BMS alerta para importância de prevenção e compliance na Gestão de Terceiros
Crises de fornecedores pode atingir a imagem das empresas contratantes

 

Da Redação

A advogada Olivia Couto alerta que é fundamental monitorar a atuação dos fornecedores

A terceirização de mão de obra é uma prática cada vez mais comum no mercado de trabalho, tendo em vista a redução de custos e a possibilidade de concentrar os esforços em áreas mais estratégicas do negócio.  Ao mesmo tempo, cresce muito o nível de interdependência operacional e de corresponsabilidade jurídica entre as empresas contratantes e seus fornecedores. Contudo, a ausência de uma fiscalização quanto ao cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias pode acarretar riscos de condenações em processos judiciais.

 Monitorar a atuação dos fornecedores revela-se, cada vez mais, uma ação estratégica para o negócio – e não somente uma questão tributária. “Não é rara a divulgação de notícias que relatam prejuízos para a empresa contratante em decorrência de situações envolvendo terceirizadas, associando sua imagem à do fornecedor. Por isso, a palavra de ordem quando falamos em Gestão de Terceiros é: prevenção através da matriz de risco para homologação e, depois, acompanhamento dos Terceiros”, explica a advogada Olivia Couto, coordenadora jurídica da BMS Projetos & Consultoria.

Com o objetivo de auxiliar na fiscalização dos prestadores de serviços, a BMS desenvolveu um software que avalia a conformidade do cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias. Desse modo, as empresas que possuem mão de obra terceirizada devem fiscalizar suas contratadas, a partir de uma Gestão de Terceiros, a fim de mitigar riscos que estas relações podem gerar.

 

 

 

Gestão de Riscos e redução de demandas trabalhistas. Entre os ganhos obtidos com essa Gestão, podem-se destacar:

  1. a) Controle dos trabalhadores terceirizados por mês, por empresa e por contrato;
  2. b) Redução do risco de demandas trabalhistas e de autuações previdenciárias e tributárias;
  3. c) Resgate imediato de imagens de documentos de fornecedores e de trabalhadores;
  4. d) Alinhamento com as diretrizes estabelecidas pela SOX, e-Social, PL 4.330/2004;
  5. e) Redução de custos no processo de recebimento, guarda e resgate de documentos físicos envolvidos na Gestão de Terceiros.

A organização que possui um sistema de gestão de riscos com terceiros deve sempre buscar implementar ações que envolvam a corporação e os seus fornecedores de modo que todos atuem em compliance. Ou  seja, devem agir de acordo com as normas legais, as diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da empresa, assim como evitar, detectar e tratar  desvios ou não conformidades que possam ocorrer.

Home Office exigirá novos formatos dos programas de compliance
Com o trabalho remoto, que deverá ser mantido por muitas empresas no pós-pandemia, será preciso reavaliar processos, políticas e controles internos

A pandemia da Covid-19 levou muitas empresas a mudarem a forma como trabalham, transferindo boa parte de suas estruturas para o home office. Segundo dados do IBGE, cerca de oito milhões de pessoas estão atuando nessa modalidade no País, o que tem levado as organizações a repensar suas políticas de compliance e controles Internos.  “Quem ainda não tinha programas de compliance provavelmente está correndo atrás para implementá-los”, analisa Francisco Sant’Anna, presidente do Ibracon – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil. “As empresas acabaram ficando mais expostas nesse sentido. Por isso, é preciso intensificar as ações de compliance, aprimorar os processos de controle interno e fortalecer a comunicação, para que os colaboradores consigam receber essas informações”, explica.

O Report to the Nations – 2020, estudo global sobre casos de fraude, realizado pela ACFE (sigla em inglês para Associação dos Examinadores Certificados de Fraudes) em empresas, órgãos governamentais e organizações não-governamentais, mostrou que a maioria dos casos ocorrem internamente (99%), sendo que 41%, 35% e 20% envolvem, respectivamente, funcionários, diretores e executivos / proprietários. O estudo foi realizado entre janeiro de 2018 e setembro de 2019, com a análise de 2.500 casos de fraudes em 125 países, dentre eles o Brasil, que trouxeram prejuízos de aproximadamente US$ 3,6 bilhões em todo mundo.

“O cenário do levantamento é anterior à pandemia, onde, mesmo presencialmente e com os mecanismos antifraude, ainda ocorriam casos. Agora, com o distanciamento social, isso pode ser visto como uma oportunidade para que pessoas mal-intencionadas realizem fraudes e ataques virtuais, que podem comprometer a integridade da empresa”, comenta Sant’Anna. “Por isso, é necessário fortalecer todas as esferas do compliance”.

Ainda segundo o estudo, as deficiências de controles internos e a ausência de supervisão são as fraquezas que mais facilitam as fraudes, aparecendo, respectivamente, em 35% e 19% dos casos estudados. Como muitas empresas não estavam totalmente preparadas para a pandemia, algumas ferramentas de comunicação e tecnologias externas à organização, passaram a ser utilizadas como alternativa. Um exemplo são as reuniões e as trocas de informações sensíveis por WhatsApp, o uso de e-mails pessoais e a liberação de dados por meio de acessos remotos, como VPN.  “É preciso que uma estrutura adequada seja levada para a realidade do home office. Há políticas, processos e sistemas que precisam ser utilizados no dia a dia, mesmo à distância”, explica Sant’Anna.

