Acordo Mercosul-União Europeia promete impactar preços e compras dos brasileiros
Por Emanuel Pessoa*

Após mais de duas décadas de negociação, o Acordo entre Mercosul e União Europeia avançou com um entendimento técnico, embora ainda dependa de etapas importantes para sua assinatura e implementação. No entanto, o Tratado já provoca reações intensas, com protestos e expectativas sobre os impactos econômicos, especialmente para os setores produtivos e para os consumidores.

Enquanto 1,5 mil agricultores protestam em Madri contra a “concorrência desleal” do Acordo Comercial que ameaça os produtores europeus com importações mais baratas do Mercosul, o governo brasileiro prevê um aumento de R$ 94,2 bilhões no comércio com a União Europeia, além de um impacto de R$ 37 bilhões no PIB, equivalente a 0,34% da economia nacional em 2044.

Em meio às turbulências, é preciso analisar os possíveis impactos do acordo. A redução de tarifas de importação para mais de 90% dos produtos comprados pelo Brasil da União Europeia poderá beneficiar o consumidor brasileiro, especialmente no setor de alimentos e bebidas. Produtos como vinhos europeus, atualmente sujeitos a taxas superiores a 20%, e o azeite, por exemplo, tendem a chegar ao mercado com preços mais acessíveis, ampliando a oferta e impulsionando o consumo.

A concorrência com o mercado chinês, conhecido pelos preços baixos, também será um desafio. Se o acordo tornar os produtos europeus mais competitivos, o consumidor poderá acessar itens de maior qualidade a preços melhores. No entanto, produtos chineses mais baratos devem manter espaço no mercado, e a dependência de insumos industriais da China segue como obstáculo para uma maior substituição.

O barateamento de itens importados certamente influenciará as escolhas dos consumidores, com a qualidade sendo um fator crucial para uma série de produtos. Espera-se que essa mudança no cenário de preços altere o comportamento de compra, com os consumidores tendo a oportunidade de avaliar também a qualidade. O impacto no mercado dependerá, ainda, do quão competitivos os preços dos importados serão e como isso afetará os diversos segmentos sociais frente às novas opções disponíveis.

Por fim, os consumidores brasileiros podem se preparar para as possíveis mudanças no mercado observando as tendências de preços e avaliando a relação custo-benefício. Além disso, os importadores poderão diversificar as fontes de compra, aproveitando a maior disponibilidade de fornecedores que surgirá com a redução do custo de aquisição de produtos importados.

*Emanuel Pessoa é advogado especializado em Direito Empresarial, Mestre em Direito pela Harvard Law School, Doutor em Direito Econômico pela USP e Professor da China Foreign Affairs University, onde treina a próxima geração de diplomatas chineses.

Endividamento sobe para 77%, mas com mudança no comportamento financeiro das famílias
Percentual de consumidores que se consideram muito endividados é o menor desde 2021, mas inadimplência é a mais alta em 12 meses

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de novembro, realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aponta mudanças nas modalidades de crédito e comportamento financeiro das famílias. O endividamento subiu levemente em novembro de 2024, atingindo 77% do total, comparado a 76,6% no mesmo período de 2023. Essa alta reflete o maior uso do crédito para compras de fim de ano, mas também aponta uma gestão mais cautelosa do orçamento. O percentual de consumidores que se consideram “muito endividados” caiu para 15,2%, o menor nível desde novembro de 2021.

Por outro lado, a inadimplência segue em alta, com 29,4% das famílias reportando dívidas em atraso – o maior patamar desde outubro de 2023. O número de consumidores que afirmam não ter condições de quitar suas dívidas aumentou para 12,9% (em outubro, esse percentual era de 12,6% e, em novembro do ano passado, 12,5%).

“O aumento sazonal do crédito é esperado nesta época do ano, mas o perfil mais equilibrado das dívidas indica uso mais consciente, com menor impacto na renda mensal”, afirma José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac. Ele destaca a importância de prazos mais longos no planejamento financeiro familiar.

Projeções para dezembro mostram estabilidade na inadimplência

A CNC projeta que o endividamento continuará crescendo em dezembro, impulsionado pelas compras de Natal. Entretanto, a inadimplência deve permanecer estável, dado o ajuste das famílias ao cenário de juros altos.

“A recuperação do consumo depende de uma gestão responsável do crédito. Apesar de um leve aumento do endividamento, o impacto na renda mensal tem diminuído, refletindo o esforço das famílias em manter suas contas equilibradas mesmo diante de adversidades econômicas”, avalia Fabio Bentes, economista-chefe da CNC em exercício.

Famílias de menor renda enfrentam mais dificuldades

Entre as famílias de menor renda (0 a 3 salários mínimos), o endividamento aumentou para 81,1%, o maior índice entre todas as faixas. Essas famílias também registraram o maior percentual de inadimplência, com 37,5% relatando dívidas em atraso, e 18,5% afirmando não ter condições de quitar os débitos.

