Campanha da ONG Banco de Alimentos distribui cestas básicas digitais para famílias em cidades do Rio Grande do Sul, São Paulo e Amazonas
A ação começou no Vale do Ribeira (SP) com a entrega de cestas digitais (cartões de alimentação) para comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas, e chegou à cidade de Canoas (RS)

Imagem ilustrativa de doação de alimentos; as cestas entregues pela OBA são digitais (Foto: Freepik)

A equipe da ONG Banco de Alimentos (OBA) está implementando uma nova campanha de distribuição de cestas básicas digitais (cartões de alimentação) na cidade de Canoas (RS), uma das mais atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. A ação iniciada este mês, conta com a parceria da ADM, empresa líder global em originação, insumos, nutrição humana e animal, que possibilitou os recursos necessários para a distribuição de 594 cartões, no valor de R$ 250 cada.

Além da ação no sul do país, a parceria entre ADM e OBA levou recursos para o combate a fome também em outras cidades do país, como Vale do Ribeira, cidade escolhida pela vulnerabilidade e presença de indígenas e quilombolas, e em cinco cidades nas quais a empresa atua – Santos, Hortolândia e Descalvado, no estado de São Paulo e Manaus, no Amazonas, locais em que a ação prevê a entrega de 4.906 cartões digitais, que deverão beneficiar cerca de 5 mil famílias em situação de vulnerabilidade.

“Contar com os recursos de parceiros como a ADM é essencial para o trabalho da OBA, para que possamos doar alimentos a quem precisa e atender situações de emergência climática como a que enfrentamos no Rio Grande do Sul. Com a iniciativa, a ADM fortalece a nossa missão, que consiste em Alimentar, Educar e Transformar. Campanhas como essa fazem parte do pilar Coleta e Distribuição de Alimentos da OBA, que inclui também a Colheita Urbana e a Rede OBA”, afirma Luciana Quintão, fundadora e presidente da OBA, organização pioneira na sociedade civil que há 26 anos atua no combate à fome e ao desperdício de alimentos no país.

A primeira campanha foi realizada no Vale do Ribeira, com a equipe da ONG Banco de Alimentos a postos para entregar 2 mil cartões digitais (cartões de alimentação) no valor de R$ 150 cada, para famílias de comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas situadas em 12 cidades da região. A escolha do local se deu em razão de ser uma das regiões mais pobres do estado de São Paulo e, consequentemente, onde a fome atinge grande parte da população. Com os cartões, os beneficiários têm autonomia na compra de produtos da sua necessidade, como proteínas e alimentos frescos, o que também tem efeitos positivos sobre o comércio local das cidades. A ação teve o apoio do Instituto Feliz Cidade, de Pariquera-Açú, integrante da Rede OBA, que visa levar a tecnologia social da ONG para outras cidades, com o objetivo de expandir as ações de combate à fome e ao desperdício de alimentos no Brasil.

“Ao fornecer recursos essenciais através da ADM Cares, nosso programa de investimento social corporativo, contribuímos com o fortalecimento das comunidades onde os colegas da ADM trabalham, vivem e operam, em parceria com organizações que estão impulsionando o progresso social, econômico e ambiental como a ONG Banco de Alimentos em sua missão de Alimentar, Educar e Transformar.”, comenta Caroline Hoth, Especialista em Sustentabilidade e Líder Regional de ADM Cares para América Latina.

Após o Vale do Ribeira, a equipe seguiu para as cidades de Santos, Hortolândia e Descalvado e Manaus. Agora, as ações terão início na cidade de Canoas (RS), com o mesmo objetivo de liberar recursos para apoiar a reconstrução da vida das pessoas e da cidade. A equipe da OBA coordena toda a logística da ação, com total transparência e demonstração de resultados. Além da Coleta e Distribuição de Alimentos, a OBA atua nos pilares Educação Nutricional e Conscientização e Advocacy. Em todas as frentes, busca promover um verdadeiro ciclo do bem, que envolve o combate à fome e ao desperdício, oferece alimentos saudáveis e nutritivos, favorece a inclusão social, evita o desperdício e colabora com o meio ambiente ao minimizar o impacto do lixo orgânico na produção de gases de efeito estufa e tem um impacto educativo, ao compartilhar conhecimento e promover a mudança de cultura e o engajamento.

