Alunos e professores em home office “furam fila” da vacina no HC de SP.
Prefeitura reclama de "privilégio" no HC

Do UOL

Embora existam na capital paulista postos de saúde e hospitais ainda sem previsão de receber a vacina contra a covid-19, estudantes de medicina, funcionários da administração e professores do Hospital das Clínicas trabalhando em home office foram imunizados nesta semana com as doses distribuídas pelo governo do estado. Na ultima terça, o secretário de Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou que o governo vai priorizar a vacinação dos profissionais de saúde que estão na linha de frente, pois “infelizmente”, não há doses para todos os trabalhadores da saúde.

O UOL teve acesso à lista com os nomes das pessoas escolhidas pelo HC para receberem o imunizante da CoronaVac, entre elas estudantes e profissionais que não atuam na linha de frente no combate ao coronavírus, viu em redes sociais publicações e fotos de professores e alunos sendo vacinados, conversou com um deles e com médicos que testemunharam a imunização de quem não deveria estar, pelos critérios do governo, no início da fila.

“Não sou grupo de risco, já peguei covid e ainda devo estar com anticorpos. Mais do que isso, não atuo na linha de frente no combate à pandemia. Vou ao HC apenas algumas vezes na semana para supervisão no curso de Fisioterapia Esportiva, em que poucos pacientes são do grupo de risco”, afirmou um aluno pós-graduando em uma postagem no Instagram em que exibe uma carteirinha de vacinação. O nome dele está na lista consultada.

“Concordando ou não com a estratégia de vacinação dessas primeiras doses, fui e fiz minha parte. Vamos seguir na expectativa e cobrança para o acesso o quanto antes dos grupos prioritários”, disse o rapaz. “Baita organização do @hospitalhcfmusp. Menos de 2 min que entrei já estava vacinado.”.

Um médico que conversou com a reportagem sob a condição de não se identificar contou que, na quarta-feira, um de seus alunos deixou de ir ao estágio no hospital para se vacinar no HC. Ele disse ter ficado ainda mais indignado ao saber que a professora dos alunos que estagiam com ele —que está trabalhando de casa— receberá a vacina também. “Eu recebo as alunas das docentes, ensino no campo, só tenho contato com a professora por videochamadas. Eu formo para ela, mas ela é vacinada antes de mim”, afirmou.

Segundo relatos feitos à reportagem por outros profissionais que também pediram anonimato, há professores e alunos ligados ao Fofito, o Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da faculdade de medicina, sendo vacinados no hospital. Uma professora da fonoaudiologia compartilhou uma mensagem de áudio em um grupo de médicos no WhatsApp dizendo ter sido convocada por e-mail para ser vacinada. Caso recusasse, disse ela, a opção seria esperar a chegada da vacina a um posto de saúde.

Prefeitura reclama de “privilégio” no HC

O governo do estado de São Paulo enviou lotes da CoronaVac à Prefeitura de São Paulo nesta semana para imunizar trabalhadores da linha frente nos hospitais da cidade. O HC, no entanto, apresentou seu plano de vacinação diretamente ao governo estadual, que encaminhou as doses ao hospital, referência no tratamento à covid-19.

Para isso, HC montou 30 estações no centro de convenções do complexo. “Em outros hospitais, profissionais que enfrentaram a pandemia desde o começo, trabalhando em UTIs, podem ficar sem o imunizante”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. “Há declarações de que até funcionários do setor administrativo receberam vacina. Não somos contra o HC, somos a favor de ter critérios que priorizem os da linha de frente.”

Distribuição de vacinas da AstraZeneca deve começar neste sábado
Os 2 milhões de doses serão enviadas amanhã aos estados

Da Agência Brasil

Os 2 milhões de doses da AstraZeneca contra a covid-19 que devem chegar da Índia nesta sexta-feira (22) serão distribuídas aos estados a partir da tarde de sábado (23). Segundo o presidente Jair Bolsonaro, a Força Aérea Brasileira está à disposição para agilizar a distribuição da vacina pelo país.

“Pode ter certeza que a Aeronáutica está aí para servir o Brasil e essa vacina, se chegar hoje à noite, amanhã começa a chegar a seus destinos”, disse Bolsonaro.

Bolsonaro falou com a imprensa ao deixar o Palácio da Alvorada, após café da manhã com parlamentares na residência oficial. Ele reafirmou que a vacinação não será obrigatória e recomendou que as pessoas leiam os estudos dos imunizantes.

“Ela tem que ser voluntária, afinal de contas não está nada comprovado cientificamente com essa vacina ainda. E peço que o pessoal leia o contrato com a empresa para tomar pé de onde chegaram as pesquisa e porque não se concluiu ainda dizendo que uma vacina é perfeitamente eficaz. Pelo que tudo indica, segundo a Anvisa, ela vai ajudar que casos graves não ocorram no Brasil, para quem for vacinado”, afirmou.

AstraZeneca

As vacinas devem chegar ao Brasil nesta sexta-feira, no fim da tarde. A carga vinda da Índia será transportada em voo comercial da companhia Emirates ao aeroporto de Guarulhos e, após os trâmites alfandegários, seguirá em aeronave da Azul para o Aeroporto internacional Tom Jobim, no Rio de janeiro.

