Câncer de mama
Coluna assinada por Priscila Vilella da Silva, oncologista do Hospital e Maternidade Brasil - Rede D'Or

A partir de qual Idade é recomendável a mulher ficar atenta ao câncer de mama?

A recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia é que se inicie o rastreamento anual com mamografia a partir dos 40 anos na paciente de baixo risco. Entretanto, a mulher deve realizar o autoexame para um efetivo autoconhecimento na idade mais jovem possível.

Quais são os principais sintomas da doença?

O ideal é que o diagnóstico do câncer de mama venha antes que a paciente apresente sinais clínicos. Os sinais que a mulher deve ficar atenta são nódulos palpáveis, secreção nos mamilos, área de descamação das aréolas, retração da pele ou inversão do mamilo e vermelhidão das mamas. Vale a pena ressaltar que esses sinais devem ser investigados, mas em grande parte das vezes são causados por alterações benignas.

Quais são as principais medidas de prevenção?

Estatisticamente, sabemos que mulheres que têm filhos, que amamentam e que não fazem terapia de reposição hormonal possuem menor incidência de câncer de mama. Entretanto, quando trazemos a questão da prevenção para o âmbito individual, sabemos que a alimentação saudável, a prática de atividade física e o controle da obesidade são medidas reais que podemos tomar como protetivas.

Quais exames são necessários para realizar o diagnóstico?

Inicialmente, no rastreamento de imagens suspeitas usamos mamografia e ultrassonografia das mamas. Em se tratando de imagem, também podemos incluir o uso de ressonância nuclear magnética em alguns casos. A partir do momento que temos uma imagem suspeita, passamos para a fase das biópsias percutâneas, chamadas também de punções. Quando as lesões não são palpáveis, devem ser guiadas por imagem de mamografia ou de ultrassonografia de mamas, de acordo com a necessidade

Como é o tratamento após a descoberta da doença?

Hoje o câncer de mama deve ser tratado de maneira totalmente individualizada. Cada perfil de paciente, associado ao perfil do tumor, definirá o plano de tratamento. Fatores como idade do paciente, tamanho do tumor, situação axilar, tipo histológico (local de origem do tumor e a forma como ele se desenvolve) e perfil imuno-histoquímico (estudo de células cancerígenas no organismo) definirão o tratamento. Essa decisão é multidisciplinar, geralmente com a participação do mastologista e do oncologista. O tratamento pode envolver cirurgia, quimioterapia, radioterapia e terapia hormonal, entre outros, dependendo de cada paciente. Atualmente, também temos que levar em conta o risco genético, principalmente para pacientes jovens.

Quais são os diferenciais do Hospital e Maternidade Brasil no tratamento do câncer de mama?

No Hospital e Maternidade Brasil prezamos pelo acolhimento da paciente, rapidez no diagnóstico e início de tratamento. Temos uma fácil comunicação entre todos os envolvidos no processo. Contamos com especialistas em radiologia, que identificam lesões suspeitas e fazem as biópsias por imagem, bem como médicos patologistas que examinam o material, mastologistas e oncologistas. Temos eficiência na rapidez do processo tanto para diagnóstico quanto para tratamento.

Tabagismo é responsável pela maioria de casos de câncer de pulmão
Cerca de 80% dos casos diagnosticados da doença estão associados ao consumo de derivados de tabaco

(Imagem: Freepik)

Da Redação

O câncer é uma das doenças de maior incidência no mundo. Para cada ano do triênio 2023-2025, são esperados 704 mil novos casos de câncer no Brasil. O câncer de pulmão, traqueia e brônquio é o 4º mais incidente na população brasileira, com estimativa de 35.560 novos casos para cada ano do triênio 2023-2025, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

De acordo com a oncologista da Oncologia D’Or Martha Mesquita, o tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão. “Em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco. Temos outros fatores de risco que são exposição à poluição, doença pulmonar obstrutiva crônica, enfisema pulmonar, bronquite crônica, exposição a agentes químicos como radônio, arsênico, cromo, níquel e fuligem, dentre outros”, explica a oncologista.