Direito à saúde, justiça e sustentabilidade
Persistência da judicialização da saúde no Brasil é um sintoma grave de contradições

Do Portal JOTA, por Bruno Sobral

Bruno Sobral é diretor-executivo da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) [Foto: CNSaúde]
A persistência do fenômeno da judicialização da saúde no Brasil é um sintoma grave de contradições que permeiam o arcabouço jurídico e regulatório desse setor essencial para a vida da população. As ações contra planos de saúde chegaram a 234,1 mil. A velocidade da escalada — um avanço de 32,8% sobre 2022 — dá também a medida da urgência com que se deve superar essas contradições. Não apenas para evitar uma crise maior no curto prazo, mas para instaurar um ambiente legal e normativo que pacifique os conflitos na saúde, tanto pública quanto privada, e faça do recurso aos tribunais a exceção, não a regra.

As contradições começam ali, onde a Constituição de 1988 estabelece a saúde como direito de todos e dever do Estado. Sem estabelecer critérios objetivos para que esse direito se exerça numa realidade marcada pela escassez de meios à disposição do Estado — ou seja, onde o tudo para todos é impossível —, cria-se o ambiente para a disputa em torno da partilha dos recursos. O direito total à saúde, conquista popular, se encolhe, na prática, para ser exercido em maior proporção por aqueles que dispuserem dos meios de obtê-lo na justiça.

A mesma ambiguidade estressa o sistema privado de saúde. Diz a Lei 9.656 que planos de saúde devem cobrir as doenças listadas na Classificação Internacional da Organização Mundial de Saúde, cabendo à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) fixar a amplitude dessa cobertura no rol de procedimentos e eventos em saúde.

Em 2022, a Lei 14.454 alterou a Lei 9.656 para estabelecer que as operadoras deverão autorizar tratamento ou procedimento não previstos no rol da ANS, desde que haja comprovação de eficácia. Todavia, o legislador não define o que vem a ser eficácia e comprovação — conceitos que em medicina têm gradações e dependem da qualidade das evidências.

Ocorre que há enorme distância entre um estudo com base em ensaios clínicos não randomizados e revisões sistemáticas e metanálises, consideradas padrão-ouro de evidência científica. Abre-se espaço, assim, sob o guarda-chuva da Lei 14.454, para agregar procedimentos duvidosos tanto do ponto de vista clínico como de custo-efetividade ao rol de coberturas obrigatórias. Como? De novo, pela judicialização.

O problema se agrava pelo fato de a legislação não dar o devido valor às análises de tecnologia em saúde (ATS), as quais deveriam constituir a referência técnica para as decisões do órgão regulador e do judiciário acerca da “comprovada eficácia”. Sem essa base, o cumpra-se das decisões judiciais pode levar à desorganização de políticas públicas e da alocação eficiente de recursos destinados a tratamentos realmente eficazes ou a atender as necessidades da população pobre, que tem maior dificuldade para acessar a justiça.

Esse é o enredo dramático que temos diante de nós, atualmente, nas demandas judiciais envolvendo o tratamento de pacientes com Transtorno de Espectro Autista (TEA). Sem desconsiderar o fato de que muito há que ser feito pelas empresas de planos de saúde — no sentido de organizar processos de trabalho e protocolos internos para acolher melhor as famílias com serviços adequados e personalizados aos pacientes —, há um vácuo de informações.

Nem na saúde pública nem na suplementar foram estabelecidas as diretrizes clínicas para um diagnóstico qualificado de TEA, tampouco diretrizes para utilização de terapias de acordo com os níveis de suporte às necessidades apresentadas pelos pacientes. Diante desse vácuo, os juízes têm a difícil tarefa de decidir sem ter as balizas objetivas para julgar da eficácia ou da pertinência de tratamentos demandados, e confrontados pela assimetria entre o seu conhecimento técnico e o do médico assistente que está, invariavelmente, por trás de toda demanda judicial, efetiva ou não.

Alguns importantes mecanismos de apoio ao Judiciário vêm sendo fortalecidos para minimizar esse desnível informacional entre magistrados e profissionais de saúde.

(Imagem: Unsplash)

Um deles é o Fórum Nacional do Judiciário para a Saúde (Fonajus), criado em 2009 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com função de colaborar, com parâmetros técnicos e médicos, para que juízes possam arbitrar os casos em julgamento.

