Senado votará na segunda auxílio de R$ 600 para trabalhadores
Benefício é destinado a autônomos, informais e sem renda fixa

Da Agência Brasil

O Senado votará na próxima segunda-feira (30) o pagamento de um auxílio emergencial por três meses, no valor de R$ 600, destinado aos trabalhadores autônomos, informais e sem renda fixa. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), confirmou a votação para o início da próxima semana em postagem no Twitter.

Alcolumbre está se recuperando após ser diagnosticado com o novo coronavírus. Quem tem presidido as sessões remotas é o vice-presidente, senador Antonio Anastasia (PSD-MG). A sessão está prevista para ocorrer às 16h. Horas antes, pela manhã, os líderes se reunirão, também remotamente, para discutir outras votações prioritárias da semana.

Pelas manifestações de senadores nas redes sociais, a expectativa é que a medida seja aprovada sem objeções. O vice-líder do governo, senador Chico Rodrigues (DEM-RR), e o líder da minoria, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), se manifestaram favoráveis à votação e sua aprovação. Além deles, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) e os senadores Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB) e Esperidião Amin (PP-SC) também se manifestaram favoráveis.

O auxílio, quefoi aprovado na Câmara dos Deputados ontem (26),  é voltado aos trabalhadores informais (sem carteira assinada), às pessoas sem assistência social e à população que desistiu de procurar emprego. A medida é uma forma de amparar as camadas mais vulneráveis à crise econômica causada pela disseminação da covid-19 no Brasil e o auxílio será distribuído por meio de vouchers (cupons).

Covid-19: Brasil tem 46 mortes e mais de 2 mil casos confirmados
São Paulo registra maior número de óbitos, 40 no total

Av. Paulista com pouco movimento devido à epidemia

 

Da Agência Brasil

O número de mortes decorrentes do novo coronavírus (covid-19) chegou a 46, conforme atualização do Ministério da Saúde publicada hoje (24). Até ontem (23), o número de pessoas que vieram a óbito estava em 34. No domingo (22), era de 25, um aumento de quase 20 casos em apenas dois dias.

O total de casos confirmados saiu de 1.891 ontem para 2.201 hoje, um acréscimo proporcional de 16% e de 310 em números absolutos. O resultado de hoje marcou um aumento de 42% nos casos em relação a domingo, quando foram registradas 1.546 pessoas infectadas.

As mortes continuam restritas a São Paulo, com 40 óbitos, e Rio de Janeiro, com 6 falecimentos. A taxa de letalidade saiu de 1,8% ontem (23) para 2,1% hoje.

Como local de maior circulação do novo coronavírus no país, São Paulo também lidera o número de pessoas infectadas, com 810 casos confirmados. Em seguida vêm Rio de Janeiro (305), Ceará (182), Distrito Federal (160), Minas Gerais (130) e Santa Catarina (107).

Também registram casos confirmados Rio Grande do Sul (98), Bahia (76), Paraná (65), Amazonas (47), Pernambuco (42), Espírito Santo (33), Goiás (27), Mato Grosso do Sul (23), Acre (17), Sergipe (15), Rio Grande do Norte (13), Alagoas (nove), Maranhão (oito), Tocantins (sete), Mato Grosso (sete), Piauí (seis), Pará (cinco), Rondônia (três), Paraíba (três), Roraima (dois) e Amapá (um).

Testes

Os representantes do governo afirmaram que a intenção é chegar a 22, 9 milhões de testes. A estratégia de ampliação dos exames é a principal recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS). Ao total, o intuito é chegar a 14,9 milhões de testes de laboratório nos próximos três meses sendo: 3 milhões da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 600 mil doados pela Petrobrás, 1,3 milhões ofertados por empresas privadas e outros 10 milhões que serão comprados. Essa modalidade será focada para pessoas infectadas internadas ou casos leves em unidades sentinela para monitorar a epidemia de coronavírus.

Já para os testes rápidos a promessa é viabilizar mais 8 milhões, sendo 3 milhões pela Fiocruz e 5 milhões doados pela Vale. Esse tipo de exame, explicaram os representantes do Ministério da Saúde, é para identificar a evolução da doença, e não para diagnóstico. Ele possui uma efetividade menor do que a alternativa de laboratório, uma vez que verifica a reação dos anticorpos ao vírus. Esse tipo terá a finalidade principalmente de monitorar os profissionais de segurança.