O cigarro eletrônico está cada vez mais popular no meio dos jovens. Mas, segundo o oncologista da Oncologia D’Or Lucianno Santos, por estar difundido há pouco tempo, ainda não são conhecidos todos os efeitos danosos a longo prazo. “Atualmente, nota-se o aumento de doenças pulmonares não-oncológicas em pacientes que utilizam o cigarro eletrônico, a relação direta entre o cigarro eletrônico e o câncer de pulmão ainda não foi comprovada de forma enfática. Faz-se necessário mais tempo de acompanhamento desta população e a conclusão de estudos científicos em andamento”, afirma Lucianno.

Apesar disso, o cigarro eletrônico, assim como o convencional, pode causar dependência ao usuário, devido à presença de nicotina. “Embora os cigarros eletrônicos não contenham alcatrão e monóxido de carbono, substâncias nocivas presentes nos cigarros convencionais, a nicotina ainda é uma substância altamente viciante que pode levar à dependência. Em termos gerais, quem é usuário de vape inala vapor e não fumaça. Além disso, o cigarro eletrônico não possui alcatrão em sua composição, diferente do convencional. Por outro lado, suas semelhanças são inúmeras. Os dois geram dependência e fumantes passivos, os dois causam diversas doenças e os dois podem levar à morte”, explica a oncologista Martha Mesquita.

Segundo dados mais atuais do Atlas de Mortalidade, disponibilizado pelo INCA, um total de 29.576 pacientes foram a óbito no ano de 2022 decorrente deste tipo de câncer. “Para que um paciente consiga vencer a dependência do cigarro ou cigarro eletrônico faz-se necessário um conjunto de fatores, como o desejo do paciente em largar o vício, acompanhamento médico e psicológico especializado e o apoio da família. A falta de alguns destes fatores pode dificultar o sucesso do processo”, finaliza o oncologista Lucianno Santos.

Rodrigo Dienstmann, da Oncoclínicas, recebe prêmio SBOC de Pesquisa Oncológica Translacional
Diretor Médico da OC Precision Medicine foi reconhecido pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica por sua vasta contribuição ao conhecimento científico e desenvolvimento de produtos e processos inovadores com aplicação na oncologia

Rodrigo Dienstmann, diretor médico da OC Precision Medicine (Foto: divulgação).

O oncologista Rodrigo Dienstmann, diretor médico da OC Precision Medicine, unidade especializada em análise patológica, genômica e big data da Oncoclínicas, recebeu o prêmio SBOC de Pesquisa Oncológica Translacional, da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). O reconhecimento se dá pela carreira de médico cientista, através do trabalho de intersecções em diferentes disciplinas, como a biologia molecular, ciência de dados, digitalização e inteligência artificial. A categoria enaltece a contribuição de Dienstmann à medicina translacional – área voltada ao estabelecimento de conexões entre a pesquisa pré-clínica e clínica através da inovação, de modo a gerar biomarcadores, medicações, produtos e serviços com aplicação na oncologia clínica que possam beneficiar os pacientes.

“A oncologia é muito desafiadora, com muitas barreiras para que os avanços em pesquisa cheguem até a rotina clínica. Contudo, ter a oportunidade de gerar conhecimento e impactar diretamente na vida dos pacientes através da medicina de precisão em oncologia, tem sido algo muito gratificante. Fico muito honrado em receber o Prêmio SBOC de Pesquisa Oncológica Translacional e contribuir na educação da comunidade médica”, diz Rodrigo Dienstmann.

Com mais de 150 artigos científicos publicados em revistas de relevância internacional, o diretor médico da OC Precision Medicine, que também é Editor-Chefe do jornal ESMO Real-World Data and Digital Oncology, enfatiza que o estímulo aos estudos na oncologia é essencial no combate à doença. “Cada vez mais abrimos portas no desenvolvimento de novos tratamentos com alta eficácia. Precisamos sempre estimular e compartilhar o vasto conhecimento sobre o câncer, atuando juntos para cada vez mais oferecer uma melhor linha de cuidados aos pacientes, que certamente deve incluir acesso a pesquisa e inovação”.

