A desaceleração do e-commerce brasileiro deve preocupar o varejo?
Com alta de apenas 1,6% em 2022, varejo online apresenta estagnação e passa a disputar galpões logísticos com setores tradicionais

Desde 2020, o e-commerce brasileiro tem apresentado resultados positivos, muito por conta do efeito da pandemia, que acelerou de modo concreto o uso de compras pela internet por grande parte da população. Porém, este efeito positivo tem apresentado sinais de estagnação com o retorno do “novo normal”. De acordo com dados da Nielsen|Ebit, o faturamento do setor que subiu 41% em 2020 e 27% em 2021, apresentou alta de apenas 1,6% em 2022.

Diante deste cenário, os galpões logísticos, locais onde as mercadorias são armazenadas para serem distribuídas aos clientes após o momento de compra, voltaram a ser disputados por setores tradicionais, como o farmacêutico, automobilístico e agronegócio.

“O e-commerce brasileiro teve um grande crescimento em 2020 e 2021, impulsionado pela necessidade dos consumidores em terem os produtos de desejo, e também às restrições de circulação. Com a volta de um cenário normal em 2022, naturalmente as pessoas passaram a também retornar ao varejo físico”, explica Rogério Albuquerque, head de produtos e marketing da Card.

Rogério Albuquerque, head de produtos e marketing da Card.

A maioria dos moradores do estado de São Paulo está acostumada a observar suas encomendas estarem ou passarem por Cajamar, cidade da região metropolitana da capital paulista que abriga diversos galpões, e naturalmente se tornou um importante hub logístico para encomendas de todos os tipos.

Com maior disputa, os galpões de alto luxo apresentaram alta no crescimento de 41% desde 2019 no estado, liderado pelo e-commerce, que avançou 316% em área locada em três anos.

Assim como Cajamar, Guarulhos e Jundiaí também são protagonistas em serem centros logísticos do estado, e outros exemplos podem ser encontrados no país, como Extrema, em Minas Gerais.

“Os pontos logísticos são extremamente importantes para as grandes empresas, pois a partir deles os prazos de entrega que os grandes varejistas prometem ao realizar uma compra se tornam possíveis, e naturalmente o preço sobe, com a disputa com os setores tradicionais”, comenta Rogério.

O que podemos esperar para o futuro?

Mesmo com a aparente desaceleração da alta do e-commerce brasileiro, o setor não deixará de ser um importante agente da economia nacional e das compras dos consumidores brasileiros. Da mesma forma, o varejo físico deve se manter relevante, principalmente nos locais mais afastados do país.

“A disputa pelos galpões mostra que tanto o varejo online, quanto o físico enxergam perspectivas positivas para o futuro econômico do país e do consumo nacional de seus produtos”, finaliza o head de marketing.

Ministério lança plataforma de acompanhamento do comércio eletrônico
E-commerce cresce 20% em 2022 e movimenta R$ 187,1 bilhões no país

Da Agência Brasil

Impulsionada pela pandemia da covid-19, a crescente venda de produtos e serviços pela internet motivou países e organizações a buscarem formas mais eficazes de diagnosticar a evolução do comércio eletrônico.

No Brasil, onde a movimentação de valores pelo chamado e-commerce cresceu mais de cinco vezes em sete anos, saltando de R$ 35 bilhões, em 2016, para R$ 187 bilhões, em 2022, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços decidiu criar e disponibilizar ao público uma plataforma digital para mapear o setor.

Apresentada hoje (11), a nova plataforma do Observatório do Comércio Eletrônico foi desenvolvida em parceria com a Receita Federal, cuja base de dados sobre a nota fiscal eletrônica alimenta a ferramenta disponível na internet. Além de uma visão geral sobre as vendas eletrônicas no país, o painel também discrimina as categorias de produtos mais comercializados, os valores das transações, as unidades da federação de origem e destinatários dos bens e serviços negociados e tendências do setor.

Ao consultar a ferramenta, é possível verificar, por exemplo, que entre 2016 e 2022 o produto que movimentou o maior montante foi o telefone celular, com 11,5% do total de vendas ou o equivalente a R$ 72,1 bilhões em dinheiro, incluindo smartphones.

Na sequência vêm os televisores (4,5%, ou R$ 28 bilhões) e os notebooks, tablets e similares (R$ 21 bilhões em vendas). A venda de livros, brochuras e impressos semelhantes respondeu por 2,6% do total, totalizando R$ 16,8 bilhões (2,6%) – percentual e valor superior à venda de máquinas de lavar roupas.

“Termos uma plataforma como esta, com acesso a informações, é extremamente importante para analisarmos o mercado, as oportunidades e os desafios, proporcionando aos atores que compõem este ecossistema indicativos que possam promover o aumento das vendas ou até mesmo reduzir os custos de transações”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do ministério, Uallace Moreira Lima.

Plataforma pública

A diretora do Departamento de Comércio e Serviço da pasta, Adriana Azevedo, destacou que o painel do Observatório do Comércio Eletrônico é a primeira plataforma pública de acesso irrestrito e gratuito a detalhar a dinâmica do comércio eletrônico no país. “As atuais fontes de informação sobre o comércio eletrônico são, na maioria das vezes, privadas, pagas e feitas na forma de pesquisas. No painel, os dados são [aferidos] em uma base mais censitária”, explicou Adriana.

Segundo a diretora, a ferramenta ministerial vai complementar as já existentes. “Acreditamos que, além de nortear políticas públicas, o dashboard [painel] poderá trazer informações gerenciais relevantes para que gestores privados tomem decisões.”

