Academia Brasileira de Ciências e Instituto D’Or homenageiam um dos primeiros médicos negros do Brasil
A quinta edição em vídeo do projeto "Ciência Gera Desenvolvimento" presta tributo a Juliano Moreira, precursor da psiquiatria moderna no país

 

Da Redação

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) acabam de lançar mais um vídeo do “Ciência Gera Desenvolvimento”, projeto criado pela ABC em 2017 e com parceria do IDOR desde o ano passado. O objetivo da iniciativa é divulgar, através de animações curtas e com linguagem acessível, a vida e legado de grandes nomes da ciência brasileira. Em novembro do ano passado, foi escolhido o geógrafo Milton Santos; já em 2020, a quinta edição do projeto homenageia o psiquiatra Juliano Moreira.

Nascido em Salvador, no ano de 1873, Juliano Moreira foi um dos principais nomes da psiquiatria brasileira e um dos primeiros a trazer para a área os conceitos da psicanálise, criada por Sigmund Freud, e da genética psiquiátrica moderna, desenvolvida por Emil Kraepelin. Moreira representou o Brasil em diversos congressos na Europa, África e Ásia, além de ter revolucionado o tratamento de pacientes psiquiátricos através de práticas humanizadas, como a abolição do uso de camisas de força e do uso de grades nas janelas dos hospitais. O médico ainda foi um dos principais nomes da ciência nacional a refutar as teorias do racismo científico predominante na época, que defendia que transtornos psiquiátricos estavam associados a misturas étnicas, o que marcaria a sociedade brasileira como geneticamente inferior às europeias.

“Juliano Moreira foi um nome extremamente importante na história da psiquiatria no Brasil. E um aspecto é digno de nota: se nos tempos atuais o racismo perdura no país, no fim do século XIX, Juliano, um jovem negro, ultrapassou imensos obstáculos para entrar na faculdade de medicina enquanto ainda existia escravidão no Brasil, um dos últimos países do mundo a aboli-la. Ele viveu em um período no qual o país se definia prioritariamente pela cor da pele, até mesmo na ciência, cuja teoria de degeneração, na época, defendia que a miscigenação com pessoas negras trazia contribuições negativas para população. Mesmo assim, vivendo em um contexto adverso como aquele, Juliano alcançou a merecida fama, como um dos mais importantes médicos de toda a nossa história”, observa o psiquiatra Paulo Mattos, coordenador da área de neurociências no IDOR e professor da UFRJ.

Como relata Paulo, além de suas brilhantes conquistas profissionais e pioneirismos científicos, Juliano Moreira também rompeu rígidas barreiras racistas da época. Negro e filho de uma empregada doméstica, recebeu uma boa educação proporcionada por seu padrinho, e patrão de sua mãe, o Barão de Itapuã. E Juliano aproveitou bem a oportunidade, ingressando na Faculdade de Medicina da Bahia aos 13 anos — dois anos antes da abolição formal da escravatura no país. Mais tarde, Moreira ainda participou como membro fundador da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal e da própria ABC, na qual, como vice-presidente, recebeu o físico Albert Einstein no país, em 1925. No triênio seguinte, tornou-se presidente da entidade que ajudou a erguer.

“Juliano Moreira foi um memorável humanista. Ingressou em 1916 na ABC, foi vice-presidente e depois presidente, totalizando mais de 12 anos dedicados à Academia, de 1917 a 1929. Nesse período, recebeu Albert Einstein e Marie Curie em suas visitas ao Brasil. Ele teve grande atuação nos meios científicos internacionais, envidando grandes esforços para fortalecer a imagem da ciência brasileira no exterior. Foi realmente um grande líder da psiquiatria e da ciência brasileira. E é uma honra poder homenageá-lo com esse vídeo”, declara o físico Luiz Davidovich, atual presidente da ABC.

Pandemia provocou grave crise, mas também trouxe aprendizados
Durante webinar, lideranças da saúde apontaram a capacidade de adaptação como um legado. Presidente da ABRH Brasil alertou para o impacto na Educação

 

Da Redação

Uma crise ainda sem previsão de fim, mas com aprendizados que devem ser transformadores. Esse foi o cenário traçado pelo presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Brasil), Paulo Sardinha; pelo secretário executivo da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), Bruno Sobral e pelo vice-presidente da Qualicorp, Pablo Meneses, em webinar que discutiu o impacto da pandemia na Educação e na Saúde.

Para o presidente da ABRH Brasil, o país terá que lidar com um prejuízo na Educação, que vai além da simples retomada de aulas, provocado pela pandemia. O déficit acumulado nesses últimos meses terá desdobramentos dentro das próprias organizações, que precisarão buscar soluções que minimizem essa situação. Sardinha também avalia que a elevada taxa de desemprego comprova que o auge da crise ainda não foi superado. “Algumas dúvidas foram esclarecidas, mas incertezas permanecem. Ainda não é possível enxergar o plano de voo claramente. É preciso avaliar a cada semana”, ponderou.

Um dos setores mais afetados pelo novo coronavírus, a saúde também se viu cercada por dúvidas. Logo um segmento acostumado a trabalhar com protocolos para as mais diversas situações. “Mas a pandemia trouxe justamente um cenário em que não havia protocolos, não se sabia lidar com a doença”, destacou Sobral, que apontou a desunião nas esferas governamentais provocada pelas incertezas como um fator que tornou ainda mais difícil as tomadas de decisões. “Esse primeiro momento foi muito difícil para o país”, afirmou.