Por outro lado, famílias com renda acima de 10 salários mínimos reduziram seu endividamento para 66,7%, com 14,6% reportando dívidas em atraso e apenas 5% afirmando não ter condições de pagá-las. Esse comportamento reflete maior capacidade de planejamento financeiro e menor dependência de crédito.

Menor comprometimento da renda e prazos mais longos ajudam na estabilidade

O comprometimento médio da renda com dívidas foi de 29,8% em novembro, uma leve queda em relação a outubro. Além disso, o percentual de consumidores com mais da metade da renda comprometida caiu para 20,3%, o menor índice desde agosto de 2024.

Os prazos mais longos para quitação de dívidas também avançaram, atingindo 35,9% das famílias endividadas, o maior nível desde dezembro de 2021. Essa mudança tem ajudado a reduzir o tempo de atraso das contas, com queda do percentual de inadimplentes há mais de 90 dias para 49,6%.

Cartão mantém liderança, mas crédito pessoal ganha destaque

O cartão de crédito continua sendo a principal modalidade de dívida, presente em 83,8% das famílias endividadas, embora tenha registrado queda de 3,9 pontos percentuais em relação a novembro de 2023. Já o crédito pessoal manteve-se em destaque, com crescimento de 2,5 pontos percentuais na comparação anual. Apesar de uma leve redução mensal (de 12% em outubro para 11,7% em novembro), ele é favorecido pelas menores taxas de juros entre as modalidades. Carnês, embora ainda relevantes, perderam participação em relação ao ano anterior.

“A bula de cada criança”: livro explica desenvolvimento infantil com linguagem leve e objetiva
O pediatra Roberto Cooper defende em livro que não existe manual para cuidar dos filhos

(Imagem: Divulgação)

Reconhecido por sua competência e vasta experiência, aliadas a uma capacidade aguçada de reflexão, o pediatra Roberto Cooper reúne em A bula de cada criança uma coletânea de artigos com um ponto central: não existe uma fórmula universal para cuidar de crianças. Cada uma delas traz seu próprio “manual”, e é tarefa dos pais desvendá-lo.

Em textos leves e objetivos, com boa dose de humor, Cooper alerta para o excesso de informações e de especialistas sobre cada etapa do desenvolvimento infantil, o que pode gerar insegurança nos pais e fazê-los duvidar de suas próprias percepções.

– Os pais sabem muito mais sobre seus filhos do que imaginam. O papel do pediatra é o de apoiar, orientar e fornecer ferramentas para que eles possam exercer suas funções com confiança, paciência e criatividade. Pais confiantes tendem a criar filhos mais seguros e independentes – comenta Cooper.

Em um mundo onde os valores corporativos invadiram nossas vidas privadas, com famílias programando viagens de férias baseadas em custo-benefício ou escolhendo escolas em função do potencial de aprovação no Enem, Cooper defende uma visão de família mais afetiva, baseada no respeito e no prazer do encontro entre pais e filhos.

Roberto Cooper, pediatra e autor do livro A bula de cada criança. (Foto: Divulgação)

Os quase 40 textos do livro refletem o estilo de Cooper – seja no consultório, na docência ou liderando fóruns importantes de saúde –, ao promover uma prática pediátrica humanizada e informativa. Ele fala do comportamento dos bebês, de alimentação, das preocupações com cada fase das crianças, mas, sobretudo, orienta pais e mães a terem autonomia no dia a dia com seus filhos.

– É preciso dar mais valor à emoção. Os pais devem desconfiar de métodos que lhes tentam empurrar e esquecer a busca pela perfeição. E, uma vez livres desse peso, deixem fluir o amor que nos torna humanos – acrescenta.

Publicado pela Editora Máquina de Livros, A bula de cada criança chega em novembro às principais livrarias e sites do país, nos formatos impresso e digital.

Evento:
Lançamento: A bula de cada criança – O olhar humanista de um pediatra sobre como cuidar dos filhos sem receita pronta
Local: Av. Afrânio de Melo Franco 290, 2º andar – Livraria Travessa do Shopping Leblon
Data: 22/11, sexta-feira
Horário: 19h

Clavis lança plataforma que unifica visões de cibersegurança
Novidade foi apresentada no Mind The Sec, o maior evento de Segurança da Informação e Cyber Security da América Latina

Leonardo Pinheiro e Victor Santos, da Clavis: uma plataforma de segurança inovadora (Foto: Divulgação)

A Clavis, referência em operações de segurança da informação, cibersegurança e proteção de dados na América Latina, criou uma plataforma inovadora para integração das diferentes ferramentas utilizadas pelos profissionais da área em seu dia a dia. A novidade foi apresentada durante o Mind The Sec, feira realizada em São Paulo, no mês passado. A Plataforma de Segurança Clavis unifica as operações de segurança, permitindo que as equipes coordenem, automatizem e respondam a incidentes de forma mais eficiente e proativa. Ela atua como um centro de comando, unificando o gerenciamento de segurança e simplificando os fluxos de trabalho.

