “O desabastecimento é uma realidade em toda a rede hospitalar”

 

Da Redação

O presidente da Federação Brasileira de Hospitais, Adelvânio Francisco Morato, alerta que a iminente falta de medicamentos pode provocar um verdadeiro colapso na rede hospitalar. Segundo ele, nos próximos dias já haverá hospitais sem itens necessários do chamado “kit intubação”. A escassez dos insumos vai impedir não somente o atendimento a pacientes com Covid, mas também a qualquer cirurgia de emergência ou urgência. Morato observa que não vai adiantar abrir leitos, pois não haverá como atender os pacientes.

A escassez é de medicamentos básicos para intubação, como Midazolan, Fentanil, Rocurônio e Propofol, entre outros. Para piorar o cenário, houve aumentos abusivos dos preços de alguns dos itens e o Ministério da Saúde vem cerceando a aquisição pelos hospitais privados, bem como retendo a produção direto na indústria.

“O desabastecimento é uma realidade em toda a rede hospitalar e vai impactar em todo o serviço de UTI e emergência, inclusive em pacientes crônicos renais, cardiopatas, AVC, entre outros. O risco é ter um aumento ainda maior do número de mortes nos próximos dias. Os médicos não poderão fazer nada”, lamenta Morato.

Para o presidente da FBH, é urgente que o Ministério da Saúde tome uma atitude para mudar essa situação. Morato explica que a Federação já vinha alertando sobre esse possível cenário há semanas, pois a pandemia provocou um alto consumo desses medicamentos. “Há um descompasso entre as ações do Ministério da Saúde e a realidade nos hospitais. É preciso agir rapidamente para evitar mais mortes”, afirma Morato.

Ele ainda alerta que a falta de medicamentos vai pressionar ainda mais os profissionais de saúde que estão na linha de frente no combate ao Covid e que já sofrem com a fadiga e o cansaço provocados pelo trabalho intenso nessa pandemia.

Pesquisa alerta que pais adiaram vacina contra meningite na pandemia
Percentual foi maior na Europa, com 56%, enquanto no Brasil, foram 50%

 

Da Agência Brasil

O receio de contrair covid-19 e as restrições para prevenir a doença estão entre os motivos que levaram cerca de metade dos pais entrevistados por uma pesquisa da farmacêutica GSK a não vacinarem seus filhos contra a meningite desde o início da pandemia. Os dados foram coletados em oito países e divulgados hoje (24) pela farmacêutica, que fornece a vacina meningocócica C para o Programa Nacional de Imunizações e as vacinas meningocócica C, B e ACWY para a rede privada no Brasil. 

O estudo ouviu 4,9 mil responsáveis no Brasil, Alemanha, Argentina, Austrália, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido. Os pais americanos tinham filhos de 11 a 18 anos, enquanto os demais, de 0 a 4 anos. No Programa Nacional de Imunizações do Brasil, a primeira dose da vacina meningocócica C é indicada aos 3 meses, com uma segunda dose aos 5 meses e um reforço aos 15 meses. Para adolescentes de 11 e 12 anos, é oferecida a meningocócica ACWY, que previne contra as bactérias do tipo A, C, W e Y.

Apesar de 94% dos responsáveis considerarem que a vacina contra meningite é importante, 50% adiaram ou suspenderam a vacinação durante a pandemia de covid-19. O percentual foi maior nos países europeus, com 56%, enquanto no Brasil a taxa foi de 50% de responsáveis nessa situação.

Ao listar as razões para não ir ao posto de vacinação, 63% apontaram as medidas de isolamento social e confinamento, 33% mencionaram o medo de contrair covid-19, e 20% disseram ter suspendido ou adiado a vacinação porque eles mesmos ou algum membro da família teve covid-19.

No caso do Brasil, 72% dos que não foram apontaram as restrições para a prevenção da covid-19 como uma das causas, enquanto 45% afirmaram ter medo de ser infectados pelo novo coronavírus, o maior percentual entre todos os países. 19% dos entrevistados disseram ainda que não levaram seus filhos para se vacinarem contra a meningite porque contraíram covid-19 ou tiveram que cuidar de alguém com a doença.

Nos oito países pesquisados, ainda que 77% dos entrevistados pretendam se reorganizar para colocar a vacinação em dia, 11% declararam que não levarão os filhos para a vacinação por medo de contrair covid-19.

Ao participar do lançamento da pesquisa, o diretor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Marco Sáfadi, alertou que a hesitação em vacinar crianças contra a meningite durante a pandemia pode provocar surtos da doença quando elas retomarem as aulas presenciais e reencontrarem amigos e familiares sem estarem imunizadas.

“A mensagem mais importante é que vacinação é uma atividade essencial. Precisa ficar muito claro para a população que é preciso deixar a vacinação em dia para prevenir não apenas a meningite, mas várias outras doenças”, afirma ele, que avalia que o risco de não vacinar é muito maior do que o de levar os filhos a um posto de vacinação durante a pandemia. “Clínicas e postos de vacinação são lugares em que medidas de segurança muito importantes foram adotadas”.

