Oncologia D’Or inaugura nova clínica na Zona Oeste do Rio de Janeiro
Unidade em Campo Grande será integrada ao Hospital Oeste D’Or

A Zona Oeste do Rio de Janeiro receberá uma nova clínica especializada em tratamento de câncer. A Oncologia D’Or inaugura nova unidade em Campo Grande no dia 27 de fevereiro. O espaço, de 700m², vai estar integrado ao Hospital Oeste D’Or e contará com seis consultórios oncológicos, doze boxes com cadeiras de infusão e será capaz de realizar até oitenta consultas e quarenta tratamentos por dia. Os atendimentos disponíveis na unidade serão para oncologia clínica, hematologia, fisioterapia, nutrição e psicologia, com serviços de consulta, diagnóstico e tratamento do câncer.

O diretor regional da Oncologia D’Or, Marcus Vinicius J. dos Santos, ressalta que a ampliação ao acesso de serviços oncológicos se torna ainda mais importante frente ao cenário de aumento de diagnósticos de câncer que ocorre no mundo. “A nova unidade de Campo Grande vai oferecer a excelência de atendimento que é marca registra da Oncologia D’Or, de forma humanizada, além de contar com tecnologia de ponta para consultas e tratamentos. O mais importante é facilitar o acesso da população aos serviços oncológicos”, afirma o diretor.

Alguns dos serviços que serão realizados no Oncologia D’Or Campo Grande incluem: biópsia de medula óssea, infusão de não oncológicos, terapias antineoplásticas e touca de resfriamento do couro cabeludo. A nova unidade está localizada na Rua Augustinho Coelho, 49.

Estimativa de incidência de câncer aumenta

Segundo estudos do Instituto Nacional de Câncer, o INCA, a estimativa é que 704 mil novos casos de câncer surjam para os próximos três anos, entre 2023 e 2025, sendo 220 mil (31,3% dos casos) somente de câncer de pele não melanoma. Os cânceres de mama, com 74 mil (10,5%); próstata, com 72 mil (10,2%); cólon e reto, com 46 mil (6,5%); e pulmão, com 32 mil (4,6%), seguem a lista dos estimados para ter maior incidência.

Esses números indicam um aumento de 12,64% (79 mil casos) nas estimativas de novos casos de câncer entre os triênios, já que entre 2020 e 2022 o número era de 624 mil. Com base nesses dados, a necessidade da criação e aprimoração de clínicas especializadas para atendimento e tratamentos oncológicos se torna ainda maior no território nacional.

Anvisa aprova injeção para tratamento da obesidade
Medicamento promoveu uma redução média de 17% do peso corporal.

Da Agência Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso de mais um medicamento injetável de uso semanal para reduzir o sobrepeso e obesidade.

O princípio ativo da injeção é a semaglutida. Ela é uma substância semelhante ao hormônio GLP-1, que produzimos naturalmente no intestino e que indica para o sistema nervoso a sensação de saciedade. O médico endocrinologista Pedro Leão conta que a substância gera uma série de efeitos que auxiliam no emagrecimento.

A injeção da semaglutida deve ser aplicada apenas uma vez na semana. Pesquisa feita pelo laboratório que produz a medicação  mostrou que o medicamento promoveu uma redução média de 17% do peso corporal.

Apesar dos benefícios, o endocrinologista Pedro Leão alerta que um profissional de confiança deve ser procurado para indicar ou não o tratamento.

Mesmo após a aprovação, ainda não há data definida para a comercialização do medicamento.

Canabinóides podem auxiliar no tratamento de doenças neurológicas
É o que mostra pesquisa da Unicamp, publicada hoje

 

Da Agência Brasil

Estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostrou que o canabinóide, substância que pode ser encontrada em plantas do gênero cannabis, podem auxiliar no tratamento de doenças neurológicas e psiquiátricas. A descoberta foi feita por pesquisadores do Laboratório de Neuroproteômica, do Instituto de Biologia (IB), e publicada hoje (27) na revista European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences.

“A gente sabe muito sobre o efeito dos canabinóides, endocanabinoides ou sintéticos sobre os neurônios. Estamos aprendendo agora que essas substâncias também atuam sobre as células da glia”, diz Daniel Martins-de-Souza, um dos pesquisadores. Ele explica que o nome glia significa cola em grego, porque, no passado, os pesquisadores achavam que essas células ligavam os neurônios uns nos outros, funcionando apenas como células de suporte.

Nas últimas duas décadas, no entanto, estudos mostraram que elas praticam funções importantes no cérebro. A pesquisa analisou a interação de uma dessas células da glia, chamada oligodendrócito, com os canabinóides. O oligodendrócito é responsável por produzir a bainha de mielina, que faz o “encapamento” dos axônios, que são o meio de comunicação entre os neurônios. “Para o neurônio conseguir conversar com outro por meio de impulsos elétricos, ele precisa de um encapamento no fio, vamos assim dizer”, explica o estudioso, comparando com os fios de um poste de energia elétrica.

