FBH, CNSaúde e ABRAMED alertam que decisão da ANS pode provocar o fechamento de hospitais
Agência decidiu prorrogar prazos para realização de cirurgias, consultas e exames

O presidente da FBH alerta que fechamento dos hospitais privados vai afetar o SUS

 

Da Redação

A Federação Brasileira de Hospitais (FBH), a Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) e a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (ABRAMED) encaminharam, em conjunto, um abaixo assinado à Agência Nacional de Saúde (ANS) solicitando que os atendimentos de consultas, exames, terapias e cirurgias eletivas voltem a ser realizados nos seus prazos normais. No último dia primeiro, em reunião extraordinária, a ANS decidiu por manter a prorrogação dos prazos para a realização dos atendimentos.

No dia 25 de março, a Agência havia decidido prorrogar, em caráter excepcional, os prazos máximos de atendimento a serem observados pelas operadoras de saúde para a realização de consultas, exames, terapias e cirurgias que não fossem urgentes. Naquela data, a ANS justificou a medida como sendo uma forma de priorizar o atendimento aos beneficiários que apresentassem sintomas graves da Covid-19,

No entanto, as três entidades alertam que a decisão da ANS contribuiu para o cancelamento e adiamento de procedimentos médicos, que resultaram na queda de demanda e, por consequência, perda de receitas de hospitais, clínicas e laboratórios. Este cenário afeta diretamente a sustentabilidade de muitos estabelecimentos de pequeno e médio porte, além de colocar em risco a saúde das pessoas, devido à paralisação de tratamentos de acompanhamentos médicos.

Em decorrência destes fatores, vários hospitais, clínicas e laboratórios não têm conseguido manter o equilíbrio econômico de suas finanças, principalmente aqueles que prestam serviços às operadoras de planos de saúde, e estão no limite para manter suas atividades. Há pequenos e médios hospitais, por exemplo, que disponibilizam mais de 60% dos seus serviços às operadoras. As entidades ainda observam que o cenário vai reverberar também no índice de desemprego, justamente em um momento em que o setor empresarial se esforça para manter as vagas de trabalho.

É uma crise que também afeta o sistema público de saúde. Hoje, os hospitais filiados à FBH respondem por 62% dos atendimentos no SUS. O presidente da FBH, Aldevânio Francisco Morato, explica que, no interior, não são raros os hospitais privados que também são a referência de atendimento, inclusive para pacientes do SUS. “O fechamento desses hospitais vai provocar uma sangria no sistema de saúde, que já sofre cronicamente com a falta de leitos. E isso pode acontecer no pior momento possível para o país”, alerta.

Preço de itens para proteção de profissionais de saúde contra o coronavírus aumenta até 300%
Caixa de máscara que custava R$ 5,20 antes da crise agora é encontrada por valores entre R$ 40 e R$ 80

Caixa de máscaras está entre os itens que mais registraram aumento de preço com a crise do coronavírus

 

Maiá Menezes, do jornal O Globo

Em meio à expansão da pandemia, os insumos utilizados para a prevenção e cuidado dos casos de coronavírus chegam a registrar aumento de 300% em seus preços. O levantamento é da Federação Brasileira de Hospitais Privados (FBH).

Há registros de hospitais que compravam, antes da proliferação da doença, uma caixa de cem luvas por R$ 16,55. Agora, o valor chega a R$ 22,50. A unidade de álcool gel, um outro exemplo, passou de R$ 8,50 para R$ 24,90.

O item, no entanto, que demonstra uma inflação súbita no mercado, justamente na hora em que os produtos se tornam de primeira necessidade, é o valor da caixa de máscaras, com 150 unidades, que pulou de R$ 5,20 para valores que oscilam entre R$ 40 e R$ 80.

A Federação defende que haja a autorização excepcional e temporária para a importação de produtos sujeitos à vigilância sanitária sem registro na ANVISA, em especial os que servem ao diagnóstico e tratamento de pacientes crônicos e os que protejam os prestadores de serviços de serviço na área saúde.

Presidente da FBH alerta que a crise vai afetar a rede pública

O presidente da Federação, Aldevânio Francisco Morato afirma que, em especial nos hospitais de pequeno e médio porte (com cerca de 60 leitos), que corresponde a 60% dos quatro mil que integram a FBH, o aumento de preços leva a uma “distorção terrível”.  Ele defende a criação de uma linha de crédito para essas compras e a tentativa de desburocratizar a importação dos insumos.

— Sabemos que hospital algum do planeta está preparado para uma pandemia. Mas esse aumento cria uma dificuldade funcional terrível. Estamos falando de máscaras, luvas, aventais, de elementos de proteção para os médicos e de kits de diagnóstico. A preocupação é que se a crise começar nos hospitais menores vai acabar explodindo na rede pública também — afirma o presidente da Federação.