Compliance e terceirização para contornar a histerese
Fernanda Torres

 

Fernanda Torres é advogada previdenciária da BMS Projetos & Consultoria

O agravamento do cenário econômico pela pandemia do coronavírus nos leva a refletir se, passado o período de recessão, tudo voltará ao normal – ou não? Estamos diante de uma perda de potencial maior do que a queda, de fato, sofrida pelo PIB. Falamos da redução da capacidade produtiva. A estagnação econômica é também conhecida por histerese, que vem da Física e se refere à resiliência de um sistema em conservar sua propriedade mesmo na ausência do estímulo que o gerou. Na economia, isso acontece por vários mecanismos como, por exemplo, a curva de salário, dinâmica e mecânica de trabalho.

A questão é muito mais densa, uma vez que as consequências do elevado desemprego por longo período de tempo afetam não só o poder de compra de uma população. A força de trabalho quando paralisada por muito tempo começa a perder qualidade, pois o indivíduo ocioso tende a dissipar parte de sua capacidade laborativa. Essa míngua do conhecimento técnico, das habilidades e competências dos recursos humanos de uma população prejudica de forma substancial o mecanismo de retomada do desenvolvimento socioeconômico de um país.

Trata-se de uma crise sem crise. Não há desajuste cambial, hiperinflação, juros siderais ou quebras de safra. Mas a economia anda mal, adoecida e sofre as consequências das medidas de isolamento social impostas pelo Governo para evitar o contágio de Covid-19. A chave para a solução desta questão é a terceirização de serviços, pois oportuniza a empregabilidade e traz vantagens às empresas ao reduzir custos e garantir a qualidade produtiva através de mão de obra qualificada. Assim, essa modalidade atende de forma ampla e benéfica tanto o mercado de trabalho como a economia de maneira geral, pois permite que a sociedade se mantenha produtiva, evitando o perecimento do capital humano.

Com o advento da Lei 13.429/2017, a terceirização tornou-se aplicável às empresas que desempenham qualquer atividade e está sendo adotada por muitos gestores, não somente para reduzir gastos, mas também como estratégia para otimizar e aprimorar os processos produtivos, tornando-os mais eficientes. As empresas tomadoras de serviço são responsáveis subsidiárias quanto às obrigações inerentes ao contrato de trabalho e devem ficar ainda mais alertas. As medidas adotadas pelo Governo para conter a onda de contágio de coronavírus tiraram de circulação milhões de reais, fazendo com que muitas dessas empresas encerrassem suas atividades.

Vale assinalar que, segundo pesquisa da Boa Visa SCPC, os pedidos de falência avançaram 34,2% nos primeiros seis meses de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. Além disso, os pedidos de recuperação judicial cresceram 32,8% e as recuperações judiciais deferidas, 45,3%. Entretanto, uma eficiente gestão de terceiros permite afastar os riscos inerentes à terceirização de mão de obra. Assim, é possível controlar todas as etapas da transação, desde a seleção da prestadora de serviço até o monitoramento regular do cumprimento das obrigações trabalhistas, previdenciárias e normas reguladoras de saúde e segurança do trabalho.

Esse cuidado é essencial, pois se a tomadora de serviço for incluída no polo passivo das demandas trabalhistas, junto com o empregador direto que esteja em recuperação judicial e frustrada a execução em razão de sua insolvência, a obrigação recairá sobre a empresa à qual o reclamante prestou serviço restrito a este período. Importa esclarecer que o Tribunal Superior do Trabalho entende não haver previsão em lei que condicione a execução do responsável subsidiário ao esgotamento das tentativas de dirigir a execução aos sócios da prestadora de serviços, inteligência consolidada através da Súmula 331, VI.

Sob esta ótica, como exemplo, podemos pensar na hipótese em que a execução da sentença recai inicialmente sobre o empregador direto, mas esse não possui dinheiro suficiente em sua conta bancária para satisfazer a dívida. Pode, então, o magistrado, com fundamento da orientação do TST, direcionar a condenação para a empresa tomadora do serviço, por entender que a natureza da verba é alimentar e exige urgência.

Para evitar surpresas e aborrecimentos futuros, a boa prática em gestão de terceiros através da realização de auditorias e avaliações periódicas permite identificar se a prestadora de serviços se mantém idônea, adimplente, cumprindo todas as obrigações legais decorrentes do pacto laborativo firmado com seus empregados. Além de viabilizar a defesa em eventuais demandas na esfera trabalhista, evita que a empresa contratante seja penalizada ou, se assim for, na pior e remota hipótese, possa reaver o valor pago em sede de ação regressiva.