O chefe da Divisão de Comércio Digital do ministério, Marcos Lamacchia Carvalho, reforçou o argumento de que a divulgação de informações atualizadas sobre o comércio eletrônico irá subsidiar os empresários do setor. “Um produtor de vinhos do Rio Grande do Sul, por exemplo, pode verificar como está a venda do produto [pela internet] no Acre, em Roraima ou Rondônia”, disse. Ele destacou que a ferramenta também tornará mais fácil identificar se as desigualdades regionais verificadas no comércio tradicional se repetem quando as vendas são fechadas pela internet.

Segundo dados apresentados por Carvalho, apesar de um “crescimento acentuado”, as regiões Norte e Nordeste, juntas, responderam por apenas R$ 18,16 bi dos R$ 187 bi que o e-commerce movimentou no Brasil, em 2022. Na primeira, a quantia movimentada saltou de R$ 360 milhões para R$ 1,86 bi entre 2016 e o ano passado. No Nordeste, as transações passaram de R$ 2 bi para R$ 16,3 bi no período.

Em meados de 2022, a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) alertaram para a necessidade dos governos nacionais apoiarem as empresas a se adaptarem ao contexto de transformação digital a fim de aproveitarem as oportunidades digitais. Para os especialistas da organização que faz parte do secretariado da Organização das Nações Unidas (ONU), países que não dispõem de estatísticas fidedignas sobre o uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC) pelas empresas e sobre o ambiente de negócios na internet “enfrentam barreiras na implementação das políticas necessárias para apoiar as empresas na adaptação e no benefício das ferramentas e tecnologias digitais”.

E-commerce registra variação de 2,53% nas vendas de setembro

O volume de vendas no comércio eletrônico apresentou variação positiva de 2,53% em setembro de 2019, ante o mês anterior, conforme revela o índice MCC-ENET, desenvolvido pelo Comitê de Métricas da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net) em parceria com o Movimento Compre & Confie. O indicador mostra ainda que o faturamento teve um aumento de 4,3% em setembro.

“Os dados de faturamento e de venda comprovam que setembro foi o segundo maior resultado positivo da série desde janeiro de 2018, perdendo apenas para a Black Friday do ano passado”, afirma André Dias, coordenador do Comitê de Métricas da camara-e.net e diretor executivo do Compre & Confie. “A Semana do Brasil, que aconteceu pela primeira vez em setembro deste ano, foi um grande incentivador para os dados expressivos”.

Vendas online

A variação do índice de vendas no acumulado do ano até setembro é de 24,82%, enquanto que em relação ao mesmo período do ano passado foi de 8,07%. “Podemos ver neste dado um significativo aumento no ritmo das vendas”, destaca Dias.

Na comparação por regiões, no mês de setembro, o Sudeste foi o líder em vendas online, com alta de 4,14% em relação a agosto, seguido pelo Sul, que apresentou um aumento de 1,45%. Em contrapartida, Norte, Centro-Oeste e Nordeste variaram negativamente: -5,86%, -4,74% e -0,15%, respectivamente.

No acumulado dos últimos 12 meses, todas as regiões tiveram variação positiva no índice de vendas: Nordeste (79,82%), Centro-Oeste (77,14%), Sul (67,01%), Norte (62,33%) e Sudeste (59,18%).

Faturamento

Na análise dos índices de faturamento do e-commerce, a variação em setembro foi de 4,33% em relação ao mês anterior. No acumulado dos últimos 12 meses, foi de 73,39%.

Ao traçar o comparativo das regiões em setembro, duas regiões registraram queda: o Norte teve a maior variação negativa, com -3,94%, e Centro-Oeste caiu -1,43%. Já no Sudeste, Sul e Nordeste, a variação foi positiva: 6,11%, 3,76% e 1,52%, respectivamente.

Participação do e-commerce no comércio varejista

No mês de agosto, o e-commerce representou 5,6% quando comparado ao mês anterior, no comércio varejista restrito (exceto veículos, peças e materiais de construção). Ao avaliar o acumulado dos últimos 12 meses, a participação é de 5,3%. Vale destacar que esse indicador foi feito a partir da última Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE.

Categorias

Entre as categorias, no mês de agosto, os brasileiros compraram mais online: equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (42,1%), seguido por móveis e eletrodomésticos (23,9%). Na sequência, tecidos, vestuário e calçados (13,2%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (10%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (6,5%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2,7%) e, por último, livros, jornais, revistas e papelaria (1,6%).

Nuvemshop lança programa de parceiros

A Nuvemshop acaba de lançar um programa de parceiros, que permite que agências e freelancers entreguem uma solução de e-commerce mais completa para o mercado de pequenas e médias empresas. Hoje, a empresa conta com mais de 28 mil lojas virtuais e cinco mil parceiros cadastrados dentro do ecossistema. A expectativa é trazer mais de mil parceiros até o final de 2019. 

O novo programa oferece treinamentos e todos os recursos necessários para que os parceiros consigam estruturar seus portfólios com a Nuvemshop, conquistar mais clientes, aumentar o alcance de mercado e tornar suas marcas ainda mais conhecidas. A iniciativa é baseada em cinco pilares estratégicos: inovação tecnológica na plataforma, apoio comercial e técnico, geração de negócios, remuneração e transparência. De acordo com o Head de Canais da Nuvemshop, João Smith, o maior diferencial da companhia é prover o máximo de apoio aos parceiros, a fim de estreitar o relacionamento gradativamente. “Nossa intenção é oferecer uma jornada de sucesso para que nossos parceiros conquistem grande credibilidade como especialistas em seus segmentos”, afirma. 

O programa de parceiros proporciona ainda diversos benefícios, como atendimento comercial e suporte exclusivos, treinamentos e certificações, geração de leads, política de remuneração atrativa, além de marketing cooperado. Desta forma, as empresas interessadas precisam apenas se cadastrar no programa para gerar o acesso ao portal de parceiros e assim, administrarem a parceria com a Nuvemshop.