Ainda assim, os gestores avaliaram que é possível apontar aprendizados que a crise proporcionou. No caso da saúde, o secretário executivo da CNSaúde destacou a incorporação da telemedicina, que permitiu ampliar o acesso aos serviços de saúde em momentos de quarentena. A capacidade de adaptação foi um aprendizado destacado pelo vice-presidente da Qualicorp. Ele citou o exemplo das organizações que tiveram que incorporar o trabalho remoto e se adequar a novas formas de trabalho. Para ele, a disseminação de uma cultura da solidariedade e o entendimento de que a polarização de ideias, pautada em diferenças de visões de mundo, deve estar sempre a serviço de um interesse comum em prol do futuro do país, são outros aprendizados retirados dessa pandemia. “Não podemos mais ter polarizações de busca pelo poder. A boa polarização é a de ideias para construir algo melhor”, defendeu.

Educação e Saúde são tema de webinar que acontece nesta terça-feira
Impacto da reforma tributária será um dos destaques do evento

 

 

Da Redação

“Educação e Saúde” é o tema do webinar que a EuroCom e a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH BrASIL) promoveM nesta quarta-feira (22), às 16h30. O evento contará com a participação da presidente da Associação Nacional de Universidades Particulares (Anup), Elizabeth Guedes; do presidente da ABRH Brasil, Paulo Sardinha; do secretário executivo da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), Bruno Sobral e do vice-presidente da Qualicorp, Pablo Meneses. O evento será transmitido pelos links www.facebook.com/ABRHBrasil ou www.facebook.com/EuroComunicacao.

Entre os temas que serão discutidos está o impacto da Reforma Tributária que está em discussão no Congresso Nacional. As lideranças dos dois setores vêm alertando unificação do PIS/PASEP e o Cofins sob alíquota única de 12%, um dos itens do projeto da reforma, vai provocar um retrocesso no país e prejudicar a Saúde e Educação. Esse novo modelo prevê que as empresas abatam o imposto, gerando crédito na compra de insumos. Mas isso beneficia a Indústria, mas não a Educação e a Saúde, setores em que a mão de obra, que não será dedutível, responde pela maior parte dos custos.

Essa elevação de custo agravará a inflação da saúde e penalizará ainda mais os consumidores, em especial os 47 milhões de usuários de planos de saúde cujas mensalidades têm sido reajustadas com índices muito acima da inflação geral ano após ano. Entidades que representam a educação privada projetam um aumento do preço das mensalidades em até 22%; bem como fechamento de unidades e maior concentração do setor.

A neurociência aplicada ao cotidiano
Pela primeira vez em formato online, curso reúne especialistas que vão mostrar como aplicar conceitos neurocientíficos no dia a dia

Pela primeira vez o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) oferece o curso Neurociência Translacional em formato online. Coordenado pelo neurocientista Roberto Lent, autor do livro “Cem Bilhões de Neurônios?”, o curso apresentará os mais recentes avanços da neurociência, bem como suas possibilidades de aplicação em situações cotidianas. Ele é dividido em três turmas simultâneas e integradas ente si, que visam aplicar a neurociência a questões relacionadas à educação, saúde e sociedade. Cada uma está segmentada em dez módulos.

Os avanços da neurociência têm propiciado um entendimento sobre o desenvolvimento e a estrutura do cérebro que impactam diretamente na vida humana. Para professores e pedagogos, por exemplo, tais conhecimentos orientam abordagens mais eficientes e inclusivas, enquanto para médicos, fisioterapeutas ou fonoaudiólogos, oferecem novas perspectivas de tratamentos. Esse imenso horizonte que se apresenta com o conhecimento do funcionamento do cérebro será o cerne do curso, que reúne alguns dos principais cientistas do Brasil.

Ao longo de dez semanas, o curso estabelece um paralelo entre os conceitos da neurociência e preocupações da sociedade, como a atual pandemia. “Hoje é o tema mais atual da nossa sociedade, então não poderíamos nos furtar de vincular questões levantadas pela pandemia e a forma como podemos utilizar a neurociência”, observa Lent. Ele ainda destaca que pode soar estranho para quem não acompanha os avanços da neurociência a realização de um curso para um público geral. Entretanto, a compreensão do funcionamento do cérebro vem sendo aplicada em diversos setores da sociedade. “O neuromarketing é, hoje, um conceito bem consolidado. E em várias áreas profissionais a neurociência apresenta contribuições interpretativas e práticas, como na economia, psicologia, filosofia, jornalismo, entre outras”, observa Lent.

Quem participar do programa voltado para aplicações à sociedade vai poder, entre outros assuntos, compreender como o cérebro processa as emoções, como se dão as relações interpessoais ou como a neurorrobótica irá influenciar o comportamento humano nos próximos anos, sempre com uma perspectiva bastante singular da neurociência.

Para os que preferirem aprender sobre a neurociência voltada para a educação, o curso reserva grandes discussões sobre neuroplasticidade, aprendizado, memória e estratégias de ensino mais inclusivas, sob a ótica dos avanços mais recentes da neurociência. “Hoje, sabemos que o cérebro não é estático. Pelo contrário, ele muda de uma maneira muito dinâmica. E entender como isso ocorre, ajuda um professor a ter melhores resultados em sala de aula”, explica Lent.

Já os alunos que optarem por seguir na área da neurociência da saúde, o entendimento do cérebro permite melhor compreensão sobre doenças neurológicas, psiquiátricas e do comportamento. Métodos de diagnóstico, doenças congênitas do sistema nervoso, fisiopatologia da dor e transtornos da linguagem e do sono estão entre os pontos que serão discutidos.

O curso terá uma carga horária de 40h e será realizado através de aulas online, transmitidas ao vivo, sempre às terças e quartas-feiras. O início está previsto para 23 de março. As inscrições vão até  18 de março e podem ser feitas pelo link www.rededorsaoluiz.com.br/instituto/idor.