Durante o triênio 2023-2025, são esperados 704 mil diagnósticos de câncer a cada ano. Dados globais mostram ainda que em 2040 o número de novos casos de pessoas diagnosticadas com tumores malignos chegará a 28,4 milhões, tornando o câncer líder do ranking das doenças que mais afetam a população mundial. “É preciso atrelar os avanços científicos ao ecossistema da saúde para que a medicina de precisão e os tratamentos mais avançados se tornem acessíveis para todos”, finaliza Rodrigo Dienstmann.

Fiocruz faz acordo com Inca e detalha gastos com oncologia
Despesa com tratamento em oncologia em 2022 atinge R$ 4 bi no Brasil

Da Agência Brasil

Em uma parceria inédita, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) fechou acordo de cooperação técnica com o Instituto Nacional de Câncer (Inca) para o desenvolvimento de novos produtos e incorporação de tecnologias, aprimorando tratamentos oncológicos. A iniciativa busca reduzir os custos para o Sistema Único de Saúde (SUS), que somente em 2022 aplicou R$ 4 bilhões em procedimentos para pacientes com câncer.

O acordo foi firmado na terça-feira (13), durante o 8º Fórum Big Data em Oncologia. A realização do evento – promovido pelo movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC) e pelo Observatório de Oncologia – contou com a parceria do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz.

O acordo prevê a melhoria no diagnóstico, na saúde pública de precisão e na identificação de melhores alternativas terapêuticas. Há também expectativa de desenvolvimento de novas terapias através de produtos biológicos ou sintéticos e novas tecnologias com grande potencial de uso que estão chegando ao Brasil.

O Inca é um órgão auxiliar do Ministério da Saúde no desenvolvimento e coordenação de ações integradas para a prevenção e o controle do câncer no país. Como produtora de insumos, a Fiocruz busca atender as demandas do SUS relativas a doenças crônicas, principalmente o câncer. Esse foi o ponto de partida para o acordo, segundo Marco Aurélio Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação da Fiocruz.

“Essa cooperação favorece uma interação importante entre os pesquisadores das duas instituições, e poderá render mais frutos para a saúde pública de precisão, na validação e desenvolvimento de novas ferramentas para a área de medicamentos, de diagnóstico e de biológicos e terapias avançadas”, explicou Krieger.

O coordenador de Pesquisa e Inovação do Inca, João Viola, destacou a cooperação entre as instituições, estreitando relações no ensino, pesquisa e inovação na área do câncer. “Estamos juntando esforços para resolução de problemas da área de oncologia, assim como para o desenvolvimento de conhecimentos acerca de pontos considerados estratégicos”, acentuou.

Custos

A Fiocruz divulgou na semana passada o estudo sobre os gastos com tratamento de câncer no SUS em 2022. Foi revelado um custo de R$ 4 bilhões. Durante o 8º Fórum Big Data em Oncologia, os detalhes do levantamento foram apresentados em um painel por Nina Melo, coordenadora de pesquisa da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e do Observatório de Oncologia.

Denominado Quanto custa tratar um paciente com câncer no SUS?, o estudo foi produzido com base nos gastos federais, não incluindo números estaduais, municipais, filantrópicos e privados. No painel, também foram discutidos aspectos que contribuem para o elevado custo do tratamento de pacientes com câncer no SUS. Segundo a pesquisa, os estágios avançados da doença estão diretamente relacionados a custos mais elevados de tratamento, impactando tanto a qualidade de vida do paciente quanto o financiamento em saúde.

As despesas na área de saúde, em 2022, passaram de R$ 136 bilhões. Deste total, mais de R$ 62 bilhões foram gastos em assistência hospitalar e ambulatorial e, deste montante, quase R$ 4 bilhões foram para tratamento oncológico, divididos em tratamento ambulatorial (77%), cirurgias (13%) e internações (10%).

Nina relatou, ainda, que houve aumento de 402% – de 2018 a 2022 – no custo médio dos procedimentos de tratamento do câncer (quimioterapia, radioterapia e imunoterapia). “Um procedimento que, em 2018 custava R$ 151,33, subiu para R$ 758,93 em 2022. O custo médio com internação chegou a R$ 1.082,22 e o gasto com cirurgia alcançou R$ 3.406,07”, especificou.