Falhas nas células da glia podem causar doenças. “A bainha de mielina é destruída, por exemplo, na esclerose múltipla, eventualmente até na doença de Alzheimer. Então, a bainha de mielina é bastante importante para que o neurônio funcione. A gente sempre teve uma visão muito neurocêntrica, ou seja, muito da importância do neurônio no cérebro, mas ele não vai funcionar bem se as células acessórias dele também não funcionarem, como é o caso do oligodendrócito”, acrescenta Martins-de-Souza.

Com a análise in vitro, os pesquisadores viram que os canabinóides promovem a proliferação dos oligodendrócitos. “Todas as eventuais doenças que têm perda de oligodendrócitos poderiam se beneficiar”, afirma o especialista. Ele destaca que estudos com animais e humanos devem confirmar esses dados. A pesquisa também mostrou que, com os canabinóides, os oligodendrócitos amadurecem melhor. “Isso abre novas avenidas pra gente investigar potenciais tratamentos de doenças.”

Depressão e esquizofrenia são outras doenças que podem se beneficiar dessa descoberta.

O que são canabinóides

Além do canabinóide extraído de plantas do gênero cannabis, o canabidiol, o próprio organismo humano produz a substância, chamada endocanabinóide. “Foi descoberto que os compostos da cannabis se ligam a receptores no cérebro, que passaram a ser conhecidos como receptores canabinóides. O que a gente descobriu a posteriori é que o nosso organismo produz substâncias que interagem com esses mesmos receptores. Tudo isso é chamado de canabinóide”, explica o pesquisador.

O estudo, portanto, utilizou tanto compostos extraídos de plantas do gênero cannabis, como o canabidiol, o endocanabinóide, quanto sintéticos.

Remédio usado contra o câncer é 100 vezes mais potente ante a covid-19 do que tratamentos atuais
Um prestigioso estudo internacional prova que um medicamento anticâncer bloqueia a multiplicação do coronavírus em células humanas e em ratos

 

Do El País

Uma das batalhas mais desesperadas na luta contra o novo coronavírus é encontrar tratamentos eficazes contra a infecção para ajudar as pessoas já contagiadas que estão em alto risco de sofrer de uma doença grave ou morrer de covid-19. Até o momento, a busca por tratamentos tem sido decepcionante. Apenas a dexametasona mostrou reduzir a mortalidade por covid-19 e, na realidade, não combate o vírus, mas a reação inflamatória desenfreada sofrida pelos infectados com o pior prognóstico.

Nesta segunda-feira, uma equipe internacional de pesquisadores publicou os primeiros dados científicos comprovados sobre a eficácia de um novo tratamento que pode se tornar o antiviral mais poderoso contra o novo coronavírus: a plitidepsina. Os cientistas, liderados pelo virologista espanhol Adolfo García-Sastre, do Hospital Monte Sinai, em Nova York, explicam que esse medicamento é cerca de 100 vezes mais potente que o remdesivir, o primeiro antiviral aprovado para tratar a covid-19 e que até agora não demonstrou uma eficácia contundente, como eles mesmos lembram no estudo.

A plitidepsina é uma droga sintética à base de uma substância produzida por uma espécie de ascídias do Mar Mediterrâneo: animais invertebrados e hermafroditas que vivem fixados em pedras ou cais. A empresa PharmaMar desenvolveu o medicamento com o nome comercial de Aplidina para tratar o mieloma múltiplo —um câncer do sangue—, embora por enquanto só tenha sido aprovado na Austrália.

Depois do início da pandemia, a empresa começou ensaios clínicos com o uso desse fármaco contra a covid-19. O composto reduz a carga viral em pacientes hospitalizados, segundo a empresa, apesar de ainda não terem sido publicados dados científicos devidamente revisados para confirmar isso.

A equipe de García-Sastre e especialistas da Universidade da Califórnia em San Francisco, do Instituto Pasteur de Paris e da empresa PharmaMar, rastrearam todas as proteínas do novo coronavírus que interagem com as proteínas humanas. Eles então analisaram drogas já conhecidas que pudessem interferir nessas interações e identificaram 47 promissoras. Entre elas, a plitidepsina parece ser uma das mais viáveis. É entre nove e 85 vezes mais eficaz na prevenção da multiplicação do vírus do que duas outras drogas promissoras do mesmo grupo, de acordo com o estudo, publicado nesta segunda-feira na revista Science.

Os pesquisadores compararam os efeitos desta droga com os do remdesivir em dois exemplares de ratos infectados com SARS-CoV-2. Os resultados mostram que a plitidepsina reduz a replicação do vírus cerca de 100 vezes mais e que também combate a inflamação nas vias respiratórias.