A estratégia é priorizar as cidades com mais de 500 mil habitantes. Um novo protocolo para casos mais leves está sendo discutido pelo governo. Até o momento, foram distribuídos 32,5 mil kits. Na avaliação da pasta, para o momento de maior disseminação do novo coronavírus, que deve ocorrer no fim de abril, o Brasil terá de aumentar sua produção em quase cinco vezes.

“Hoje produzimos 6,7 mil testes por dia. Para enfrentar o pico da epidemia, temos que ter capacidade de produção de 30 a 50 mil por dia. Nós não temos essa escala ainda, e não temos isso agora. Vamos chegar nas próximas semanas [e tentar] aproximar o máximo possível desses valores”,  afirmou o secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Wanderson de Oliveira.

Os representantes do ministério também falaram sobre a insuficiência de máscaras no país. Eles defenderam que o governo não terá condição de assegurar esse recurso para todos, e que deve haver uma priorização para os profissionais de saúde. Já quem apresenta sintomas e quer evitar o risco de infectar outros, alternativas podem ser adotadas, como máscaras de pano ou de outros materiais, que funcionam como barreiras físicas. Já os trabalhadores da saúde só podem utilizar equipamentos autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Isolamento e distanciamento

O Ministério da Saúde também comentou as estratégias de isolamento e distanciamento social, promovida pela maioria dos governos estaduais. O isolamento é recomendado a quem apresentou sintomas e a moradores da mesma residência do paciente sintomático, bem como a idosos acima de 60 anos, pelo prazo de 14 dias. Uma vez terminado esse período, não haveria mais necessidade da medida, a não ser em casos de uma condição médica específica.

“Não faz sentido pedir que pessoa ao final de 14 dias tenha que ir à unidade de saúde. Não tem que fazer novo teste, uma nova consulta. A não ser que tenha condição de saúde que necessite de consulta clínica. Concluiu os 14 dias, vida que segue, vida normal”, declarou secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira.

Já no caso das medidas adotadas por governadores de distanciamento social e determinação para que trabalhadores sejam dispensados do serviço e fiquem em casa, em geral com prazo até o início de abril, o secretário afirmou que “o difícil não é fechar, é abrir”, se referindo a dúvida de quando será o momento certo para que brasileiros retomem a rotina, e quando escolas e comércio poderão voltar a funcionar normalmente.

“Esse é o grande problema. O que vamos fazer a partir do 15º dia? Estados e municípios têm suas prerrogativas. A gente continua dando recomendações, mas estados e municípios têm liberdade para tomar medidas. Vamos continuar com as mesmas recomendações. Sintomáticos e família, isolamento domiciliar. Idoso, isolamento domiciliar. Com os testes rápidos, vamos ter outro elenco de pessoas. Serão recomendados a fazer isolamento domiciliar, quem testar positivo”, destacou o secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo Reis.

Psiquiatra fala sobre saúde mental e isolamento social
Antônio Geraldo diz que é preciso cumprir restrições

“A gente tem que fazer uma mudança de paradigma. Pensar: estou em um momento novo, tenho restrições que tenho que obedecer para não transmitir o vírus. É o respeito ao outro”, afirmou o psiquiatra Antônio Geraldo em entrevista ao programa Impressões, da TV Brasil, que vai ao ar nesta quarta-feira (25), às 23h.

Diante de um vírus que parou cidades, atividades econômicas e pessoas, um dos grandes desafios dos profissionais de saúde que cuidam da mente tem sido disseminar orientações para que a pandemia do covid-19 não se alastre como uma epidemia de doenças psíquicas, como a depressão e a ansiedade. Reunindo importantes dicas, o programa traz como convidado o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria e da Associação Psiquiátrica da América Latina.

A principal medida a ser adotada nesta fase, em que grande parte da população brasileira e mundial está confinada em seus lare, é estabelecer uma rotina. Antônio Geraldo explicou que é preciso tomar consciência de que não se trata de um período de férias e é importante definir claramente horários para dormir, acordar e realizar tarefas possíveis dentro dos limites físicos que o vírus nos impôs.