O Fonajus, que este ano passou a contar com a participação da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) como representante de hospitais, clínicas e laboratórios privados, coordena um sistema de núcleos técnicos locais: os NatJus, responsáveis por fornecer, em tempo real, sob demanda, pareceres sobre questões médicas que chegam aos tribunais.

Além disso, com a colaboração de centros de excelência como os Hospitais Sírio-Libanês, Albert Einstein e o Hospital das Clínicas de São Paulo, o Fonajus também coloca à disposição de magistrados diretrizes gerais sobre a utilização adequada de terapias, medicamentos e procedimentos médicos com base em evidências científicas robustas e atualizadas.

Neste ano, sob a liderança da conselheira do CNJ Daiane Lira, o Fonajus realizará uma série de eventos itinerantes pelos estados para discutir as questões candentes relacionadas à saúde, ouvir magistrados e estreitar os relacionamentos com tribunais de todo o Brasil.

Outro importante mecanismo é aquele constituído por dois órgãos técnicos responsáveis por processos de ATS que, infelizmente, não são unificados: a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e o Cosaúde, conselho vinculado à ANS. Suas análises, criteriosas e fundamentadas em estudos, deveriam ser consideradas em todos os processos que resultem na incorporação ao rol, pela via judicial, de produtos, tecnologias e terapias.

Muitas dessas tecnologias em saúde vêm salvando vidas, mas outras tantas ainda estão em fase inicial da coleta de evidências sobre seu real valor terapêutico; em outros casos, novas tecnologias ou terapias apresentam custos exorbitantes sem que assegurem benefícios adicionais em relação a alternativas já conhecidas e mais baratas. A avaliação da qualidade dessas evidências é função dos processos de ATS, assim como a avaliação dos custos associada à efetividade dos tratamentos.

A falta de legislação ou norma que orientem essas decisões e análises técnicas, podem fornecer bases objetivas para que um juiz possa decidir se concede a um único paciente do SUS ou de um plano de saúde, o direito a tratamento milionário que irá drenar recursos necessários para atender aos demais pacientes e ameaçar a sustentabilidade de todo um sistema formado por consultórios médicos, clínicas de diagnóstico e hospitais tão importantes para a manutenção da saúde da população.

Além de tomar em conta as ATS, seria saudável que, na análise judicial para a concessão de tratamentos ainda em fase experimental, da administração de medicamentos off label ou de tratamentos excessivamente caros, viessem condicionadas a um acompanhamento dos resultados clínicos obtidos a partir da decisão inicial. E também que, em alguns casos, as decisões judiciais impusessem à indústria algum nível de compartilhamento do risco financeiro, associado à obtenção dos resultados prometidos.

Ao passar a integrar o Fonajus, a CNSaúde se propõe a levar essas e outras sugestões à discussão. Esperamos, assim, contribuir para aperfeiçoar esse mecanismo de apoio às decisões do Judiciário, ao mesmo tempo em que seguimos trabalhando para o aperfeiçoamento do arcabouço jurídico e regulatório do setor, para que se encontre, através do diálogo, o equilíbrio entre o direito à saúde e a sustentabilidade do sistema, tanto público quanto privado.

As gerações X e Y têm risco maior de desenvolver 17 tipos de câncer em relação à outras faixas etárias; revela novo estudo
Fatores de estilo de vida, como obesidade e consumo de álcool, parecem contribuir para essa tendência

Mulher com câncer (Foto: Freepik)

Matéria produzida e publicada em primeira mão pelo O Globo. Para ler no veículo, acesse o Link.

Pode parecer contraditório, mas as gerações mais novas correm um risco maior de desenvolver 17 tipos de câncer, incluindo alguns dos mais mortais, como câncer de cólon, pâncreas e fígado, em comparação com suas antecessoras. A conclusão é de um estudo publicado recentemente na revista científica The Lancet Public Health.

Pesquisadores da American Cancer Society analisaram dados de mais de 23 milhões de pacientes diagnosticados com 34 formas de câncer em um período de 20 anos. Os pacientes tinham entre 25 e 84 anos e foram divididos em coortes com base nos anos de nascimento, de 1920 a 1990.

Os resultados mostraram que as gerações X e Y (ou Millennial) tinham até três vezes mais probabilidade de desenvolver diversas formas de câncer do que os Boomers, geração que nasceu após a Segunda Guerra. Estes incluíram formas como o câncer colorretal, que tem aumentado rapidamente em adultos com menos de 50 anos.