Os dados da pesquisa reforçam a preocupação com a queda na imunização, já que os pais ouvidos pela pesquisa preveem que seus filhos retomem atividades que geram contato social com o fim das restrições provocadas pela pandemia. 63% esperam o retorno presencial à escola e 76% preveem encontros com amigos e familiares. Sem estarem vacinados, as crianças e jovens podem estar expostos a contrair meningite, que tem formas de transmissão semelhantes às da covid-19.

Doença grave e rápida

Considerada rara, a doença meningocócica invasiva (DMI) evolui de forma rápida e chega a causar a morte de um em cada dez pessoas que a contraem, deixando duas com sequelas físicas e neurológicas graves. Foi o caso do economista Pedro Pimenta, de 30 anos, que teve os dois braços e as duas pernas amputados quando, aos 18 anos, teve meningococcemia, uma infecção generalizada associada à bactéria causadora da meningite.

“Na hora do almoço, eu estava bem, 100%, e, na hora do jantar, eu estava quase morrendo”, lembra Pedro, que teve uma infecção generalizada que levou seus quatro membros a gangrenarem após um coma induzido de uma semana, o que exigiu a amputação acima dos joelhos e dos cotovelos e dificultou sua reabilitação e uso de próteses.

“A sensação foi de um rompimento da minha identidade. Quando você se olha no espelho e vê que aquele é o Pedro que jogava bola terça e quinta e que levava o violão na viagem com os amigos, é chocante”.

Com o suporte dos amigos e da família, ele atravessou um caminho de muitos obstáculos até conseguir se adaptar ao uso de próteses e passou a realizar palestras em defesa da vacinação contra a meningite e sobre a reabilitação de pessoas amputadas. A experiência e o engajamento no último tema o levaram a montar uma clínica com um sócio em São Paulo, projeto que ele sonha tornar uma referência no país.

Já na luta em prol da imunização, Pedro Pimenta vê crescer o número de fake news contra os imunizantes em meio ao intenso noticiário sobre as vacinas contra covid-19 e teme que o impacto desse problema chegue às outras vacinas, como as que previnem as diferentes formas de doença meningocócica.

“O PNI [Programa Nacional de Imunizações] é premiado e temos que ter muito orgulho, porque isso não foi conquistado com uma propagandazinha na TV. São décadas, de pais para filhos, de informações nos meios de comunicação, de forma que ninguém ia no posto de vacinação perguntar de que marca é a vacina como se fosse um restaurante à la carte. Isso não existia, porque [o benefício da vacinação] era óbvio”.

Para enfrentar a desinformação que busca abalar a confiança nas vacinas, ele defende um diálogo bem fundamentado que busque informar as pessoas que creem em informações distorcidas, em vez de atacá-las.

“A melhor forma não é apontando o dedo, xingando as pessoas, diminuindo e falando que elas são anticiência. A melhor forma é trazer os fatos para essas pessoas e diminuir esse julgamento, para que elas não se sintam reativas e possam abrir muito mais a mente”, argumenta ele. “As pessoas debatem baseadas em jargões e falas específicas de alguém que elas acompanham, sem tentar entender e passar por um processo de gestão da informação. O debate está muito raso, e quando o debate fica muito raso, a desinformação acaba equivalendo à informação de qualidade”.

Covid-19: Fiocruz lança ações de apoio a populações em favelas do Rio
Iniciativa tem apoio financeiro de R$ 20 milhões doados pela Alerj

Da Agência Brasil

Para auxiliar na resposta ao enfrentamento da pandemia da covid-19 e seus efeitos nas comunidades, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançou hoje (24) a Chamada Pública para Apoio a Ações Emergenciais de Enfrentamento à Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro.

A iniciativa conta com o aporte financeiro de R$ 20 milhões doados pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro no ano passado.

A chamada pública irá financiar projetos em todo estado do Rio que contribuam para ampliar a participação social na vigilância em saúde de base territorial nas favelas fluminenses. O regulamento e a ficha de inscrição estão disponíveis até o dia 29 de abril. O resultado final será divulgado no dia 7 de junho.

As propostas poderão se encaixar em quatro faixas de orçamento: até R$ 50 mil; até R$ 150 mil; até R$ 300 mil e até R$ 500 mil . Além disso, poderão se vincular a duas ou mais das sete áreas de interesse: apoio social; comunicação e informação; saúde mental; proteção individual e coletiva; apoio à testagem, rastreamentos e isolamento; educação e promoção de territórios saudáveis e sustentáveis.

Segundo a Fiocruz, inicialmente, a chamada pública selecionará para financiamento imediato os primeiros 41 projetos aprovados com o montante de R$ 4,5 milhões.

“Podem se candidatar as organizações da sociedade civil sem fins lucrativos com existência comprovada há pelo menos um ano, localizada em favela ou que seja atuante na favela, com histórico comprovado de trabalho junto às favelas e também os coletivos sem personalidade jurídica baseados e atuantes em favela, desde que os projetos sejam apresentados por instituição parceira legalmente constituída”, informou a Fiocruz.