De acordo com a Fiocruz, assim que chegarem à instituição, as vacinas passarão por checagem de qualidade e segurança, além de rotulagem, com etiquetagem das caixas com informações em português. A previsão é que esse processo seja realizado até manhã de sábado (23) por equipes treinadas em boas práticas de produção. As vacinas devem ser liberadas para distribuição no período da tarde.

“Ao longo de todo o trajeto até Bio-Manguinhos/Fiocruz, as vacinas estarão armazenadas em seis caixas do tipo pallets, que serão acondicionadas em envirotainers, pequenos containers utilizados para transportes de carga que necessita de controle de temperatura. Nesses envirotainers, as vacinas serão mantidas na temperatura entre 2 a 8ºC”, informou a Fiocruz.

“Lockdown é urgente em todo Brasil”, diz Miguel Nicolelis
Um dos cientistas mais importantes do mundo afirma que a pandemia está fora de controle e ela não vai ser controlada só com a vacinação, nem se ela fosse ideal

 

 

Do Brasil 247

Coordenador do comitê científico do Consórcio do Nordeste e um dos maiores cientistas e pesquisadores do mundo, o brasileiro Miguel Nicolelis afirmou à TV 247 nesyta quarta-feira (20) que “o lockdown nacional é urgente” no Brasil.

De acordo com Nicolelis, que também é médico de formação, apesar do ânimo da população com o início da vacinação contra a Covid-19, mesmo se ela estivesse ocorrendo a pleno vapor as medidas restritivas seriam necessárias, dada a demora para que o imunizante realmente faça diferença nas curvas de transmissão do coronavírus. O cientista falou a Mauro Lopes e Elenira Vilela no programa Giro das 11.

O cientista cobrou que governantes assumam sua responsabilidade e deixem de encarar o lockdown como tabu. Ele também pontuou que é necessário dar suporte financeiro às famílias que serão privadas do trabalho. “Evidentemente que a notícia da vacina foi muito boa, todos nós estávamos esperando, mas o Brasil precisa de muito mais do que vacinas neste instante para evitar múltiplas Manaus por todo o país. Aliás, elas já estão acontecendo em pequenos municípios da região Norte. A pandemia está fora de controle e ela não vai ser controlada só com a vacinação, nem se ela fosse ideal”, alertou.

“Se nós estivéssemos vacinando centenas de milhares de pessoas por dia, nós levaríamos alguns meses para ver um efeito populacional na queda da transmissão do vírus. O Brasil precisa manter e ampliar as outras medidas, que são as únicas que nós temos: o isolamento social, uso de máscaras, higienização. Lockdown não é palavrão, todo mundo morre de medo de falar a palavra e assumir o que é patente entre a comunidade científica, de que em condições com taxas de ocupação acima de 80% e curvas crescentes de casos e óbitos, você precisa fechar. Não tem saída. O lockdown é urgente”.

Nicolelis contou que o número de ocupação em UTIs de todo o Brasil é alto e que em pouco tempo pacientes com Covid-19 não poderão nem mesmo ser transferidos para outros hospitais. “Daqui a pouco não vai ter para onde transferir. Temos o país inteiro com taxas de UTI chegando a 90%, acima de 80%, que é um nível crítico”.

Entidades de saúde cobram informações sobre vacinação contra Covid-19
Instituições destacam que vacinas oferecidas são insuficientes para imunizar o público prioritário

 

 

Da Redação

Cientes de que as 183 mil doses destinadas inicialmente a Goiás não serão suficientes para a imunização do público prioritário, incluindo os trabalhadores da saúde, entidades representativas dos hospitais, laboratórios, clínicas de imagem, bancos de sangue e demais estabelecimentos de serviços de saúde privados goianos solicitaram informações ao Estado e aos municípios sobre a vacinação dos profissionais de saúde destas instituições contra a Covid-19.

A Federação dos Hospitais, Laboratórios, Clínicas de Imagem e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás (Fehoesg), Sindicatos federados (Sindhoesg, Sindimagem e Sindilabs-GO e a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) enviaram ofícios às Secretarias de Saúde do Estado e da capital solicitando informações sobre a distribuição das doses e o calendário de vacinação.

“As 183 mil doses da CoronaVac que o Estado de Goiás recebeu são suficientes para vacinar 87 mil pessoas do grupo prioritário, atendendo idosos e profissionais da saúde. Nossos trabalhadores estão na linha de frente do atendimento desde o início da pandemia, por isso, precisamos ter transparência no uso da vacina”, diz a presidente da Fehoesg e do Sindilabs-GO, Christiane do Valle.

A Secretaria de Saúde de Goiânia já solicitou à Fehoesg as informações sobre o número de trabalhadores de cada estabelecimento, incluindo profissionais de saúde e equipes de apoio, como recepcionistas, maqueiros e trabalhadores da área de limpeza. Esses dados devem ser enviados ao órgão ainda hoje, 21.

Com esse trabalho conjunto e transparência na distribuição da vacina em todo o Estado, a presidente da Fehoesg visa alcançar a proteção do maior número possível de trabalhadores da saúde e evitar riscos de uso inadequado da vacina, como já denunciado em outros Estados brasileiros.