E à medida que as taxas de câncer diminuíam entre as pessoas mais velhas, a incidência em pacientes mais jovens aumentou para nove tipos de tumor, incluindo câncer de mama, do útero, colorretal, dos ovários e dos testículos.

A descoberta está em linha com outros dados nacionais que alertam para o aumento do câncer entre os adultos mais jovens. Embora parte dessa tendência possa ser devido ao aumento dos testes e à melhoria da detecção da doença, o novo estudo mostra que fatores de estilo de vida, como a obesidade e o consumo de álcool, podem ser parcialmente culpados.

Os investigadores afirmaram que entre os adultos com idades entre os 25 e os 49 anos, “os aumentos mais rápidos nas taxas de incidência” foram observados nos tumores de pâncreas, intestino delgado, rins e pélvis, todos ligados à obesidade e ao álcool.

As taxas de mortalidade também aumentaram entre pacientes mais jovens por câncer de fígado, útero, vesícula biliar, testículo e colorretal.

A ascensão entre as novas gerações ameaça reverter décadas de progresso no combate à doença. Espera-se que os diagnósticos quase dupliquem entre 2020 e 2050 e há sinais de que as taxas de mortalidade estão a começar a estagnar.

Os especialistas também afirmam que o fardo crescente do cancro irá impedi-los de contribuir para a economia dos EUA, causando um desemprego mais elevado e um crescimento mais lento, além de fazer disparar os custos dos cuidados de saúde. Isso poderia desencadear um ciclo vicioso em que a saúde precária causa dificuldades económicas, contribuindo para uma saúde ainda pior devido à falta de acesso ao tratamento.

“O aumento nas taxas de câncer entre este grupo mais jovem de pessoas indica mudanças geracionais no risco de câncer e muitas vezes serve como um indicador precoce da futura carga de câncer no país”, diz Ahmedin Jemal, autor sênior do estudo e vice-presidente sênior de vigilância e ciência de equidade em saúde da American Cancer Society, em comunicado.

“Sem intervenções eficazes a nível da população, e como o risco elevado nas gerações mais jovens se prolonga à medida que os indivíduos envelhecem, poderá ocorrer um aumento global no fardo do câncer no futuro, interrompendo ou revertendo décadas de progresso contra a doença. Os dados destacam a necessidade crítica de identificar e abordar os fatores de risco subjacentes nas populações da Geração X e da geração Millennial para informar as estratégias de prevenção”, acrescenta.

Hemorio faz campanha para doações de sangue durante a Olimpíada
Instituto tem a meta de fechar 2024 com 90 mil bolsas coletadas

(Foto: Nayana Magalhães/Gov. Amapá)

Da Agência Brasil

O Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti (Hemorio) lançou nesta segunda-feira (29) a campanha especial Influ do Bem, inspirada nas Olimpíadas de Paris. O objetivo é aumentar o número de doadores diários na unidade, durante o período dos Jogos. A iniciativa se estenderá até o dia 4 de agosto próximo. Atualmente a média é de 279 doadores no salão do doador.

O diretor do Hemorio, Luiz Amorim, disse à Agência Brasil que a expectativa de adesão é positiva. “Temos certeza que sim, que virá muita gente. As pessoas gostam da brincadeira, de Jogos Olímpicos, e vão gostar também de participar dessa campanha”.

Os doadores voluntários devem montar equipes para concorrer a medalhas de honra ao mérito de ouro, prata e bronze, que serão concedidas para as três melhores classificadas. As equipes, porém, não podem ter nome de marcas, instituição pública ou privada, instituição religiosa, grupos políticos ou times de futebol. Apenas nomes lúdicos serão permitidos. “Qualquer pessoa pode montar uma equipe, que deverá ter qualquer nome criativo”. A equipe que trouxer mais doadores em uma semana vai ser homenageado por um atleta olímpico de alta popularidade, com um vídeo nominal no perfil do Hemorio. “A gente espera, com isso, fazer uma brincadeira com a Olimpíada. As pessoas podem entrar na brincadeira e ajudar a salvar vidas”.

Além das medalhas para os vencedores, cada voluntário que doar durante a campanha receberá uma Carteirinha do Doador impressa e estilizada com o tema das Olimpíadas, produzida pelo Hemorio, destacou o diretor. “Só para lembrar que a gente está também torcendo pelo Brasil”. A disputa entre os times será alimentada no perfil da unidade no Instagram, ao longo da campanha.