Inadequação

Fernando Maia, coordenador-geral da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer do Ministério da Saúde, abordou os motivos que podem justificar essa alta, além do impacto causado pela pandemia de covid-19 no sistema de saúde. “Existe uma inadequação na forma como os gastos são feitos. Não temos incentivo real para ações de diagnóstico precoce. Nessa medida, estamos pagando a alta complexidade e o tratamento sistêmico foi aumentando de preço”, ponderou.

Segundo ele, é urgente que se consiga estruturar o gasto em oncologia de uma maneira que se consiga reduzir a mortalidade, melhorar e aumentar a sobrevida livre de doença e não somente ficar pagando novas incorporações e aumentando o custo sem avaliar se isso está impactando na saúde das pessoas.

Integração

A Fiocruz e o Grupo Oncoclínicas anunciaram nesta quinta-feira (15), no Rio de Janeiro, a criação do Centro Integrado de Pesquisa em Oncologia Translacional (Cipot), através de parceria público-privada na área de estudos sobre o câncer.

A instituição reunirá esforços e investimentos em pesquisa, inovação, capacitação de profissionais de saúde e empreendedorismo na oncologia. O vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, destacou que a iniciativa se soma às demais estratégias da Fundação nessa área, visando não só aumentar as cooperações para pesquisas, mas também fortalecer o sistema público de saúde.

O câncer é a segunda maior causa de morte no mundo. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, são esperados 704 mil novos diagnósticos no Brasil a cada ano do triênio 2023/2025. O número representa um desafio constante para a saúde pública: melhorar a equidade no acesso aos exames preventivos e diagnósticos para descobertas em estágios iniciais e rápido começo do tratamento são alguns dos gargalos ainda enfrentados pelo país.

O fundador e diretor presidente do Grupo Oncoclínicas, Bruno Ferrari, afirmou que a criação do novo centro deverá trazer impacto no rastreamento da doença e diagnóstico precoce e, também, terapias inovadoras que proporcionem mais eficiência nos custos na jornada do tratamento oncológico, evitando os elevados gastos com cirurgias, além de melhorar a expectativa e a qualidade de vida dos pacientes oncológicos.

Eixos principais

A implementação da Cipot será baseada em três eixos principais: pesquisa e desenvolvimento tecnológico, educação e empreendedorismo. São objetivos também o desenvolvimento de projetos colaborativos e tecnológicos com foco em terapias e métodos diagnósticos e a avaliação da viabilidade técnica e financeira de projetos de pesquisa e desenvolvimento, internos ou externos.

A cooperação funcionará ainda na prospecção de oportunidades, por meio de editais públicos e privados; na promoção de eventos científicos; na integração acadêmica, com elaboração de cursos e iniciativas educacionais e na promoção do empreendedorismo tecnológico na área de oncologia.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e considerando uma prevalência de cinco anos da doença, mais de 50 milhões de pessoas estão vivendo atualmente com câncer em todo mundo. Desse total, o Brasil tem 1,5 milhão. A OMS salienta que, nos países mais pobres e em desenvolvimento, a incidência das neoplasias deverá crescer mais de 80%.

Entre os tipos de tumor mais comuns no Brasil, a liderança é exercida pelo câncer de pele não melanoma. As neoplasias de mama e de próstata são as mais frequentes entre as mulheres e os homens. Aparecem ainda no topo do ranking de incidência no país tumores de pulmão e intestino, ambos relacionados a hábitos de vida pouco saudáveis, como dieta rica em gordura e tabagismo.

O diretor médico do Grupo Oncoclínicas e presidente do Instituto Oncoclínicas, Carlos Gil Ferreira, disse que, para atingir a meta de 70% de sobrevivência para todos os pacientes até 2035, conforme preconiza a OMS, “é essencial aumentar o orçamento destinado ao desenvolvimento de pesquisas e atuar na conscientização sobre as consequências do diagnóstico tardio da doença, o que reduz as chances de cura e compromete o potencial dos tratamentos”.