Cardiopatia congênita
Coluna assinada por Fernanda Campanha de Mendonça Cruz, médica responsável pelo Programa de Cardiologia Pediátrica e Congênita do Hospital e Maternidade Brasil - Rede D'Or

Publicado no jornal Diário do Grande ABC.

O que é cardiopatia congênita?

A cardiopatia congênita é um problema na estrutura do coração presente no nascimento. Ela se origina de uma alteração no desenvolvimento embrionário do coração, afetando tanto a estrutura quanto a função do órgão. Existem diversos tipos de cardiopatias congênitas, com diferentes graus de gravidade. Algumas podem ser leves e não causar sintomas, enquanto outras podem ser graves e exigir tratamento especializado.

Quais são os defeitos congênitos mais comuns no coração?

Os sintomas da cardiopatia congênita variam de acordo com o tipo e a gravidade do problema. Alguns deles são:
– Cianose: coloração azulada da pele, lábios e mucosas, devido à baixa oxigenação do sangue.
– Fadiga fácil: cansaço excessivo, mesmo durante atividades leves.
– Falta de ar: dificuldade para respirar, principalmente durante exercícios físicos.
– Sopro cardíaco: ruído anormal no coração, percebido durante a ausculta médica.
– Sudorese excessiva: apesar de inespecífica, mas principalmente quando predomínio cefálico.

Quais as causas da cardiopatia congênita?

As causas ainda não são totalmente compreendidas.
Entretanto, alguns fatores podem contribuir para um bebê nascer com essa condição, como, por exemplo, genética, infecções durante a gravidez, alguns medicamentos, doenças maternas, gravidez de gêmeos e fertilização in vitro, entre outros.

Quais são os defeitos congênitos mais comuns no coração?

Alguns deles são:
– Comunicação interventricular (CIV): formação de um orifício na parede que separa os ventrículos direito e esquerdo do coração, permitindo que o sangue oxigenado se misture com o sangue desoxigenado.
– Comunicação interatrial (CIA): existência de orifício na parede que separa os átrios direito e esquerdo do coração, permitindo que o sangue oxigenado se misture com o sangue desoxigenado.
– Persistência do canal arterial (PCA): um vaso sanguíneo que conecta a aorta à artéria pulmonar permanece aberto após o nascimento, permitindo que o sangue desoxigena-do flua para a aorta.
– Estenose pulmonar: estreitamento da válvula pulmonar, o que dificulta o fluxo de sangue do ventrículo direito para os pulmões.
– Tetralogia de Fallot: é uma combinação de quatro defeitos cardíacos: CIV (comunicação interventricular), estenose pulmonar, aorta sobreposta e hipertrofia ventricular direita.

Quais são os tratamentos disponíveis?

Os tratamentos da cardiopatia congênita dependem do tipo e da gravidade do problema. Algumas condições podem ser tratadas com medicação, como diuréticos, beta-bloqueadores e anticoagulantes. Em outros casos, a cirurgia pode ser recomendada. O cateterismo cardíaco, por exemplo, é um procedimento minimamente invasivo para a correção dos defeitos.

Qual a importância do diagnóstico precoce durante a gravidez para o tratamento?

O diagnóstico precoce de cardiopatias congênitas durante a gravidez é crucial para melhorar o prognóstico da criança, reduzir o risco de complicações, oferecer mais opções de tratamento e diminuir a ansiedade dos pais. Se você está grávida e tem histórico familiar de cardiopatia congênita ou está preocupada com a saúde do coração do seu bebê, converse com seu médico sobre a possibilidade de realizar exames pré-natais específicos.

Como o Hospital e Maternidade Brasil lida com o tema?

Neste mês de conscientização sobre a doença, celebrada em junho no Brasil, a equipe de Cardiopatia Congênita do Hospital e Maternidade Brasil está preparada com excelentes profissionais para o diagnóstico e tratamento. O problema afeta cerca de 8 mil bebês a cada ano, tornando a comunicação sobre o assunto cada vez mais relevante para a sociedade. Temos o propósito também de combater possíveis discriminações, apoiar as famílias e promover a inclusão dos pacientes.

Internações por infarto aumentam mais de 150% no Brasil
Envelhecimento e obesidade estão entre os fatores de risco

Da Agência Brasil

Um levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) mostra que, entre 2008 e 2022, o número de internações por infarto aumentou no Brasil. Entre os homens, a média mensal passou de 5.282 para 13.645, alta de 158%. Entre as mulheres, a média foi de 1.930 para 4.973, aumento de 157%.