Gerir a terceirização de uma empresa consiste em um trabalho meticuloso, extremamente burocrático, que envolve elevado número de documentos e informações, a serem analisados com muita precisão e agilidade. Tudo isso demanda conhecimento, experiência e tempo. Logo, é essencial que seja realizado por profissionais capacitados.

Em tempos de crise, empresas de consultoria especializadas na gestão de terceiros são uma solução eficiente, por serem dotadas da expertise necessária aliada a um sistema informatizado desenvolvido especialmente para este fim, que serve inclusive de interface entre as empresas envolvidas.

Desta forma, diante das intempéries do atual panorama econômico, a terceirização de serviço, quando aliada a serviços especializados de gerenciamento de risco, como o due diligence e a gestão de terceiros, é  medida ideal para que empresas  consigam  otimizar  custos, garantir qualidade produtiva e ao mesmo tempo continuem a desempenhar sua função social contribuindo desta forma  para  o  desenvolvimento socioeconômico do país.

Investir em compliance para se manter sustentável

A necessidade de investir em sistemas de integridade para manter a credibilidade do setor saúde, bem como a sua sustentabilidade, esteve presente em todos os discursos e palestras do fórum “Compliance e Governança em Saúde”, realizado na manhã desta quinta-feira (17), no Centro Empresarial Mourisco, em Botafogo. Promovido pela BRA Certificadora, pela A4 Quality Services e pelo Instituto Latino Americano de Gestão em Saúde (INLAGS), o evento foi composto por duas palestras e dois painéis, que propuseram um debate sobre a transparência na administração das organizações de saúde. “Adotamos uma estratégia para construir uma agenda positiva sobre compliance”, afirma o gerente executivo da BRA Certificadora, Tiago Martins.

O desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e presidente do Fórum Nacional de Mediação e Conciliação, César Cury, abriu o evento, destacando os “Conflitos Éticos na Saúde”. Cury observou que é preciso que haja o novos paradigmas, que levem a posturas modernas, pois o quadro atual é de uma judicialização da saúde que não resolve o problema estrutural, apresenta apenas soluções paliativas. “Os processos relacionados à saúde costumam ser mais lentos, pois, na maioria das vezes, exigem perícias com profissionais especializados. Um litígio da saúde costuma ficar nos tribunais em torno de 4 anos”, revela o desembargador. Para Cury, é fundamental que haja a tentativa de, em primeiro lugar, resolver a situação, antes de virar uma ação judicial, com soluções alternativas de pacificação de conflitos.

Em seguida, o painel, com a participação do presidente do Centro de Pesquisa e Estudos em Compliance (CPEC), Rafael Gomes; o subsecretário de saúde do Estado do Rio de Janeiro, Breno Santos; e o presidente do Conselho de Governança e Compliance da Associação Comercial do Rio, Humberto Mota Filho, debateu o desafio da efetividade das certificações nas organizações. Rafael admitiu que é um desafio para muitas instituições fazer com que um programa de integridade deixe de ser apenas teoria e seja, realmente, algo presente no dia a dia da empresa. Ele também observou que em muitos órgãos não têm a compreensão do que querem e nem do que precisa ser feito e citou o caso de certificações de compliance. “A certificação não garante que não vá ocorrer casos de corrupção na empresa. É preciso ter clareza sobre qual processo será certificado e qual não será”, afirmou o presidente do CPEC, que também ressaltou que muitos dos dilemas sobre integridade não se restringe à corrupção.

No painel seguinte, a diretora de Governança Corporativa da UnitedHealth Group (UHG), Tae Young Cho; o diretor de Relacionamento com o Mercado do Grupo Sabin, Bruno Ganem; o diretor-presidente substituto da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Leandro Fonseca; e o superintendente de Regulação da FenaSaúde, Sandro Leal Alves, debateram sobre experiências de sucesso de programas de integridade e sobre o papel do desenvolvimento de governança nas organizações. A diretora da UHG revelou que somente agora, 5 anos após o início da construção do programa de compliance, é que eles sentem que o processo ganhou maturidade. “É algo que se constrói aos poucos, pois é uma questão de desenvolver uma cultura e fazer com que as pessoas incorporem esses valores”, explicou Tae. Todos na mesa concordaram que o sucesso do programa, em qualquer empresa, depende do engajamento da alta administração. Para a ANS é necessário, para a sustentabilidade da saúde suplementar, investimento em governança corporativa, principalmente na questão relacionado à solvência da empresa. “Por isso, a ANS vem se propondo a discutir um módulo básico de gestão para certas operadoras e um modelo avançado para quem está em outro patamar”, destacou Leandro.

No final do evento, o diretor-médico da Med-Rio Check-up, Gilberto Ururahy, reforçou a importância do compliance no setor, consolidando, assim, tudo o que foi discutido. Ele defendeu que o tema seja incluído na grade curricular das graduações de medicina. “Quanto mais cedo compreendermos que Compliance e Governança na saúde são fundamentais na formação de nossos profissionais, mais rapidamente o país alcançará o sucesso. Devemos pautar o setor com gestões sustentáveis e éticas; como todo cidadão espera que seja ao buscar um serviço de saúde.”