Trata-se de uma proposta simples e, ao mesmo tempo, disruptiva: otimizar o tempo dos especialistas em cibersegurança, que não mais precisam buscar informações em múltiplas ferramentas e lidar com diferentes fornecedores. E mais do que isso: por centralizar informações críticas que costumam estar dispersas em diversas ferramentas, a nova plataforma de segurança permite realizar novas correlações que trazem insights para uma efetiva prevenção de incidentes. Com o lançamento, a meta é dobrar o número de clientes (hoje em torno de 200) nos próximos 12 meses.

Ao integrar diferentes visões de cibersegurança, a Clavis antecipa um movimento de consolidação no mercado. “Quem acompanha o mercado percebe um movimento de fusões e aquisições de empresas, que formam conglomerados em busca do conceito de one stop shop em cibersegurança. A Clavis leva esse conceito a um novo patamar, permitindo uma operação ágil e a integração das inteligências geradas por diferentes ferramentas de segurança”, explica Victor Santos, CEO da empresa.

Ataques

A demanda crescente por esses mecanismos de proteção ocorre em um momento singular: o Brasil tem sido o principal alvo de hackers em toda a América Latina e um dos principais no panorama global. O país sofreu 357.422 ataques no segundo semestre de 2023, contra 328.326 no primeiro semestre do ano passado — um aumento de 8,86%, segundo relatório da Netscout Systems. Entre os principais setores atingidos no Brasil no período, a telecomunicação sem fio segue liderando, com 82.065 ataques, um aumento de 142.47% em relação ao primeiro semestre de 2023, quando foram contabilizadas 33.846 investidas.

Em comparação com os demais países da América Latina, o Brasil sofreu cerca de 4,3 vezes mais ataques que a Argentina, segunda colocada (com 82.749 eventos), e cerca de 4,6 mais que o Peru, o terceiro, com 74.531. No âmbito global, o Brasil é o segundo país do mundo com mais ataques, atrás apenas dos Estados Unidos, totalizando 1.168.456 registros.

Das 75 empresas atacadas por ransomwares no Brasil em 2023, 83% delas efetuaram o pagamento de resgate para reaver suas informações, apontam dados da Sophos, empresa britânica fornecedora de softwares e hardwares de segurança, com cerca de 22 mil clientes ao redor do mundo.

Neste cenário, diversas organizações estão implantando novas ferramentas e serviços de segurança de informação para responder às necessidades e ameaças presentes em suas operações. Como muitas utilizam ferramentas distintas, fazer com que todas elas funcionem bem em conjunto é um desafio permanente.  Uma consideração importante é como integrar estas várias ofertas — em muitos casos desenvolvidas por diferentes fornecedores — à infraestrutura existente, a fim de oferecer o suporte adequado a uma estratégia de segurança coesa.

Leonardo Pinheiro, CTO da Clavis, materializa o conceito com um exemplo: “Imagine que um analista de segurança executa uma ferramenta de testes de segurança que aponta a existência de uma vulnerabilidade em um computador. Para definir a urgência de correção dessa vulnerabilidade, o analista provavelmente precisaria rodar uma segunda ferramenta de segurança para saber se o computador está exposto à Internet e ainda precisaria consultar o responsável pelo computador para saber se ele executa atividades críticas para o negócio. Isso representa um enorme consumo de tempo e de recursos”.

Tecnologia própria

Outro diferencial da plataforma de segurança é o fato de que ela é desenvolvida com tecnologia própria. Por este motivo, a Clavis é reconhecida pelo Ministério da Defesa como “Empresa Estratégica de Defesa”. Essa característica traz claras vantagens técnicas e comerciais.

“Do ponto de vista técnico, ser o detentor da tecnologia permite uma enorme flexibilidade na integração de novas ferramentas e na construção de inteligência de detecção. Se você tem um ativo estratégico para a condução de seu negócio – qualquer que ele seja – nós conseguimos dar visibilidade para os eventos de segurança associados a esse ativo”, explica o CTO da Clavis.

“Do ponto de vista comercial, a independência de ferramentas de terceiros reduz custos e permite que nossa tecnologia esteja acessível a todo tipo de empresa. Hoje, em nosso portfólio, temos desde clientes de grande porte, com milhares de funcionários e receitas superando os bilhões de reais, até startups no início de sua jornada de negócios e segurança”, complementa Victor Santos.

A Clavis trouxe outra novidade para a Mind The Sec: um copiloto de inteligência artificial que potencializa a geração de insights para a segurança. O Clavis AI permite que o usuário da Plataforma faça consultas sobre aspectos de segurança do ambiente monitorado e tenha insights sobre como aprimorar a segurança.

Leonardo Pinheiro exemplifica: “Eu posso perguntar ao Clavis AI, por exemplo, quais computadores têm uma determinada vulnerabilidade e como mitigar os riscos associados àquela vulnerabilidade. E ainda posso fazer consultas que correlacionem diversas visões de segurança: vulnerabilidades, exposições, alertas, comportamento humano etc. O potencial é ilimitado!”.  Agora, a Clavis se prepara para iniciar um roadshow em que apresentará a nova Plataforma em eventos por todo o país, além da realização de seminários online.