O estudo leva em consideração dados do Sistema de Internação Hospitalar do Datasus, do Ministério da Saúde. Por isso, cobre todos os pacientes brasileiros que usam os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), seja nos hospitais públicos ou nos privados que têm convênios. Isso representa de 70% a 75% de todos os pacientes do país.

Alguns fatores aumentam os riscos de infarto, informa o Instituto Nacional de Cardiologia. “O infarto do miocárdio acontece em populações mais idosas. E sabemos também do aumento da prevalência da obesidade na população brasileira”, explica a diretora-geral do INC, Aurora Issa.

Segundo Aurora, o frio também aumenta as chances de infarto. Dados do INC indicam que os casos são mais frequentes durante o inverno. No ano passado, o número de infartos nessa estação foi 27,8% maior em mulheres e 27,4% maior em homens na comparação com o verão.

“O frio leva à contração dos vasos [sanguíneos]”, diz a especialista. “A pessoa que tem um infarto, na maioria das vezes, já tem a placa de gordura nas artérias. O que leva ao infarto é uma inflamação na placa e a formação de um trombo em cima dessa placa. As infecções, muitas vezes, são um gatilho para a inflamação.”

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre homens e mulheres no Brasil. Entre 2017 a 2021, 7.368.654 pessoas morreram por esse motivo no país. De acordo com o INC, as principais formas de prevenção são a prática de exercícios físicos e a alimentação balanceada.

Quinta D’Or recebe seminário gratuito sobre cardiologia

Por Vicente Arantes

O Hospital Quinta D’Or recebe no sábado, dia 27, mais uma edição do SabaD’Or, tradicional evento promovido pela Rede D’Or São Luiz. O SabaD’Or é uma oportunidade para médicos e estudantes dividirem experiências, colaborando para a evolução profissional de todos. Serão discutidos temas relevantes da prática clínica diária do cardiologista através de casos vividos no próprio Quinta D’Or.

Diretora nacional da Cardiologia D’Or, Olga Ferreira de Souza, ressalta que a troca de experiências e conhecimentos se converte no atendimento mais qualificado ao paciente. “Vamos abordar casos reais de acidente vascular cerebral em jovem e quadros complexos de doença coronariana, entre outros, para ajudar em futuras tomadas de decisões”, explica.

As inscrições são gratuitas através do link https://www.home.cardiologiador.online/sabador. O evento será no auditório do hospital, das 7h30 às 12h30. O Quinta D’Or fica na Rua Almirante Baltazar, nº 435, em São Cristóvão.

II Simpósio Internacional de Cardiologia da Rede D’Or vai apresentar novidades em exames, diagnósticos e tratamentos

Os mais recentes avanços no diagnóstico e tratamento de doenças cardíacas serão apresentados no II Simpósio Internacional de Cardiologia da Rede D’Or São Luiz, que acontece nos dias 16 e 17 de agosto, no Windsor Barra Hotel, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O Simpósio vai reunir mais de 90 especialistas dos centros de cardiologia mais relevantes do país, além de quatro palestrantes internacionais. A presidente da Comissão Organizadora, Olga Ferreira de Souza, explica que o evento é uma oportunidade para que os profissionais estejam atualizados sobre as inovações tecnológicas, possibilitando novos tratamentos e diagnósticos na área de cardiologia.

“Serão discutidos temas relevantes da prática clinica diária do cardiologista através de casos interativos e conferências. Nossa programação foi planejada para abarcar toda a complexidade que se tornou a nossa especialidade. Teremos, por exemplo, módulos de cardiometabolismo que envolve o tratamento do diabetes mellitus, obesidade, dislipidemias (colesterol elevado) arritmias cardíacas, doenças valvares, especialmente a estenose de válvula aórtica muito prevalente no paciente idoso, insuficiência cardíaca, doença coronariana aguda e crônica”, explica.

Estudos sobre infarto e anticoagulantes

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 17,5 milhões de pessoas morrem por ano vítimas de doenças cardiovasculares. No Brasil, a média anual chega a 350 mil, e o infarto e o AVC representam mais de 30% dos óbitos registrados. Um dos destaques da programação será justamente a mesa que terá a presença do cardiologista intervencionista do Medstar Washington Hospital Center Hector Garcia. Ele vai apresentar um estudo desenvolvido por ele que estabelece formas de prever quais obstruções coronárias vão evoluir para infarto. Bruno Bandeira, coordenador cientifico do Simpósio,  explica que algumas pessoas podem ter placas de gordura nas artérias do coração, mas que nem sempre chegam a ser um risco de obstrução. O Hector vai expor justamente como técnicas mais modernas de imagem permitem prever quais dessas obstruções têm mais chance de prejudicar o fluxo sanguíneo no coração e provocar o infarto. “Isso é fundamental, pois nem sempre a pessoa sente algum sintoma antes do infarto. Então aumentam as chances de prevenir a doença”, observa o coordenador.

