Hospital Santa Cruz/Rede D’Or realiza, com sucesso, cirurgia com paciente acordado para retirada de tumor cerebral
O objetivo dessa técnica de neurocirurgia é preservar a fala do paciente

No final de junho, a equipe de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Santa Cruz/Rede D’Or (HSC) de Curitiba, realizou, com sucesso, mais uma cirurgia de alta complexidade envolvendo a ressecção de um tumor cerebral com o paciente acordado para monitorar a fala. Essa conquista representa um avanço significativo na área de neurocirurgia e demonstra o compromisso do hospital em oferecer tratamentos inovadores e de alta qualidade.

O paciente em questão apresentava um tumor localizado no lobo temporal esquerdo, região associada à função da fala. Dessa forma, a decisão de realizar a cirurgia com o paciente acordado foi baseada na necessidade de preservar essa função vital.

Segundo o Neurocirurgião do HSC, Dr. Leonardo Ruschel, embora a cirurgia de ressecção de tumor cerebral seja uma prática segura no serviço de Neurocirurgia do Hospital Santa Cruz/Rede D’Or, nem todos os pacientes são elegíveis para essa abordagem, devido à tolerância individual. “Durante a retirada do tumor, o principal objetivo foi preservar a função da fala do paciente. Para isso, foram realizados exercícios de fala, compreensão, associação e interpretação durante todo o procedimento. A cirurgia teve uma duração de duas horas e meia, e todos os testes de linguagem foram feitos ao mesmo tempo”, explica.

O Dr. Leonardo Ruschel reforça que, “não se trata apenas de uma cirurgia e sim de um tratamento multidisciplinar envolvendo equipes de anestesistas, neurologistas, neurocirurgiões, radiologistas, intensivistas, patologistas e oncologistas, todos do Hospital Santa Cruz/Rede D’Or”.

Para garantir o conforto do paciente, foi realizada anestesia local com bloqueio do couro cabeludo, proporcionando alívio da dor durante a cirurgia. “Além disso, uma sedação leve e analgesia foram administradas, permitindo o controle da ansiedade e das dores, mantendo o paciente em um bom nível de consciência para a realização dos testes de linguagem”, complementa o Neurocirurgião.

O paciente teve alta hospitalar dois dias após a cirurgia sem nenhuma sequela neurológica. Após a cirurgia, é essencial que o paciente siga um período de repouso nos primeiros dias, seguido de fisioterapia e cuidados adequados com a ferida operatória. Essas medidas visam promover uma recuperação eficaz e minimizar possíveis complicações pós-operatórias.

Rede D’Or São Luiz e IDOR promovem Simpósio Internacional de Integração Neurológica
O evento virtual, que acontece nos dias 3 e 4 de dezembro, vai reunir 60 palestrantes de renome que irão falar sobre o que há de mais recente e promissor nos tratamentos de doenças do cérebro

O neurocirurgião Antônio De Salles é um dos coordenadores do Simpósio

 

Da Redação

Nos dias 3 e 4 de dezembro, a Rede D’Or São Luiz e o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) promovem o primeiro Simpósio Internacional de Integração Neurológica. O evento, virtual, que conta com 60 palestrantes e mais de 30 horas de atividades em duas salas simultâneas, vai discutir temas caros à neurologia, neurocirurgia, neurociência, psiquiatria, radiologia, oncologia e endocrinologia com o intuito de promover uma maior convergência entre as especialidades e um modelo de atuação mais integrado.

Entre os convidados estão, entre outros, Fernanda Tovar Moll, co-fundadora do IDOR, Paulo Hoff, presidente da Oncologia D’Or, o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, o neurocientista Stevens Rehen e o psiquiatra Paulo Mattos, pesquisadores do IDOR, e Leandro Reis Tavares, vice-presidente médico da Rede D’Or São Luiz. O evento conta também com nomes de peso de outros países, como o americano Edward Laws, professor de neurocirurgia da universidade Harvard, e o francês Hugues Duffau, responsável pelo departamento de neurocirurgia da universidade de Montpellier.

O casal de neurocirurgiões da Rede D’Or São Luiz, Antônio De Salles e Alessandra Gorgulho, é um dos coordenadores do simpósio. “Os avanços da medicina aumentaram a expectativa de vida do ser humano. O cérebro, no entanto, atrofia com o avanço da idade, diminui em volume e na densidade de conexões sinápticas”, diz Antônio De Salles. “A capacidade cognitiva entra em declínio.” Por isso, complementa Alessandra, “a perda de memória e da cognição juntamente com o surgimento de demências e doenças neurodegenerativas permanecem como objeto de muitos desafios e pesquisas atuais.”

Em outras palavras, um dos objetivos do encontro é debater o envelhecimento saudável e os progressos que neurocientistas e afins têm feito para que o homem consiga manter tanto o corpo como a mente sãos. “Esta iniciativa da Rede D’Or visa preparar nossos profissionais para o aumento contínuo da longevidade que vem sendo constatado ao longo das gerações”, afirma De Salles.

Entre os temas que integram a programação do evento, está o uso de marca-passo cerebral para tratar doenças como depressão severa e obesidade e sintomas de distúrbios como Mal de Parkinson, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), distonia e tremor essencial.

A implantação do marca-passo é feita por cirurgia. São colocados eletrodos no cérebro ligados ao dispositivo, que fica sob a pele na altura da clavícula. Por meio de estímulos elétricos, o marca-passo atua em determinadas áreas cerebrais e modula as atividades neuronais.

Com a corrente elétrica, é possível inibir ou estimular vias que estão funcionando de maneira deficiente ou em excesso e torná-las mais parecidas às de um cérebro que funciona adequadamente. “Trata-se de uma estimulação cerebral profunda capaz de atenuar sintomas que afetam a qualidade de vida do paciente”, conta Alessandra Gorgulho.

Nos casos de obesidade, a neuromodulação estimula o metabolismo, contribuindo para a perda de peso. “O tratamento provoca uma reação no organismo como a de um indivíduo que pratica exercícios físicos contínuos”, explica De Salles, que, ao lado da esposa, já implantou o marca-passo cerebral em mais de 600 pacientes.

Durante o Simpósio Internacional de Integração Neurológica, o neurocirurgião pretende divulgar alguns dados do estudo que coordena sobre o uso do marca-passo cerebral para casos de depressão severa e falar sobre a aplicação da estimulação cerebral profunda em casos de TOC e perda de memória. “Tenho certeza que o evento vai abrir horizontes, em diferentes áreas, para novas abordagens do cérebro”, diz Alessandra.