“A rotina é para disciplinar, colocar regras e ficar claro que você precisa trabalhar hoje. Vou lavar roupa, vou cozinhar. Você vai lavar a louça que você nunca lavou. Vou aproveitar e passar água e sabão em todas as maçanetas da casa, vou me proteger. Vamos fazer o velho plano de ler aqueles 100 livros, assistir os 100 filmes”, citou como exemplos.

Para o psiquiatra, é fundamental que haja uma mudança de paradigmas em defesa da vida. “Se cada um de nós não agir como transmissor desse vírus, levando daqui para ali, sozinho ele não vai”, disse.

À jornalista Katiuscia Neri, que comanda o Impressões, Antônio Geraldo disse que é possível aproveitar o momento de crise atual, transformando-o em oportunidades. Segundo ele, a situação está permitindo, por exemplo, que as famílias voltem a um convívio que havia se perdido e que jovens busquem formas de contribuir com vizinhos idosos, se oferecendo, por exemplo, para realizar compras de mercado evitando que essas pessoas consideradas vulneráveis tenham que sair às ruas.

“É um momento de criar, fazer coisas novas e ajudar as pessoas”, afirmou.

Quanto às doenças psíquicas, o especialista faz um alerta sobre o aumento de pessoas que têm buscado ajuda psiquiátrica. A Associação Brasileira de Psiquiatria recomendou que os médicos mantenham os atendimentos, ainda que a distância, como teleconsultas por redes sociais.

“Pairou uma paranóia geral sobre três situações: pessoas que nunca tiveram um quadro psiquiátrico e vão ter, desencadeado por esse fator estressor. Pessoas que já tiveram quadro psiquiátrico, estavam sob tratamento e agora estão reagudizando o quadro. E pessoas que estão em tratamento psiquiátrico e a pressão é tão grande, o estressor é tão grande, que agora estão tendo recaída”, explicou.

A orientação do médico é que, ao primeiro sinal de que algo está impedindo de continuar sua rotina, a pessoa deve procurar ajuda. “Quando é que você diagnostica que uma pessoa está doente? Quando aquilo que apareceu nela está levando a prejuízos, está levando a perdas. Tem que chegar a um psiquiatra, avaliar logo, fazer intervenção precoce para que você possa voltar à normalidade”, disse.

Antônio Geraldo alerta que quadros depressivos diminuem a imunidade e lembra que alguns problemas psiquiátricos são causadores de ideias suicidas que precisam receber cuidados médicos. Aos que foram infectados, o psiquiatra recomenda: “Tem que acreditar que é possível. Que você vai cuidar direitinho. Cuidar adequadamente para não piorar. Tem que buscar o aumento da sua resistência”, concluiu.

Brasil fecha fronteira com Uruguai para estrangeiros
Medida vela pelos próximos 30 dias e pode ser prorrogada

Da Agência Brasil

A fronteira do Brasil com o Uruguai, para estrangeiros vindos do país vizinho, está fechada. A portaria foi publicada, pelo governo brasileiro, na noite deste domingo (22/03), em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus.

Este era o último limite territorial que permanecia aberto, após restrições impostas pelo Brasil na semana passada a moradores de nove países.

A medida vale inicialmente pelos próximos 30 dias, mas caso haja uma recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), poderá ser prorrogada.

A proibição de cruzar a fronteira com o país vizinho não se aplica em algumas situações: brasileiros natos ou naturalizados; cônjuge ou companheiro uruguaio de brasileiro; uruguaios que tenham filhos brasileiros; estrangeiros residentes no Brasil; profissionais estrangeiros em missão a serviço de organismo internacional e funcionários estrangeiros acreditados junto ao governo brasileiro.

A portaria também não impede o tráfego de cargas, a execução de ações humanitárias previamente autorizadas e o tráfego de residentes fronteiriços.

O descumprimento das regras levará à deportação imediata, além de responsabilização penal, civil e administrativa.

Na semana passada, foi restringida a entrada de estrangeiros vindos da Venezuela e, em seguida, ampliada para outros oito países: Argentina, Bolívia, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru e Suriname. Diferentemente da portaria que trata dos outros países, a que abrange o Uruguai permite acesso a cônjuges uruguaios de brasileiro e a uruguaios que tenham filhos brasileiros.

Na quinta-feira (19), o país também restringiu, por via aérea, a entrada de estrangeiros de países da Europa, da Ásia e da Oceania.