Outro convidado internacional, Renato Delascio Lopes, professor de Medicina no departamento de Medicina, Divisão de Cardiologia da Duke University School of Medicine, nos Estados Unidos, vai trazer o estudo que aponta para uma nova forma de cuidar de pacientes com fibrilação atrial. Pacientes que sofrem com esse tipo de arritmia precisam tomar remédios para evitar a formação de coágulos dentro do coração. Porém, há casos em que esses pacientes também apresentam obstrução nas artérias coronárias e precisam receber stent e, por causa disso, necessitam de medicamentos que alteram a coagulação. O resultado é que aumentam as chances de sangramento nesses pacientes. “O estudo do Renato evidencia, justamente, que é possível reduzir essas medicações, diminuindo a chance de sangramento e também sendo efetivo para evitar a formação de coágulos. É um estudo que tem gerado uma excelente repercussão na classe médica e estamos aprendendo a manusear estes fármacos para melhor beneficio e segurança dos nossos pacientes”, avalia Dra. Olga Souza.

O coordenador da área de Hemodinâmica do Simpósio, Cleverson Zukowski, também destaca a mesa que vai tratar sobre os avanços em relação à troca de válvula aórtica. Ele explica que houve uma importante mudança na orientação sobre a realização da cirurgia. Antes, a troca da válvula por cateter era indicada apenas para pacientes de grande risco, enquanto que pacientes de baixo risco passavam pela cirurgia tradicional. “Mas, nos últimos anos, estudos evidenciaram que até pacientes de baixo risco se beneficiam do procedimento por cateter”, relata o coordenador de Hemodinâmica. O resultado é que com a cirurgia por cateter diminui os riscos de complicações, a internação é mais rápida, bem como o retorno do paciente as suas atividades. Em uma cirurgia convencional, o paciente demoraria cerca de um mês para retomar a sua rotina. Por cateter, em uma semana ele já pode voltar aos seus afazeres.

Riscos de quimioterápicos para o coração

O papel do cardiologista em tratamentos contra o câncer também vai estar em debate. Olga esclarece que alguns quimioterápicos podem provocar alterações no coração como efeito colateral (cardiotoxicidade). “Com isso, há chances de alguns desses pacientes desenvolverem problemas cardíacos”, relata. Por isso, o Simpósio vai destacar a importância do acompanhamento cardiológico ao longo do tratamento oncológico, bem como estudos que apontam medicamentos que podem reduzir os efeitos cardiotóxicos.  “É fundamental que  os pacientes em tratamento do câncer e com risco de desenvolver cardiotoxicidade tenham acompanhamento cardiológico. Por isso que os hospitais da Rede D’Or possuem um protocolo de cardio-oncologia em parceria com a oncologia para um cuidado diferenciado nesses pacientes”, explica a cardiologista.

Simpósio estreia Jornada Multidisciplinar

Uma das novidades em relação à edição do ano passado é a realização da I Jornada Multidisciplinar.  A proposta é não só promover atualização científica nos principais temas da Cardiologia, mas também propiciar a troca de experiência entre profissionais de diversas áreas e com isso fortalecer a inter-relação na prática diária.  As mesas contam com profissionais representantes das Unidades Rede D `Or São Luiz Brasil e vão reunir enfermeiros, médicos,  fisioterapeutas, nutricionistas, farmacêuticos e psicólogos, para debater a importância de uma equipe multidisciplinar na qualidade do atendimento e nos resultados alcançados.  A Linha de Cuidado ao Paciente Submetido à Cirurgia Cardíaca e Métodos avançados no tratamento da Insuficiência Cardíaca são alguns dos temas que serão abordados ao longo da Jornada, que vai acontecer no segundo dia do Simpósio.

“Abordar a multidisciplinaridade é de extrema relevância, já que dentro da unidade hospitalar o cuidado ao paciente é realizado por uma equipe composta por profissionais de diversas áreas.  Nesse sentido, a integração entre esses profissionais é fundamental para promover uma abordagem mais ampla e resolutiva, garantir o melhor resultado e alcançar a expectativa do paciente”, explica a enfermeira e coordenadora da Jornada, Angelina Camiletti.

Informações sobre inscrições, bem como a programação, podem ser consultadas no site www.simposiocardiologiarededor.com.br.