O trabalho detalha como a droga funciona. A molécula não ataca diretamente o vírus, mas uma proteína humana de que ele precisa para sequestrar o maquinário biológico das células e usá-la para fazer centenas de milhares de cópias de si mesmo. A plitidepsina bloqueia uma proteína humana conhecida como eEF1A, sem a qual o maquinário de replicação do vírus é incapaz de funcionar. “Nossos resultados e os dados positivos dos ensaios clínicos da PharmaMar sugerem que é necessário priorizar novos ensaios clínicos com a plitidepsina para o tratamento de covid”, concluem os autores.

As terapias não dirigidas contra o vírus, mas contra uma proteína específica do paciente são mais resistentes ao aparecimento de novas variantes do vírus. A genética do paciente muda muito menos depressa do que a do vírus, então esse tipo de tratamento não seria tão afetado pela chegada de novas variantes mutantes do coronavírus. A equipe de García-Sastre acaba de publicar outro estudo, neste caso ainda preliminar, no qual mostra que dois desses tratamentos —plitidepsina e ralimetinibe, outra molécula usada contra o câncer— têm eficácia semelhante contra a variante britânica do coronavírus. O mesmo ocorre com o remdesivir, que é diretamente direcionado contra o vírus, mas a plitidepsina é 10 vezes mais potente contra o SARS-CoV-2 do que o remdesivir.

“O mecanismo molecular contra o qual este fármaco é dirigido também é importante para a replicação de muitos outros vírus, incluindo a gripe e o vírus sincicial respiratório”, explicou García-Sastre em um comunicado. Isso sugere que tem potencial para criar antivirais genéricos contra muitos outros patógenos, acrescenta.

Especialistas independentes alertam que ainda há um longo caminho a percorrer. “Estamos diante de um estudo pré-clínico muito bom realizado por um grupo de pesquisadores muito confiável”, comentou Marcos López, presidente da Sociedade Espanhola de Imunologia. “Ainda há pela frente a parte dos ensaios clínicos em pacientes e esclarecer em que momento da infecção esse medicamento poderia ser mais eficaz”, destaca.

Elena Muñez, principal pesquisadora do ensaio Solidarity no hospital Puerta de Hierro, em Madri, alerta que esses resultados “são muito preliminares”. “Esse tipo de dados pré-clínicos se baseia em experimentos com ratos totalmente controlados, situação muito diferente da realidade que vemos com pacientes em um hospital”, destaca.

“É um estudo muito promissor porque nos fornece um novo possível tratamento contra a infecção, algo que infelizmente ainda afeta muita gente”, destaca a virologista do CSIC Isabel Sola. Sua equipe fez um estudo anterior com esse medicamento e constatou que era eficaz na prevenção da replicação de um coronavírus que causa um resfriado e outro que pode provocar uma doença fatal, o SARS de 2002. “Vimos que tinha muito mais potência do que o remdesivir”, explica Sola. A plitidepsina atua contra a proteína N do coronavírus, essencial para proteger sua sequência genética e para reunir novas cópias de si mesmo nos estágios iniciais da infecção. Esta droga bloqueia temporariamente uma proteína humana crucial para que o vírus possa realizar essas funções. “Tanto a plitidepsina como o remdesivir teriam efeito apenas nas fases iniciais da infecção, durante as quais ainda há replicação viral, mas não nos estágios posteriores e mais graves, quando já há uma inflamação generalizada”, acrescenta.

Um dos pontos fortes a favor desse novo medicamento é que há evidências abundantes de que não é tóxico em doses moderadas. Parte da informação vem de estudos realizados para medir seu efeito contra o mieloma, mas também de outros ensaios em que estava sendo testada uma dose desse medicamento muito semelhante à usada contra a covid-19 em combinação com a dexametasona, o corticosteroide que hoje é o único tratamento contra covid que demonstrou salvar vidas. Nesses estudos, a plitidepsina não teve efeitos colaterais graves. “O mecanismo de ação deste fármaco é novo”, afirma Ana Fernández Cruz, assistente de doenças infecciosas do Hospital Puerta de Hierro, em Madri. “Por ser direcionado às células da pessoa infectada e não ao vírus, poderia ser usado em combinação com o remdesivir, o que é positivo”, destaca.

A PharmaMar está finalizando o documento oficial para solicitar o início de um ensaio de fase III, no qual será estudada a eficácia do medicamento em pacientes hospitalizados por covid-19. “Este trabalho confirma tanto a poderosa atividade como o alto índice terapêutico da plitidepsina e que, por seu especial mecanismo de ação, inibe o SARS-CoV-2, independentemente de qual for sua mutação em sua proteína S, como as das cepas britânicas, sul-africanas, brasileira ou as novas variantes que surgiram recentemente na Dinamarca”, explica José María Fernández, presidente da PharmaMar. “Estamos trabalhando com as agências do medicamento para iniciar o teste de fase III que será realizado em vários países”, afirma.